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Ent e 
Manual Certificado 
pela Faculdade de Letras 
da Universidade de Lisboa
De acordo com 
Programa e Metas 
Curriculares
 
PORTUGUÊS
António Vilas-Boas
Manuel Vieira 
Edição do Professor
pp. Educação literária
10 Contextualização histórico-literária
18
20
O pregador dirige-se aos peixes Capítulo I 
Recurso expressivo: gradação
21 Ficha de apoio nº 1 Texto e textualidade: coerência 
 e coesão textual
24 Estrutura do sermão: virtudes e vícios 
Louvores aos peixes, em geral Capítulo II
26 Louvores aos peixes, em particular Capítulo III
30 Repreensões aos peixes, em geral Capítulo IV
34 Ficha de apoio nº 2 Intenção persuasiva e exemplaridade 
35 Repreensões aos peixes, em particular 
Capítulo V
41 Temas comuns «Sermão de Santo António» e Os Lusíadas
42 Ficha de apoio nº 3 Crítica social e alegoria
45 Despedida e conselhos aos peixes 
Capítulo VI
46 Ficha de apoio nº 4 Linguagem e estilo 
pp. Educação literária
60 Contextualização histórico-literária
68 «Memória ao Conservatório Real»
70 Ato primeiro Cena I 
71 Temas comuns D. Madalena de Vilhena de Frei Luís de Sousa 
e D. Inês de Castro de Os Lusíadas 
72 Cena II 80 Cena III
78 Ficha de apoio nº 1 Dêixis 
82 Ficha de apoio nº 2 O Sebastianismo: história e ficção 
83 Cenas IV e V 86 Cenas VI e VII 88 Cenas VIII a XII
92 Ficha de apoio nº 3 A dimensão patriótica 
 e a sua expressão simbólica 
93 Ato segundo Cena I
97 Temas comuns O retrato de D. Sebastião 
em Frei Luís de Sousa e em Os Lusíadas 
98 Cena II 101 Cena V 106 Cena XI
99 Cena III 103 Cenas VI e VII 107 Cenas XII a XIV
100 Cena IV 104 Cenas VIII a X 110 Cena XV
111 Ficha de apoio nº 4 A dimensão trágica 
114 Ato terceiro Cena I 
120 Cenas II e III 125 Cenas VIII e IX
121 Cenas IV a VII 126 Cenas X a XII
128 Ficha de apoio nº 5 Recorte das personagens principais
131 Ficha de apoio nº 6 Linguagem e estilo 
pp. Gramática
21 Ficha de apoio nº 1 Texto e textualidade: coerência 
 e coesão textual
29 Subordinação
33 Coesão textual
pp. Oralidade
Compreensão do oral
25 Capítulo II do «Sermão 
 de Santo António» (excerto)
51 Discurso de José Saramago no 
 banquete de receção do Prémio 
 Nobel de Literatura 
Expressão oral
48 Filme Selma – a marcha da liberdade 
pp. Escrita
41 A crítica social no «Sermão 
de Santo António»
52 A atualidade e intemporalidade 
do pensamento do Padre António Vieira
p. Leitura
49 Martin Luther King, «Tenho um sonho» 
53 Esquema-síntese
54 Teste de avaliação de conhecimentos
pp. Gramática
78 Ficha de apoio nº 1 Dêixis 
81; 85; 97; 100; 119 Funções sintáticas
85; 97; 119 Dêixis
85; 106; 119 Coesão textual
pp. Oralidade
Compreensão do oral
77 «A química do amor» 
Expressão oral
81 Documentário «D. Sebastião, o rei mito» 
91 Ameaças à vida privada na atualidade
133 Direito ao asilo e a questão da imigração
pp. Escrita
91
110
127
Exposição sobre Os jovens e a crítica social
um tema D. Madalena de Vilhena, personagem trágica
 Valor simbólico dos espaços em geral
136 A questão dos refugiados
p. Leitura
134 «Nacionalismo de exclusão»
137 Esquema-síntese
138 Teste de avaliação de conhecimentos
1 2Padre António Vieira, «Sermão de Santo António» Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa
6 Projeto de leitura
2
Índice geral
pp. Educação literária
182 Contextualização histórico-literária
186 Introdução
188 Ficha de apoio nº 1 Sugestão biográfica (Simão e narrador) 
 e construção do herói romântico 
190 Ficha de apoio nº 2 Linguagem e estilo 
192 Questões familiares Capítulo I 
194 Amor Capítulo II 
196 Teresa Capítulo IV 
202 Mariana Capítulo X 
205 Temas comuns Teresa Albuquerque, Mariana e Maria de 
Noronha – três tipos femininos românticos
206 Simão Capítulo X 
210 O crime Capítulo X 
214 Conclusão
220 Ficha de apoio nº 3 Relações entre personagens 
223 Ficha de apoio nº 4 O amor-paixão 
pp. Educação literária
144 Contextualização histórico-literária
146 Capítulo I 
151 Capítulo VIII 
155 Ficha de apoio nº 1 Deambulação geográfica 
 e sentimento nacional 
156 Capítulo X 
160 Ficha de apoio nº 2 A representação da Natureza 
161 Capítulo XX 
164 Temas comuns Joaninha de Viagens na minha 
terra e a senhor das cantigas de amor
165 Ficha de apoio nº 3 Personagens românticas: 
 Carlos e Joaninha 
166 Capítulo XLIX 
170 Ficha de apoio nº 4 Dimensão reflexiva e crítica 
171 Ficha de apoio nº 5 Linguagem, estilo e estrutura 
pp. Gramática
187; 200 Funções sintáticas
193 Coerência e coesão
200; 209 Dêixis
pp. Oralidade
Compreensão do oral
201 «Igualdade de género» 
Expressão oral
201 A mulher, vítima de violência 
pp. Escrita
200 A vivência do amor entre os jovens
219 Simão – herói romântico
224 Texto Sensibilidade e bom senso, de Jane Austen
p. Leitura
224 Sensibilidade e bom senso, de Jane 
 Austen (apreciação crítica de livro)
225 Esquema-síntese
226 Teste de avaliação de conhecimentos
pp. Gramática
159 Funções sintáticas
159 Subordinação
168 Coerência e coesão
150; 168 Dêixis
pp. Oralidade
Compreensão do oral
154 «Meios de comunicação 
 e transportes» 
Expressão oral
169 Emigração entre os jovens
pp. Escrita
150 O narrador – um projeto plural
169 O materialismo na sociedade moderna
174 Miss Julie, de Liv Ullmann
p. Leitura
173 Miss Julie, de Liv Ullmann (apreciação 
crítica de filme)
175 Esquema-síntese
176 Teste de avaliação de conhecimentos
43 Camilo Castelo Branco, Amor de perdiçãoAlmeida Garrett, Viagens na minha terra
3
pp. Educação literária
232 Contextualização histórico-literária
241 O Ramalhete Capítulo I
243 Temas comuns Indícios trágicos associados aos espaços: 
o Ramalhete, em Os Maias, e o palácio de D. João 
de Portugal, em Frei Luís de Sousa 
244
246
Pedro da Maia Capítulo I 
Recurso expressivo: sinestesia
247 Paixões fatais Capítulo II
250 O Jantar em Santa Olávia Capítulo III
253 O Jantar no Hotel Central - I Capítulo VI
255 Ficha de apoio nº 1 A descrição do real e o papel 
 das sensações 
256 O Jantar no Hotel Central - II Capítulo VI 
258 Temas comuns Comicidade de Ega, Pero Marques 
e Brás da Mata
259 Ficha de apoio nº 2 Linguagem e estilo: reprodução 
 do discurso no discurso 
261 Ega Capítulo IX
265 As Corridas do Hipódromo Capítulo X
266 Temas comuns Crítica social em Os Maias 
e no «Sermão de Santo António» 
267 Ficha de apoio nº 3 A representação de espaços sociais 
 e a crítica de costumes 
269 Maria Eduarda Capítulo XI
271 Paixão Capítulo XII
273 Temas comuns Carlos da Maia, de Os Maias, e Manuel 
de Sousa Coutinho, de Frei Luís de Sousa
274 Carlos e Maria Capítulo XIII
277 Ficha de apoio nº 4 Espaços e seu valor simbólico 
 e emotivo (I)
279 Tragédia Capítulo XVII
282 Ficha de apoio nº 5 Características trágicas 
dos protagonistas: Afonso da Maia, Carlos da Maia, 
Maria Eduarda 
284 Emoções Capítulo XVIII
286 Ficha de apoio nº 6 Espaços e seu valor simbólico 
 e emotivo (II)
287 Ficha de apoio nº 7 Representações do sentimento 
e da paixão: diversificação da intriga amorosa 
(Pedro da Maia, Carlos da Maia e Ega) 
288 Ficha de apoio nº 8 Os Maias: personagensda ação central
pp. Gramática
249; 276; 281 Funções sintáticas
259; 273 Ficha de apoio nº 2 Reprodução do discurso 
 no discurso 
 Uso do adjetivo e do advérbio 
276 Coerência e coesão
276 Dêixis
pp. Oralidade
Compreensão do oral
290 Filme Debate pela liberdade, 
 de Denzel Washington
Expressão oral
246 Autorretrato de Edgar Degas (pintura) 
290 Filme Debate pela liberdade, 
 de Denzel Washington
pp. Escrita
252 O papel dos avós na vida dos netos, 
 na sociedade atual
266 Relação da sociedade atual 
 com o desporto
285 Filme Os Maias, de João Botelho 
p. Leitura
291 «Como vemos a luz»
293 Esquema-síntese
294 Teste de avaliação de conhecimentos
5 Eça de Queirós, Os Maias
4
pp. Educação literária
300 Contextualização histórico-literária
302 «O palácio da ventura»
304 «Nox»
305 «Nihil»
306 Temas comuns Desilusão de Antero de Quental e de 
personagens como D. Madalena de Vilhena, de Frei Luís 
de Sousa, ou Afonso da Maia, de Os Maias 
307 Ficha de apoio nº 1 Configurações do Ideal 
 e a angústia existencial 
308 Ficha de apoio nº 2 Linguagem, estilo e estrutura 
pp. Educação literária
318 Contextualização histórico-literária
«O sentimento dum ocidental»
320 I - Avé Marias
322 II – Noite fechada
324 III – Ao gás
326 IV – Horas mortas
327 Temas comuns O imaginário épico em Os Lusíadas 
e em «O sentimento dum ocidental» 
328 Ficha de apoio nº 1 Deambulação e imaginação: 
o observador acidental e o imaginário épico 
330 «Cristalizações»
333 Ficha de apoio nº 2 A representação da cidade 
 e dos tipos sociais 
334 «De tarde»
336 «Num bairro moderno»
340 Ficha de apoio nº 3 Perceção sensorial e transfiguração 
 poética do real 
pp. Gramática
303 Funções sintáticas
303 Coesão textual
303 Subordinação
303 Dêixis
p. Oralidade
Expressão oral
303 O descontentamento como motor 
 do progresso humano 
p. Escrita
306 Os jovens e o mundo atual
p. Leitura
309 «As Sete Cidades e as Furnas»
311 Esquema-síntese
312 Teste de avaliação de conhecimentos
pp. Gramática
325; 338 Funções sintáticas
335; 338 Coerência e coesão
335; 338 Dêixis
pp. Oralidade
Compreensão do oral
323 «A Lisboa de Cesário» 
Expressão oral
335 Pintura Almoço na relva, 
 de Édouard Manet
339 A Lisboa de Cesário
pp. Escrita
332 A relação entre o sujeito poético 
e a cidade presente em «Cristalizações»
339 Fotografia de Lisboa, do livro Lisboa – 
cidade triste e alegre, de Victor Palla e Costa Martins
p. Leitura
341 «Um poema gráfico», 
 texto de Ana Soromenho
343 Esquema-síntese
344 Teste de avaliação de conhecimentos
6 7Antero de Quental, Sonetos completos Cesário Verde, Cânticos do Realismo (O Livro de Cesário Verde)
348 Anexo Informativo
5
William Shakespeare
Romeu e Julieta
Edição: 2007
Editor: Oficina do livro
ISBN: 978-989-55-5317-4
 
«Julieta – Se eles te veem, matar-te-ão.
Romeu – Ai! Há mais perigo nos teus olhos do que em 
vinte das suas espadas. Basta que me olhes com ter-
nura e ficarei couraçado contra a sua inimizade.
Julieta – Por nada deste mundo eu queria que te vissem 
aqui.
Romeu – O manto da noite oculta-me aos olhos deles. 
Mas, se tu não me amas, que me importa que me en-
contrem? Seria melhor que o ódio deles pusesse fim 
à minha vida do que a morte tardasse faltando-me o 
teu amor.»
Saul Bellow 
Jerusalém – ida e volta
Edição: 2011
Editor: Tinta da China
ISBN: 978-989-67-1068-2
 
«Saímos para a rua, e o meu amigo David Shahar, que 
tem um peito largo, respira fundo e aconselha-me a fa-
zer o mesmo. O ar, o próprio ar, é inspirador em Jerusa-
lém, foram os Sábios que o disseram. Estou disposto a 
acreditar nisso. Eu sei que deve ter propriedades espe-
ciais. A delicadeza da luz também me afeta. Olho lá para 
o fundo, na direção do Mar Morto, por sobre rochedos 
fendidos e casinhas com telhados bolbosos. A cor do te-
lhado é a do chão, e no meio daquela paisagem estranha 
e mortiça o ar abrasador cai sobre nós com um peso qua-
se humano.»
Jane Austen
Orgulho e preconceito 
Edição: 2012
Editor: Relógio d’Água
ISBN: 978-989-64-1321-1
 
«Minha querida Lizzy,
Desejo-te grande felicidade. Se o teu amor pelo sr. 
Darcy é apenas metade do que eu sinto pelo meu mari-
do Wickham, então és decerto muito feliz. É um consolo 
saber-te tão rica, e, quando não tiveres mais nada para 
fazer, espero que te lembres de nós. Wickham gostaria 
muito de enveredar pela carreira jurídica, mas não creio 
que tenhamos dinheiro suficiente para vivermos sem 
auxílio. Qualquer emprego de trezentas ou quatrocen-
tas libras por ano serviria; mas, se preferes, não mencio-
nes o asunto ao sr. Darcy. A tua, etc.»
Agustina Bessa-Luís
Fanny Owen 
Edição: 2009
Editor: Guimarães editora
ISBN: 978-972-66-5403-2
 
«– Há um baile em casa do barão do Corvo. Queres 
tu vir comigo? Apresento-te as três mulheres mais belas 
do Porto.
– Que são duas, se estou bem ao par das tuas contas.
– Pois que sejam duas. Mas merecem o nome das três 
Graças, pela abundância de beleza que elas têm. – Pa-
receu aturdido e levou a mão ao pescoço, afrouxando 
o lenço de cetim com um puxão leve. – Ou não te serve 
a companhia? Eu sou boa pessoa.
– Há boas pessoas que nos metem medo. Mas acom-
panho-te. Um baile nunca é uma coisa trivial.»
PR
OJ
ET
O 
DE
 L
EIT
UR
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A 
SE
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O 1º Período
2º Período
eare
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17-44
te veem, matar-te-ãão.
mais perigo nos teus olhos do que em
do
Luís
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0303-2-2
le em casa ddo bab rãrão o dodo CCorvo. Queres 
resento te as três mulheres mais belas
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2121-1-1
da Lizzy,
do
a e volta
6868-2-2
a rua, e o meu u amamigigo o DaDavividd ShShahahar, que
go respira fundo e aconselha-me a fa-
Estes livros podem relacionar-se com Amor de perdição, 
de Camilo Castelo Branco, e Viagens na minha terra, de 
Almeida Garrett.
Estes livros podem relacionar-se com Frei Luís de Sousa, de Almeida 
Garrett. Contudo Romeu e Julieta, de William Shakespeare, poderá 
associar-se a Amor de perdição, de Camilo Castelo Branco, e Jerusalém 
– ida e volta, de Saul Bellow, a Viagens na minha terra. 
6
P R O F E S S O R
EL11 15.1, 15.2, 15.3, 15.4, 15.6
O11 3.1, 3.2, 3.3; 4.2, 4.3, 4.4; 
5.1, 5.2, 5.3, 5.4; 6.1, 6.2, 6.3
E11 10.1; 11.1; 12.1, 12.2, 12.3, 
12.4, 12.5, 12.6; 13.1
Outras sugestões
programáticas
Proposta de atividades
AA.VV. 
Antologia da 
poesia do século 
XVIII 
(poemas escolhidos)
ALEXANDRE DUMAS 
Os três 
mosqueteiros
ALMEIDA GARRETT 
Folhas caídas
ANTON TCHEKOV 
Três irmãs
ANTÓNIO NOBRE 
Só
BRANQUINHO 
DA FONSECA 
O barão 
CHARLES BAUDELAIRE 
As flores do mal
CHARLES DICKENS 
Grandes 
esperanças
LEÃO TOLSTOI 
Ana Karenina
LUANDINO VIEIRA 
Luuanda
LUÍS CARDOSO 
Crónica de uma 
travessia
LUÍS CARLOS 
PATRAQUIM 
Manual para 
incendiários 
e outras
LUÍS DE GÓNGORA 
Antologia poética 
(poemas escolhidos)
LUÍS DE STTAU 
MONTEIRO 
Felizmente 
há luar!
MANUEL M. BARBOSA 
DU BOCAGE 
Antologia poética 
(poemas escolhidos)
MÁRIO CLÁUDIO 
Guilhermina
MIA COUTO 
A confissão 
da leoa
MOACYR SCLIAR 
O centauro no 
jardim
MOLIÈRE 
O Burguês 
gentil-homem
OSCAR WILDE 
O retrato de 
Dorian Gray 
PEPETELA 
Crónicas com 
fundo de guerra
RUBEM ALVES 
A torre da Barbela 
RUY DUARTE DE 
CARVALHO 
Como se o mundo 
não tivesse Leste
RAINER MARIA RILKE 
Cartas a um jovem 
poeta
STENDHAL 
O vermelho 
e o negro
TOMAS TRANSTRÖMER 
50 Poemas
VICTOR HUGO 
Nossa Senhora 
de Paris
VOLTAIRE 
Cândido ou 
o optimismoWILLIAM 
SHAKESPEARE 
Romeu e Julieta
EMILY BRONTË 
O monte dos 
vendavais
GONZALO TORRENTE 
BALLESTER 
Crónica do rei 
pasmado
GUSTAVE FLAUBERT 
Madame Bovary
GUY DE MAUPASSANT 
Contos
HONORÉ DE BALZAC 
Tio Goriot
JOHANN WOLFGANG 
VON GOETHE 
Fausto 
(excertos escolhidos)
JOSÉ CRAVEIRINHA 
Antologia poética 
(poemas escolhidos)
JOSÉ DE ALENCAR 
Iracema
Florbela Espanca
Sonetos
Edição: 2011
Editor: Bertrand Editora
ISBN: 978-972-25-2338-7
 
Amar!
Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente
Amar! Amar! E não amar ninguém!
Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!
Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!
E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...
3º Período
PR
OJ
ET
O 
DE
 L
EIT
UR
A
ra
38-77
r amar perdidamente!
do
Apreciação crítica
As obras indicadas para o desenvolvimento do Pro-
jeto de Leitura estão relacionadas tematicamente com 
as obras em estudo no âmbito da educação literária.
No leque das opções sugeridas, seleciona uma ou 
duas obras para leres ao longo do ano e para desenvol-
veres uma apreciação crítica, numa apresentação oral, 
com duração entre dois e quatro minutos, ou num texto 
escrito, com uma extensão entre 200 e 300 palavras.
Qualquer que seja a forma de apresentação da apre-
ciação crítica a produzir, considera os seguintes tópicos:
descrição sucinta do livro, enquanto objeto (for-
mato, capa, contracapa, editor, ano, lugar de edi-
ção, organização interna…);
comentário crítico, com a indicação dos aspetos 
mais valorizados, como, por exemplo, um episódio 
relevante, personagens marcantes, espaço, rela-
ção do autor/narrador/personagens, uma citação 
ou um excerto que valha a pena ler, reler e guar-
dar na memória. 
Segue as fases habituais do processo de produção 
oral e escrita.
Este livro pode relacionar-se, mais especialmente, 
com Sonetos completos, de Antero de Quental.
7
Educação literária 
Contextualização histórico-literária
Objetivos da eloquência (docere, 
delectare, movere)
Intenção persuasiva e exemplaridade
Crítica social e alegoria
Linguagem, estilo e estrutura: 
 – visão global do sermão e estrutura 
argumentativa
 – o discurso figurativo: a alegoria, 
a comparação, a metáfora
 – outros recursos expressivos: 
a anáfora, a antítese, a apóstrofe, 
a enumeração e a gradação
Leitura 
Martin Luther King, 
discurso político: «Tenho um sonho»
Gramática 
Texto e textualidade:
 – coerência textual
 – coesão textual
Escrita 
Exposição sobre um tema: a crítica 
social no «Sermão de Santo António»
Exposição sobre um tema: atualidade 
e intemporalidade do pensamento do 
Padre António Vieira 
Oralidade 
Compreensão do oral
Exposição sobre um tema: capítulo 
II do «Sermão de Santo António» 
(excerto) 
Discurso político: José Saramago 
no banquete de receção do Prémio 
Nobel da Literatura
Expressão oral
Apreciação crítica: filme Selma – 
a marcha da liberdade
Em destaque:
1Padre António Vieira, «Sermão de 
Santo António»
1500 1600
1640
1700 1800
SÉCULO XVII
Barroco
1580 1640
1608
1619 1697
1716-17281654
Início da dominação 
filipina 
Restauração da Independência 
Início do reinado de D. João IV
Padre António 
Vieira – «Sermão 
de Santo António»
Morte do Padre António 
Vieira, em S. Salvador 
da Baía, Brasil
Publicação da coletânea 
Fénix Renascida, 
de poetas da 1ª metade 
do século XVII
Nascimento do 
Padre António 
Vieira, em Lisboa
Publicação de Corte na aldeia, 
de Francisco Rodrigues Lobo
Acontecimentos literários
Acontecimentos históricos
Contextualização histórico-literária
I. O Barroco
Texto 1
A arte barroca 
A arte barroca estendeu-se por todo o século XVII e pelas primeiras décadas do século 
XVIII. A sua difusão abrangeu quase toda a Europa e a América Latina.
O Barroco nasceu e desenvolveu-se, no princípio do século XVII, na Roma dos papas. 
Mais do que um estilo definido, era uma tendência comum a todas as artes: um gosto, em 
suma. Em seguida, espalhou-se como que em círculos concêntricos pelo resto da Europa 
e por regiões sob a sua influência. Esta onda, proveniente de Itália, encontrou-se e fundiu-
-se com escolas e tendências locais. Dela nasceram numerosas artes de tipo nacional, cada 
uma delas com características próprias, particulares. São essas artes, no seu conjunto, que 
constituem a arte barroca. Os resultados que elas alcançaram, tanto na arquitetura como 
na pintura e nas outras disciplinas, não são, de forma alguma, inferiores às italianas.
No plano teórico, o caráter típico do Barroco foi uma enorme ambiguidade. Os seus 
artistas proclamavam-se herdeiros do Renascimento e declaravam aceitar-lhe as regras; 
mas violavam-nas sistematicamente, quer na letra quer no espírito. O Renascimento era 
equilíbrio, medida, sobriedade, racionalismo, lógica. O Barroco foi movimento, ânsia de 
novidade, amor pelo infinito e pelo não finito, pelos contrastes e pela audaciosa mistura 
de todas as artes. Foi dramático, exuberante, teatral, tanto quanto a época anterior fora 
serena e comedida. 
Flavio Conti, Como conhecer a arte barroca, Lisboa, Edições 70, 1996, pp. 3-4 (texto adaptado)
1. Indica as afirmações verdadeiras (V) e as falsas (F). Corrige as afirmações falsas.
 a. A arte barroca circunscreveu-se à Europa. 
 b. A arte barroca apresenta variantes nacionais ou regionais. 
 c. A arte do Renascimento caracteriza-se, tal como a do Barroco, pela exuberân-
cia formal. 
 d. A arte barroca apresenta como traço essencial a inquietação formal.
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O Barroco na pintura
O Barroco 
na arquitetura 
Caravaggio, detalhe de O tocador de 
alaúde (1594), Museu Hermitage, em 
São Petersburgo, Rússia
Basílica de S. Pedro, 
em Roma, concebida por 
Donato Bramante et alii 
(1506-1626)
Torre dos Clérigos, 
no Porto, concebida 
por Nicolau Nasoni 
(1754-1763)
Guido Reni, detalhe de O massacre dos 
inocentes (1611), Pinoteca Nacional de 
Bolonha, Itália
Diego Velázquez, detalhe de As meninas 
(1656), Museu do Prado, em Madrid, 
Espanha
Josefa de Óbidos, detalhe de Menino 
Jesus salvador do mundo (1684), 
Venerável Ordem Terceira da Penitência 
de São Francisco, em Coimbra, Portugal
10
1 Padre António Vieira, «Sermão de Santo António»
P R O F E S S O R
 
Nota geral
A indicação dos tópicos de con-
teúdo do Programa e os descri-
tores das Metas Curriculares 
surgirão sempre, no Manual, no 
início de cada unidade didática, 
sumariamente.
Nota específica
O Programa e Metas Curricula-
res prevê oito tempos letivos [de 
45 minutos] para o tratamento 
do «Sermão de Santo António».
Sugestão didática
A linha cronológica localizada 
no separador desta sequência 
didática poderá ser explorada 
com os alunos no âmbito da con-
textualização histórico-literária.
1. 
a. F (A arte barroca difundiu-se 
também na América Latina.)
b. V 
c. F (Diferentemente da arte 
barroca, marcada pela exube-
rância, a arte da renascença 
caracterizava-se pela medida e 
pelo equilíbrio.)
d. V
2. (B)
3. (C)
4. (A)
 Apresentação
Contextualização históri-
co-literária (Sequência 1) 
 
 Vídeo
Padre António Vieira (vida, 
obra e atualidade) visto 
por Professora Micaela 
Rámon 
EL11: 16.1
L11: 7.1, 7.4, 7.5; 8.1
EL11
Contextualização histórico-literária
Objetivos da eloquência (docere, 
delectare, movere) 
Intenção persuasiva e exemplari-
dade
Linguagem, estilo e estrutura
– visão global do sermão e estrutu-
ra argumentativa 
Texto 2
A literatura barroca 
Na literatura barroca, a expressão da beleza alcança um fulgor, um engenhoso requin-
te e uma exuberante riqueza que a poesia renascentista está longe de oferecer. Através de 
um léxico opulento e raro,através de uma profusa e audaciosa utilização de hipérboles, 
acumulações, alusões e metáforas, a literatura barroca compraz-se na representação de 
tudo quanto é peregrinamente belo na figura humana, nas coisas, nas paisagens, nas cria-
ções artísticas devidas ao engenho dos homens.
O tema da fugacidade, da ilusão da vida e das coisas mundanas ocupa um lugar cen-
tral na literatura barroca. As motivações religiosas desse tema são bem evidentes: trata-se 
de lembrar ao homem que tudo é vão e efémero à superfície da terra, que a vida carnal é 
uma passagem e que é necessário procurar uma realidade suprema isenta de mentira e de 
imperfeição. As ruínas atestam a transitoriedade do homem e os poetas meditam angus-
tiados sobre a fragilidade da vida humana, sobre a destruição e o vazio que espera tudo o 
que é grácil e luminoso.
Vítor Manuel de Aguiar e Silva, Teoria da literatura, Coimbra, Almedina, 2009, pp. 486, 487 e 493 (texto adaptado)
2. Atenta no primeiro parágrafo do texto. Escolhe a opção correta. 
A arte literária barroca caracteriza-se essencialmente pela
 (A) presença de um vocabulário requintado.
 (B) variedade de recursos expressivos.
 (C) insistência na beleza da figura humana.
 (D) utilização de hipérboles.
3. Escolhe a opção que permite obter uma afirmação correta. No segundo parágrafo, 
estabelece-se uma relação direta entre
 (A) a efemeridade da vida e a dimensão religiosa do homem barroco.
 (B) a dimensão religiosa do homem barroco e a transitoriedade da vida.
 (C) a mentalidade religiosa do homem barroco e a temática da literatura barroca.
 (D) a mentalidade religiosa do homem barroco e a visão da vida enquanto ilusão.
4. Indica qual das duas opções seguintes sintetiza mais adequadamente o conteúdo do 
segundo parágrafo.
 (A) O tema principal da literatura barroca é o da fugacidade da vida. Este tema 
está intimamente ligado a uma visão religiosa do mundo que valoriza o Além, 
o eterno, e desvaloriza a vida na terra, pelo facto de ser transitória.
 (B) O tema principal da literatura barroca é o das ruínas. Estas são o símbolo da 
fugacidade da vida, do que foi belo e morreu. O escritor barroco desvaloriza, 
através deste símbolo, a vida terrena.
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11
Contextualização histórico-literária 1
P R O F E S S O R
1.
a. V 
b. V
c. F (A oratória barroca carac-
terizava-se por abordar temas 
de natureza religiosa, mas tam-
bém temas de natureza política 
ou cívica.)
d. V
II. Objetivos da eloquência (docere, delectare, movere)
Texto 1
A oratória 
A oratória é um género literário que compreende todo o discurso oral dirigido a um au-
ditório com a finalidade de o convencer de uma determinada mensagem, pela razão, pela 
sensibilidade ou pelo prazer que nele provoca o texto dito. 
A oratória pode ser sagrada ou profana. A primeira aborda temas de natureza religiosa, 
a segunda temas de natureza política ou cívica. 
Durante o período Barroco, a oratória sagrada caracteriza-se por juntar temas sagrados 
e profanos, uma vez que os sermões são motivo para tratar uma infinidade de assuntos, 
desde a comemoração do nascimento de um príncipe à morte de uma rainha, entre outros.
 
Síntese elaborada com base em Aníbal Pinto de Castro, «Oratória», in Biblos, Enciclopédia Verbo 
das literaturas de língua portuguesa, volume 3, Lisboa, 1999, colunas 1280-1282
Texto 2
Características da oratória barroca
Tende a captar a atenção do destinatário mediante a concentração de recursos expres-
sivos, com a intenção de persuadir: a metáfora inesperada, a alegoria, a antítese, a hi-
pérbole, a enumeração…
Concretiza-se através de uma linguagem poética engenhosa, isto é, trabalhada intelec-
tualmente para estabelecer relações inesperadas e insólitas entre as coisas, as palavras, 
as ideias.
Valoriza o período longo, organizado engenhosamente em várias secções dispostas 
antitética ou simetricamente ou em sucessões compostas por duas ou mais partes.
Visa, deste modo, provocar admiração no recetor, deslumbrado por uma linguagem 
marcada pelo excesso, pela acumulação de detalhes e pelo virtuosismo verbal.
Apresenta três objetivos principais: docere (ensinar), delectare (encantar, deleitar) e 
movere (persuadir).
 
Síntese elaborada com base em António José Saraiva, O discurso engenhoso – Estudos sobre Vieira e outros autores barrocos, 
São Paulo, Editora Perspectiva, 1980
1. Assinala as afirmações verdadeiras (V) e a única afirmação falsa (F), relativamente 
aos textos anteriores. Corrige a afirmação falsa.
 a. A oratória implica obrigatoriamente uma intenção persuasiva.
 b. Tradicionalmente, distinguem-se dois tipos de oratória.
 c. A oratória barroca caracterizava-se por abordar exclusivamente temas de 
natureza religiosa.
 d. A arte da persuasão assentava na utilização de recursos expressivos que 
espantavam pela novidade. 
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1 Padre António Vieira, «Sermão de Santo António»
P R O F E S S O R
2.
a. V 
b. V 
c. F (O sermão barroco aborda-
va temas religiosos e também 
temas sociais e políticos.)
3. (A)
Texto 3
Objetivos da eloquência barroca 
[No sermão do período Barroco] os seus 
assuntos e objetivos alargam-se a múlti-
plos aspetos da vida social e política, trans-
formando-se em verdadeiros espetáculos 
estranhos à celebração litúrgica, onde as 
multidões acorrem como se fossem ao tea-
tro. E os pregadores servem-se não raro do 
púlpito para defenderem ideias políticas e 
tecerem duras críticas aos comportamentos 
individuais e coletivos. 
Deste modo, o sermão cumpre um dos 
objetivos da oratória barroca – docere. Con-
tudo, dadas as características de virtuosis-
mo verbal do pregador barroco, os outros 
dois objetivos, delectare e movere, passaram, 
principalmente o primeiro destes dois, 
a ocupar lugar central no sermão: o ouvinte 
era mais atingido pelo deleite e pela emoção – 
originados no estilo engenhoso do pregador – 
do que pelos seus ensinamentos. 
 
Síntese elaborada com base em Aníbal Pinto de Castro, 
«Retórica» e «Sermão», in Biblos – Enciclopédia Verbo das 
literaturas de língua portuguesa, volume 4, Lisboa, Verbo, 2001, 
colunas 733 e 1273
2. Indica as afirmações verdadeiras (V) e a afirmação falsa (F), relativamente ao texto 3. 
Corrige a afirmação falsa.
 a. O sermão barroco propiciava a reflexão sobre a vida coletiva.
 b. O sermão barroco caracterizava-se pela teatralidade.
 c. O sermão barroco abordava exclusivamente temas religiosos.
3. Escolhe a opção correta. No período barroco, o objetivo de ensinar através da prega-
ção era difícil de atingir porque
 (A) a linguagem dos pregadores era de tal modo extraordinária que os ouvintes 
prestavam mais atenção à forma do discurso do que ao seu conteúdo.
 (B) os ouvintes estavam mais interessados no que os pregadores diziam do que 
no modo como o faziam.
 (C) as temáticas que o pregador trazia para o púlpito não interessavam aos ouvin-
tes.
 (D) os ouvintes se interessavam mais pelos temas religiosos do que pelos assun-
tos profanos que o pregador tratava.
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Rembrandt, Pregação de S. João Baptista (1634-1635), 
Galeria Gemälde, Berlim, Alemanha
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Contextualização histórico-literária 1
P R O F E S S O R
1. a – 3; b – 1 ; c – 2; d – 4
III. Padre António Vieira – 
 o homem missionário e a obra
Texto 1
Vida e obra 
VIEIRA, Pe. António (6/2/1608, Lisboa – 13/6/1697, Baía). Foi levado 
para o Brasil aos 6 anos de idade, onde fez a sua primeira educação. Voltan-
do ao Reino com pouco mais de 30 anos, já ordenado, trazia fama de orador, 
a qual não cessou de aumentar. Começou, pois, também a pregar em Portu-
gal. Após a subida ao trono de D. Afonso VI [1656], perdeu o apoio régio de 
que gozava e foi perseguido e atacado pelo Santo Ofício, chegando a estar 
encarcerado dois anos. Aos 70 anos regressa ao Brasil, onde morre, avança-
do em anos, após uma vida quedividira e gerira entre a missão social, evan-
gelizadora e político-diplomática. A vida, a personalidade e a obra deste 
jesuíta apresentam-se marcadas por uma intrínseca coerência. Um dos as-
petos que primeiro ressaltam como característica é a concordância entre 
a sua obra humana, o seu pensamento e a sua palavra. O dinamismo como 
marca fundamental do seu perfil torna-se também a marca inconfundível 
do seu estilo. O anticonvencionalismo faz dele o missionário que percorre quase descalço os 
sertões brasileiros com o mesmo à-vontade e o mesmo entusiasmo com que desempenha as 
suas funções de embaixador diplomático de Portugal em Paris, Haia, Londres e Roma. É, antes 
de mais, um espírito combativo, e essa combatividade é moldada, simultaneamente, pelo vigor, 
pela lógica e também pelo visionarismo. Um dos motivos centrais da sua ação reformadora e 
crítica é a luta contra a escravatura e contra a sede de ambição e domínio dos colonos do Brasil. 
A sua obra compreende quinze volumes de Sermões e Cartas, que, idênticos no vigor da argu-
mentação e no poder de convicção, se mostram, todavia, diferentes quanto ao estilo, na medida 
em que, nos Sermões, predominam as características oratórias e, nas Cartas, o estilo se atenua 
numa maior familiaridade e serena simplicidade de expressão.
 
 Maria Leonor Carvalhão Buescu, «Padre António Vieira» in Álvaro Manuel Machado (org. e dir.), Dicionário de literatura portuguesa, 
Lisboa, Editorial Presença, 1996, p. 502 (texto adaptado)
1. Associa as informações de ambas as colunas, de modo a obteres afirmações condizentes 
com o sentido do texto.
A B
a. Humanamente, o Padre António 
Vieira caracteriza-se 
1. pelo empenho com que defendeu o que consi-
derava injustiças.
b. Socialmente, o Padre António Vieira 
distingue-se 
2. por um estilo marcado pela capacidade argu-
mentativa.
c. Os Sermões do Padre António Vieira 
definem-se 
3. pela grande capacidade de adaptação aos 
mais variados e diferentes ambientes. 
d. As Cartas do Padre António Vieira 
caracterizam-se
4. por um estilo marcado pela simplicidade.
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Arnold van Westerhout, António Vieira, padre 
jesuíta e escritor português (c. 1600), coleção 
privada
14
1 Padre António Vieira, «Sermão de Santo António»
P R O F E S S O R
1. b. (Os colonos apresentavam 
três argumentos a favor da es-
cravização dos índios.)
Texto 2
«Sermão de Santo António»: contexto histórico
Vinham de longe as diferenças entre o zelo evangelizador dos 
Jesuítas e a ganância da maioria dos colonos. Estes não queriam 
ceder a ninguém a tutela dos índios que capturavam como escra-
vos, nas entradas pelo sertão; aqueles desejavam organizá-los em 
comunidades que os mantivessem ao abrigo da rapacidade e dos 
maus exemplos de comportamento moral e social dos portugue-
ses. A publicação de uma ordem régia que concedia liberdade aos 
índios cativos foi o rastilho que rapidamente ateou o fogo da dis-
córdia. Os protestos atingiram tal violência que só a intervenção 
da força armada, às ordens do capitão-mor, impediu a expulsão 
dos missionários recém-chegados. Reunido na Câmara [da cida-
de do Maranhão], o povo amotinado exigiu a imediata suspensão 
da lei, sob pretexto de que os cativeiros e, por consequência, os 
escravos, eram legítimos, os índios eram bárbaros e sempre po-
tenciais inimigos de Portugal e (razão sobre todas ponderosa) a 
economia do Estado não podia sustentar-se sem o seu trabalho. 
[…]
As hostilidades assumiam proporções cada vez mais graves. Os colonos recorreram a 
Lisboa, procurando um instrumento que anulasse definitivamente as ordens régias anterio-
res que favoreciam a posição dos padres. Perante a crescente agudização do conflito, Vieira 
resolve ir ao reino, crente de que, com o seu valimento, poderia resolvê-lo a favor das suas 
posições. Antes, porém, não resistiu à tentação de, mais uma vez, defrontar os seus inimi-
gos e os inimigos da Companhia quando, a 13 de junho de 1654, prega o famoso «Sermão de 
Santo António», onde, com acerada ironia, se vai servindo dos vários peixes para verberar 
de novo as vilanias, as hipocrisias e as extorsões que muitos dos seus ouvintes praticavam, 
no foro privado como em público.
 
 Aníbal Pinto de Castro, António Vieira – Uma síntese do barroco luso-brasileiro, Lisboa, 
CTT Correios, 1997, pp. 93-107 (texto adaptado)
1. Das afirmações seguintes, só uma não se pode comprovar com o texto. Identifica-a e 
corrige-a.
 a. Na origem do «Sermão de Santo António» está o conflito entre os colonos do 
Maranhão e os Jesuítas – ordem religiosa a que pertencia o Padre António Vieira –, 
a propósito da escravatura dos índios.
 b. Os colonos apresentavam quatro argumentos a favor da escravização dos índios. 
 c. O Padre António Vieira decidiu ir a Lisboa, convencido de que poderia influenciar 
o poder político a favor dos Jesuítas no conflito com os habitantes do Maranhão 
a propósito da escravatura dos índios.
 d. Antes de partir, o Padre António Vieira pronunciou um sermão, no qual se dirigiu 
aos peixes, criticando os seus maus comportamentos como se estes fossem seres 
humanos.
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Charles Legrand, O Padre António Vieira (1839), 
Litografia da R. N. dos Martyres, nº 12, Lisboa, Portugal
15
Contextualização histórico-literária 1
P R O F E S S O R
1. 
a. Texto 1
b. Texto 3
c. Texto 2
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IV. Vieira, pregador barroco
Texto 1
Função do pregador
Ao chamar a si o papel de medianeiro entre Deus e os homens, proje-
tando para o exterior a imagem de uma entidade de recorte ético e espi-
ritual mais elevado, o pregador predispunha-se a guiar a comunidade que 
lhe fora confiada, em questões que transcendiam largamente a esfera es-
piritual ou religiosa, servindo-se para o efeito de vários momentos do ca-
lendário litúrgico, de festividades religiosas ou de cerimónias oficiais […].
 
Paulo Mota Oliveira, «Poder e eloquência sacra em António Vieira», in Carlos Reis, José Augusto Cardoso 
Bernardes e Maria Helena Santana (coord.), Uma coisa na ordem das coisas – Estudos para Ofélia Paiva 
Monteiro, Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra, 2012, p. 632 (texto adaptado)
Texto 2
O sermão como espetáculo
Convirá atender à diferença entre pregação e sermão: este último é um 
texto escrito, que teria sido apenas uma das componentes do espetáculo 
da pregação; outras intervinham nesse ato irrepetível: o espaço, a ilumi-
nação, as reações do auditório, os gestos, o olhar, os tons de voz e toda a 
expressão corporal do pregador, segundo regras minuciosas em que os 
jesuítas eram cuidadosamente treinados. A própria arquitetura adotou o 
modelo jesuítico da igreja-salão, para que o púlpito fosse visto e a voz do 
pregador inteiramente captada.
 
 Margarida Vieira Mendes, «O Padre António Vieira, pregador barroco», in História da literatura portuguesa, 
volume 3, Lisboa, Publicações Alfa, 2002, p. 178
Texto 3
«Sermão de Santo António»: intenção persuasiva
Todo o discurso de Vieira assenta sobre o trabalho simultaneamen-
te analítico, interpretativo e inventivo que exerceu sobre as palavras, 
tratando-as como seres desmembráveis, reestruturáveis, combináveis, 
polissémicos e não sobre o recurso a um vocabulário especialmente rico 
ou rebuscado. Este trabalho não foi concebido meramente como um jogo 
verbal, mas sobretudo como uma forma de encadear e de desenvolver o 
pensamento, de argumentar, de demonstrar e de persuadir.
 
 Mafalda Ferin Cunha, Padre António Vieira, Lisboa, Edições 70, 2012, p. 58 (texto adaptado)
1. Associa as afirmações seguintes aos textos respetivos. 
 a. O pregador barroco era um guia em assuntos religiosos e também profanos.
 b. O pregador barroco tinha como principal objetivo argumentar e convencer.
 c. O pregador barroco fazia do sermão uma encenaçãoteatral.
João Alvim, Padre António Vieira (2013), 
in Revista Círculo de Leitores, edição nº 208, 
Lisboa, p. 3
Autor desconhecido, ilustração de livro, Perúgia (1579)
Um sacerdote prega socorrendo-se de quadros 
expostos na igreja para ilustrar o seu sermão. 
16
1 Padre António Vieira, «Sermão de Santo António»
V. Visão global e estrutura argumentativa da obra
«Sermão de Santo António»
Partes Estrutura argumentativa Exemplos
Exórdio
Capítulo I
Conceito predicável: expressão bíblica 
«vós sois o sal da terra»
O pregador apresenta a TESE que vai ser defendida 
através de argumentos apropriados, com a intenção 
de persuadir, convencer o auditório: 
A TERRA ESTÁ CORRUPTA (não se deixa salgar)
«Isto suposto, quero hoje, à imitação de 
Santo António, voltar-me da terra ao mar 
e já que os homens se não aproveitam, 
pregar aos peixes.»
Exposição
Capítulo II
O pregador indica o plano do sermão, que dividirá em 
virtudes (ou louvores) e defeitos (ou vícios) dos peixes.
«[…] dividirei, peixes, o vosso sermão 
em dois pontos: no primeiro louvar-vos-ei 
as vossas virtudes, no segundo repreen-
der-vos-ei os vossos vícios.»
Confirmação
Capítulo II
O pregador apresenta as virtudes ou os louvores dos 
peixes, em geral.
Capítulo III
O pregador louva alguns peixes, em particular. Cada 
um deles apresenta virtudes que não existem nos 
homens. 
Argumentos a favor da tese inicial:
argumento da exploração do homem pelo homem, 
de diversos modos;
argumento das discórdias entre os homens;
argumento da vaidade dos homens.
Capítulo IV
O pregador apresenta os defeitos gerais dos peixes, 
isto é, dos homens.
Capítulo V
O pregador analisa defeitos de peixes específicos, 
isto é, de tipos humanos concretos:
argumento da presunção, do orgulho e da soberba 
(o exemplo do peixe roncador);
argumento do compadrio e do parasitismo 
(o exemplo do peixe pegador);
argumento da vaidade e da ambição desmedida 
(o exemplo do peixe voador);
argumento da traição (o exemplo do polvo).
«Começando pois pelos vossos louvores…» 
«Descendo ao particular, infinita matéria 
fora, se houvera de discorrer pelas virtu-
des que o Autor da natureza a dotou e fez 
admirável em cada um de vós. De alguns 
somente farei menção.» 
«[…]assim como ouvistes os vossos lou-
vores, ouvi também agora as vossas 
repreensões.» 
«Descendo ao particular, direi agora, pei-
xes, o que tenho contra alguns de vós.»
Peroração
Capítulo VI
Exortação aos ouvintes no sentido de louvarem a Deus.
«Louvai, peixes, a Deus, os grandes e os 
pequenos»
17
Contextualização histórico-literária 1
Antes de ler
Lê o excerto da carta do Papa Francisco, uma das vozes que mais se faz ou-
vir em defesa dos oprimidos, e refere a sua posição relativamente ao valor que os 
aborígenes atribuem à terra e às pressões de que estes são alvo pelos interesses 
económicos.
146. É indispensável prestar atenção especial às comunidades aborígenes com as 
suas tradições culturais. […] Para eles a terra não é um bem económico, mas dom gra-
tuito de Deus e dos antepassados que nela descansam, um espaço sagrado com o qual 
precisam de interagir para manter a sua identidade e os seus valores. Eles, quando per-
manecem nos seus territórios, são quem melhor os cuida. Em várias partes do mundo, 
porém, são objeto de pressões para que abandonem as suas terras e as deixem livres 
para projetos extrativos e agropecuários que não prestam atenção à degradação da Na-
tureza e da cultura. 
Papa Francisco, Encíclica sobre o cuidado da casa comum, 
http://w2.vatican.va/ (consultado em 17.09.2015) 
P R O F E S S O R
Antes de ler
O papa recorda os aborígenes, 
que não atribuem valor econó-
mico à terra, vendo-a como um 
dom de Deus e dos seus ante-
passados. A terra é, por isso, um 
espaço sagrado com o qual eles 
interagem como forma de man-
terem a sua identidade e os seus 
valores.
Por isso, o papa defende a per-
manência dos aborígenes nos 
seus territórios, alertando para 
o erro relativamente às pres-
sões de que são alvo para que os 
abandonem.
Sugestão didática
Os alunos podem ser levados 
a inferir relações possíveis da 
encíclica com o sermão: a explo-
ração dos índios e a ocupação 
das suas terras pelos colonos 
europeus.
L11 7.2, 7.6 (Antes de ler) 
EL11 14.1, 14.2, 14.4, 14.11, 
14.12; 15.1, 15.2 
G11 18.1, 18.2
EL11
Objetivos da eloquência (docere, 
delectare, movere) 
Linguagem, estilo e estrutura 
– o discurso figurativo: a alegoria, 
a comparação, a metáfora
– outros recursos expressivos: 
a anáfora, a antítese, a apóstrofe, 
a enumeração, a gradação
G11
Texto e textualidade
a) coerência textual (compatibi-
lidade entre as ocorrências tex-
tuais e o nosso conhecimento do 
mundo; lógica das relações intra-
textuais)
b) coesão textual: 
– lexical: reiteração e substituição; 
– gramatical: referencial (uso ana-
fórico de pronomes, frásica (con-
cordância), interfrásica (uso de 
conectores), temporal (expressões 
adverbiais ou preposicionais com 
valor temporal, ordenação corre-
lativa dos tempos verbais)
Sermão de Santo António
Pregado na Cidade de São Luís do Maranhão, ano de 16541
Este Sermão (que todo é alegórico) pregou o Autor três dias antes de se embarcar ocul-
tamente para o Reino, a procurar o remédio da salvação dos Índios, pelas causas que se 
apontam no 1.º Sermão do 1.º Tomo2. E nele tocou todos os pontos de doutrina (posto que 
perseguida) que mais necessários eram ao bem espiritual, e temporal daquela terra, como 
facilmente se pode entender das mesmas alegorias.
O pregador dirige-se aos peixes
 Vos estis sal terrae [Mt 5]3.
Capítulo I
«Vós», diz Cristo Senhor nosso, falando com os Pregadores, «sois o sal da terra»; 
e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal 
é impedir a corrupção, mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo 
tantos nela, que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou 
é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salga, 
e os Pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não deixa salgar, 
e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina, que lhes dão, a não querem receber; ou é por-
que o sal não salga, e os Pregadores dizem uma coisa, e fazem outra; ou porque a terra se 
não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o que di-
zem; ou é porque o sal não salga, e os Pregadores se pregam a si, e não a Cristo; ou porque 
a terra se não deixa salgar, e os ouvintes em vez de servir a Cristo servem a seus apetites. 
Não é tudo isto verdade? Ainda mal!
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1 No sábado de 13 de junho
2 «Sermão da Sexagésima»
3 [Mt 5, 13] «Vós sois o sal da 
terra»
Educação literária
18
1 Padre António Vieira, «Sermão de Santo António»
4 «E se o sal perde a sua força, 
com que se há de salgar? Para 
nada mais serve senão para ser 
lançado fora, para ser pisado 
pelos homens.» 
5 valente
6 cidade atual de Rimini
7 protesto
8 forte dedicação
9 decisões
Suposto pois que, ou o sal não salgue, ou a terra se não deixe 
salgar; que se há de fazer a este sal, e que se há de fazer a esta ter-
ra? O que se há de fazer ao sal, que não salga, Cristo o disse logo: 
Quod si sal evanuerit, in quo salietur? Ad nihilum valet ultra, nisi ut 
mittatur foras, et conculcetur ab hominibus4 [Mt 5, 13]. Se o sal per-
der a substância, e a virtude, e o Pregador faltar à doutrina, e ao 
exemplo, o que se lhe há de fazer é lançá-lo fora como inútil, para 
que seja pisado de todos. Quem se atrevera a dizer tal coisa, se 
o mesmo Cristo a não pronunciara? Assim como não há quem 
seja mais digno de reverência, e de ser posto sobre a cabeça, que 
o Pregador, que ensina, e faz o que deve; assim é merecedor de 
todo o desprezo, e de ser metido debaixo dos pés, o que com a 
palavra, ou com a vida prega o contrário.
Isto é o que se deve fazer aosal, que não salga. E à terra, que se 
não deixa salgar, que se lhe há de fazer? Este ponto não resolveu 
Cristo Senhor nosso no Evangelho; mas temos sobre ele a resolu-
ção do nosso grande Português Santo António, que hoje celebra-
mos, e a mais galharda5, e gloriosa resolução, que nenhum Santo 
tomou. Pregava Santo António em Itália na Cidade de Arimino6, 
contra os Hereges, que nela eram muitos; e como erros de entendimento são dificultosos 
de arrancar, não só não fazia fruto o Santo, mas chegou o Povo a se levantar contra ele, e 
faltou pouco para que lhe não tirassem a vida. Que faria neste caso o ânimo generoso do 
grande António? Sacudiria o pó dos sapatos, como Cristo aconselha em outro lugar? Mas 
António com os pés descalços não podia fazer esta protestação7, e uns pés, a que se não 
pegou nada da terra, não tinham que sacudir. Que faria logo? Retirar-se-ia? Calar-se-ia? 
Dissimularia? Daria tempo ao tempo? Isso ensinaria porventura a prudência, ou a covar-
dia humana; mas o zelo8 da glória divina, que ardia naquele peito, não se rendeu a seme-
lhantes partidos9. Pois que fez? Mudou somente o púlpito, e o auditório, mas não desistiu 
da doutrina. Deixa as praças, vai-se às praias, deixa a terra, vai-se ao mar, e começa a dizer 
a altas vozes: «Já que me não querem ouvir os homens, ouçam-me os peixes». Oh mara-
vilhas do Altíssimo! Oh poderes do que criou o mar e a terra! Começam a ferver as ondas, 
começam a concorrer os peixes, os grandes, os maiores, os pequenos, e postos todos por 
sua ordem com as cabeças de fora da água, António pregava, e eles ouviam.
Se a Igreja quer que preguemos de Santo António sobre o Evangelho, dê-nos outro. Vos 
estis sal terrae: é muito bom Texto para os outros Santos Doutores; mas para Santo António 
vem-lhe muito curto. Os outros Santos Doutores da Igreja foram sal da terra, Santo António 
foi sal da terra, e foi sal do mar. Este é o assunto, que eu tinha para tomar hoje. Mas há muitos 
dias que tenho metido no pensamento que nas festas dos Santos é melhor pregar como eles, 
que pregar deles. Quanto mais, que o sal da minha doutrina, qualquer que ele seja, tem tido 
nesta terra uma fortuna tão parecida à de Santo António em Arimino, que é força segui-la em 
tudo. Muitas vezes vos tenho pregado nesta Igreja, e noutras de manhã, e de tarde, de dia, e 
de noite, sempre com doutrina muito clara, muito sólida, muito verdadeira, e a que mais 
necessária, e importante é a esta terra, para emenda, e reforma dos vícios, que a corrompem. 
O fruto que tenho colhido desta doutrina, e se a terra tem tomado o sal, ou se tem tomado 
dele, vós o sabeis, e eu por vós o sinto.
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Garcia Fernandes, Santo António pregando aos peixes 
(c. 1600), Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa, Portugal
19
1Capítulo I | Objetivos da eloquência (docere, delectare, movere)
P R O F E S S O R
Educação literária
1. O sermão inicia-se com a me-
táfora na qual os pregadores são 
metaforizados em «sal da terra». 
1.1 Trata-se de uma expressiva 
metáfora, pois o sal salga, isto 
é, conserva, impede que os ali-
mentos se estraguem ou cor-
rompam. Do mesmo modo o 
pregador deve, pela palavra, al-
cançar o objetivo de impedir a 
corrupção da terra, dos fiéis, 
mantendo-os dentro da boa dou-
trina e de práticas cristãs e éti-
cas. 
2. Trata-se da anáfora – uma 
sequência anafórica – da con-
junção «ou», através da qual o 
pregador tenta analisar, desco-
brir as várias causas da corrup-
ção na terra. 
2.1 Os pregadores são acusados 
de não pregarem a doutrina ca-
nónica; os ouvintes de não faze-
rem caso da doutrina pregada 
– quando ela é boa. Por outro la-
do, os pregadores são ainda acu-
sados de não serem coerentes 
entre palavras e obras, aprovei-
tando-se disso os ouvintes para 
os imitar não nas palavras mas 
nos atos. Além disso, os prega-
dores são acusados de esque-
cerem a palavra de Cristo na 
pregação, pregando antes os 
seus interesses, que leva os ou-
vintes a uma conduta de vida 
pautada pelos seus próprios in-
teresses.
3.1 É estabelecido um contraste 
entre os pregadores que pregam 
a doutrina, mas dela se afastam 
nos atos, e os que são coerentes 
entre palavras e ações: os pri-
meiros devem ser criticados e os 
segundos louvados. 
4.1 Santo António pregava em 
circunstâncias difíceis, pois o 
seu auditório era composto por 
hereges, desinteressados na sua 
doutrina e agressivos para com 
ele. 
4.2 A ação do santo tornou-se 
exemplar no sentido em que não 
desistiu de pregar a sua doutrina, 
para glória de Deus: não a podia 
pregar aos homens, foi fazê-lo 
aos peixes, que o escutaram. 
Isto suposto, quero hoje à imitação de Santo António voltar-me da terra ao mar, e 
já que os homens se não aproveitam, pregar aos peixes. O mar está tão perto, que bem 
me ouvirão. Os demais podem deixar o Sermão, pois não é para eles. Maria quer dizer 
Domina maris: «Senhora do mar»; e posto que o assunto seja tão desusado, espero que 
me não falte com a costumada graça. Ave Maria.
 
 Padre António Vieira, «Sermão de Santo António», in Obra completa (dir. José Eduardo Franco e Pedro Calafate), 
tomo II, volume X, Lisboa, Circulo de Leitores, 2014, pp. 137-139
1. Identifica a metáfora bíblica com a qual se inicia o sermão.
1.1 Explica a sua expressividade literária, relacionando-a com a intenção do pregador.
2. Identifica o recurso expressivo usado no primeiro parágrafo para apresentar as causas 
da corrupção na «terra», que engloba os que pregam e os que escutam a pregação. 
2.1 Refere as críticas que são feitas aos pregadores e aos seus ouvintes.
3. O segundo parágrafo apresenta, em forma de antítese, dois tipos de pregadores. 
3.1 Justifica esta afirmação.
4. O pregador apresenta Santo António como um exemplo. 
4.1 Explicita as circunstâncias difíceis em que ele pregava «na Cidade de Arimino» 
(l. 36).
4.2 Refere, justificando, em que consistiu a sua exemplaridade.
5. Considera o segmento textual que começa em «Mudou somente […]», (l. 45) e termi-
na em «[…] e eles ouviam.» (l. 50).
5.1 Apresenta, justificadamente, uma opinião sobre a reação dos ouvintes a este 
momento do sermão.
6. Atenta nas expressões destacadas no segmento textual seguinte:
«Muitas vezes vos tenho pregado nesta Igreja, e noutras de manhã, e de tarde, 
de dia, e de noite, sempre com doutrina muito clara, muito sólida, muito verdadeira, 
e a que mais necessária, e importante é a esta terra, para emenda, e reforma dos ví-
cios, que a corrompem.» (ll. 58-60).
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Nota informativa
A sequência de quatro expressões destacadas concretiza um recurso expres-
sivo denominado gradação que consiste na disposição em cadeia dos termos de 
uma enumeração ou série, segundo uma ordem progressiva – que pode ser de 
natureza ascendente ou descendente.
6.1 Define a natureza da série de expressões destacadas. 
6.2 Refere a intencionalidade comunicativa do pregador ao utilizar esta gradação.
6.3 Identifica, no mesmo segmento, outra série de expressões com valor de gradação.
7. Explicita a invocação e o pedido feitos no final do capítulo.
20
1 Padre António Vieira, «Sermão de Santo António»
Ficha de apoio nº 1
P R O F E S S O R
5.1 Dada a sequência «Deixa 
[…]», «vai […]», dadas as excla-
mações do pregador, dada a lin-
guagem metafórica «[…] ferver 
as ondas […]» (l. 48), o auditório 
ficou certamente encantado e 
emocionado com a arte do pre-
gador.
6.1 A natureza desta gradação é 
ascendente, pois inicia-se com 
uma parte do dia, a «manhã», e 
termina na «noite», recobrindo 
assim o dia inteiro. 
6.2 Com esta gradação, o prega-
dor define-se como alguém que 
não cessa de pregar a doutrina 
cristã, sempre pronto para o fa-
zer – em qualquer altura do dia. 
6.3 «doutrina muito clara, muito 
sólida, muito verdadeira,» (l. 59)
7. No final do capítulo, o prega-
dor invoca o auxíliode Nossa 
Senhora, «Senhora do mar», pe-
dindo-lhe que o ajude na sua 
pregação, já que vai pregar aos 
peixes, o que é algo de extraor-
dinário – «assunto […]» «desusa-
do» (l. 66).
Ficha de apoio nº 1
1. 1 – (B); 2 – (C); 3 – (E); 4 – (A); 
5 – (D)
O texto coerente:
O padre António Vieira dirige-se 
aos pregadores afirmando que 
eles são o sal da terra. Isto quer 
dizer que Jesus Cristo quer que 
eles façam na terra o que faz o 
sal – impedir a sua corrupção. De 
seguida estranha que havendo 
no Maranhão tantos pregadores, 
a terra seja, afinal, tão corrup-
ta. Por isso, pergunta qual será 
a causa dessa corrupção, avan-
çando com um conjunto de hipó-
teses. Entre elas sobressaem a 
má conduta dos pregadores que 
não pregam e a teimosia da ter-
ra que se não deixa salgar. Con-
clui, lamentando que tudo o que 
afirma seja verdade.
Texto e textualidade: coerência e coesão textual
Coerência textual
Ao leres o capítulo I do sermão pudeste observar que:
nada nele vai contra o que conheces do mundo, em geral, e do mundo do 
século XVII, em particular; por outras palavras, o ouvinte do sermão ou o leitor 
do mesmo reconheceria ao ouvi-lo ou ao lê-lo nesse século as coordenadas reli-
giosas, culturais ou sociais do seu mundo como corretas;
ele se apresenta ordenado logicamente, seguindo uma progressão evidente, 
que começa na constatação de que a terra está corrupta e na indagação das 
causas deste estado; o texto progride, criticando os maus pregadores e os maus 
ouvintes; apresenta depois o exemplo de Santo António e da sua pregação aos 
peixes, dado não ter audiência humana, e termina com a resolução do pregador 
em pregar também aos peixes, uma vez que nada espera dos homens. 
Por estes motivos, o texto apresenta coerência textual, a propriedade dos textos que:
representam a normalidade do mundo;
se apresentam logicamente ordenados;
progridem através de relações lógicas internas ou intratextuais – de causa, de 
consequência, etc.;
não apresentam informação contraditória entre si.
1. Ordena os segmentos textuais seguintes de modo a obteres um texto coerente.
 (A) Entre elas sobressaem a má conduta dos pregadores que não pregam e a tei-
mosia da terra que se não deixa salgar.
 (B) O padre António Vieira dirige-se aos pregadores afirmando que eles são o sal 
da terra. Isto quer dizer que Jesus Cristo quer que eles façam na terra o que faz 
o sal – impedir a sua corrupção.
 (C) De seguida estranha que havendo no Maranhão tantos pregadores, a terra seja, 
afinal, tão corrupta.
 (D) Conclui, lamentando que tudo o que afirma seja verdade.
 (E) Por isso, pergunta qual será a causa dessa corrupção, avançando com um con-
junto de hipóteses.
Coesão textual
Se releres o primeiro parágrafo do capítulo I com a intenção de encontrares palavras 
ou expressões que se repetem, detetarás vários exemplos desse facto: «sal», «sal da 
terra», «terra», «corrupção», «ouvintes»… Através destas repetições, o texto apresen-
ta-se como um objeto coeso: elas são a primeira marca evidente de coesão textual, 
propriedade dos textos que assentam numa rede sequencial lógica. 
21
1Ficha de apoio nº 1 Texto e textualidade: coerência e coesão textual
No quadro seguinte, encontrarás os principais processos de sequencialização 
que contribuem para a coesão textual.
Mecanismos de coesão Explicação Exemplos
1. Coesão lexical
Constrói-se através de 
a. repetições ou reiterações de palavras ou 
expressões
b. substituições 
 – por sinonímia
 – por antonímia
 – hiperonímia / hiponímia
 – holonímia / meronímia
a. «pregadores» (palavra várias vezes repe-
tida no capítulo)
b. 
– «galharda» / «gloriosa» (l. 35) 
– «reverência» (l. 27) / «desprezo» (l. 29)
– peixe / rémora
– peixe / escamas
2. Coesão 
gramatical
2.1 Coesão 
referencial
Constrói-se através de 
a. anáforas (palavras, frequentemente pro-
nomes, mas também advérbios, que re-
cuperam referentes que ocorreram antes 
no texto)
b. catáforas (palavras, frequentemente pro-
nomes, que antecipam referentes que 
ocorrerão depois no texto).
a. «[…] o que se lhe há de fazer é lançá-lo 
fora […]» (l. 24) [ambos os pronomes 
têm como referente «o pregador», que 
surgiu antes no texto]
Nota: o conjunto sequencial de palavras que se re-
ferem à mesma realidade anteriormente men-
cionada, ou a retomam, designa-se cadeia de 
referência. Neste exemplo: pregador – lhe – o.
b. Ouvimo-lo e vimo-lo em S. Roque: 
o Padre António Vieira é um pregador 
extraordinário! [Os dois pronomes an-
tecipam um referente que ocorre à sua 
direita no texto.]
2.2 Coesão 
frásica 
Constrói-se através de mecanismos de 
concordância (entre sujeito e verbo, entre 
sujeito e predicativo do sujeito, entre com-
plemento direto e predicativo do comple-
mento direto): marcas idênticas de pessoa 
e número, de género e número.
«Os outros Santos Doutores da Igreja fo-
ram sal da terra, […]» (l. 53) 
[Concordância entre sujeito e verbo – pes-
soa e número]
2.3 Coesão 
interfrásica
Constrói-se através de conectores (conjun-
ções e locuções conjuncionais e advérbios 
conectivos) que ligam frases ou orações 
(coordenação ou subordinação). 
Estes conectores estabelecem relações de 
natureza semântica muito variada entre as 
frases ou as orações.
«[…] é lançá-lo fora como inútil, para que 
seja pisado de todos.» (ll. 24-25)
[valor de fim ou objetivo]
“«Já que me não querem ouvir os homens, 
ouçam-me os peixes.»” (l. 47)
[valor de causa]
2.4 Coesão 
temporal
Constrói-se através
a. da ordenação correlativa dos tempos 
verbais: fomos… vimos
b. da utilização de expressões adverbiais 
ou preposicionais de valor temporal: de 
manhã… à tarde; primeiramente… 
a. «Deixa as praças, vai-se às praias, dei-
xa a terra, vai-se ao mar, e começa […]» 
(l. 46)
b. «Este é o assunto, que eu tinha para 
tomar hoje. Mas há muitos dias que 
tenho metido no pensamento que nas 
festas dos Santos é melhor pregar como 
eles, […]» (ll. 54-55)
Quadro elaborado com base em AA. VV., Gramática da língua portuguesa, 
6ª edição, Lisboa, Caminho, 2003, pp. 87-114
22
1 Padre António Vieira, «Sermão de Santo António»
P R O F E S S O R
1. (C)
2.1 
a. «já que»
b. «tão… que»
c. «pois»
d. «posto que» 
3. (A)
4. (C)
 Apresentação
Coerência e coesão 
textual
1. Seleciona a opção que completa corretamente a frase. 
As reiterações das palavras «sal» e «salgar», ao longo do primeiro parágrafo do 
capítulo I, asseguram, no texto, a
 (A) coesão interfrásica.
 (B) coesão frásica.
 (C) coesão lexical.
 (D) coesão temporal.
2. Atenta no último parágrafo do capítulo I.
«Isto suposto, quero hoje à imitação de Santo António voltar-me da terra ao mar, 
e já que os homens se não aproveitam, pregar aos peixes. O mar está tão perto, que 
bem me ouvirão. Os demais podem deixar o Sermão, pois não é para eles. Maria 
quer dizer Domina maris: «Senhora do mar»; e posto que o assunto seja tão desu-
sado, espero que me não falte com a costumada graça. Ave Maria.» (ll. 63-67)
2.1 Identifica os conectores interfrásicos com valor de 
a. causa; b. consequência; c. explicação; d. concessão. 
3. Seleciona a opção que completa corretamente a frase. 
O pronome pessoal destacado em «Quem se atrevera a dizer tal coisa, se o mesmo 
Cristo a não pronunciara?» (ll. 25-26) concretiza 
 (A) uma anáfora. 
 (B) uma catáfora.
4. Seleciona a opção que completa correta-
mente a frase. 
No segmento textual «Ou é porque o sal 
não salga, e os Pregadores não pregam 
a verdadeira doutrina; ou porque a terra 
se não deixa salgar, e os ouvintes, sendo 
verdadeira a doutrina, que lhes dão, a não 
querem receber; […]» (ll. 9-12), as duas 
anáforas pronominais sublinhadas concre-
tizam exemplos de
 (A) coesão temporal.
 (B) coesão interfrásica.
 (C) coesão referencial.
 (D) coesão lexical.
Santo António pregando aos peixes (c. 1600), registo de faiança policroma, Oficina de 
Lisboa,Escadinhas do Jogo da Pela, Museu da Cidade, Lisboa, Portugal
Caderno 
de Atividades
Ficha nº 7: 
Coerência textual
p. 22
Ficha nº 8: 
Coesão textual
p. 24
Anexo 
Informativo
Coerência e coesão textual
pp. 372-373
23
1Ficha de apoio nº 1 Texto e textualidade: coerência e coesão textual
P R O F E S S O R
EL11 14.1, 14.2, 14.3, 14.4, 
14.6, 14.7 a), 14.11, 14.12; 
15.1, 15.2 
O11 1.1, 1.4, 1.5, 1.6
EL11
Crítica social e alegoria
Linguagem, estilo e estrutura 
– outros recursos expressivos: 
a antítese, a apóstrofe e a 
enumeração 
O11
Exposição sobre um tema: caráter 
demonstrativo, elucidação 
evidente do tema (fundamentação 
das ideias), concisão e 
objetividade, valor expressivo 
das formas linguísticas (deíticos, 
conectores…)
Educação literária
Estrutura do sermão: virtudes e vícios 
Louvores aos peixes, em geral
Capítulo II
Enfim, que havemos de pregar hoje aos peixes? Nunca pior auditório. Ao menos 
têm os peixes duas boas qualidades de ouvintes: ouvem, e não falam. Uma só coisa 
pudera desconsolar ao Pregador, que é serem gente os peixes que se não há de con-
verter. Mas esta dor é tão ordinária, que já pelo costume quase se não sente. Por esta 
causa não falarei hoje em Céu, nem Inferno: e assim será menos triste este Sermão, 
do que os meus parecem aos homens, pelos encaminhar sempre à lembrança des-
tes dois fins.
Vos estis sal terrae. Haveis de saber, irmãos peixes, que o sal, filho do mar como 
vós, tem duas propriedades, as quais em vós mesmos se experimentam: conservar 
o são, e preservá-lo, para que se não corrompa. Estas mesmas propriedades tinham 
as pregações do vosso Pregador Santo António, como também as devem ter as de 
todos os Pregadores. Uma é louvar o bem, outra repreender o mal: louvar o bem para 
o conservar, e repreender o mal, para preservar dele1. Nem cuideis que isto pertence 
só aos homens, porque também nos peixes tem seu lugar. Assim o diz o grande Dou-
tor da Igreja, São Basílio: Non carpere solum, reprehendereque possumus pisces, sed sunt 
in illis, et quae prosequenda sunt imitatione. «Não só há que notar», diz o Santo, «e que 
repreender nos peixes, senão também que imitar, e louvar». Quando Cristo compa-
rou a Sua Igreja à rede de pescar, Sagenae missae in mare2 [Mt 13, 47], diz que os pesca-
dores recolheram os peixes bons, e lançaram fora os maus: Collegerunt bonos in vasa, 
malos autem foras miserunt3 [Mt 13, 48]. E onde há bons, e maus, há que louvar, e que 
repreender. Suposto isto, para que procedamos com clareza, dividirei, peixes, o vos-
so Sermão em dois pontos: no primeiro louvar-vos-ei as vossas virtudes, no segun-
do repreender-vos-ei os vossos vícios. E desta maneira satisfaremos às obrigações 
do sal, que melhor vos está ouvi-las vivos, que experimentá-las depois de mortos.
Começando pois pelos vossos louvores, irmãos peixes, bem vos pudera eu 
dizer que entre todas as criaturas viventes, e sensitivas, vós fostes as primei-
ras, que Deus criou. A vós criou primeiro que as aves do ar, a vós primeiro que 
aos animais da terra, e a vós primeiro que ao mesmo homem. Ao homem deu 
Deus a monarquia, e o domínio de todos os animais dos três elementos, e nas 
provisões, em que o honrou com estes poderes, os primeiros nomeados foram 
os peixes: Ut praesit piscibus maris, et volatilibus caeli, et bestiis, universaeque ter-
rae4 [Gn 1, 26]. Entre todos os animais do mundo, os peixes são os mais, e os pei-
xes os maiores. Que comparação têm em número as espécies das aves, e as dos 
animais terrestres com as dos peixes? Que comparação na grandeza o Elefan-
te com a Baleia? Por isso Moisés, Cronista da criação, calando os nomes de to-
dos os animais, só a ela nomeou pelo seu: Creavit Deus cete grandia5 [Gn 1, 21]. 
E os três músicos da fornalha da Babilónia o cantaram também como singular entre 
todos: Benedicite cete, et omnia quae moventur in aquis Domino6 [Dn 3, 79]. Estes, e 
outros louvores, estas, e outras excelências de vossa geração, e grandeza vos pudera 
dizer, ó peixes; mas isto é lá para os homens, que se deixam levar destas vaidades, 
e é também para os lugares, em que tem lugar a adulação, e não para o púlpito. […]
 Padre António Vieira, «Sermão de Santo António», in Obra completa (dir. José Eduardo Franco e Pedro Calafate), 
tomo II, volume X, Lisboa, Circulo de Leitores, 2014, pp. 139-140
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Tobias Verhaecht, detalhe de A torre 
de Babel (c. 1600), Museu-Castelo 
e Galeria de Arte de Norwich, Reino Unido
1 defender-se dele
2 «Redes lançadas ao mar» 
3 «Recolheram os bons em 
vasos, mas deitaram fora os 
maus.»
4 «Para que tenha poder sobre 
os peixes do mar, as aves do céu 
e os animais selvagens e a terra 
inteira.»
5 «Criou Deus as grandes 
baleias.»
6 «Bendizei o Senhor, baleias e 
tudo quanto se move nas águas.»
24
1 Padre António Vieira, «Sermão de Santo António»
P R O F E S S O R
Educação literária
1. O pregador vai começar por 
louvar os peixes, mostrando as 
suas virtudes; depois vai repreen-
dê-los, denunciando os seus ví-
cios ou pecados. 
1.1 Ele segue este caminho por-
que entre homens como entre 
os peixes há os bons e os maus: 
os primeiros devem ser louva-
dos, os segundos censurados.
2. Fá-lo através da apóstrofe «ir-
mãos peixes» (l. 8).
2.1 Esta apóstrofe contribui para 
a surpresa do auditório, fazendo-
-o estar mais atento e mais próxi-
mo do pregador.
3. Trata-se de uma relação de 
identidade: tanto nos homens 
como nos peixes se encontram 
motivos de censura e de louvor. 
4. O pregador louva os peixes 
devido ao facto de terem sido 
criados por Deus antes de Ele 
ter criado outros seres vivos, in-
cluindo o homem. Além disso, os 
peixes são o tipo de animal mais 
comum na Terra e entre eles se 
encontra o maior, a baleia.
Compreensão do oral
1.1 
a. a obediência, a ordem, a quie-
tação e a atenção com que ou-
vem a palavra de Deus; o respeito 
e a devoção que dedicaram aos 
pregadores
b. perseguem Santo António, 
querendo lançá-lo ao mar; mos-
tram-se furiosos e obstinados
c. a apóstrofe «vós», a antítese 
«mar / terra» e a enumeração
d. o tom de voz, a entoação, a ex-
pressividade
2.1 Louvores gerais dos peixes
2.2 Expor as qualidades dos pei-
xes
3.1 (A)
3.2 (B)
 Áudio
«Sermão de Santo 
António», capítulo II 
(excerto)
1. Explicita a estrutura que o pregador vai dar ao sermão.
1.1 Apresenta a razão pela qual o pregador o estruturou desse modo.
2. Identifica o recurso expressivo através do qual o pregador se dirige ao seu público.
2.1 Menciona a sua função, justificando.
3. Esclarece a relação entre peixes e homens presente no segundo parágrafo.
4. Apresenta os vários louvores feitos pelo pregador aos peixes.
Oralidade
COMPREENSÃO DO ORAL
Exposição sobre um tema
Para convencer os habitantes do Maranhão a ouvirem a palavra de Deus, o Padre 
António Vieira segue alegoricamente o exemplo de Santo António, fingindo falar aos 
peixes, quando, de facto, prega aos homens.
1. Ouve o excerto áudio relativo à parte final do capítulo II do «Sermão de Santo António».
1.1 Toma notas no caderno sobre os seguintes tópicos:
a. louvores aos peixes;
b. comportamentos dos homens;
c. recursos expressivos;
d. recursos verbais e não verbais.
2. Escuta novamente o excerto. 
2.1 Indica o tema dominante.
2.2 Refere a intenção comunicativa própria deste género textual.
3. Seleciona a opção que permite completar cada afirmação corretamente.
3.1 O Padre António Vieira refere as virtudes dos peixes. A sua primeira virtude – a 
obediência – é «confusão e afronta» para os homens porque
 (A) sendo irracionais, os peixes se comportam racionalmente, escutando a 
pregação de Santo António. 
 (B) sendo racionais, os homens obedecem à doutrina pregada por Santo 
António. 
 (C) sendo irracionais, os peixes se comportam irracionalmente, não ouvindo a 
pregação de Santo António.
 (D) sendo racionais, os homens não obedecemà doutrina pregada por Santo 
António.
3.2 Os peixes são louvados por não se domarem nem domesticarem. Eles merecem 
ser louvados porque
 (A) podem viver mais harmoniosamente com o homem pois este os protege.
 (B) podem viver livremente sem terem por perto o homem que os escraviza.
 (C) podem viver sem que a escravidão a que são submetidos os preocupe.
 (D) podem viver aceitando livremente o cativeiro do homem que os escraviza.
«Sermão de Santo António», capítulo II (excerto)
FAIXA 1
25
1Capítulo II | Crítica social e alegoria
P R O F E S S O R
Antes de ler
1. A sardinha nas festas de 
Lisboa de 2015
2. Possíveis relações de sentido: 
a sardinha enquanto peixe 
associa-se a Santo António 
como pregador;
outras relações são possíveis.
 Link
Festas de Lisboa (2015)
Santo António, figura central do «Sermão de Santo 
António», é hoje associado a festividades de natureza popular 
nas quais o peixe possui um lugar central.
1. Vê o vídeo das sardinhas vencedoras do concurso «Sardinhas 
Festas de Lisboa ‘15», de Catarina Sobral, com música dos 
Deolinda, e identifica o tema tratado.
2. Tenta prever possíveis relações de sentido entre o conteúdo do 
vídeo e o excerto que vais ler do capítulo III, partindo do título.
Educação literária
Louvores aos peixes, em particular
Capítulo III
Passando dos [peixes] da Escritura aos da História natural1, quem haverá que não 
louve, e admire muito a virtude tão celebrada da Rémora2? No dia de um Santo Me-
nor3, os peixes menores devem preferir4 aos outros. Quem haverá, digo, que não ad-
mire a virtude daquele peixezinho tão pequeno no corpo, e tão grande na força, e no 
poder, que não sendo maior de um palmo, se se pega ao leme de uma Nau da Índia, 
apesar das velas, e dos ventos, e de seu próprio peso, e grandeza, a prende, e amarra 
mais, que as mesmas5 âncoras, sem se poder mover, nem ir por diante? Oh se houvera 
uma Rémora na terra, que tivesse tanta força como a do mar, que menos perigos have-
ria na vida, e que menos naufrágios no mundo! Se alguma Rémora houve na terra, foi 
a língua de Santo António, na qual como na Rémora se verifica o verso de São Gregó-
rio Nazianzeno: Lingua quidem parva est, sed viribus omnia vincit6. O Apóstolo Santiago 
naquela sua eloquentíssima Epístola compara a língua ao leme da Nau, e ao freio do 
cavalo. Uma, e outra comparação juntas declaram maravilhosamente a virtude da Ré-
mora, a qual pegada ao leme da Nau é freio da Nau, e leme do leme. E tal foi a virtude, 
e força da língua de Santo António. O leme da natureza humana é o alvedrio7, o Piloto 
é a razão: mas quão poucas vezes obedecem à razão os ímpetos precipitados do al-
vedrio? Neste leme porém tão desobediente, e rebelde mostrou a língua de António 
quanta força tinha, como Rémora, para domar, e parar a fúria das paixões humanas. 
Quantos correndo Fortuna na Nau soberba com as velas inchadas do vento, e da mes-
ma soberba (que também é vento) se iam desfazer nos baixos8, que já rebentavam por 
proa, se a língua de António como Rémora não tivesse mão no leme, até que as velas 
se amainassem, como mandava a razão, e cessasse a tempestade de fora, e a de den-
tro? Quantos embarcados na Nau Vingança com a artilharia abocada9, e os bota-fogos 
acesos10, corriam enfunados11 a dar-se batalha, onde se queimariam, ou deitariam a pi-
que12, se a Rémora da língua de António lhes não detivesse a fúria, até que composta a 
ira, e ódio, com bandeiras de paz se salvassem amigavelmente? Quantos navegando na 
Nau Cobiça sobrecarregada até às gáveas13, e aberta com o peso por todas as costuras14, 
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5
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10
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15
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20
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25
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1 aos da natureza; 2 pequeno 
peixe, de forma achatada, que 
tinha a capacidade de, aderindo 
ao timão de um navio, o impedir 
de avançar; 3 é um santo da Or-
dem Franciscana, canonicamen-
te designada Ordem dos Frades 
Menores; 4 ser preferidos, ter 
precedência em relação a; 5 as 
próprias; 6 «A língua é pequena, 
mas em força tudo vence»; 7 li-
vre arbítrio, vontade de cada um; 
8 baixios, isto é, bancos de areia 
ou rochedos cobertos por escas-
sa quantidade de água do mar, 
perigosos para a navegação; 
9 artilharia pronta para disparar; 
10 morrões acesos, isto é, peda-
ços de corda que se acendiam 
numa das extremidades para 
comunicar fogo às peças de ar-
tilharia; 11 impelidos pelo vento, 
isto é, com as velas inchadas pelo 
vento, com grande velocidade; 
12 iriam ao fundo; 13 tipo de vela; 
14 junção de tábuas contíguas no 
casco de embarcação
Antes de ler
Vídeo promocional «Sardinhas Festas de 
Lisboa ‘15», de Catarina Sobral (2015)
26
1 Padre António Vieira, «Sermão de Santo António»
P R O F E S S O R
O11 1.1, 1.4 (Antes de ler)
EL11 14.1, 14.2, 14.3, 14.4, 
14.12; 15.1, 15.2 
G10 18.1
G11 17.1
EL11
Objetivos da eloquência (docere, 
delectare, movere) 
Crítica social e alegoria 
Linguagem, estilo e estrutura
– o discurso figurativo: a alegoria, 
a comparação e a metáfora
G10 / G11
1. Retoma (em revisão) dos conteú-
dos estudados no 10º ano: a frase 
complexa – subordinação. 
Nota
O excerto relativo ao Santo 
Peixe de Tobias é apresentado 
e explorado nas páginas 54 e 
55, no teste de avaliação de 
conhecimentos.
15 excessiva, irracional; 16 ne-
voeiro forte; 17 Cila e Caríbdis 
– rochedos famosos, na Antigui-
dade, por provocarem naufrá-
gios, no Mediterrâneo; 18 Neste 
parágrafo alegórico, cada nau 
corresponde a um vício verbera-
do pela língua-rémora do prega-
dor; 19 peixe elétrico, conhecido 
como tremelga; o seu nome 
latino, torpedo, deve-se ao en-
torpecimento que provoca o seu 
choque 
incapaz de fugir, nem se defender, dariam nas mãos dos Corsários com per-
da do que levavam, e do que iam buscar, se a língua de António os não fi-
zesse parar, como Rémora, até que aliviados da carga injusta15, escapassem 
do perigo, e tomassem porto? Quantos na Nau Sensualidade, que sempre 
navega com cerração16, sem Sol de dia, nem Estrela de noite, enganados 
do canto das Sereias, e deixando-se levar da corrente, se iriam perder ce-
gamente, ou em Cila, ou em Caríbdis17, onde não aparecesse Navio, nem 
navegante, se a Rémora da língua de António os não contivesse, até que 
esclarecesse a luz, e se pusessem em via. Esta é a língua, peixes, do vosso 
grande Pregador, que também foi Rémora vossa, enquanto o ouvistes; e 
porque agora está muda (posto que ainda se conserva inteira) se veem, e 
choram na terra tantos naufrágios18. 
Mas para que da admiração de uma tão grande virtude vossa passemos 
ao louvor, ou inveja de outra não menor; admirável é igualmente a quali-
dade daqueloutro peixezinho a que os Latinos chamaram Torpedo19. Am-
bos estes peixes conhecemos cá mais de fama, que de vista; mas isto têm as 
virtudes grandes: que quanto são maiores, mais se escondem. Está o pescador com a 
cana na mão, o anzol no fundo e a boia sobre a água, e em lhe picando na isca o Torpe-
do, começa a lhe tremer o braço. Pode haver maior, mais breve, e mais admirável efei-
to? De maneira que num momento passa a virtude do peixezinho, da boca ao anzol, do 
anzol à linha, da linha à cana, e da cana ao braço do pescador. Com muita razão disse 
que este vosso louvor o havia de referir com inveja. Quem dera aos pescadores do nos-
so elemento, ou quem lhes pusera esta qualidade tremente, em tudo o que pescam na 
terra! Muito pescam; mas não me espanto do muito: o que me espanta é que pesquem 
tanto, e que tremam tão pouco. Tanto pescar, e tão pouco tremer? Pudera-se fazer pro-
blema: onde há mais pescadores, e mais modos, e traças de pescar, se no mar, ou na 
terra. E é certo que na terra. Não quero discorrer por eles, ainda que fora grande con-
solação para os peixes: baste fazer a comparação com a cana, pois é o instrumento do 
nosso caso. No mar pescam as canas, na terra pescam as varas (e tanta sorte de varas), 
pescam as ginetas, pescam as bengalas, pescam os bastões, e até os cetros pescam, e 
pescam mais que todos, porque pescam

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