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Ana Clara Quirino – 69 FACULDADE DE MEDICINA DE BARBACENA IMAGEM APLICADA À CLÍNICA AULA 3 ACIDENTE VASCULAR ENCEFALICO · Anatomia Vascular Arterial: Sistema Carotídeo · Baseada em dois grandes componentes: vertebro-basilar (posterior) e carotídeo (anterior). Ambas vão sofrer algumas anastomoses após a entrada na base do crânio para formação do polígono de Willis; · Carótida interna: · Segmento cervical: grande, ramo vascular que não tem bifurcação; · Segmento petroso: entrada em C2, primeira porção da carótida; · Segmento lácero: curto; · Segmento cavernoso: tortuoso; · Segmento clinóide: corresponde aos processos clinóides; · Segmento oftálmico: penúltimo, dá origem ao primeiro ramo vascular originado da carótida interna (que é a artéria oftálmica); · Segmento comunicante/terminal: dá origem à artéria cerebral anterior e média ( Grande representatividade pela a.a cerebral média: território vascular que se estende para parte do lobo frontal, lobo temporal, parte do lobo parietal e grande parte dos núcleos da base (exceção: globo pálido e cápsula interna que são irrigados por um ramo secundário da a.a coroidéia anterior). ) · Importância da a.a cerebral anterior: não é restrita apenas aos lobos frontais, faz boa parte da irrigação da região inter-hemisférica; · A irrigação dos núcleos da base tem contribuição vascular distinta por diferentes ramos; · A.a cerebral posterior: irriga toda região occipital, inter-hemisférica posterior e talâmica na porção ventromedial. · Sistema Vértebro-Basilar: · Subdividido em: · Segmento pré-foraminal: porção V1, originado dos troncos braquiocefálicos; · Segmento foraminal: V2, o mais extenso, passa pelos forames vertebrais; · Segmento extra-foraminal: V3; · Segmento intradural: V4, dá origem à a.a basilar. ( A.a cerebrais superiores e inferiores com divisão anterior e posterior (complexo PICA). ) · Anatomia Vascular Venosa: · Número maior de variações anatômicas, principalmente nos ramos vasculares menores; · Os ramos vasculares principais são constantes, levando em consideração que boa parte deles tem trajeto muito próximo da tabua interna (principalmente o seio sagital superior); · Seio sagital superior: se comunica com outros ramos vasculares e dá origem aos seios transverso e sigmóide que vão drenar para as veias jugulares internas; · Seios cavernosos: localizados na base do crânio, drenagem especifica; · Importante existe uma estrutura (granulação aracnóide de trajeto unidirecional) na interface entre o líquor e os seios durais que fará a drenagem líquorica para o sistema venoso. · Hemorragia Intracraniana Não-Traumática · Muito Comum: · Hipertensão; · Aneurisma; · Malformação vascular (MAV, angioma cavernoso); · Prematuridade (RN). · Comum: · AVE embólico com reperfusão (inicialmente isquêmico); · Angiopatia amilóide (subdiagnosticada, 6ª década de vida); · Coagulopatias/discrasias sanguíneas; · Abuso de drogas; · Tumores (gliobastoma, astrocitomas anaplasicos, metástases); · Incomum: · Infarto Venoso; · Vasculite fúngica; · Eclâmpsia; · Endocardite Infecciosa · Rara: · Abscesso; · Vasculite não-fúngica · Hemorragia Hipertensiva: · Causa mais comum de hemorragia em adultos; · Importante causa de morbidade-mortalidade em idosos; · Afeta comumente ramos perfurantes das artérias cerebral média e basilar (ramos vasculares menores maior fragilidade capilar ou vascular); · Envolvimento comum das artérias lenticulo-estriadas laterais (ramos da cerebral média) que podem ou não apresentar microaneurismas (de Charcot-Bouchard); · 2/3 dos hematomas intracerebrais espontâneos se localizam nos núcleos da base. · Quando há envolvimento do sistema ventricular o prognóstico é pior (sangue entra em contato com a drenagem líquorica alterações das propriedades físico-químicas do líquor complicações); · O envolvimento cerebelar é mais raro, quando ocorre geralmente é próximo aos núcleos denteados (ramos perfurantes das artérias cerebelares inferiores (AICA e PICA) e superiores; · Encefalopatia hipertensiva é outra condição clínica! De natureza crônica, ocorre extravasamento de proteínas para o interstício com edema vasogênico reversível, mais comum na circulação posterior. Comum na pré-eclâmpsia/eclâmpsia, insuf. renal crônica, púrpura trombocitopênica trombótica, síndrome hemolítico-urêmica e no lúpus; · Quadro clínico compatível: · Paciente de 55 anos, hipertenso; · Cefaléia occipital, pulsátil; · Hemiplegia direita há 12 horas; · Cefaléia (40%), náusea/vômito (50%), perda da consciência (50%), elevação da PA (90%), convulsões (10%). E: TC de crânio com imagem hiperatenuante, em localização núcleo-capsular à esquerda, envolta por uma área hipoatenuante de limites impressivos (possivelmente associado a edema vasogênico local), efeito compressivo sobre o ventriculo lateral esquerdo, pequeno desvio das estruturas da linha média para direita e pequeno colapso com o ventrículo lateral oposto PRIMEIRA HIPÓTESE: hemorragia de acidente vascular hemorrágico recente de natureza hipertensiva. D: localizado no ramo posterior da cápsula interna, pegando parte do tálamo e parte menor do putamen à esquerda. · Hemorragia Subaracnóidea não-traumática: · A maioria das HSA é traumática; · 85% das hemorragias subaracnóideas não-traumáticas são causadas por aneurismas; · Nos 15% restantes estão HSA peri-mesencefálica não-aneurismática, neoplasias, MAVs, ateromatose (placa ulcerada); · Maioria dos aneurismas está localizada no polígono de Willis, na bifurcação da cerebral média, na a.a comunicante anterior... (foto ao lado). · Aneurismas: História familiar e relação com tabagismo; · Feminino > Masculino; · Pico de incidência = 40-60 anos; · Consequências: vasoespasmo e toxicidade; · Pacientes com HSA são classificados clinicamente pela escala de Hunt & Hess. E: hemorragia subaracnóidea extensa, área hiperatenuante localizada nas cisternas basais se espalhando por toda a base do crânio. Sangue dentro do quarto ventrículo FISHER 4. Outra área maior, arredondada, próxima a região opercular esquerda, possivelmente era o local de ruptura do aneurisma. D: sangramento nas fissuras se estendendo para região peri-insular, dilatação de todo o sistema ventricular (causada pelo coágulo dentro das granulações aracnóideas – interface de drenagem líquorica conseqüência: hidrocefalia e ventriculomegalia). Sangramento no corno posterior dos ventrículos laterais e nos sulcos. E: exceção (não é tão raro). É uma hemorragia peri-mesencefalica, de área hiperatenuante espontânea, mais evidente na cisterna interpeduncular com passagem lateral através da cisterna ambiens direita em direção à placa quadrigeminal. Esse sangramento é de natureza venosa, por isso tende a ser pequeno e autolimitado, com prognóstico melhor. · Hemorragia Peri-mesencefálica: · Localização típica junto ao mesencéfalo; · Condição rara inferior a 5% de todas as hemorragias subaracnóideas; · Sangramento venoso na maioria das vezes; · Evento autolimitado; · Bom prognóstico. Hemorragia por malformações vasculares: · Malformações Vasculares: · Presente em 1% da população geral; · Cerca de 50% das malformações vasculares sangram em um determinado momento da vida; · A chance de sangramento é de 1 a 3% por ano. Em 15 anos a chance é de 25%; · É alguma malformação relacionada à rede capilar de uma região especifica, podendo existir varias formas distintas; · Apresentam diversas classificações; · Do ponto de vista prático são separadas pela presença ou não de shunt arterio-venoso; · Com shunt (alto debito, fluxo rápido): má-formação arterio-venosa, fístula dural arteriovenosa, má-formação da veia de Galeno; · Sem shunt (baixo debito, fluxo lento, + comuns): anomalia de desenvolvimento venoso (DVA), malformação cavernosa (cavernoma), telangiectasia capilar. · Cavernoma: · Geralmente sintomáticos após 40 anos; · Familiares ou esporádicos; · Risco de sangramento de 1% ao ano nos familiares e menor nos esporádicos; · Formado porrede de capilares finos, com depósitos de hemossiderina ao redor (sangramentos antigos); · Podem estar associados à DVA (malformação vascular mista); · Difícil detecção à TC; · RM é o método de escolha. ( Imagem arredondada, localizada na região posterior da ponte, parte obliterando o quarto ventrículo, hiposinal em T1. ) · RM T2*: alta susceptibilidade magnética à qualquer alteração do campo. Nesse caso foi causado pelos depósitos de hemossiderina (é formada pela degradação do grupo heme, que contem um átomo de ferro interfere no campo). · RM T2: áreas de hiposinal localizados no lobo frontal esquerdo; · TC sem contraste: difícil diagnóstico. Imagem arredondada, discretamente hiperatenuante, com certa compressão extrínseca do quarto ventrículo. · Angiopatia Amilóide: · Chamada de Angiopatia Amilóide Cerebral ou amiloidose cerebral; · Ocorre por depósito de amilóide em vasos corticais e leptomeníngeos, com consequente fragilidade vascular gera fragilidade capilar; · Pode acontecer em vasos de pequeno ou grande calibre; · Causa comum de hemorragia lobar espontânea em pacientes idosos normotensivos. Assim como o Alzheimer é uma doença de depósito amilóide no cérebro muito comum; · Faixa etária avançada, prevalência de 5 a 9% dos pacientes entre 60 e 69 anos e maior aos 90 anos (43-58%); · Geralmente NÃO está associada à amiloidose sistêmica; · Sintomática geralmente após o sangramento; · Ocorre na forma de micro-hemorragias ou por hemorragia lobar extensa; · Pode levar à leucoencefalopatia isquêmica cronicamente; · Depósito de Beta-Amilóide nas camadas média e adventícia de pequenos e médios vasos > degeneração fibrinoide > formação de micro-aneurismas; · Formas de apresentação: · Micro-hemorragias - Vistas apenas na RM (T2* principalmente) · Hemorragia cerebral lobar (cortical - subcortical): ramos mais calibrosos acidente vascular; · Siderose (depósito de hemossiderina no córtex/leptomeninge) · Leucoencefalopatia (substância branca com baixa densidade na TC e alteração de sinal na RM): secundária. 5 1. RM – T2*: alta sensibilidade ao rastreamento de qualquer coisa que interfira no campo magnético (ferro e cálcio principalmente). Imagens milimétricas, puntiformes, hiposinal, distribuídas em ambos os hemisférios; 2. Doença que pela forma de manifestação pode ter forma de apresentação idêntica? Lesão axonal difusa (microhemorragias localizadas na interface entre a substância branca e cinzenta); 3. RM – T2: segunda forma de manifestação hemorragia sublobar, área de sangramento maior, parietal à direta, comprometimento de ramo vascular maior; 4. RM – T1: área de hipersinal representa área de sangramento recente RM – T2: área de hiposinal representa área de sangramento antigo. 5. TC sem contraste: área hiperatenuante extensa devido à sangramento recente de grandes proporções. · Trombose dos seios durais: · Ocorre um fenômeno de formação de trombos dentro dos seios durais (por si só já tem fluxo lento que é um fator de risco para trombose); · Mais comum em mulheres em uso de contraceptivos; · Apresentação variável, desde pacientes assintomáticos até coma profundo/morte; · Maioria queixa de cefaleia, náusea, vômito; · Déficit neurológico variável; · Outros fatores de risco: puerpério, anabolizantes, hipertireoidismo, trombofilia, mastoidite, sepse, desidratação severa, idiopático (12%); · Pode ou não estar associado a INFARTO VENOSO (se caso trombose for volumosa, representativa, de grandes proporções). Esses infartos são menos complexos e graves que os infartos arteriais. ACIDENTE VASCULAR ISQUÊMICO · AVE isquêmico: · Oclusão arterial geralmente por fenômeno tromboembólico (+ conhecida) ou interrupção momentânea do suprimento sanguíneo; · Padrão de infarto em território vascular ou na fronteira entre diferentes territórios (infarto de zona fronteiriça – Watershed); · Diagnóstico diferencial com: · Contusão cerebral isquêmica; · Cerebrite / Encefalite; · Astrocitoma e outras neoplasias · TC: precocemente apenas grandes territórios ou sinal do vaso hiperdenso (trombo localizado dentro de um vaso especifico), geralmente da artéria cerebral média; · Também pode ser visto perda da interface das substâncias branca e cinzenta nas primeiras 3 horas: 50-70%; · Edema giral/apagamento dos sulcos: 24 hs; · Transformação hemorrágica: 15 a 45% em até 48 hs · Diagnóstico precoce pela RM: restrição da difusão das moléculas de água > primeiras horas (sequência de difusão/DWI consegue fazer rastreamento das moléculas de água que não estão no fluxo axoplasmático habitual); · Segunda causa de óbito no mundo; · Primeiro Paciente · Paciente de 44 anos, sexo feminino; · Cefaléia súbita há 3 horas; · Hemicrania à direita; · Acompanhada de náuseas e vômitos; · ( Sinal do vaso hiperdenso )Hemiplégica à esquerda. ( Extensa área hipoatenuante, no hemisfério cerebral direito, no território da ACM. Sem efeito de massa importante. Envolvimento parcial da região núcleo-capsular. ) · Outro caso, imagem da esquerda: sinal do vaso hiperdenso na artéria cerebral média (densidade elevada) e placa ateromatosa calcificada na cerebral média direita. Imagem da direita: área hipoatenuante, de limites bem definidos, nas primeiras 24 horas. · Terceiro Paciente · Paciente com 69 anos · Discreta cefaléia hemisférica esquerda · Acompanhada de disartria · RM – T1: área de hiposinal; · RM – T2: área de hipersinal de limites bem definidos; · RM – T2*: nada demais; · RM – DWI (sequência de difusão pico nas primeiras 3-6 hrs, máximo em 12 hrs, permanece com hipersinal por 3-4 dias e para em até 7 dias): típico de acidente vascular isquêmico recente. Processo de fala: complexo · Infarto em zona fronteiriça (Watershed): · 5 a 10% dos infartos; · Causado por hipoperfusão sistêmica (que leva a um comprometimento da perfusão tecidual) ou microembolismo maciço. Causas: infarto extenso do miocárdio, sepse, grande queimado, hemorragias volumosas, choque hipovolêmico... · Classificado em externo e interno; · Localização territorial típica: local onde existe um número menor de vasos. Faixa hipoatenuante no território entre a cerebral anterior (irriga a região inter-hemisférica através da a.a pericalosa) e média. Página | 1
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