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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CATALÃO - UFCAT
DISCIPLINA: Geografia Urbana
Atividade Assíncrona: 10/03/2021
DOCENTE: Profa. Dra. Carmem Costa
DISCENTE: Rita de Cássia Rosária da Silva
FICHAMENTO
CORRÊA, Roberto Lobato et al. Quem produz o espaço urbano?. In: CORRÊA, Roberto Lobato et al. O espaço urbano. Ática, 1989. P. 11-31.
O espaço urbano é um produto social, resultado de ações acumuladas atraves do tempo. Essas ações derivam das dinâmicas do sistema de produção, suas relações e seus conflitos. Deste modo, essas ações levam a uma reorganização do espaço. Assim, o autor evidencia a questão do condicionamento social em futuras transgressões no espaço. É preciso considerar, entretanto que, a cada transformação do espaço urbano, este se mantém simultaneamente fragmentado e articulado, reflexo e condicionalmente social, ainda que as formas espaciais e suas funções tenham mudado (CORREA; p.11)
De acordo com Correa, os agentes que fazem e refazem a cidade são: donos dos meios de produção; proprietários fundiários; promotores imobiliários; o Estado; e grupos sociais excluídos. O texto aborda e discorre um pouco de cada um desses agentes. Salienta-se que sempre há questões jurídicas que regulam essas ações, sempre refletindo nos interesses dos agentes (o que não deixa de ser óbvio).
· Os proprietários dos meios de produção
Esses proprietários industriais sempre necessitam de terrenos grandes e baratos com infraestrutura de transporte/locomoção próxima (p.13). Atualmente não existem conflitos densos entre fundiários e industriais, na medida que a terra se torna mais doque trabalho e mais necessária para construção civil; ao que era no passado algo característico (pois sempre havia necessidade de "guardar" as terras para renderem no futuro). 
Esses detentores dos meios de produção sempre vão buscar terras distantes e baratas para construírem suas empresas. O que no futuro pode ocasionar um rendimento de terras no entorno, visto a necessidade de mão de obra daquela indústria. Outro fator destacado nesse tópico é sobre a relação das empresas estarem nas áreas proletárias, por se instalarem em terras baratas e as vezes desvalorizadas. O que isso nos faz pensar? Em suma, as áreas habitáveis por pessoas de classes alta não tem nenhuma proximidade com essas áreas industriais, uma vez que indústrias poluem, geram barulhos altos e alta movimentação de trabalhadores. 
· Os fundiários
São os famosos donos de terras, os proprietários de terra atuam de maneira a obter maior lucro em cima de suas terras (especulação fundiária e imobiliária). É importante destacar que na medida que as terras urbanas se tornam mais valorizadas, os fundiários podem buscar (e buscam) maneiras de valorizar suas terras, atraves de leis estatais e/ou municipais. Seja para infraestrutura da cidade ou habitacional. - Por exemplo, pedir a abertura de rodovias, estradas próximas à suas terras.
A demanda de terras e habitações depende do aparecimento de novas camadas sociais, oriundas em parte de fluxos migratórios e que detêm nível de renda que as torna capacitadas a participar do mercado de terras e habitações (CORREA; p .17). Muitas vezes, as novas terras que se vão se tornar loteamento, dependem de fluxos externos à cidade, aos quais vão contribuir para economia e para novas construções de habitações. Isso também é relacionado a moradia popular do município.
São diversos fatores que interferem nessa demanda de terras e habitações, que refletem as classes existentes e o crescimento demográfico. Pois, a relação imobiliária é diretamente relacionada com os salários e o contingente populacional do município. 
Se por um lado, regiões periféricas e de condições precárias são alvo de loteamento baratos, outro fator como, apontado pelo autor, os proprietários de terras bem localizadas, valorizadas por questões paisagísticas, como mar, lagos, serras etc. agem com pressão sob o Estado, visando infraestrutura urbana, para valorizarem suas terras. Há cidades litorâneas brasileiras, que hoje são bairros nobres, mas séculos passados já foram periferias urbanas. (Por exemplo caso do Rio de Janeiro, mediante ao Governo de Pereira Passos). 
· Os promotores imobiliários
Pessoas que investem, financiam, estudos técnicos, construção civil e comercialização. Sendo construtoras civis, empresas de material de construção, imobiliárias, arquitetos, engenheiros etc. Esses agentes promotores buscam mascarar o encarecimento das construções, imóveis, materiais e terrenos.
Em um país como nosso, onde mais da metade da população não tem casa própria e/ou condições de pagar o aluguel. Os promotores deveriam atuar de forma a amenizar essa situação, o Estado procura fazer seu papel seja em parcerias com bancos, construtoras ou parcerias de habitações populares, porém é sempre alavancado um alto valor de investimento que volta para nós através de impostos, energia e/ou água. 
· O Estado
O Estado atual age como consumidor de espaço, proprietário de terras, como promotor imobiliário e agente regulador do uso do solo. Podendo agir no setor industrial público com construções de empresas nacionais, porém o Estado é mais eficaz em seu papel no que corresponde a estrutura e infraestrutura da cidade. Assim, o Estado possui a mediação podemos dizer, para instituir leis, adquirir terras, regular lotes, investir em infraestruturas e colocar em prática os Planos Diretores e Zoneamentos (aos quais ele achar adequado).
· Os grupos sociais excluídos
A desigualdade no Brasil é retratada de inúmeros modos, seja nas classes, no acesso à informação, trabalho e alimentação. Entretanto, um fator de destaque é o acesso a habitação e a qualidade destas, com isso se levantam outras problemáticas. Esse é um dos mais significativos sintomas de exclusão que, no entanto, não ocorre isoladamente: correlatos a ela estão a subnutrição, as doenças, o baixo nível de escolaridade ou o subemprego e mesmo o emprego mal remunerado (CORREA; p 29). 
Os agentes excluídos, vão se moldar e construir e agir no espaço, quando esse espaço é favela, terreno público ou terras invadidas. Se tornando uma estratégia de resistência e sobrevivência. Nesse viés, podemos analisar as autoconstruções, as favelas do Rio e São Paulo, as ocupações em encostas, os movimentos agroecológicos, movimento dos sem terras etc. Deste modo, mesmo excluídos nesse processo de transformação do espaço, acabam se tornando agentes, de uma forma oposta a esse sistema capitalista, porém defendendo seus ideais e buscando uma moradia.

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