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LARISSA- PRODUTORA VERIFICADA OSTEOPOROSE @LARIGOMES09 GERONTO GERIÁTRIA Introdução A osteoporose é definida como uma desordem esquelética caracterizada por perda de massa óssea e alteração na arquitetura estrutural óssea com comprometimento da resistência do osso. Resistência óssea reflete a integração de duas características principais: densidade óssea e qualidade óssea. A fratura ocorre quando uma força (p.ex., trauma) é aplicada ao osso com osteoporose. Assim, a osteoporose é um fator de risco para fratura, mas existem outros fatores clínicos que predispõem a fraturas, independentemente da densidade mineral óssea. É importante reconhecer um erro comum: pensar que a osteoporose é sempre o resultado de perda óssea. A osteoporose pode ser, ainda, caracterizada como primária ou secundária. A osteoporose primária pode ocorrer em ambos os sexos e em todas as idades, mas geralmente está relacionada a condições fisiológicas ou perdas relacionadas ao próprio envelhecimento, como a menopausa em mulheres, e ocorre mais tarde na vida dos homens. Em contraste, a osteoporose secundária está relacionada a condições patológicas, resultado de medicação, ou de algum outro distúrbio, como osteomalácia, hiperparatireoidismo ou hipertireoidismo, excesso de glicocorticosteroides, insuficiência renal, etc Prevalência A osteoporose afeta 200 milhões de mulheres no mundo todo: aproximadamente 1/10 mulheres com 60 anos de idade ou mais, 1/5 entre as com 70 anos ou mais, 2/5 entre as com 80 ou mais e 2/3 entre as com 90 ou mais. No mundo, uma fratura osteoporótica ocorre a cada 3 segundos; uma fratura vertebral, a cada 22 segundos. Próximo de 65% das fraturas de quadril, vértebra e distal de antebraço ocorrem entre idosos com 65 anos ou mais. Estima-se que 1 em cada 2 mulheres e 1 em cada 5 homens acima de 65 anos de idade apresentarão pelo menos uma fratura relacionada à osteoporose em algum momento da vida. Fatores de risco Vários são os fatores relacionados que devem ser identificados, O Consenso Brasileiro de Osteoporose preconiza que outros fatores de risco, os secundários, devam ser considerados, como: Relacionam-se, a seguir, os fatores de risco clínicos para osteoporose e fraturas: • fatores menores: como sexo, grau de remodelação, história anterior de fratura, história familiar, estilo de vida não saudável (sedentarismo, tabagismo), entre outros. • hipercortisolismo (endógeno ou exógeno); • hiperparatireoidismo primário ou secundário; • hipertireoidismo; • acromegalia; • neoplasias do sistema hematopoético; • cirrose biliar primária; • doenças inflamatórias intestinais; • doença celíaca; • pós- gastrectomia; • homocistinúria; • hemocromatose; • doenças reumáticas inflamatórias. • fatores maiores: • sexo feminino; • baixa massa óssea (DMO); • fratura prévia; • brancos ou de ascendência asiática; • idade avançada em ambos os sexos; • história materna de fratura do colo femoral e/ou osteoporose; • menopausa precoce não tratada (antes dos 40 anos de idade); • tratamento com corticosteroides. • amenorreia primária ou secundária; • hipogonadismo primário ou secundário em homens; • perda de peso após 25 anos de idade ou baixo índice de massa corporal; • índice de massa corporal (IMC < 19 kg/m2); • tabagismo; • alcoolismo; • sedentarismo; • tratamento com outras drogas que induzem perda de massa óssea, como heparina, varfarina, anticonvulsivantes (fenobarbital, fenitoína, carbamazepina), lítio e metotrexato; • imobilização prolongada; • dieta pobre em cálcio; • doenças que induzem a perda de massa óssea. Avaliação da densidade mineral óssea A técnica mais amplamente usada para determinação da massa óssea é a medida da absorção de dupla energia de raios X (DXA) e é considerada medida-padrão para comparação com outras tecnologias. O método é sensível, preciso, não invasivo, rápido e seguro, sendo que sua avaliação, utilizando sítios centrais, é a melhor maneira de diagnóstico da osteoporose, além de também ser muito útil para a monitoração da resposta terapêutica. A densitometria do quadril e coluna é a tecnologia usada para estabelecer ou confirmar o diagnóstico de osteoporose, predizer risco de futuras fraturas e monitorar pacientes com avaliações seriadas Segundo o Consenso Brasileiro de Osteoporose (2002)12 Osteoporosis Foundation (NOF, 2010),19 realizadas nas seguintes situações: • todas as mulheres de 65 anos de idade ou mais; • mulheres com deficiência estrogênica com menos de 45 anos de idade; • mulheres na pré e pós-menopausa (com um fator de risco maior ou dois menores); • mulheres com amenorreia secundária prolongada (por mais de 1 ano); • todos os indivíduos que tenham sofrido fratura por trauma mínimo ou atraumática; • indivíduos com evidências radiográficas de osteopenia ou fraturas vertebrais; • homens com 70 anos de idade ou mais; • indivíduos que apresentem perda de estatura (maior que 2,5 cm) ou hipercifose torácica; • indivíduos em uso de corticosteroides por 3 meses ou mais (doses maiores que 5 mg de prednisona); • mulheres com IMC baixo (< 19 kg/m2 ); • portadores de doenças ou uso de medicações associadas à perda de massa óssea; • para monitoramento de mudanças de massa óssea decorrentes da evolução da doença e dos diferentes tratamentos disponíveis. Gerenciamento do risco de fraturas Para todos os pacientes, ortostatismo, deambulação, exercícios de equilíbrio e exercícios de fortalecimento, cessação do tabagismo, suplementação de cálcio e vitamina D são recomendados. Antes do início de qualquer gerenciamento das estratégias é preciso considerar o grau de risco de fratura que guiará o tratamento medicamentoso. A escolha depende do perfil do paciente, comorbidades presentes, preferências e estilo de vida. Para avaliar o risco de fratura é sugerido o uso de uma ferramenta validada. guideline do Canadá (2010)24 faz algumas recomendações clínicas e sugere quem deve ser avaliado para osteoporose e risco de fratura: Inicialmente, para os pacientes com diagnóstico de osteoporose, definida como DMO de 2,5 ou mais desvios-padrão abaixo do pico de massa óssea em adultos jovens (ou seja, T-escore < 2,5) limitadas investigações laboratoriais são sugeridas: • mulheres e homens acima de 50 anos de idade devem ser avaliadas para fatores de risco para osteoporose e fratura, e devem ser identificadas aquelas com alto risco de fraturas (grau A); • indivíduos com mais de 50 anos de idade que tenham sofrido uma fratura devem ser avaliados (grau A) • cálcio, corrigido para a albumina; • hemograma completo; • creatinina; • fosfatase alcalina; • hormônio estimulador da tireoide; • eletroforese de proteínas séricas (para pacientes com fraturas vertebrais); • 25-hidroxivitamina D. Tratamento Intervenção não farmacológica: Mobilização Exercícios Nutrição A imobilização é uma causa muito importante de perda óssea. Pacientes imobilizados podem ter perda óssea significativa no período de uma semana e, quando confinados ao leito, a perda pode ser ainda maior, por isso a imobilidade deve ser sempre evitada. A ação da gravidade sobre o osso previne a osteoporose, daí a importância do ortostatismo. Os exercícios ativos aumentam a força muscular e auxiliam a manutenção da massa óssea, melhoram a função e o equilíbrio, além de prevenir as quedas. Embora haja pouca evidência de que os programas de exercícios reduzam as fraturas, um estudo mostrou que um programa de caminhadas vigorosas reduz o risco de fraturas de quadril. O guideline do Canadá (2010) recomenda: • exercícios resistidos apropriados que considerem a idade e capacidade funcional, para aqueles que têm osteoporose ou com risco de apresentar a doença (grau B); • exercícios para melhorar a estabilidade das vértebras e, portanto, para compensar anormalidades, fraqueza ou corrigir postura, para os indivíduos que tiveram fraturas vertebrais (grau B); • exercícios focados no equilíbrio, como Tai Chi Chuan, ou em balance, orientação e treino de marcha, para aqueles em risco de quedas (grau A);• uso de protetores de quadril, para adultos mais velhos residentes em instituições de longa permanência que requeiram cuidados de alto risco para fratura (grau B); O envelhecimento pode levar à insuficiência de proteínas, cálcio e vitamina D. O esqueleto contém 99% de reservas corporais de cálcio. Quando o fornecimento exógeno é inadequado, o tecido ósseo é reabsorvido para manter o cálcio. Recomendações da Diretrizes Canadenses de Osteoporose (2002): • suplementação de cálcio e vitamina D: ingestão diária total de cálcio elementar (por meio de dieta e suplementos) para indivíduos acima de 50 anos de idade deve ser de 1.200 mg (grau B); • tratamento preventivo de fraturas: para mulheres na menopausa que requerem tratamento de osteoporose, alendronato, risedronato, ácido zoledrônico e denosumabe podem ser usados como terapias de primeira linha para a prevenção de fraturas de quadril, fraturas não vertebrais e vertebrais (grau A); • para as mulheres na menopausa que requerem tratamento da osteoporose, o raloxifeno pode ser usado como uma terapia de primeira linha para a pré-prevenção de fraturas vertebrais (grau A); • para mulheres na menopausa que requerem tratamento de osteoporose em combinação com tratamento para sintomas vasomotores, a terapia hormonal pode ser usada como terapia de primeira linha para prevenção de quadril, fraturas não vertebrais e vertebrais (grau A); • para as mulheres na menopausa intolerantes a terapias de primeira linha, calcitonina ou etidronato podem ser considerados para a prevenção de fraturas vertebrais (grau B); • para os homens que requerem tratamento da osteoporose, alendronato, risedronato e ácido zoledrônico podem ser usados como primeira linha em terapias para prevenção de fraturas (grau D); • a testosterona não é recomendada para o tratamento de osteoporose em homens (grau B). Considerações finais A osteoporose é uma doença silenciosa, que só se torna visível, na maioria das vezes, com a primeira fratura. Vários guidelines de osteoporose foram desenvolvidos e revisados na Europa, Canadá e Estados Unidos, e houve uma mudança de paradigma em termos de prevenção e tratamento da osteoporose e fratura. O foco deixou de ser o tratamento da baixa DMO, nem sempre a causa das fraturas, mas o desenvolvimento maior de massa óssea e a prevenção de sua ocorrência e das fraturas por fragilidade.
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