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RESUMO DIREITO CIVIL 1º PROVA DIREITO DAS OBRIGAÇÕES Conceito: relações jurídicas de natureza pessoal cujo conteúdo é a prestação patrimonial e permite movimentação da máquina judiciária em caso de inadimplemento. Tem como características ser um direito relativo, pois só é oponível às partes do contrato e ser o direito a uma prestação positiva ou negativa. Obrigação híbrida propter rem: existe quando o titular de um direito real é obrigado, devido à sua condição, a satisfazer certa prestação a favor de outrem. Características: Vinculado a um direito real Pode-se exonerar o devedor com o abandono da coisa É transmissível por meio de negócio jurídico Conceito de obrigação: vínculo jurídico temporário estabelecido entre sujeito ativo e sujeito passivo visando um objeto. O vínculo requer manifestação de vontade livre e esclarecida, capacidade plena e objeto lícito, possível, determinado ou determinável Por ser temporário, sempre há um termo inicial e um termo final. Se estes não forem definidos no momento da celebração do NJ, pode ser invocado pelas partes a qualquer momento. O objeto precisa ter valor pecuniário, pois é um direito essencialmente patrimonial. Obrigações naturais (obrigação sem responsabilidade): obrigações onde uma das características necessárias para sua validez civil está ausente. O credor, então, não pode exigir do devedor a prestação; mas se esta for realizada, o devedor não pode pedi-la de volta (inexigível e irretratável). Esta não pode ser compensada, pois não há vencimento e não comporta fiança. Exceção: caso o herdeiro pague a dívida – ele pode pedir de volta pois a dívida não era dele Dívida de jogo: jogos e apostas não são considerados contratos, portanto, só podem ser devolvidas as prestações pagas mediante dolo ou realizadas por incapaz. Responsabilidade sem obrigação: ocorre excepcionalmente com garantidores, como em casos de FIANÇA e AVAL. O contraente da obrigação não se beneficia em nada na relação jurídica. RESUMO DIREITO CIVIL 1º PROVA CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO OBJETO DA RELAÇÃO JURÍDICA Obrigação de dar coisa certa: obrigação cujo objeto é certo e determinado. Segundo o art. 356, não é possível entregar objeto diferente do acordado entre as partes, sendo necessário celebrar outro negócio jurídico. As obrigações acessórias também devem ser entregues, salvo exceções (seguindo o princípio da gravitação jurídica) Perda do objeto: o COM CULPA DO DEVEDOR: pagamento de perdas e danos o SEM CULPA DO DEVEDOR: resolve a obrigação e as partes retornam ao status quo ante Deterioração do objeto: o COM CULPA DO DEVEDOR: o credor paga o equivalente + pagamento de perdas e danos o SEM CULPA DO DEVEDOR: o credor pode resolver o contrato ou aceitar o item com abatimento no preço Riscos: o risco de avaria do objeto é do devedor até a tradição + há o risco do objeto vir com vício redibitório Cômodos na obrigação de dar coisa certa: caso onde o bem recebe acréscimos, como frutos, produtos, etc. após a celebração do negócio jurídico e antes da tradição. O devedor, nesse momento, deve pagar pelo acréscimo Obrigação de dar coisa incerta: relação jurídica obrigacional onde o objeto será posteriormente determinado, a partir de uma escolha feita por uma das partes ou por terceiro, aparecendo no NJ apenas com sua determinação genérica e numérica. Sua prestação é indeterminada, mas é suscetível de determinação. O estado de indeterminação do objeto deve ser transitório, pois não se pode celebrar negócio jurídico sem individualização do objeto. O ato jurídico da individualização da coisa é denominado concentração RESUMO DIREITO CIVIL 1º PROVA A escolha de quem fará a concentração é das partes, mas se nada for acordado, a escolha cabe ao devedor Após a escolha, a obrigação torna-se obrigação de dar coisa certa e começa a seguir as normas da mesma O devedor não pode faltar com a entrega do objeto, nem alegando caso fortuito ou força maior Obrigação de solver dívida em dinheiro: tipo de obrigação que abrange a prestação consistente em dinheiro, reparação de danos e pagamento de juros (dívida pecuniária, de valor e remuneratória), que deve ser paga em moeda corrente nacional Obrigação pecuniária: obrigação de dar que tem como objeto uma quantidade de dinheiro (soma de valor). Diz respeito somente ao valor nominal da moeda, referido pelas unidades monetárias do sistema pelo qual a nota ou moeda é colocada em circulação com o valor cunhado pelo Estado. o Cláusulas de escala móvel: pagamentos que deverão ser feitos de acordo com as variações do preço de determinadas mercadorias ou serviços, para que o valor pago não pega o seu valor de uso. Dependendo da inflação, pode ser tanto um aumento quanto uma redução no valor das parcelas o Cláusulas de correção monetária: referentes ao aumento progressivo de prestações sucessivas que tenham periodicidade maior a um ano, decorrentes do nível de desvalorização da moeda. P. ex., os contratos de locação têm seu reajuste a cada 12 meses. Dívida de valor: obrigação que não tem diretamente por objeto o dinheiro. Este funciona apenas como forma de medir o valor da prestação. Aqui, quem suporta os riscos concernentes à desvalorização é o devedor, pois este deve arcar com o custo que permita o credor a adquirir certos bens. P. ex. dívida alimentícia e direito à indenização Dívida remuneratória: obrigação acessória concernente ao pagamento de juros, que é a remuneração pelo uso do capital alheio. Pressupõe a existência de uma dívida de capital (dinheiro ou outro bem fungível) e deve ser estipulada no contrato. Obrigação de fazer: vincula o devedor à prestação de um serviço ou ato positivo, material ou imaterial, seu ou de terceiro, em benefício do credor ou de terceira pessoa. Possui como prestação um ato ou confecção de coisa que deve ser entregue a outrem. Obrigação de fazer infungível: obrigação que deve ser executada pelo devedor, visto que o negócio jurídico foi celebrado como motivo determinante os requisitos pessoais RESUMO DIREITO CIVIL 1º PROVA do mesmo. Se o devedor se recusar a realizar a prestação, ele deve pagar por perdas e danos Obrigação de fazer fungível: prestação que pode ser realizada indiferentemente da pessoa. Nessa obrigação, se o devedor não realizar, o credor pode contratar terceiro para fazê-lo as custas do devedor. o O devedor pode ou não ser importante para a obrigação de fazer: se for uma obrigação personalíssima, a não prestação da obrigação pelo devedor X leva ao pagamento de indenização por perdas e danos; se for uma obrigação de fazer fungível, um terceiro pode realizar a prestação e o credor pode cobrar do devedor o pagamento o O erro da pessoa na obrigação de fazer personalíssima pode causar anulabilidade do negócio jurídico, salvo em casos que o erro possa ser consertado. Astreinte: multa pecuniária periódica, serve como instrumento coercitivo que vise compelir o devedor a realizar a prestação que lhe cabe e pode também ser utilizada nas obrigações de dar e de não fazer. Obs. Esta não modifica o direito do devedor de requerer perdas e danos do devedor. Consequências do inadimplemento da obrigação de fazer: o Impossibilidade de realização da prestação: SEM CULPA: a obrigação se resolve e as partes voltam ao status quo ante (art. 248, 1ª parte) COM CULPA: o devedor responde por perdas e danos e a obrigação de fazer se converte em obrigação de dar a indenização (art. 248) o Inadimplemento voluntário da obrigação de fazer: Se INFUNGÍVEL, o devedor se obriga a pagar a indenização por perdas e danos (art. 247) Se FUNGÍVEL, o credor tem o direito de contratar terceiro para realizar a prestação e cobrar o devedor pelo pagamento, além do pagamento de indenização por perdas e danos (Art. 249) Se a obrigação for urgente, o credor pode mandar realizar o ato antes de entrar em juízo, e depois pedir pelo seu pagamento. (art. 249, parág. ún) Obrigação de não fazer: obrigação negativa onde o devedor assume o compromisso de se abster de algum ato que, se não fosse pela obrigação, poderia exercer livremente. Descumprimento da obrigação de não fazer: RESUMO DIREITO CIVIL 1º PROVA o Se houver impossibilidade da abstenção do ato, sem culpa, a obrigação se resolve e as partes retornam ao status quo ante (art. 250) o Se ocorrer pela inexecução culposa do devedor, o credor pode exigir que o ato seja desfeito (art. 251), sob pena de desfazer o ato sob as custas do devedor e cobrar perdas e danos, salvo se a posição anterior satisfaça ao credor. Se for impossível ou inoportuno desfazer o ato, o devedor deve reparar o prejuízo do credor Art. 390: nas obrigações negativas, o inadimplemento inicia no momento que o devedor realiza o ato CLASSIFICAÇÃO QUANTO A LIQUIDEZ DO OBJETO Obrigação líquida: obrigação certa quanto à sua existência e determinada quanto a seu objeto. O seu inadimplemento constitui o devedor em mora - descumprimento voluntário da obrigação em tempo, local e forma correta (art. 407) A liquidez da obrigação é essencial em vários tipos de obrigações, como a compensação, imputação do pagamento, concessão de arresto, etc. Obrigação ilíquida: obrigação incerta quanto à sua quantidade e que se torna certa com a liquidação (ato de fixar o valor da prestação que antes era indeterminada). A liquidação se realiza, judicialmente, mediante liquidação, mas pode ocorrer também por transação e ajuste das partes. Se o devedor não poder realizar a obrigação que foi ajustada, o seu valor pecuniário em moeda corrente será estipulado para pagamento. Enquanto a obrigação não for liquidada, o devedor não pode encontrar-se em mora A obrigação ilíquida não comporta compensação, imputação de pagamento, consignação em pagamento e concessão de arresto, mas é suscetível de fiança CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO MODO DE EXECUÇÃO Obrigação simples e cumulativa: obrigação simples é a que recai apenas sobre uma coisa ou sobre um ato, criando apenas um efeito. Obrigação cumulativa é uma relação obrigacional múltipla que contém duas ou mais prestações de dar, de fazer ou de não fazer. O RESUMO DIREITO CIVIL 1º PROVA inadimplemento de uma das obrigações acarreta no seu total descumprimento, pois todas as prestações devem ser tratadas como se fossem apenas uma Obrigação alternativa: contém duas ou mais prestações com objetos distintos, da qual o devedor se libera ao realizar uma delas, mediante escolha de uma das partes ou de terceiro. É vantajosa para os contratantes pois permite ao devedor selecionar a que lhe for menos onerosa e garante maior possibilidade de realização da prestação ao credor. A concentração do objeto é a escolha efetiva de um dos objetos, tornando a prestação simples e determinada. O CC permite às partes definirem quem fará a concentração, mas se nada for acordado, quem faz a escolha é o devedor. O devedor não pode obrigar o credor a receber parte em uma prestação em parte em outra o Se houver mais de um credor e a escolha for deles, a mesma deve ser feita por unanimidade e se houver conflito quem deverá decidir é o juiz o Se quem deverá fazer a escolha for terceiro e este não quiser ou não puder escolher, a mesma deve ser feita pelo juiz, a não ser que haja acordo entre as partes o Nada obsta que a escolha seja feita por sorteio e a ela não se aplica o princípio do meio-termo o Se a obrigação for periódica, a escolha pode ser feita de formas diferentes em cada momento de realização da prestação Inexiquibilidade das prestações: o Perecimento sem culpa do devedor: se apenas uma das prestações se impossibilitar, acontecerá uma concentração automática. Se as duas prestações se impossibilitarem, a extinção se extingue por falta de objeto. só há exoneração se o devedor não estiver em mora, se não, responde também pela impossibilidade o Perecimento por culpa do devedor: se a escolha competir ao devedor e uma das prestações perecer, o credor terá o direito de exigir a ou a prestação subsistente ou o valor da outra + perdas e danos. Se nenhuma das prestações forem possíveis, este deve pagar a que por último se impossibilitou + perdas e danos. Se a escolha pertencer ao credor e ambas prestações forem inexequíveis, o credor pode requerir o valor de qualquer uma + perdas e danos. o Perecimento por culpa do credor: se a escolha competir ao devedor, o devedor se libera da prestação se preferir não realizar a obrigação, exigindo perdas e danos. Se a escolha for do credor, atingindo o perecimento de uma das RESUMO DIREITO CIVIL 1º PROVA prestações, o devedor é liberado dela, salvo se o credor preferir exigir a outra ou ressarcir perdas e danos o Impossibilidade da primeira prestação sem culpa e da segunda por culpa do devedor (ou vice-versa): Se a 1ª prestação se impossibilitar sem culpa e a 2º por culpa, a obrigação subsiste quanto à prestação remanescente, respondendo o devedor pelo equivalente + perdas e danos Se perecer a primeira por culpa do devedor e a segunda sem culpa, o credor pode decidir optar pela subsistente ou pelo equivalente a outra + perdas e danos o Perecimento da primeira prestação por caso fortuito e a segunda por culpa do credor: o devedor é exonerado da obrigação o Inexiquibilidade de uma das prestações por culpa do devedor e outra por culpa do credor: o devedor é exonerado da obrigação Obrigação facultativa: nessa obrigação não há possibilidade de escolha, mas de subsistência da obrigação por substituição da prestação devida. O devedor apenas a pagará assim se preferir, desde que não esteja em mora; o credor, por sua vez, não pode reclamar a faculdade da obrigação e, havendo sua impossibilidade, extinguir-se-á a prestação, enquanto apenas o defeito da prestação devida pode causar sua nulidade. Se a impossibilitar resultar do devedor, o credor poderá pedir o equivalente mais perdas e danos. CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO TEMPO DE ADIMPLEMENTO Obrigação momentânea ou instantânea: obrigação que se consuma num só ato em certo momento Obrigação de execução continuada ou periódica: se protrai no tempo, caracterizando-se pela prática ou abstenção de atos reiterados, solvendo-se num espaço mais ou menos longo de tempo. Existem vários créditos, cada um com uma prestação, mas isso não fraciona a obrigação. CLASSIFICAÇÃO QUANTO AOS ELEMENTOS ACIDENTAIS Obrigação condicional: obrigação que contém cláusula que subordina seu efeito a evento futuro e incerto RESUMO DIREITO CIVIL 1º PROVA São consideradas quanto a possibilidade, a licitude, a natureza, a participação da vontade dos contraentes (casuais, potestativas, promíscuas, mistas) e ao modo de atuação o Modos de atuação: Suspensiva: obrigação cujo efeito se adia até a ocorrência do evento futuro e incerto. Consequências: (a) pendente a condição, o credor não pode exigir seu implemento; (b) se o devedor pagar a obrigação antes do implemento da condição, paga mal; (c) se a condição não se realizar, a obrigação se extingue; (d) se alguém dispuser de um bem sob condição suspensiva e as novas disposições forem incompatíveis, elas são inválidas o devedor pode praticar normalmente os atos normais de gestão, bem como perceber os seus frutos, enquanto não ocorrer a condição se ocorrer o adimplemento da obrigação, na mesma data a obrigação deve ser cumprida resolutivas: obrigação cuja ineficácia se subordina a evento futuro e incerto – tem efeito ex tunc. Os riscos da coisa alienada ficam a cargo do credor, porque a resolução impõe restituição do bem Obrigação modal: obrigação que se encontra onerada com um modo ou encargo. Não suspendea aquisição ou exercício do direito, salvo se exposto no negócio jurídico A iliceidade ou impossibilidade do encargo leva a considera-lo como não escrito, a não ser que este seja o motivo determinante do negócio jurídico É compulsório pois não pode ser retirada do negócio jurídico O instituidor, seus herdeiros, pessoas beneficiadas pelo encargo ou o MP podem exigir o cumprimento da obrigação A resolução do negócio jurídico por inadimplemento do encargo não prejudica os direitos de terceiros Obrigação a termo: aquela em que as partes subordinam o efeito da obrigação a um evento futuro e certo. O termo pode ser inicial (dies a quo), final (dies ad quem), certo (com data definida) ou ainda incerto (irá ocorrer, mas não possui data definida) A obrigação que não tenha termo inicial é exequível desde logo, salvo se necessite ser realizada em outro lugar ou depender de tempo Esta obrigação só pode ser exigida depois de expirado o termo RESUMO DIREITO CIVIL 1º PROVA o Exceção: concurso creditório – falência do devedor; execução de penhora por outro devedor; as garantias do débito acabarem ou forem insuficientes CLASSIFICAÇÃO QUANTO À PLURALIDADE DE SUJEITOS Obrigação divisível e indivisível: obrigação divisível tem sua prestação suscetível de cumprimento parcial, sem prejuízo de sua substância ou seu valor. Com multiplicidade de devedores ou credores, ela será presumida em dividida por tantos quanto forem os credores ou devedores (art. 257). Obrigação indivisível tem como prestação algo que só possa ser entregue por inteiro, por motivo econômico, natural, convencional ou judicial. Se houver pluralidade de devedores, cada um deverá a dívida por inteiro; e se houver pluralidade de credores, cada um deles poderá exigir o débito por inteiro (mediante entrega de caução de ratificação) Art. 314: o credor não pode ser obrigado a receber nem o devedor a pagar por partes, se assim não se ajustou Efeitos da obrigação indivisível: o Se houver pluralidade de devedores, (a) todos são devedores da dívida inteira (art. 259); (b) o devedor que pagar a dívida por inteiro sub-roga-se no direito do credor – sub-rogação legal (art. 259, parágrafo único; art. 346, III; arts. 283 e 285); (c) o credor não pode recusar pagamento por inteiro, podendo ficar em mora se o fizer; (d) a prescrição aproveita a todos os devedores e sua suspensão aproveita e prejudica a todos; (e) a nulidade se estende a todos o Se houver pluralidade de credores, (a) cada um poderá exigir o débito por inteiro (art. 260, caput); (b) o devedor é desobrigado pagando a todos conjuntamente, mas pode pagar para apenas um se autorizado ou se receber o caução de ratificação (art. 260, I e II); (c) cada credor pode pedir sua parte no total (art. 261); (d) o credor que quiser manter o objeto pode fazê-lo pagando a quota cabível a cada outro credor; (e) a remissão da dívida por parte de um dos credores não afeta a dívida com os outros, apenas diminui seu valor Perda da indivisibilidade: se a obrigação for indivisível por sua natureza, por ser natural, judicial, legal ou convencionalmente indivisível, o desaparecimento da indivisibilidade dissipa a obrigação. Quando convertida ao seu valor pecuniário por perdas e danos, cada devedor passa, portanto, a dever a sua quota-parte (art. 263). Se apenas um dos devedores for o culpado pela inadimplência, só ele responderá pelas perdas e danos, enquanto os outros responderão pelo equivalente ao bem perdido RESUMO DIREITO CIVIL 1º PROVA Obrigação solidária: aquela que, com multiplicidade de credores e/ou de devedores, cada credor terá o direito à totalidade da prestação, bem como cada devedor estará obrigado ao débito por inteiro (art. 264) Caracteres da obrigação solidária: (a) pluralidade de sujeitos ativos ou passivos; (b) multiplicidade de vínculos obrigacionais; (c) unidade de prestação; (d) corresponsabilidade dos interessados Princípios comuns à solidariedade: o Variabilidade do modo de ser da obrigação na solidariedade, pois esta diz respeito à prestação e não ao modo pela qual se deve (art. 266) o Não presunção de solidariedade: o ordenamento argue que a solidariedade deve ser explicitada na relação jurídica ou na lei, pois implica em um agravamento da obrigação (art. 265) Não há indução de solidariedade por parentesco, salvo se existir dispositivo legal ou convencional que verse o contrário Quanto a obrigações assumidas por sócios ou condôminos, presumir- se-á que cada um assumiu responsabilidade por seu quinhão proporcional Não há solidariedade apenas porque as obrigações se contraíram na mesma ocasião o Fontes da obrigação solidária: legal: quando vier de comando normativo expresso (não existem casos de solidariedade ativa no ordenamento) convencional: se decorrer da vontade das partes pactuada em contrato (sem necessidade de solenidades, apenas a utilização de expressões equivalentes a ao todo, por inteiro, etc.). pode ser estabelecida junto com a obrigação ou posteriormente, em ato separado o Distinção entre obrigação solidária e obrigação indivisível: a fonte da obrigação solidária é o título onde as partes estão obrigadas, enquanto a indivisibilidade é proveniente da natureza da prestação a solidariedade se extingue com a morte de um dos codevedores e um dos credores, mas a indivisibilidade não altera a situação jurídica se um dos cocredores morrer e deixar herdeiros, cada um terá direito de receber a sua parte (art. 270) se um dos codevedores morrer e deixar herdeiros, esses não serão obrigados a pagar mais do que sua quota-parte (art. 276) RESUMO DIREITO CIVIL 1º PROVA a solidariedade perdura mesmo com a conversão da obrigação em perdas e danos (art. 279); enquanto a indivisibilidade cessa a partir do momento em que a conversão ocorre (art. 263) na obrigação solidária, todos os codevedores respondem pelos juros moratórios causados por inadimplemento (art. 280), enquanto na indivisibilidade apenas o culpado pelo inadimplemento se encarrega das perdas e danos (art. 263, §2º) na solidariedade, a interrupção da prescrição aproveita e/ou prejudicar a todos os credores e devedores, bem como seus herdeiros, enquanto na indivisibilidade a interrupção da prescrição aproveita e/ou prejudica apenas o credor ou devedor (art. 204, §§1º e 2º) Solidariedade ativa: multiplicidade de credores que possuem, cada um, direito a uma quota-parte da prestação, mas que podem cobrar a dívida por inteiro. Esse tipo de solidariedade facilita a extinção da obrigação, no entanto, o credor que receber todo o pagamento pode tornar-se insolvente ou apropriar-se da prestação sem repor o que é dos outros credores. Além disso, só poderá ser revogada ou modificada se todos os cocredores concordarem com isso o Efeitos jurídicos - relações externas: Cada um dos cocredroes tem direito de exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro (art. 267) Qualquer credor poderá pedir medidas assecuratórias do direito de crédito Cada um dos cocredores poderá constituir em mora o devedor sem o concurso dos demais A interrupção da prescrição requerida por um cocredor se estende a todos A suspensão da prescrição em favor de um dos credores solidários só aproveita aos outros se o objeto for indivisível A renúncia da prescrição em face de um dos credores aproveita aos demais Qualquer cocredor poderá ingressar em juízo com ação para que se extingua o débito O devedor não pode opor defesas pessoais contra outros credores (art. 273) Se um dos cocredores decai da ação, os ouros podem acionar o devedor comum RESUMO DIREITO CIVIL 1º PROVA Se um dos credores se tornar incapaz, isso não influencia a solidariedade Enquanto algum dos credores não demandar o devedor, este pode pagar a qualquer um (art. 268) O credornão pode se recusar a receber a prestação Prevenção judicial: se um dos cocredores acionar o devedor, este só se libera da dívida ao pagá-la por inteiro para este cocredor O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago (art. 269) A compensação pode ser utilizada pelo devedor contra um dos credores até o montante integral do débito A confusão na pessoa de um dos credores ou do devedor tem eficácia pessoal (art. 383) A constituição em mora do credor solidário, por oferta de pagamento por parte do devedor comum, prejudicará a todos os demais (art. 400) Conversão da prestação em perdas e danos não altera a solidariedade (arts. 271, 389, 404, 405, 407) o Efeitos jurídicos - relações internas: o credor que remitiu a dívida do devedor responderá aos outros pela parte que lhe cabe (art. 272) Os outros credores têm direito de regresso, que é exigir do credor que perdoou ou recebeu a prestação a entrega do que lhes competir Solidariedade passiva: existência de vários devedores, onde o devedor comum possui o direito de cobrar toda a dívida de apenas um deles, podendo ser o que possui maior idoneidade financeira ou patrimônio suficiente para responder ao débito o O credor tem o direito de escolher quem vai pagar independente se haverá concentração do débito, exigindo desse a prestação o Se o credor reclamar parte da dívida a solidariedade se mantém em razão dos codevedores (art. 275) o Havendo pagamento parcial, os codevedores se liberam da importância paga, e se tudo for pago, a relação se extingue (art. 346) o Consequências jurídicas (relações externas): Os devedores têm liberdade de cumprir a prestação por liberalidade, desde que paguem a dívida toda. Se outro devedor pagar por não saber que a dívida já foi paga, este pode acionar o credor a repetição do indébito (art. 876 e s.) RESUMO DIREITO CIVIL 1º PROVA Nem o pagamento nem a remissão de dívida sobre um dos devedores afeta os demais (art. 277) Se algum dos devedores for insolvente, cabe ao credor suportar o desfalque Se a remissão for absoluta, extingue-se a dívida Cláusula, condição ou obrigação adicional contra um devedor não afeta aos outros, salvo se estes concordarem com a mesma (art. 278) A interrupção da prescrição contra um dos coobrigados estende-se aos seus herdeiros, mas a interrupção contra um dos herdeiros não prejudica a outrem A morte de um dos devedores solidários não rompe a solidariedade, exceto quanto a seus herdeiros, que não participam da solidariedade (se o devedor deixar apenas um herdeiro, este ocupa seu lugar na solidariedade) O credor pode renunciar em favor de um, alguns ou todos os devedores (art. 282) A confusão extingue a dívida na proporção do débito adquirido A novação entre o credor e um dos devedores exonera os outros devedores da obrigação (art. 365) O devedor solidário só poderá compensar com o credor o equivalente a dívida comum A transação só aproveita e/ou prejudica quem nela interviu, exceto se essa for concluída (art. 844) A cessão de crédito só tem validade se o credor-cedente notificar todos os devedores solidários O credor não é inibido de cobrar de outros devedores se acionar um deles em juízo Todos os devedores solidários responderão por juros moratórios, mesmo que apenas um deles tenha culpa e/ou sofra a ação (art. 280, 1ª parte), exceto devedor com cláusula condicional (onde este só responderá pela dívida após a condição) O devedor demandado pode opor ao credor as exceções ou defesas que lhe forem pessoais e comuns a todos (art. 281) Exceções comuns: relacionadas ao objeto da obrigação A sentença proferida contra um dos codevedores não pode constituir coisa julgada relativamente aos outros que não foram parte na demanda (CPC, art. 506) RESUMO DIREITO CIVIL 1º PROVA O recurso interposto por um dos codevedores aproveita aos outros se as defesas opostas contra o credor forem comuns (CPC, art. 1.005, parágrafo único) O credor poderá executar a dívida antes do vencimento se um dos devedores se encontrar nas situações apresentadas no art. 333, I, II e III A impossibilidade da prestação, se (a) sem culpa, acarretará a extinção da relação obrigacional, se (b) com culpa de um ou alguns devedores, a solidariedade subsiste quanto ao pagamento do equivalente, mas das perdas e danos só se encarregam os culpados o Consequências jurídicas (relações internas): o credor que satisfaz espontânea ou compulsoriamente a dívida tem o direito de cobrar dos devedores a quota-parte de cada um; o coobrigado que solver a prestação sub-roga-se pleno jure no lugar do credor, mas sem a solidariedade; se um dos coobrigados for insolvente, os outros devem pagar essa parte, incluindo os exonerados da dívida; o codevedor culpado pelos juros moratórios responderá aos outros pela obrigação acrescida (princípio da responsabilidade pessoal pelos atos culposos) Solidariedade mista: pluralidade subjetiva ativa e passiva Extinção da solidariedade: o A solidariedade ativa se extingue se os credores desistirem dela, estabelecendo, por convenção, que o pagamento será realizado pro rata o A solidariedade passiva desaparecerá com o óbito de um dos codevedores em relação aos seus herdeiros, mas sobrevive quanto aos outros devedores; bem como se houver renúncia total do credor, onde cada um dos devedores deverá apenas sua quota parte (art. 282, parágrafo único) MÉTODOS DE EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES Pode ser por (a) pagamento direto, (b) pagamento indireto, (c) pela prescrição, impossibilidade de execução sem culpa do devedor e pelo implemento de condição ou termo extintivo, e (d) pela execução forçada, em virtude de sentença. PAGAMENTO DIRETO RESUMO DIREITO CIVIL 1º PROVA Conceito: em sentido lato, é designar a execução satisfatória da obrigação, abrangindo quaisquer meio de extinção da relação obrigacional. Em sentido restrito, é um meio extintivo da obrigação, onde há a execução voluntária e exata, por parte do devedor, da prestação devida ao credor, no tempo, modo, forma e lugar previstos no título constitutivo. Em outras palavras, o pagamento é uma espécie do gênero adimplemento. Requisitos essenciais ao pagamento: é preciso que haja (a) existência de vínculo obrigacional, (b) intenção de solver a obrigação (animus solvendi), e (c) satisfação exata da prestação Quem deve pagar: se for obrigação personalíssima, apenas este deverá cumpri-la, devendo estar presente no momento o pagamento. Se não, quem paga é indiferente, podendo ser quem contraiu a dívida, terceiro interessado (garantidores, coobrigados, etc.) ou até terceiro não interessado (salvo oposição do devedor). Se um terceiro não interessado solver a dívida em nome e à conta do devedor (“pago a dívida de X”) – art. 304, parágrafo único, será considerado seu representante e, portanto, não possuirá direito à reaver o valor pago. Se o terceiro pagar em seu próprio nome (“eu, Y, pago em nome de X”), este recebe o direito de receber o valor pago, bem como só terá direito ao reembolso na data de vencimento da dívida – art. 305 O pagamento feito por terceiro, interessado ou não, só é passível de reembolso se o devedor tiver ciência e não se opor ao pagamento (casos onde o devedor tinha meios para ilidir o pagamento) – art. 306 Em pagamentos com transmissão de propriedade (bem móvel ou imóvel), o solvens precisa ter legitimidade para entregar o objeto (art. 307) o Caso a entrega de bem fungível seja feita e o credor estiver de boa-fé e já tiver consumido o bem, ele não é obrigado a restituir se o devedor não tinha legitimidade para entrega-lo O devedor, se pagar a alguém absolutamente incapaz, sem a devida representação, terá o pagamento considerado como nulo, independente se o fez de boa-fé;se pagar a alguém relativamente incapaz, sem o seu representante, poderá ter o pagamento anulado, salvo se o representante ou o próprio incapaz (quando for capaz) confirmarem a veracidade do pagamento. o Se o pagamento a relativamente incapaz se reverter em proveito do credor e puder ser comprovado, será válido Se o credor estiver legalmente proibido de recebe devido a penhora ou concurso de credores, o devedor apenas se exonera do débito se consignar judicialmente o pagamento RESUMO DIREITO CIVIL 1º PROVA O pagamento feito a representante é válido quando este for representante legal, judicial ou convencional (por mandato expresso ou tácito) Pagamento feito a terceiro desqualificado não tem força liberatória, salvo se o credor ratificar o pagamento, se o mesmo se reverter em benefício do credor, ou se o pagamento for feito a credor putativo (que se apresenta como verdadeiro credor, mas não é, e o devedor não tinha como descobrir o fato, dando-lhe o crédito da boa-fé no pagamento) – art. 309 Da prova do pagamento: o devedor, tendo direito de pagar o que deve, tem também o direito de receber do credor algo que o exonere do débito, que é a quitação regular (art. 319). Se esta não lhe for entregue, o devedor tem direito de reter ou pagamento ou consignar em pagamento (art. 335), bem como de realizar as outras formas de exoneração do devedor. O art. 320 define os requisitos necessários para a quitação: Sempre poderá ser pactuada por instrumento particular, ou seja, qualquer envolvido da relação jurídica pode entrega-lo o Designará o valor e a espécie da dívida quitada o Nome do devedor ou quem por este pagou (terceiro interessado ou não) o Tempo e lugar do pagamento o Assinatura do credor ou do seu representante (accipiens) Parágrafo único: mesmo sem todos os requisitos, se puder ser comprovado que o pagamento foi feito, a quitação valerá Requisitos do pagamento: identidade (o pagamento deve ser o que foi compactuado), integralidade (o solvens deve pagar tudo o que deve), e indivisibilidade (o accipiens não deve ser compelido a receber em partes se não for convencionado) Presunção do pagamento: a presunção relativa do pagamento ocorre em três situações o Pagamento em prestações periódicas, pois o pagamento da última parcela presume o pagamento de todas as anteriores (art. 322); o Quitação do capital sem reserva de juros, onde a quitação de um capital que não defina os juros que foram pagos presumem que todos eles já estão quitados (art. 323); o Entrega de título ao devedor, visto que o título de crédito deve permanecer com o credor até o pagamento – se for entregue ao devedor, presume-se pago, salvo em caso de prova de má-fé do devedor em conseguir a posse do documento (art. 324) RESUMO DIREITO CIVIL 1º PROVA Parágrafo único: a presunção do pagamento só é relativa por 60 dias após o pagamento, depois torna-se presunção absoluta Despesas com a quitação: as despesas necessárias para quitação do débito, salvo convencionado pelas partes, é do devedor. No entanto, se as mesmas forem aumentadas por fato do credor, ele deve pagar a despesa acrescida (art. 325) O credor, ao não aceitar o pagamento, encontra-se em mora creditoris Objeto do pagamento na indenização por ato ilícito: por ser ato ilícito, há a obrigação acessória de pagar perdas e danos, em vista de restituir a outrem para que volte a situação inicial Pagamento de obrigação pecuniária não pode ser feito em moeda estrangeira (salvo exceções) o Não há impedimento de comprar metais preciosos ou moedas estrangeiras (art. 315 e 318) Cláusula de aumento das parcelas e obrigações desproporcionais: o Cláusula de aumento de parcelas = índice progressivo e sucessivo de prestação pecuniária, art. 316 o Obrigações desproporcionais = o ordenamento permite que o Estado intervenha para que o juiz revise o contrato e a obrigação volte ao equilíbrio, art. 317 Os fatores revisionais vêm do direito romano e da teoria da imprevisão Pode-se aplicar o índice de correção monetária para o aumento correto das parcelas A CF veda a utilização do valor do salário mínimo como índice de correção monetária Do tempo do pagamento: para definir a data correta do vencimento, é preciso verificar: Se há determinação legal a respeito – se as partes estipularam data para o cumprimento da dívida, esta deverá ser paga no dia do vencimento, sob pena de encontrar-se em mora (arts. 394 e 389). O devedor não pode retardar o pagamento, bem como o credor não pode adiantá-lo o Exceções: Se o devedor antecipar o pagamento para sua conveniência (quando o prazo incorre a seu favor) Se o prazo incorrer a favor do credor, o devedor não pode obrigá-lo a receber antes RESUMO DIREITO CIVIL 1º PROVA Se há a antecipação do pagamento em virtude de lei, para garantir a segurança das relações creditórias, em caso de falência do devedor, concurso creditório, execução de bens hipotecados ou empenhados, e outros previstos no art. 333, I a III Se há omissão do vencimento, segundo o art. 331, o pagamento pode ser exigido imediatamente (princípio da satisfação imediata) Obrigações condicionais suspensivas se cumprem no dia do pagamento da condição suspensiva (art. 332) Do lugar do pagamento: está, em regra, indicado no título do negócio jurídico. Se as partes não convencionarem, o pagamento deverá ser feito no domicílio atual do devedor (no tempo do pagamento) – art. 327 Pagamento quesível: o credor vai até o devedor – regra geral Pagamento levável ou portável: o devedor vai até o credor (funciona com a renúncia do art. 327) Se as circunstâncias exigirem outro lugar para o cumprimento, as partes devem se transportar até o local necessário o Exceção à regra: quando ocorrer motivo grave ou quando se presumir a renúncia do credor ao local desejado (art. 330) Se a natureza da obrigação exigir local específico, este será o lugar do pagamento, assim como se a lei dispuser o local onde deve ocorrer o pagamento Lugar alternativo: escolha de dois ou mais lugares onde o credor pode escolher o que for mais favorável para realizar o pagamento se ocorrer motivo grave (p. ex. calamidade pública), para que o devedor não incorra em mora por falta de pagamento, este pode depositar o pagamento em juízo ou enviar pelo correio (art. 329) Pagamento indevido: caso típico de obrigação de restituir fundada no princípio do enriquecimento sem causa (ninguém pode enriquecer à custa alheia, sem causa que o justifique), bem como se a razão que justifica o enriquecimento deixou de existir (art. 885), sendo obrigado à restituir o valor pago (art. 876). É uma das formas de enriquecimento ilícito, sendo normalmente causada por erro do solvens. Pagamento objetivamente indevido: o sujeito paga uma dívida inexistente, por não haver nenhum vínculo obrigacional ou um débito já extinto. Art. 877 RESUMO DIREITO CIVIL 1º PROVA o Se a pessoa tinha consciência que o pagamento já tinha sido realizado, considera-se mera liberalidade, portanto não cabe restituição Pagamento subjetivamente indevido: pagamento feito por quem erroneamente considerava-se devedor, ou seja, a relação obrigacional é em relação a terceiro. Também ocorre em caso onde há erro sobre o accipiens Para que haja pagamento indevido, é necessário: o Enriquecimento patrimonial do accipiens sobre outrem o Empobrecimento do solvens o Relação de imediatidade: o enriquecimento do accipiens deve ser direta da diminuição patrimonial do solvens o Ausência de culpa do empobrecido (o ônus da prova competirá ao solvens) o Falta de causa jurídica do pagamento efetuado pelo solvens o Inexistência de maneira que permita ao solvens retornar a parte perdida de seu patrimônio (subsidiariedade da ação in rem verso – art. 886), p. ex. indenização por perdas e danos,ação de nulidade negocial o Se for obrigação a termo, a renúncia do devedor sobre ele não acarreta pagamento indevido Prazo prescricional: três anos Efeitos da restituição do pagamento: depende do animus do accipiens e da natureza da prestação o se o accipiens estiver de boa-fé, deverá restituir o que recebeu indevidamente, podendo manter para si os frutos percebidos e ser indenizado pelas benfeitorias necessárias e úteis que tenha feito o se o accipiens estiver de má-fé, deverá restituir tudo que recebeu, acrescido do que poderia ter recebido (frutos, cômodos, etc.) se o objeto do pagamento for um IMÓVEL, deve-se observar: o se o accipiens estava de boa-fé e o NJ tenha sido realizado por título oneroso, este responde somente pelo preço recebido, mas se estava de má-fé, responderá pelo valor do imóvel + perdas e danos (art. 879) o se o imóvel foi alienado gratuitamente ou alienado onerosamente por terceiro de má-fé, caberá ao que pagou por erro o direito de reivindicação (art. 879, parágrafo único). Poderá, também, reivindicar o imóvel, se estiver em poder do accipiens; se o alienou a título gratuito; ou se o alienou onerosamente com má- fé do terceiro adquirente exclusão da repetição do indébito: casos onde o pagamento indevido não comporta direito à restituição RESUMO DIREITO CIVIL 1º PROVA o (a) quando o accipiens, ao receber do devedor errado o pagamento por dívida verdadeira, inutiliza o título, deixa prescrever o a ação ou abre mão de garantias que asseguravam seu direito (art. 880, 1ª parte) O solvens mantém o direito de propor ação regressiva contra o verdadeiro devedor e fiador (art. 880, 2ª parte) o (b) quando o pagamento se destina a solver dívida prescrita ou dívida de jogo (art. 882) o (c) quando o solvens paga a importância em busca de fim ilícito ou imoral (art. 883) – ninguém pode ser salvo alegando a própria torpeza O que é pago por tal motivo é revertido para ações beneficentes (art. 883, parágrafo único) DO PAGAMENTO INDIRETO Pagamento em consignação: meio indireto de o devedor exonerar-se do liame obrigacional, consistente no depósito em juízo (consignação judicial) ou em estabelecimento bancário (consignação extrajudicial), nos casos e formas legais. Só pode se recorrer à consignação em casos especificados em lei. (art. 334 CC, art. 539 CPC). Só se pode consignar obrigação pecuniária, de dar coisa móvel e imóvel, bem como obrigação de fazer ligada a uma de dar (p. ex. requerer a entrega do resultado da atividade do devedor) Arts. 334 a 345 CC; arts. 539 a 549 CPC Casos legais de consignação (art. 345) Se o credor não puder, ou se, sem justa causa, se recusar a receber ou entregar a quitação regular (arts. 319, 304, 320) Se o credor não for nem mandar alguém ir até o local devido para recebimento da prestação (em caso de dívida quesível) – arts. 327, 341 o O credor que não diligencia o recebimento da prestação não pode colocar o devedor em situação de mora Se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, estiver declarado ausente, residir em lugar incerto, de acesso perigoso (p. ex. onde há uma pandemia) ou difícil (p. ex. barreiras intransponíveis por meios de comunicação) Se houver dúvida sobre quem é o credor, p. ex. dois credores que se apresentam como tal (art. 344, 345) o CPC art. 547 e 548: procedimento sobre o processo de consignação RESUMO DIREITO CIVIL 1º PROVA Se pender litígio sobre o credor e terceiro – se o devedor, sabendo do litígio, entrega a prestação ao credor, corre o risco de ter sua ação invalidada, pois a sua validade estará suscetível ao resultado do processo o Se a dívida vencer durante o litígio, qualquer um dos possíveis devedores pode requerer a consignação (art. 345) IMPORTANTE: esses são os únicos casos onde a consignação é permitida Requisitos subjetivos e objetivos Objetivos: a consignação deve ser livre, completa e real o Em caso de obrigação modal, é necessário o cumprimento do prazo para consignação, mas se o prazo for em favor do devedor, ele pode renunciá-lo (art. 332) o A oferta deve ser realizada no local convencionado (art. 337). Se a coisa devida for imóvel ou corpo certo que deva ser entregue no local onde está, o devedor pode citar o credor para recebê-la nesse local, sob pena de ser depositada (art. 341 e 328) o Se a escolha do objeto pertencer ao credor, na citação, o juiz determinará a data, hora e local para a escolha, sob pena de depósito do objeto que o devedor escolher (art. 342, 244, 252) Subjetivos: o A ação deve ser dirigida a quem possa ser accipiens o Deve ser feita por quem pode pagar (devedor, representante legal, mandatário, terceiro interessado ou não interessado) O essencial é a entrega correta do bem Direito do consignante ao levantamento do depósito O consignante pode requerer o levantamento da coisa depositada nos seguintes casos: o Antes da aceitação ou da impugnação do depósito pelo credor (consignatário) – considera o depósito como não feito, tendo efeito ex tunc o Depois da aceitação, com anuência do credor (que perderá a preferência e garantia que tinha) – caso haja fiadores e/ou codevedores que não concordem com o levantamento, esses ficam desobrigados As partes da ação realizam nova relação jurídica para substituir o débito, extinguindo o processo RESUMO DIREITO CIVIL 1º PROVA o Após a sentença que julgou procedente a ação de consignação, se o credor consentir e houver anuência dos coobrigados e fiadores, acatando reestabelecimento do débito (art. 339) Procedimento da ação de consignação Se o valor devido for uma quantia em dinheiro, abrem-se dois caminhos: 1. Depósito bancário com fins de consignação: procedimento extrajudicial (sem necessidade de contratar advogado). A pessoa busca um banco oficial (BB ou Caixa), leva os dados do devedor e do credor e o valor em dinheiro e busca abrir uma conta específica com fins de consignação (conta remunerada, ou seja, com rendimento de juros). O banco envia uma correspondência para o credor e o mesmo notifica recebimento para admitir ciência do valor depositado. O credor tem 10 dias para recusar o depósito se a quantia não corresponder ao valor devido (o aceite do valor consignado é uma forma de quitação, portanto o valor deve estar correto). Se o credor se manter inerte, seu silêncio é considerado como aceitação. Transcorrido esse prazo, a obrigação considera-se quitada e o valor fica à disposição do credor. Se houver recusa, o devedor pode retirar o valor ou aproveitar do valor designado e entrar com ação de consignação em juízo, tendo 30 dias para tal. a. CPC, art. 539 2. Ação de consignação: procedimento judicial (precisa de advogado) para consignação de dinheiro ou objeto. a. se o depósito já existe, o advogado deve incluir, na petição inicial, os requisitos do pagamento e basear-se em um dos incisos autorizadores de consignação, além de incluir prova do depósito e da recusa do pagamento. b. Se o depósito não existir, deve-se ingressar com o procedimento e apresentar, posteriormente, o depósito i. Art. 542, I – o depósito pode ser feito em até 5 dias após a petição inicial. O depósito, assim, fica vinculada em juízo, só podendo ter seu valor levantado com autorização judicial. ii. Art. 543 – se a prestação for indeterminada e a escolha couber ao credor, o mesmo é citado para concentrar em 5 dias, sob pena de, caso contrário, ter o objeto depositado em fiel depositário ou depositário nomeado 1. O pagamento do depositário nomeado faz parte dos ônus da sucumbência, portanto quem paga é quem perde a ação c. O réu pode alegar, na contestação (art. 544 CPC) que não recusou, que teve motivo para recusar, que o prazo do pagamento é incorreto ou que o depósito RESUMO DIREITO CIVIL 1º PROVA não é integral. Se o credor alegar que o depósito nãoé integral, ele deve indicar o montante correto do devido. i. No caso de alegação de insuficiência, o devedor pode completar o pagamento em até 10 dias 1. O devedor pode pedir o levante da quantia depositada e continuar o processo quanto a quantidade que falta (MAIS COMUM) 2. A sentença que concluir a insuficiência do pagamento determinará o montante devido e passa o processo para o procedimento de execução, onde o credor pode executar o devedor Efeitos do depósito judicial Exonerar o devedor da dívida Constituir o credor em mora Cessar, para o depositante, os juros da dívida e os riscos a que estiver sujeita a coisa depositada (art. 337) Transferir os riscos incidentes sobre a coisa para o credor Liberar os fiadores Impor ao credor o ressarcimento dos danos que sua recusa causou ao devedor
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