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MICROBIOLOGIA DOS ALIMENTOS Prof. Dr. Carlos Fernando Araujo Lima de Oliveira E-mail: oliveira.carlos@estacio.br Conteúdo Microbiologia dos alimentos Microrganismos como alimento: leveduras e cogumelos comestíveis. Características dos alimentos deteriorados, fatores intrínsecos e extrínsecos que controlam o desenvolvimento microbiano nos alimentos. Deterioração provocada por bolores, leveduras e bactérias. Micotoxinas, características e sintomas mais comuns Microbiologia dos alimentos Estuda os microrganismos relacionados aos alimentos, sendo eles: Benéficos Patogênicos Deteriorantes Microbiologia e alimentos HISTÓRICO Microbiologia e alimentos HISTÓRICO Algumas informações que envolvem alimentação segura: A OMS tem colocado que por ano mais de um terço da população mundial adoece devido a Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA) (ALVES, 2014) As DTAs podem ser causadas por: Contaminação biológica: Bactérias, Vírus, Parasitas, Toxinas e Príons. Os microrganismos podem ser... História Principais microorganismos e suas fontes de contaminação Importância dos microorganismos Benéficos – geram modificações nos alimentos, conhecidos como deterioração microbiana, causando mudanças de cor, odor, sabor, textura e aspecto. Esses microrganismos utilizam os alimentos como fonte de energia. Importância dos microorganismos Patogênicos – microrganismos que podem trazer risco à saúde humana e dos animais, podendo chegar aos alimentos pela falta de higiene das pessoas durante a preparação e nas outras etapas de armazenamento e distribuição. Importância dos microorganismos Deteriorantes – causadores de alterações benéficas nos alimentos, transformando-os em novos produtos. Podem ser adicionados aos alimentos intencionalmente ou ser naturalmente presentes. Grupo de bactérias e fungos que: Possuem características organolépticas adequadas e podem ser ingeridos como alimentos in natura ou após processamento; Participam da produção de alimentos ou bebidas; Microrganismos como Alimentos Características: – Eles devem produzir substâncias que facilitem a preparação de um alimento em pouco tempo capacidade enzimática de transformar certos substratos em produtos desejáveis. – O microorganismo e seus produtos devem ser adequados para consumo humano sem causar nenhum perigo. – Deve ser fácil e econômico cultivá-las em larga escala. – Eles devem estar crescendo rapidamente. – Eles têm que apresentar estabilidade genética Microrganismos na Indústria de Alimentos Microrganismos na Indústria de Alimentos Bactérias produtoras de ácido láctico Microorganismos Gram-positivos, que têm a propriedade de fermentar a lactose presente no leite, gerando acidificação do meio pela produção de ácido lático, coagulação da caseína e inibição de microorganismos indesejáveis. É assim que o queijo, iogurte e manteiga podem ser produzidos a partir da acidificação do leite. Além disso, esses microrganismos podem atuar em outros substratos para a preparação de embutidos e picles, entre outros. Essas bactérias também produzem bacteriocinas que protegem contra microorganismos patogênicos. Eles toleram uma ampla faixa de pH (4,8-9,6). A maioria é considerada microrganismo probiótico. Microrganismos na Indústria de Alimentos Entre eles, encontramos os seguintes: Streptococcus (Streptococcus salivarius sup thermophilus, Enterococcus faecalis, Enterococcus faecium ). Lactobacillus (L. casei, L. fermentum, L. acidophillus, L. plantarum ). Da mesma forma, o gênero Bifidobacterium ( B. bifidum, B. infantis, B. adolescentis, entre outros) e o gênero Leuconostoc ( L. carnosum, L. citreum, L. durionis, entre outros) também pertencem a essa categoria . O consumo desses alimentos é benéfico para a saúde especialmente para a microbiota intestinal inibem microorganismos patogênicos produzem ácido lático Microrganismos na Indústria de Alimentos Saccharomyces cerevisiae Utilizado na preparação de pão, vinho, cerveja e saquê. Pão A Saccharomyces cerevisiae é adicionado à matéria-prima (farinha), para proporcionar sabor e gosto específico e a consistência desejada para a massa porque o microorganismo produz dióxido de carbono (CO2) e etanol mediante fermentação dos açúcares. Isso faz com que a massa aumente em volume. Microrganismos na Indústria de Alimentos Fabricação de vinho O vinho é produzido por um processo de fermentação alcoólica realizado por algumas leveduras, incluindo Saccharomyces cerevisiae. No entanto, hoje essa espécie é combinada com outras leveduras, como Hanseniaspora guilliermondi, Kloeckera apiculata , Starmerella bacillaris , Torulaspora delbrueckii e Metschnikowia pulcherrima , para melhorar as propriedades organolépticas dos vinhos. Também Saccharomyces ellipsoideus pode ser utilizado para este fim. Cervejaria A S. cerevisiae, além de produzir álcool, também é responsável pelo agradável sabor e cheiro da cerveja. Além disso, deve-se notar que o fermento de cerveja é rico em vitaminas, minerais e proteínas. Por esse motivo, o fermento de cerveja também é utilizado como aditivo na produção de frangos para consumo. Microrganismos na Indústria de Alimentos Fabricação de vinho O vinho é produzido por um processo de fermentação alcoólica realizado por algumas leveduras, incluindo Saccharomyces cerevisiae. No entanto, hoje essa espécie é combinada com outras leveduras para melhorar as propriedades organolépticas dos vinhos. Hanseniaspora guilliermondi Kloeckera apiculata Starmerella bacillaris Metschnikowia pulcherrima Saccharomyces ellipsoideus Microrganismos na Indústria de Alimentos Microrganismos na Indústria em geral Gluconobacter e Acetobacter Eles são chamados de bactérias acéticas. Estes podem converter etanol em ácido acético. Elaboração de vinagre e na acetificação de bebidas alcoólicas. Aspergillus niger e Saccharomycopsis lipolytica Utilizado para a produção de ácido cítrico, utilizado como aditivo na fabricação de refrigerantes e confeitos. Também na obtenção de ácido glucônico. Mucor rouxii Esse microorganismo é usado para ajudar os processos de hidrólise do amido no estágio de amadurecimento de alguns queijos. Geotrichum candidum Esta levedura é utilizada na maturação de alguns queijos, proporcionando um aroma e sabor muito característicos. Microrganismos na Indústria em geral Curiosidades sobre G. candidum: Notavelmente associado à pele, expectoração e fezes Agente causador da geotricose humana e da podridão azeda que infecta frutas, tomates, cenouras e outros vegetais. Penicillium roqueforti, Produção de chamados queijos azuis (P. roqueforti), sendo responsável pela cor, cheiro e sabor característicos do queijo Roquefort, Cabrales ou Valdeón Penicillium camemberti (Camembert, Brie, Coulommiers e Cambozola), Penicillium glaucum (queijo gorgonzola ).. Microrganismos na Indústria em geral Microrganismos Como Alimentos Cogumelos comestíveis (cogumelos) Embora os cogumelos não sejam organismos microscópicos, esses são organismos biológicos que pertencem ao reino dos fungos; isto é, são fungos e estão envolvidos na indústria de alimentos. Alguns são comestíveis, muito nutritivos e são frequentemente usados na arte culinária. Agaricus bisporus Cresce em campos abertos expostos à luz solar. É o tipo mais comercial de cogumelos comestíveis, e geralmente o conhecemos como cogumelo de Paris. Existem diferentes variedades de espécies; o mais comum é Agaritus campestri var. bisporus . O cogumelo está incluído em receitas requintadas. É rico em fibras alimentares, bem como em vitamina B 6 , vitamina C, vitamina D, potássio e niacina. Lepiota prossiga Esta espécie é comestível, distinguindo-se de outras espécies tóxicas. É reconhecido por sua grande altura (35 cm). Seu chapéu tem escamas marrons e se separa facilmente do pé. Sua base é bulbosa. Microrganismos Como Alimentos Microrganismos COMO DETERIORADORES Geralmente causam as DTAs doenças transmitidas por alimentos Afetam as característicasorganolépticas dos alimentos São doenças adquiridas por meio da ingestão de alimentos ou água contaminados, que ocorrem entre 1 a 72 horas depois do consumo e, duram de 1 a 18 dias. Os sintomas são geralmente náusea, vômito, dores abdominais, dores de cabeça, diarreia e, nos casos mais graves desidratação, diarreia sanguinolenta, comprometimento renal, cardíaco, respiratório, mental e, morte. As DTAs se dividem em duas categorias Infecções – causadas pela ingestão de microrganismos que no interior do organismo “atacam” órgãos ou tecidos. Intoxicação – quando ingerimos um alimento que contenha toxina liberada devido a intensa proliferação do microrganismo patogênico no alimento. Fonte: Sinan Net/SVS/MS *Dados sujeitos a alteração [agosto] (ALVES,2014,p.26) Bolores – Causam descoloração, alteram sabor e textura. Leveduras – Produzem odor e sabor alcoólico e gás. Bactérias - Alteram sabor, odor, textura produzem gás e descoloração. Deteriorantes Clostridium – 20% dos casos, são esporos e estão no solo. Presente nos restos de terra contida nos alimentos, papel de embrulho, etc. Staphylococcus – 4% dos casos, produz toxina. Presente no nariz, garganta, mãos de pessoas sadias. Salmonella – 70% dos casos. Naturalmente presente no intestino das aves Patogênicos Fonte: HAZELWOOLD;McLEAN, 1994 Fatores que contribuem com a contaminação dos alimentos Umidade Higiene Temperatura Tempo Armazenamento Descuidos nas diferentes etapas de preparo do alimento Fatores Intrínsecos dos Alimentos Atividade da Água Fatores Intrínsecos dos Alimentos Atividade da Água Microrganismos osmófilos – necessitam ou suportam ambientes com elevada concentração de açúcar. Microrganismos halófilos – necessitam ou suportam ambientes com elevada concentração salina Microrganismos xerofílicos – afinidade a ambientes secos. Fatores Intrínsecos dos Alimentos Atividade da Água Fatores Extrínsecos dos Alimentos Temperatura de risco ou Zona de perigo: Entre 05ºC e 65ºC – grande multiplicação de bactérias Temperaturas de segurança: Acima de 65°C - multiplicação dos microrganismos é reduzida e podem morrer; Abaixo de 0°C – crescimento lento. Temperatura segura para preparações a base de vegetais e frutas: entre 5ºC e 10ºC. Fatores Extrínsecos dos Alimentos Fatores Extrínsecos dos Alimentos Classificação dos alimentos quanto à acidez muito ácidos pH < 4,0 ácidos pH de 4,0 a 4,5 baixa acidez pH > 4,5 Fatores Extrínsecos dos Alimentos Aeróbios – requerem Eh positivo (presença de O2) são oxidantes (+350 a +500mV). Bolores bactérias como a Pseudomonas, Acinetobacter, Moraxella, Micrococcus, algumas espécies de Bacillus, e leveduras oxidativas. Anaeróbios – requerem Eh negativo (ausência de O2) são redutores (+30 a -550mV). O oxigênio é tóxico para a célula, porque gera peróxidos letais ao microrganismo. Os gêneros Clostridium e Desulfotomaculum compreendem espécies anaeróbias. Facultativos – multiplicam-se em Eh positivo e negativo (+100 a 350mV) são oxidantes e redutores . Leveduras (fermentativas), Enterobactérias e Bacillus. Microaerófilos – multiplicam-se melhor em Eh baixo. As bactérias láticas encontram-se neste grupo. Fatores Extrínsecos dos Alimentos Deterioração dos Alimentos Qualquer alteração na aparência, odor, sabor decorrentes da atividade metabólica dos microrganismos. Deterioração dos Alimentos Ranço: Alimentos ricos em gordura Microrganismos lipolíticos, principalmente bactérias Quebra das gorduras ácidos graxos + glicerol Putrefação: Alimentos ricos em proteínas (p.ex. carnes) Bactérias proteolíticas consomem as proteínas liberando putrescina, cadaverina, H2S, NH3 Deterioração dos Alimentos Azedamento (fermentação) e coagulação: Leite Bactérias do ácido lático Lactose ácido lático + outros ácidos Bolor crescimento de fungos em pães e frutas Principais Agentes de Infecção e Toxico-Infeção em Alimentos Clostridium botulinum Staphylococcus aureus Salmonella Listeria monocytogenes Vibrio cholerae Bacillus cereus Fungos produtores de micotoxinas Causa o botulismo Bacilos G(+), formadores de esporos, anaeróbios estritos Amplamente distribuído na natureza (solo e água principal) Mais grave processo de doença alimentar 1ug de toxina é letal Toxina termolábil: 80ºC por 30 minou 100ºC pouco minutos Toxina não é formada em pH<4,5. Alimentos associados: de pH elevado e ambiente anaeróbio (enlatados, especialmente conservas, mas pode também estar presente no mel bebês não devem consumir mel antes de 2 anos) Medidas de controle: tratamento térmico adequado, acidificação, redução da Aa, uso de nitratos e nitritos Clostridium botulinum Cocos G(+), facultativas anaeróbias que crescem melhor em aerobiose Mucosa nasal, garganta, cabelo e pele o manipulador do alimento contamina Associado a baixas condições de higiene A toxina é termoestável Alimentos associados: muito manipulados e que não contém outros microrganismos (pizzas, doces de padaria, sanduíches) Medidas de controle: condições higiênico-sanitária satisfatória, refrigeração adequada, não misturar alimentos crus com cozidos Staphylococcus aureus Bacilos G(-), anaeróbios facultativos Reservatório: trato intestinal dos homens e animais Salmonella entérica (2000 sorotipos): antiga Salmonella tiphy atualmente Salmonella entérica serovar (ou sorotipo) Typhi ou Salmonella Tiphy Febre tifóide, febre entérica e enterocolites Alimentos associados: ovos, maioneses, frango Medidas de controle: descongelamento adequado, tratamento térmico adequado (ovo com gema mole), controle de recontaminação A Salmonella é naturalmente presente no intestino das aves portanto o ovo é um alimento potencialmente contaminado evite consumir cru Salmonella Bacilo G(+), anaeróbios facultativos Reservatório: amplamente distribuído na natureza e também nos homens e animais Suporta sucessivos congelamentos e descongelamentos Alta mortalidade em imunodeprimidos e recém-nascidos Pode causar aborto espontâneo em grávidas Alimentos associados: leite cru, queijos “aguados”, carnes Imunodeprimidos e grávidas não devem ingerir leite e carnes cruas, nem queijos como ricota Listeria monocytogenes Bacilos G(+), formadores de esporos, aeróbios Reservatório natural: solo Síndrome emética (toxina ja presente no alimento - termoestável) e síndrome diarreica (toxina produzida no intestino delgado) Alimentos associados: amiláceos em geral arroz e sopas em pó Medidas de controle: tratamento térmico adequado e manutenção da temperatura acima de 65ºC depois do alimento pronto, resfriamento rápido para armazenar Bacillus cereus Obrigado!
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