Prévia do material em texto
Insuficiência Cardíaca - @lise.gabrielle 1 Insuficiência Cardíaca - @lise.gabrielle Definição A insuficiência cardíaca é caracterizada por uma inabilidade dos ventrículos se encherem e se esvaziarem de sangue adequadamente, isto é, com pressões intraventriculares normais. Não consegue bombear o sangue de acordo com a demanda tecidual, ou só o faz à custa de aumentos na pressão de enchimento, que é a pressão diastólica final. Fisiopatologia 1- Função sistólica e diastólica: O coração possui uma mecânica dependente de um relaxamento e de uma contração eficaz, por isso a função cardíaca pode ser separada em dois componentes: função sistólica e função diastólica. Função sistólica: capacidade que o ventrículo tem de ejetar sangue nas grandes artérias. Volume Diastólico Final (VDF): o que um ventrículo normalmente contém no final da diástole - faixa normal: 80-150 ml. Débito Sistólico (DS): o que é ejetado a cada batimento - faixa normal: 40-100 ml. Após ejetar o sangue, o que sobra na cavidade (em torno de 40 ml) é o Volume Sistólico Final (VSF) - faixa normal: 30-60 ml. O fluxo total gerado pelo coração na unidade de tempo é o Débito Cardíaco (DC), determinado pelo produto do débito sistólico com a Frequência Cardíaca (FC) - O valor normal é de 4,5-6,5 L/min. O Índice Cardíaco (IC) é o DC corrigido pela área de superfície corporal – o valor normal do índice cardíaco é de 2,8-4,2 L/min/m2. A função sistólica pode ser estimada pela Fração de Ejeção (FE), definida como o percentual do volume diastólico final que é ejetado, ou seja: FE = DS/VDF x 100. Normal = 50-70%. Função diastólica: capacidade que o ventrículo possui de se encher com o sangue proveniente das grandes veias sem aumentar significativamente sua pressão Insuficiência Cardíaca - @lise.gabrielle 2 intracavitária. Capacidade essa determinada pelo grau de relaxamento atingido. Não é um processo passivo, em corações normais a pressão diastólica final ou pressão de enchimento ventricular (PD2) varia entre 8-12 mmHg. 2- Insuficiência Cardíaca Congestiva: Principal consequência clínica da IC, o fenômeno da congestão venocapilar – se o coração não bombeia corretamente uma parte fica presa na circulação venosa – o aumento da pressão venocapilar provoca extravasamento de líquido para o interstício – edema ou congestão. 3- Tipos de IC: Quanto ao lado afetado: Insuficiência Cardíaca Esquerda, Direita e Biventricular; Quanto ao mecanismo fisiopatológico: Insuficiência Cardíaca Sistólica e Diastólica; Insuficiência Cardíaca - @lise.gabrielle 3 Quanto ao débito cardíaco: Insuficiência Cardíaca de Baixo Débito e de Alto Débito. Insuficiência Cardíaca - @lise.gabrielle 4 4- Mecanismos Compensatórios: Eles são mais bem entendidos na IC sistólica e de baixo débito - que são a maioria dos casos. Lei de Frank-Starling: relata que quanto maior o volume diastólico final maior será o débito sistólico e a fração de ejeção. Na IC sistólica, após uma falha de contratilidade a dilatação do miocárdio se instala progressivamente por meio de dois mecanismos: esvaziamento incompleto do ventrículo e hipervolemia decorrente da retenção de sódio e água pelos rins. Limitação da Lei: um aumento excessivo do volume diastólico final acabará dificultando a performance ventricular, com desestruturação da mecânica das fibras, levando ao aumento das pressões de enchimento e à redução do débito sistólico. O Volume Diastólico Final (VDF), variável determinante da Lei, é mais conhecido como pré- carga cardíaca. Ele depende exclusivamente do retorno venoso ao coração que, por sua vez, Insuficiência Cardíaca - @lise.gabrielle 5 depende da volemia e do tônus do leito venoso, na venocontricção ele aumenta e na venodilatação – ou venoplagia – ele diminui. Contratilidade dos miócitos remanescentes: O baixo DC estimula barorreceptores arteriais- ativando o sistema nervoso simpático (adrenérgico)- que, agindo sobre os receptores beta-1 e alfa-1- induz aumento na contratilidade dos miócitos que ainda não foram lesados gravemente. Desse modo, até certo ponto na evolução inicial da doença o DC pode ser “compensado” pelo maior trabalho desses miócitos remanescentes sobrecarregados. Hipertrofia Ventricular Esquerda: é definida como aumento da massa de miocárdio ventricular, principal mecanismo compensatório inicial nos casos de sobrecarga de pressão ou volume ventriculares. Na sobrecarga de pressão, ex: hipertensão arterial, estenose aórtica - hipertrofia concêntrica – aumento da espessura da parede ventricular, sem aumentar a cavidade. Na sobrecarga de volume, ex: regurgitações valvares - hipertrofia excêntrica - aumento da cavidade sem grande aumento da espessura da parede ventricular. HVE traz sérios problemas: arritmogênese, piora da função diastólica, e é fator de risco independente para eventos cardiovasculares. Aumento da Frequência Cardíaca: o que não conseguem compensar com o aumento do débito sistólico aumentam pela FC, tentando manter o DC estável. O sistema adrenérgico se encarrega de aumentar o cronotropismo, agindo sobre os receptores beta-1 no nódulo sinusal. 5- Remodelamento Cardíaco: A progressão da doença miocárdica leva a um paradoxo: os mesmos mediadores neuro- humorais que inicialmente mantêm o paciente compensado (sistema adrenérgico, SRAA) passam a exercer efeito deletério sobre a própria função miocárdica. A ação deletéria da noradrenalina, angiotensina II e aldosterona mais o efeito de citocinas como TNF-alfa contribuem para a piora progressiva da disfunção ventricular. A alteração na forma e função do miócito, a sua degeneração e fibrose intersticial resultam no remodelamento cardíaco – a parede ventricular será alongada e sua espessura reduzida, a forma elipsoide da cavidade se torna esférica. 6- Pós- Carga Cardíaca: É a dificuldade imposta ao esvaziamento ventricular, se mostra por meio da tensão na parede miocárdica durante a sístole – o aumento da pós-carga reduz o débito sistólico e eleva o consumo de O2 do miocárdio. Tudo que dificulta a ejeção ventricular faz parte da pós-carga: Insuficiência Cardíaca - @lise.gabrielle 6 tônus arteriolar periférico, vasoconstrição, aumento na impedância aórtica, estenose da valva aórtica e a própria geometria ventricular. Lei de Laplace interpretada: Um ventrículo de diâmetro cavitário grande e parede fina precisa fazer um esforço muito maior para ejetar o sangue do que um ventrículo de cavidade menor e maior espessura de parede, se precisa fazer mais esforço é porque a sua pós- carga é maior. Na fase sintomática da IC o ventrículo trabalha com uma pós-carga elevada, devido a três fatores: vasoconstricção arteriolar periférica, retenção hídrica, levando ao aumento do volume diastólico ventricular e remodelamento cardíaco. A redução da pós-carga por meio de medicações exerce efeito benéfico sobre a performance cardíaca. Manifestações Clínicas 1- Sinais e Sintomas: Em geral, permanece assintomático durante vários anos, após um período variável e imprevisível surgem os sintomas, que podem ser consequência do baixo DC e/ou da síndrome congestiva. Síndrome Congestiva Pulmonar: Na maioria das vezes a IC inicia pelo VE isoladamente, o resultado é a congestão pulmonar, com acúmulo de líquido intersticial e intra-alveolar - congestão aumenta trabalho respiratório - leva a dispneia. Sintoma clássico inicial é a dispneia aos esforços, alguns casos mais acentuados: ortopneia. O paciente pode acordar no meio da noite em franca dispneia, que melhora após um tempo em ortostatismo – Dispneia Paroxística Noturna, geralmente relacionada à congestão pulmonar grave. Outro sintoma é a tosse seca, geralmente norturna e associada à DPN, congestão brônquica mais acentuada pode levar a quadro semelhante a broncoespasmo – “asma cardíaca”. Edema Agudo de Pulmão: É o extremo da congestão pulmonar. Intensa crise de taquidispneia e ortopneia + insuficiência respiratória, as vezes com cianose central. Por vezes, expectoração de líquido róseo,vindo do edema alveolar abundante. EF: estertoração pulmonar audível acima da metade inferior dos hemitórax, pode haver sibilos difusos (asma cardíaca). Costuma ocorrer quando a pressão capilar pulmonar ultrapassa 25 mmHg, o normal é até 12, rx de tórax mostra dilatação vascular nos ápices e infiltrado bilateral em asa de borboleta ou morcego. Síndrome Congestiva Sistêmica: Com o avanço da disfunção do VE, surge progressivamente de hipertensão arterial pulmonar secundária, com o tempo o VD sobrecarregado instala-se a insuficiência biventricular, neste momento aparece a síndrome de congestão sistêmica, pode melhorar a congestão pulmonar porque chega menos sangue no pulmão quando o VD está insuficiente. Sintomas predominantes: Insuficiência Cardíaca - @lise.gabrielle 7 edema de mmii, bolsa escrotal, aumento do volume abd (ascite), dispneia por derrame pleural, dor abdominal em hipocôndrio direito devido à hepatomegalia congestiva, congestão da mucosa intestinal leva à: saciedade precoce, dor abd difusa, náuseas, diarreias e raramente, enteropatia perdedora de proteína. Síndrome de Baixo Débito: É mais comum e mais acentuada na IC sistólica. Aparece inicialmente aos esforços, devido à incapacidade do coração em aumentar o débito durante o esforço ou qualquer situação de estresse. Sintomas se confundem com os de uma síndrome “geral”: fadiga muscular, indisposição, mialgia, cansaço, lipotimia. A maioria dos sintomas é secundária à inadequada perfusão muscular durante o esforço físico. Emagrecimento e “caquexia cardíaca”: O paciente com IC tende a perder massa muscular, pois há um desbalanço entre DC e demanda metabólica da musculatura esquelética. Além do mais, pode haver redução na absorção intestinal de nutrientes. Alguns não emagrecem porque acumulam muito líquido, outros chegam a entrar num estado de “caquexia”. A explicação inclui o efeito catabólico de mediadores como o TNF-alfa, exageradamente aumentado na IC avançada. Choque cardiogênico: definido como estado de choque (hipoperfusão orgânica generalizada), associado à hipotensão grave (PA sistólica < 80 mmHg) que não responde à reposição volêmica. Extremo da IC, comum nas formas agudas graves, IAM anterior extenso, ou como acontecimento terminal da forma crônica de ICC. 2- Exame Físico: Sempre pesquisar sinais de aumento da pressão venosa jugular e presença de B3 na ausculta cardíaca. O sinal mais fidedigno para detectar a presença de retenção de volume é a turgência de jugular. Pulso Arterial: no início o pulso arterial é normal. Fases avançadas - pode ser de baixa amplitude, devido ao baixo débito. Pulso alternans - alternância de um pulso forte com um pulso fraco, é um sinal de débito sistólico extremamente baixo - péssimo prognóstico, porque após uma contração eficaz o miocárdio doente demora para se recuperar, logo, será fraco, o pulso total alternans, é o extremo disso, só percebemos o pulso mais forte, o que reduz, no pulso arterial, falsamente a FC pela metade. Pulso Venoso e Turgência Jugular: A turgência jugular patológica a 45º é um sinal fidedigno e precoce de IVD. O pulso venoso pode apresentar tais alterações: aumento da onda A, devido às elevadas pressões de enchimento no VD, ou a presença da onda V gigante, consequente à insuficiência tricúspide secundária à dilatação do VD. Uma manobra muito importante no dx da congestão sistêmica - pesquisa do refluxo hepatojugular - muitas vezes presente antes mesmo da TJP - nessa manobra faz-se Insuficiência Cardíaca - @lise.gabrielle 8 pressão sobre o quadrante superior direito do abdome observando se haverá aumento na altura do pulso jugular > 1 cm. Se houver, diz-se que o refluxo hepatojugular está presente. Precórdio: o exame depende do tipo de cardiopatia. Na cardiopatia dilatada o ictus de VE costuma ser difuso, mais de duas polpas digitais, e fraco e, algumas vezes, desviado para a esquerda (lateral à linha hemiclavicular) e para baixo (inferior ao 5º espaço intercostal). O ictus de VD pode ser palpável e proeminente. Um batimento protodiastólico e/ou um pré-sistólico podem ser palpáveis e até visíveis no ápex (corresponde à B3 e B4, respectivamente, na ausculta). Na cardiopatia hipertrófica o ictus de VE costuma estar localizado em posição normal, porém é “sustentado”, pico sistólico “forte” e duradouro. Na cardiopatia restritiva o ictus de VE geralmente não se altera. Ausculta Cardíaca: a B1 pode ser hipofonética, hipocontratilidade do VE, e a B2 hiperfonética, hipertensão arterial pulmonar. A bulha acessória da insuficiência cardíaca é B3 - som produzido pela desaceleração do fluxo de sangue no final da fase de enchimento rápido da diástole. B4 é mais comum na doença isquêmica e na cardiopatia hipertensiva. Um sopro sistólico pode ser audível no foco mitral, irradiando-se para a axila, causado por insuficiência mitral secundária à diltação do VE. Exame do Aparelho Respiratório: na IVE pode haver estertoração pulmonar nos terços inferiores dos hemitórax, predominando à direita, devido à congestão e edema pulmonar. Os sibilos podem ser encontrados na “asma cardíaca”. A síndrome de derrame pleural é frequente na IVE e na IC biventricular, pois a drenagem pleural é dependente do sistema venoso pulmonar e sistêmico. Geralmente, o derrame é do lado direito ou bilateral, sendo maior à direita. Um derrame isolado à esquerda deve suscitar outros diagnósticos, o que indica a toracocentese daquele lado, ex.: embolia pulmonar, pneumonia, neoplasia. Anasarca: com IC biventricular, o paciente apresenta edema generalizado, com predomínio em mmii e bolsa escrotal - edema crônico de mmii - alterações de pele e fâneros, como hiperpigmentação, perda de pelos e ictiose. Não é comum o edema peripalpebral. Todas as serosas podem estar comprometidas: ascite, derrame pleural e derrame pericárdico. Hepatopatia Congestiva: a hepatomegalia congestiva é muito comum – frequentemente dolorosa - pela distensão aguda da cápsula hepática. Casos muito agudos descompensados de IVD - congestão hepática grave - manifestando-se como uma hepatite aguda: icterícia, hiperbilirrubinemia, aumento das transaminases e insuficiência hepática. Pericardite constrictiva -cirrose hepática cardiogênica pode ser mais frequente. Respiração de Cheynes-Stokes: períodos de apneia alternando-se com períodos de hiperpneia - ocorre em até 30% dos pacientes com IC sintomática - geralmente durante o Insuficiência Cardíaca - @lise.gabrielle 9 sono. Etiologia Etiologias da IC sistólica e diastólica diferem entre si. IC sistólica está geralmente associada a uma cardiopatia dilatada. Algumas vezes, a causa é uma doença intrínseca do miocárdio - uma miocardiopatia primária - devendo ser sempre suspeitada no indivíduo com dilatação ventricular sem histórico de HAS, valvopatia ou coronariopatia. Em tais casos existem três diagnósticos principais: cardiomiopatia dilatada idiopática, cardiomiopatia alcoólica e cardiomiopatia chagásica. Causas Comuns de Cardiopatia Dilatada: A- Hipertensão arterial – cardiopatia hipertensiva. B- Doença coronariana – infarto (fibrose) ou isquemia (“miocárdio hibernante”). C- Valvopatias. – estenose aórtica, insuficiência aórtica e insuficiência mitral D- Cardiomiopatia dilatada idiopática. E- Cardiomiopatia alcoólica. F- Doença de Chagas (nas áreas endêmicas). Outras causas de: IC sistólica: miocardiopatia periparto, miocardites virais, hiv, colagenoses, vasculites. IC diastólica: HAS e fibrose, sequela de IAM, aparecem como causas importantes. O próprio envelhecimento, miocardiopatia hipertrófica, desordens infiltrativas, sarcoidose e amiloidose, e hemocromatose. IC aguda: paciente previamente hígido que abriu quadro de falência cardíaca de instalação rápida – causa mais comum é IAM. Outras: miocardite aguda, endocardite infecciosa e rotura de cordoália. Diagnóstic 1 – Confirmação do Diagnóstico: Anamnese + exame físico – sugerem o diagnóstico na maioria das vezes. Insuficiência Cardíaca - @lise.gabrielle10 Alguns exames inespecíficos auxiliam, rx e ecg, e em casos duvidosos, métodos mais específicos são capazes de confirmar ou afastar o diagnóstico. Radiografia de tórax: presença de cardiomegalia (índice cardiotorácico > 50%) é um achado comum na cardiopatia dilatada – critério major de Framingham. Existem sinais que indicam o ventrículo aumentado: na incidência PA - quando o coração “mergulha” no diafragma - temos aumento predominante do VE. Quando a ponta do coração se eleva (aspecto “em bota”) - predomínio é do VD. Os campos pulmonares com sinais de congestão - inversão do padrão vascular, as veias ficam mais proeminentes nos ápices pulmonares do que nos lobos inferiores, pois o edema intersticial, maior nos lobos inferiores, as comprime.Linhas B de Kerley - linhas paralelas ao diafragma, visualizadas nas regiões laterais dos hemitórax inferiores, na incidência PA. Estas linhas representam o ingurgitamento linfático, relacionado ao edema pulmonar. Infiltrados intersticiais bi ou unilaterais e derrame pleural e “tumor fantasma”. Eletrocardiograma: alterações são inespecíficas e dependem da doença subjacente. Um ECG normal tem valor preditivo negativo > 90% para excluir disfunção sistólica – dx de IC improvável. Qualquer cardiopatia pode alterar o ECG – sinais de sobrecarga de VE, VD, átrios, alterações secundárias da repolarização, bloqueios de ramos variáveis. Ecocardiograma-Doppler: método mais útil para - confirmação diagnóstica, avaliação da etiologia, do perfil hemodinâmico e do prognóstico. Responsável por dividir a IC em sistólica e diastólica - fundamental na decisão terapêutica a ser tomada. A fração de ejeção é o principal dado: FE < 50% indica disfunção sistólica. Outros dados sugestivos Insuficiência Cardíaca - @lise.gabrielle 11 de disfunção sistólica são: diâmetro sistólico final > 3,7 cm e diâmetro diastólico final > 5,7 cm. Pode estimar também os volumes ventriculares (especialmente do VE), a espessura da parede ventricular, o tamanho atrial, aórtico, do pericárdio, das valvas, a presença de trombos intracavitários e a existência de disfunção segmentar. BNP – peptídeo natriurético cerebral: é produzido pelo miocárdio dos ventrículos em resposta ao estiramento miocárdico, com liberação ligada ao aumento das pressões de enchimento ventricular – bnp aumenta na IC congestiva mas não aumenta em pneumopatias, as diferenciando nas disneias. Hoje temos o bnp e um marcador mais sensível – N-terminal pró bnp. Valor > 100 pg/ml – diagnóstico de ic com sens de 90% e especificidade de 83%. Valores abaixo de 50 tornam o dx de ICC pouco provável. Valores acima de 400 em pacientes com IC sintomática. Entre 100 e 400 disfunção ventricular esquerda assintomática, tromboembolismo pulmonar ou cor pulmonale. Os valores para o N-Terminal pró-BNP são: > 2.000 pg/ml – IC provável; 400 – 2.000 pg/ml – IC incerta; < 400 pg/ml – IC improvável. Avaliação laboratorial inespecífica: anemia, hiponatremia e azotemia são importantes preditores prognósticos na ICC. Outros exames: cineangiocoronariografia, SPECT e PET, RM cardíaca, holter e estudo eletrofisiológico. Prognóstico Principais determinantes prognósticos de IC: 1 – Classe funcional NYHA: classifica o grau de comprometimento das atividades diárias do paciente, avaliada pela anamnese ou teste ergométrico. Classe I – Sem limitação às atividades cotidianas - mais de 6 METs na ergometria. Sobrevida em 5 anos: 85%. Classe II – Limitação leve, sintomas durante atividades cotidianas - 4-6 METs na ergometria. 75%. Classe III – Limitação acentuada, sintomas com qualquer atividade, mesmo as mais leves que as do cotidiano - 2-4 METs na ergometria. 50%. Classe IV – Incapacidade física, sintomas em repouso ou com mínimos esforços, não tolera a ergometria. 50% em um ano. Obs: MET – equivalente metabólico medido em termos de consumo de O2. Ex: Paciente manteve- se bem nos primeiros 6 minutos do teste ergométrico – 7 METs. Insuficiência Cardíaca - @lise.gabrielle 12 2 – Classificação Evolutiva: estágios clínicos evolutivos e presença de alterações estruturais. Quanto mais precocemente o paciente for tratado – menor chance de surgirem lesões estruturais e progressão para o estágio seguinte. Estágio A – Pacientes assintomáticos, mas sob alto risco de desenvolver disfunção ventricular, por apresentarem doenças fortemente ligadas ao aparecimento de IC como HAS, doença coronariana, DM, obesidade, etc. Estágio B – Pacientes que já desenvolveram algum tipo de disfunção ventricular, mas continuam sem sintomas de ICC. Este grupo inclui pacientes com hipertrofia, dilatação ou hipomotilidade ventricular, doença valvar ou IAM prévio. Estágio C – Pacientes sintomáticos com disfunção ventricular associada. Estágio D – Pacientes sintomáticos em repouso, apesar de medicação otimizada e que internam frequentemente. Presença de doença estrutural ventricular avançada. 3 - Fração de Ejeção: Prediz o prognóstico independentemente da classe funcional. O eco é o exame mais utilizado para estimar a FE e os volumes ventriculares. Considerada disfunção sistólica grave uma FE < 35%. Sobrevida média em 5 anos de 15-35%, na classe III ou IV, ou em torno de 60% na classe I ou II. Os pacientes com FE > 35% têm sobrevida em 5 anos de 70%, se em classe III ou IV, e em torno de 80%, se em classe I ou II. 4 – Disfunção Diastólica Associada: Na IC sistólica, geralmente há disfunção associada, que pode ser estimada pelo eco, a presença de disfunção grave, padrão restritivo - maior morbimortalidade. 5 - Marcadores Neuro-humorais: Quanto mais grave for a insuficiência cardíaca - menor o débito cardíaco - menor o fluxo arterial orgânico. A resposta neuro-humoral será, portanto, mais proeminente. Assim, a mortalidade é proporcional aos níveis séricos de noradrenalina, ADH, endotelina-1 e BNP. Aumento do ADH -promove retenção de água livre - hiponatremia dilucional - o grau de hiponatremia reflete os níveis de ADH, relacionando-se a um pior prognóstico. O BNP é preditor de mortalidade em todas as fases da ICC, demonstrando que a cada aumento de 100 pg/ml há um aumento de 35% no risco de morte. 6 - Complicações: Tromboembolismo pulmonar: devido à formação de trombo nas veias ileofemorais e pélvicas – ajudada pela estase venosa – ou no AD ou VD. Tromboembolismo sistêmico: devido à formação de trombos murais, dentro dos átrios ou ventrículos, aderidos ou não às suas paredes, facilitada pela estase sanguínea e lesão Insuficiência Cardíaca - @lise.gabrielle 13 endocárdica. Os principais fatores de risco são: FE < 30%, fibrilação atrial e acinesia apical. Um êmbolo pode se soltar indo parar no cérebro, membros, intestino - causando eventos isquêmicos agudos e graves, ex: AVE. A anticoagulação na IC crônica está indicada sempre nos casos de fibrilação atrial, trombo mural e acinesia apical. Arritmias cardíacas: taquiarritmias e bradiarritmias podem ocorrer. Além das extrassístoles ventriculares destacam-se o flutter e fibrilação atriais, a taquicardia ventricular e o bloqueio AV. TV monomórfica sustentada em pacientes com cardiomiopatia não isquêmica – TV ramo a ramo – pode ser curada pela ablação por radiofrequência. 7 - Causa de morte: 50-60% dos pacientes com ICC, principalmente aqueles com IC sistólica, morrem subitamente por fibrilação ventricular ou bradiarritmia/assistolia. Maiores preditores de risco para morte súbita são: episódio prévio revertido, documentação de TV sustentada no Holter ou EFF e disfunção ventricular com FE ≤ 35% em paciente sintomático. Tratamento 1 – Medidas Gerais: Dieta: fundamental para o controle da IC. Paciente com sintomas congestivos deve restringir sal, recomenda-se uma ingestão de 4-6 g de sal (NaCl) ou 2 a 3 gramas de sódio por dia. A restrição líquida (1-1,5 L por dia) está indicada apenas nos pacientes com hiponatremia (< 130 mEq/L) ou com retenção de líquido não responsiva ao uso de diuréticos e restrição da ingesta de sal. Suplementos calóricos – pacientes comcaquexia cardíaca e/ou IC avançada. Repouso: paciente muito sintomático ou descompensado da IC deve ficar de repouso o máximo possível para reduzir demanda metabólica e manter DC adequado. Pacientes compensados devem fazer atividades do dia a dia de acordo com seu limite individual. 2 – Controle dos Fatores Descompensantes: O fator descompensador mais comum é a má adesão terapêutica. Vacinas: infecção de vias aéreas são mt descompensantes, vacinação rotineira anti- influenza e anti-pneumocócica. Tabagismo: aumenta risco de doença coronariana e infecções pulmonares – devem ser estimulados a abandonar tabagismo ativo e passivo. AINEs: eles e os seletivos COX-2 promovem retenção hidrosalina e elevam PA, seletivos COX-2 também possuem efeito pró-trombótico – devem ser evitados, hipoglicemiantes orais também. Insuficiência Cardíaca - @lise.gabrielle 14 Viagens: profilaxia para tvp em todos os pacientes com IC. Meia elástica de média compressão e heparina profilática subcutânea se viagem > 4 h. 3 – Tratamento da IC sistólica – drogas que aumentam a sobrevida: Aumentam especificamente na IC sistólica. Inibidores da ECA: benefícios inerentes à classe e não a uma droga específica. Tratamento iniciado com doses reduzidas, com aumento a cada suas semanas, observando k+ e creatinina. Doses otimizadas: captopril 50 mg 3x/dia; enalapril 10 mg 2x/dia; ramipril 10 mg/ dia; lisinopril 20 mg/dia. Os IECA devem ser suspensos se houver aumento da creatinina sérica superior a 30-35% em relação ao basal e/ ou franca hipercalemia (K+ > 5,5 mEq/l). Principais efeitos colaterais: tosse seca, porque eleva bradicinina, e hipercalemia. Indicações: Todos os casos de IC sistólica, assintomáticos ou sintomáticos, salvo contraindicações. Betabloqueadores: três betabloqueadores específicos: carvedilol, bisoprolol e metoprolol.30 % ainda não tolera BB. Doses-alvo dos três BB são: carvedilol 25-50 mg 2x/dia; metoprolol 200 mg/dia; bisoprolol 10 mg/dia.Indicações: Todos os pacientes com IC sistólica, independente da classe, doença isquêmica do miocárdio, cardiomiopatia hipertrófica hereditária sintomática. Oservações: nunca iniciar com paciente agudamente descompensado, tanto faz começar com IECA ou BB. Contraindicações: asma, bradiarritmia. Antagonistas da aldosterona: espironolactona, um diurético poupador de potássio antagonista da aldosterona e A eplerenona, um antagonista da aldosterona mais específico, que atua apenas no túbulo renal. Indicação: IC sistólica "sintomática" classe funcional NYHA II a IV. Contraindicação: K > 5,5 mEq/L. Hidralazina + Nitrato: O grupo com pacientes negros apresentou uma tendência a ter maior benefício na sobrevida com a associação hidralazina + dinitrato comparado ao enalapril. Dose-alvo: é de 75 mg de hidralazina + 40 mg de dinitrato de isossorbida 3x dia. Efeitos adversos cefaleia, tonteira, lúpus farmacoinduzido. Indicações: Pacientes negros com IC, já em uso de IECA e betabloqueadores, nas classes II-IV. Alternativa aos pacientes brancos com intolerância aos inibidores da ECA e aos antagonistas da angiotensina II. Todo o paciente que permaneça sintomático apesar da terapia padrão. Antagonistas AT1 da Angiotensina II: recomendados no tratamento da IC com FE reduzida como substitutos dos IECA para pacientes que não toleram os IECA por conta de efeitos colaterais específicos desta classe, como a tosse seca. Mas se a intolerância aos IECA for devida ao surgimento de IRA e/ou hipercalemia, osantagonistas de angio II também estarão contraindicados. Associação IECA + antagonista de angio II não é Insuficiência Cardíaca - @lise.gabrielle 15 recomendada de rotina. Indicação: pacientes com indicação de IECA, mas que não toleram o medicamento devido à tosse. Ivabradina: 5 mg VO 12/12h, podendo-se chegar a 7,5 mg VO 12/12h, consegue reduzir a FC no repouso e no exercício. Indicação: Pacientes com classe funcional II-IV da NYHA com disfunção sistólica e terapia otimizada (IECA ou BRA + BB), desde que a FC seja maior ou igual a 70 bpm e o ritmo seja sinusal. 4 – Terapia medicamentosa – drogas que apenas aliviam os sintomas: Furosemida venosa: melhor remédio para compensar um paciente com IC congestiva. Diuréticos de alça e tiazídicos: ação principal dos diuréticos é combater os sinais e sintomas da congestão e do edema - eficazes tanto na IC sistólica quanto na diastólica - agem aumentando a excreção renal de sódio e água e reduzindo a volemia do paciente - seu uso está indicado sempre que houver sinais e sintomas da síndrome congestiva - a volemia deve ser reduzida a níveis que o DC seja o melhor possível - não podemos fazer doses excessivas de diuréticos para não baixar muito o DC - IC classe III ou IV necessitam de emprego dos diuréticos de alça e dos tiazídicos para se manterem compensados - pacientes descompensados necessitam de adm parenteral de diuréticos de alça (furosemida) pois absorção VO está muito prejudicada, dose de efeito máximo em paciente com IC sem disfunção renal é 120 mg, dose oral deve ser o dobro da venosa - devemos adm 2 a 3 vezes por dia para evitar mecanismos compensatórios de retensão hidrossalina, nos refratários a infusão contínua pode ser mais eficiente que a dose intermitente. Tiazídicos são diuréticos bem menos potentes que a furosemida, também tem menos eficácia na insuficiência renal, exceção à metazolona (2,5-10 mg/dia) - em altas doses de furosemida onde o paciente persistem com retenção pode associar tiazídicos + furosemida. Efeitos adversos: gerais - hipovolemia, insuficiência pré renal/ tiazídicos: hiponatremia, hipercalcemia/ diuréticos de alça: ototoxicidade, hipocalcemia, hipercalciúria... Digitálicos: três efeitos cardíacos - efeito inotrópico positivo (inibe Na/K ATPase que influencia na troca de Na/Ca porque a bomba inibida o sódio intracelular se acumula e aumento o influxo da troca dele pelo cálcio, aumenta muito o cálcio citossólico que é o principal determinante do inotropismo cardíaco, ele fica armazenado no retículo sarcoplasmático e aumenta sua disponibilidade para contração muscular, garantindo mais força contrátil e consequentemente sua função sistólica) ação colinérgica (aumento do tônus vagal reduz o automatismo do nó sinusal, aumenta refratariedade e diminui a velocidade de condução do nó AV - reduz a resposta ventricular na FA e no flutter atrial e nas toxicidades) ação arritmogênica (acúmulo intracelular de cálcio predispõe à ativação de uma corrente de sódio capaz de precipitar pós-potenciais tardios e Insuficiência Cardíaca - @lise.gabrielle 16 desencadear extrassístoles). Digitais reduzem o número de internações por descompensação cardíaca desses pacientes, apesar de não haver alteração da mortalidade. Os digitálicos são benéficos na IC sistólica por modular a descarga adrenérgica. Indicações: IC sintomática calsse III-IV em pacientes que não compensaram apesar do uso de IECA, betabloqueador e diurético e IC com fibrilação atrial de alta resposta ventricular (não controlados com uso de BB). Eles são containdicados nos casos de IC diastólica pura. A droga mais usada - digoxina VO/dia 0,125-0,375 mg, idosos,mulheres insuf renal e baixo peso 0,125 mg em dias alternados, digitoxina 0,10 mg VO/dia. Intoxicação digitálica: naúseas, vômitos, hiporexia - alterações visuais com escotomas coloridos, vertigem, insônia, confusão mental - arritmias cardíacas, principalmente: extrassístoles ventriculares múltiplas que é o + comum. Fatores que aumentam a sensibilidade ao digitálico e podem precipitar intoxicação: principalmente hipocalemia e hipomagnesemia - tratamento da intoxicação: digital suspenso e controlado fatores predisponentes hipocalemia e hipomagnesemia. em bradiarritmias sintomáticas indicada atropina ou um MP interno provisório, em taquiarritmias ventriculares a droga é a fenitoína - ataque: 250 mg IV, manutenção 100 mg 5/5min e máx 1 g, ou lidocaína IV 100 mg de ataque e 1-4mg/min de manutenção. Outros inotrópicos: nenhuma outra drogasupera os digitais no uso crônico na IC. Antagonistas do cálcio: os bloqueadores de canal de cálcio do tipo nifedipina e verapamil não devem ser usados em pacientes com IC sistólica e cardiopatia dilatada. Amlodipina no subgrupo de pacientes com IC não isquêmica foi capaz de reduzir eventos fatais e não fatais, uso reservado para casos acompanhados de HAS resistente. 5 - Anticoagulação e antiplaquetários: indicações para anticoagulação: história de evento embólico, fibrilação atrial paroxística ou persistente, amiloidose (risco aumentado de tromboembolismo), cardiomiopatia dilatada familiar, história de tromboembolismo em parentes de primeiro grau, IAM recente com trombo em VE. A droga tradicionalmente usada é o warfarin (antagonista da vit. K) mas os novos anticoagulantes orais (inibidores diretos da trombina ou do fator Xa) também já estão sendo aceitos. O uso rotineiro de antiplaquetários não está indicado na IC, mas a aspirina é usada em larga escala nos casos de doença coronária concomitante, é recomendado nesses usar as menores doses possíveis. Profilaxia de fenômenos tromboembólicos em pacientes hospitalizados com IC: está indicado o uso de heparina subcutânea em doses profiláticas em todos os pacientes com IC hospitalizados, se indicam as heparinas de baixo peso molecular por ter menos efeitos adversos, caso não seja possível, HNF. 6 - Antiarrítmicos na IC sistólica: não existe benefício comprovado quanto ao uso de antiarrítmicos profiláticos na IC, exceção aos betabloques. Insuficiência Cardíaca - @lise.gabrielle 17 7 - MP na IC sistólica - MP biventricular (ressincronização): este MP é um DDR(R) com mais um cabo VE, grande benefício em pacientes com IC classe III ou IV, grave disfunção de VE e BR completo, a indicação classe III ou IV de NYHA, FE≤ 35% e QRS≥ 120 ms que se mantém sintomático apesar da terapia medicamentosa. 8 - Fibrilação atrial: é a arritmia mais frequente do paciente com IC, ela reduz aind amais a toleância ao exercício e piora o prognóstico a longo prazo. a associação BB + digital é muito eficaz, na contraindicação dos BB a amiodarona deve ser utilizada. 9 - Cardiodesfibrilador implantável (CDI): é recomendado para prevenção secundária de pacientes que tiveram morte súbita abortada e prevenção primária em pacientes pós IAM ou não isquêmicos com FE< 35%, eles devem apresentar uma razoável expectativa de vida. 10 - Terapia Celular: é muito experimental, estudos no BRA apresentaram resultados promissores, com aumento da FE. 11 - Abordagem por estágios: Tratamento da IC diastólica: Existem poucos estudos sobre o tratamento da IC com FE preservada, o diagnóstico de IC com FE preservada requer a presença simultânea de 3 condições: sinais ou sintomas de IC congestiva, FE normal ou discretamente reduzida e evidências objetivas de disfunção diastólica do VE (relaxamento e enchimento anormais, rigidez diastólica). Os Insuficiência Cardíaca - @lise.gabrielle 18 betabloqueadores podem ser benéficos de várias formas: regressão da HVE, controle da FC e da HAS, evidências recentes demonstram que os antagonistas da aldosterona também podem ser benéficos. Os sintomas congestivos devem ser controlados com diuréticos, a princípio utilizados em baixas doses para prevenir o baixo débito. Controlar agressivamente a HAS com drogas que reduzem a hipertrofia ventricular (inibidores da ECA é o principal, antagonistas AT1, diuréticos, betabloqueadores, verapamil, diltiazem ou amlodipina). Outros fatores como a isquemia miocárdica e a fibrilação atrial devem ser corrigidos - isso porque a taquicardia e a perda da contração atrial agravam a disfunção diastólica mais do que a sistólica. Edema agudo de pulmão: É o estágio mais grave da síndrome congestiva pulmonar decorrente da IC esquerda, a causa mais comum de EAP por doença de instalação recente é o IAM, outras causas são crise hipertensiva grave, miocardite viral ou reumática. O quadro clínico é dramático: franca taquidispneia e ortopneia, secreção rósea e fluida das VA, estertoração crepitante e sucrepitante ocupando mais da metade dos campos pulmonares, sibilos e roncos difusos (asma cardíaca), diaforese, pulsos finos, taquicardia, PA pode estar elevada, normal ou baixa. 50% dos casos é de IC sistólica onde é mais comum no IAM e 50% IC diastólica mais comum no EAP hipertensivo 1 - Tratamento: aplicação de medicamentos de ação rápida sobre a hemodinâmica cardíaca (baixando pré e pós carga) quando o paciente não melhora - suporte ventilatório não invasivo (CPAP ou BIPAP) com máscara ( pressão positiva reduz retorno venoso e melhora dinâmica ventilatória) nos casos muito graves IOT. Tratamento do EAP hipertensivo: é o de melhor prognóstico e resposta à terapia, paciente deve ser colocado em MOV e ECG realizado, a veia deve ser a principio periférica. O tto objetiva reduzir a PA e a congestão pulmonar, as drogas de ação rápida para arterio e venodilatação: Nitroglicerina (Tridil) IV – 10-20 mcg/min, ou nitrato (dinitrato de isossorbida) 5 mg SL. Captopril (SL) – 25 mg. Nitroprussiato de sódio (IV) – 0,5-5 mcg/ kg/min: casos mais graves ou refratários de hipertensão. Furosemida (IV) – 20-80 mg. Morfina (IV) – 2-4 mg. Não usa inotrópico. Tratamento do EAP não hipertensivo: após colocar o paciente em MOV o próximo passo é afastar IAM por meio de um ECG - tratamento: redução de pré e pós carga, suporte inotrópico e corrigir causa básica (angioplastia primária, trombolítico). Dobutamina (IV) – 5-20 μg/kg/min Furosemida (IV) – 20-80 mg Dinitrato (SL) – 5 mg Insuficiência Cardíaca - @lise.gabrielle 19 Morfina (IV) – 2-4 mg dobutamina: é o agente inotrópico isolado mais potente para tratar a congestão pulmonar aguda - ele faz a ativação dos receptores adrenérgicos beta-1 miocárdicos, mantida por 3 dias, pois seu efeito vai se perdendo, tem um leve efeito arritmogênico e vasodilatador. EAP relacionado à arritmia cardíaca recebe tratamento especial. No caso de uma taquiarritmia, ex: fibrilação atrial, a conduta imediata é a cardioversão elétrica sincronizada (200 J). No caso de uma bradiarritmia, está indicado o marca-passo transcutâneo inicialmente, de forma a ganhar tempo para se instalar o marca-passo transvenoso. Tratamento cirúrgico: Pode ser voltado para a etiologia da IC: na doença coronariana – revascularização miocárdica, na doença valvar – valvoplastia ou troca valvar ou geral, servindo para todos os tipos de IC cuja etiologia não pode ser corrigida. No último caso, estão indicados nos pacientes com IC sistólica grave, classe III ou IV, refratários aos medicamentos (estágio D). O transplante cardíaco é considerado a cirurgia curativa para a insuficiência cardíaca crônica. Indicação para o Transplante Cardíaco: Classe Funcional IV ou III/IV (objetivamente: < 3 METS no teste ergométrico), após otimização da terapêutica. Outros procedimentos cirúrgicos: revascularização miocárdica: é a cirurgia de escolha nos pacientes com IC sistólica por cardiomiopatia isquêmica.