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PUERPÉRIO FISIOLÓGICO Puerpério ou pós-parto é um período cronologicamente variável durante o qual as modificações locais e sistêmicas, provocadas pela gravidez e parto no organismo da mulher, retornam às condições vigentes antes da gravidez. Dura em média 6 semanas. MODIFICAÇÕES ANATÔMICAS E FISIOLÓGICAS - Útero: imediatamente após a dequitação, o fundo uterino tangência a cicatriz umbilical. Frequentemente comum a lactentes referirem cólicas uterinas (reflexo útero-mamário ou de Ferguson). - Lóquios: nos primeiros dias os lóquios constituem-se basicamente de sangue vermelho vivo (lóquios rubros). Depois de 3 a 4 dias, tornam-se serossanguíneos de coloração acastanhada (lóquios serosos) e por volta do 10º dia, apresentam-se serosos (lóquios alvos). - Colo uterino: entre o 5º e o 10º dia, estará fechado. - Vulva e vagina: as pequenas lacerações cicatrizam de forma rápida e eficaz e, em quatro ou cinco dias, já não são visíveis. As lactantes apresentam um retardo da recuperação vaginal, mantendo a vagina atrófica por mais tempo. - Sistema cardiovascular: ocorre nas primeiras horas pós-parto, um aumento do volume circulante, que pode se traduzir pela presença de sopro sistólico de hiperfluxo. Pressão arterial aumenta logo após o parto, normalizando geralmente até o 5º dia; pressão venosa nos membros inferiores cai, melhorando a circulação progressivamente. O edema de membros inferiores é comumente observado até o 12º dia. - Sistema digestivo: Geralmente a evacuação ocorre com 72 horas após a cesariana. - Alterações sanguíneas: a leucocitose no puerpério é esperada, podendo atingir 20.000 leucócitos/mm³, sem desvio. - Função ovularia: caso a mulher não amamente, a função ovariana retorna em cerca de 6 a 8 semanas, embora esse intervalo possa ser bastante variável. Ressalta-se que a ovulação e a consequente gravidez podem ocorrer mesmo durante a lactação. - Transtornos emocionais: alterações do humor, com labilidade emocional, são comuns no puerpério. O estado psicológico da mulher deve ser observado, uma vez que quadros de profunda apatia ou sintomas de psicose puerperal devem ser identificados precocemente. - Pulso e temperatura: no pós-operatório imediato pode haver bradicardia (50 a 60bpm), pelo aumento brusco do retorno venoso, sobrecarga do coração direito e predomínio vagal. Pulso e temperatura apresentando curva escalonante (sinal de Michaelis), sugere processo trombo-embólico. A temperatura pode elevar-se nos primeiros 3 a 4 dias: 26,2% < 37ºC, 15% > 38ºC, quase 60% entre 36.8ºC e 37.9ºC. A hipertermia provocada pela apojadura das mamas ocorre entre o 1º e 3º dias e não ultrapassa 24 horas. ASSISTÊNCIA HOSPITALAR NO PUERPÉRIO -Alojamento conjunto (AC) :manter o RN em contato permanente com a mãe, durante toda a internação hospitalar, fortalecendo o laço afetivo entre mãe e filho e mantendo amamentação exclusiva. A equipe que presta atendimento ao binômio deve ser acolhedora, respeitar a cultura familiar e mostrar que está disponível para apoiar. - Exames: no pós-parto imediato checar se já há o pedido de hemograma, VDRL e tipagem sanguínea, caso não haja, solicitar; - Amamentação: estimular a amamentação logo após o nascimento. - Recomendar utilização de sutiã - Recomendar o aumento na ingestão de líquidos. - Até o momento da publicação deste protocolo, as puérperas com diagnóstico de COVID-19 devem manter o aleitamento desde que tenha desejo de amamentar, condição clínica para tal e siga as seguintes recomendações: ▪ Uso de máscara cobrindo nariz e boca, trocar se tosse, espirro ou a cada mamada; higienizar mãos e mamas com água e sabonete. ▪ Limpar superfícies compartilhadas; ▪ No quarto, manter distância de pelo menos 1 metro entre cama da mãe e berço do bebê; ▪ Caso binômio separado e optado por fornecer o leite materno, a mãe deve retirá-lo com bomba higienizada, utilizando máscara e o leite deve ser fornecido à criança por pessoa saudável — a qual deve também seguir precauções, pois além da mãe a criança pode estar infectada; ▪ Esses cuidados devem ser mantidos por até 10 dias dos inícios dos sintomas maternos (ou 20 dias a depender da severidade da doença — alguns serviços consideram 20 dias sempre); Deambulação: estimular o mais precoce possível. Nos casos de cesárea, após 8 horas da indução anestésica. - Ferida cirúrgica: após 24h da cesárea, a ferida cirúrgica deverá permanecer descoberta. - Tipagem sanguínea: naquelas com fator Rh negativo, não sensibilizadas e com recém-nascido Rh positivo, prescreve-se imunoglobulina anti-Rh, nas primeiras 72 horas. - VDRL: se positivo, iniciar o tratamento, se este não tiver sido realizado durante a gravidez ou se houve aumento dos títulos em relação ao último exame. • Fazer a 1º dose de Penicilina Benzatina 2.400.000 UI, IM, e prescrever as demais doses; • A prescrição deve ser feita também para o parceiro; • A paciente deverá ser orientada a realizar o controle na Unidade Básica de Saúde - Atentar para os sinais de alerta para complicações no período pós-parto: tais como sangramento vaginal aumentado, febre, dor exacerbada, edema assimétrico de extremidades, sinais inflamatórios de ferida cirúrgica, sinais de sofrimento psíquico e depressão pós-parto - A leucocitose até 20 000 leu/mm³, sem desvios a esquerda nos primeiros 5 dias de puerpério, não impede a alta hospitalar, desde que não acompanhada de febre ou outros sinais de infecção. - Não há a necessidade de prescrição de antibióticos rotineiramente para pós-parto e pós-cesárea. -- A paciente deve ser orientada quanto ao retorno a Unidade Básica de Saúde. - Prescrever sulfato ferroso (60 mg de ferro elementar/dia) desde a internação até 3 meses após o parto. TEMPO DE PERMANÊNCIA E CUIDADOS PARA A ALTA. - Recomenda-se a permanência mínima de 24 horas em Alojamento Conjunto, momento a partir do qual a alta pode ser considerada, desde que preenchidos os critérios abaixo listados: • Bom estado geral, com exame físico normal, sem sinais de infecção puerperal/ sítio cirúrgico, com loquiação fisiológica; • Sem intercorrências mamárias como fissura, escoriação, ingurgitamento ou sinais de mastite, e orientada nas práticas de massagem circular e ordenha do leite materno; • Com recuperação adequada, comorbidades compensadas ou com encaminhamento para seguimento ambulatorial de acordo com as necessidades; • Bem orientada para continuidade dos cuidados em ambiente domiciliar e referenciada para Unidade Básica de Saúde; • Oferecer método contraceptivo avaliar loquiação de 6/6 horas e manter paciente e acompanhante orientado a chamar se sangramento aumentado. - Avaliar involução uterina a cada 24 horas; - Orientar paciente sobre: • Sinais de alerta do binômio; • Cuidados com RN; • Cuidados com amamentação; • Registro em cartório; • Teste da orelhinha e pezinho; • Contracepção; • Retorno a UBS CRITÉRIO DE ALTA: - Mínimo de 24 horas após o parto se boas condições clínicas; - Sinais vitais estáveis; - Ausência de febre, leucocitose (> 20 mil com desvio) ou critérios de sepse; - Tendo recebido imunoglobulina anti-Rh se necessário; - Após tratamento de sífilis se necessário.
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