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CURSO DE MEDICINA UNIDADE X SITUAÇÃO PROBLEMA 3: “COMO QUE UMA DONÇA OCORRE EM UMA CRIANÇA” Mineiros-GO 2021 CURSO DE MEDICINA UNIDADE X SITUAÇÃO PROBLEMA 3: “COMO QUE UMA DONÇA OCORRE EM UMA CRIANÇA” Ana Clara Chiavoloni Ana Gabriela Almeida Ribeiro Neto Bruna Triacca Frizon Eugênia Cristina Vilela Coelho Eugenya da Costa Guimarães Geovanna Oliveira Silva Giullia Vitória Forte Isabela de Almeida Silva Borges José Venâncio Vilela Guimarães Queiroz Lara Mamede Almeida Lays Ribeiro Rangel Letícia Fernandes dos Santos Matheus Fleury Alves Mydian Gabriela dos Santos Fernandes Sabrina Martins Calegari Mineiros-GO 2021 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA SITUAÇÃO PROBLEMA 3: “COMO QUE UMA DONÇA OCORRE EM UMA CRIANÇA” Relatório da discussão da disciplina de Tutoria do quarto período do curso de medicina da Instituição de Ensino Superior Unifimes com o objetivo de obtenção parcial de nota sob orientação do tutor Dr. Carlos Machado Mineiros-GO 2021 SUMÁRIO 1- INTRODUÇÃO ................................................................................................. 5 2- OBJETIVOS ..................................................................................................... 6 3- DESENVOLVIMENTO ..................................................................................... 7 4- CONCLUSÃO ................................................................................................ 43 5- REFERÊNCIA BILIOGRÁFICAS ................................................................... 43 5 1- INTRODUÇÃO Dona Giselda estava preocupada. Seu segundo filho, Jackson, agora com 6 anos, saudável ate os 5 anos, passou a se queixar de dores de articulares, particulares nos joelhos, que sua pediatra diagnosticou como “dores do crescimento”. Há varias semanas o garoto apresenta febre de até 37,7°C, principalmente no final da tarde. Há também queixa de fadiga e dores persistentes na barriga, na região do hipocôndrio esquerdo. Jackson foi tratado nos últimos três meses de duas infecções respirações, sendo uma “sinusite” e um “principio de pneumonia”. Só que mãe achou estranho o fato de as ínguas do pescoço não terem desaparecido, ao contrario do que a pediatra da UBS havia dito. O surgimento, há poucos dias, de manchas arroxeadas nas pernas fez com que a mãe levasse Jackson à UBS, para novo atendimento. Na Unidade, o pediatra, após anamnese e exames físicos cuidadosos, solicitou um hemograma de urgência, que evidenciou: Hb: 6,4g/dL, Leucócitos em número de mais de hemograma de 100.000/mm3 e plaquetopenia acentuada. Frente a esses resultados iniciais, a pediatria conversou longamente com a mãe a respeito da importância de investigar melhor o caso do menino, já que poderia inclusive tratar-se de uma criança maligna. Ressaltou, porém, que, na atualidade, muitos desses casos tem tido resultados favoráveis, com os tratamentos especializados disponíveis. A pediatra quis saber se na família de Jackson havia outros semelhantes, quando a mãe do garoto lembrou de um tio já idoso, que havia falecido a alguns anos de “câncer no sangue”. Jackson encaminhado a um hospital especializado em câncer infantil, onde, dentre inúmeros exames, foi realizado um mielograma e biópsia de medula óssea. O material obtido na medula revelou proliferação de células blásticas, sendo compatível com o diagnóstico de leucemia aguda. Atualmente, Jackson se encontra em tratamento no GRAAC. Por morar longe, é atendido por uma ONG que providencia seu transporte para o tratamento mensal. Os familiares já foram alertados para a possibilidade de ser necessário um transplante de medula óssea, após a maior estabilização de seu estado. 6 2- OBJETIVOS Objetivo geral: Reconhecer a patogenia dos tumores não sólidos. Objetivos específicos: 1- Descrever a origem e o desenvolvimento da linhagem hematopoiética. 2- Definir e diferenciar tumores sólidos e não sólidos. 3- Descrever a fisiopatologia das leucemias. 4- Explicar os sinais e sintomas, correlacionando-os com a patogênese e evolução das leucemias (destacando sua eventual semelhança com outras doenças menos graves). 5- Identificar as principais leucemias, suas formas de apresentação e sua epidemiologia, relacionando: tipo de leucemia, faixa etária e prognóstico. 6- Descrever os exames utilizados para o diagnóstico e estadiamento de leucemias. 7- Identificar as principais formas do tratamento das leucemias e suas indicações. 8- Descrever a funcionalidade da série branca no sangue. Conceituar “Desvio à Esquerda.” 9- Estudar a formação da série vermelha do sangue. 10- Entender a relação entre tumor e hospedeiro, considerando a imunologia tumoral 11- Identificar as entidades de apoio ao paciente com câncer e refletir sobre a importância da equipe multidisciplinar para acompanhamento de pacientes e seus familiares. 7 3- DESENVOLVIMENTO 1- Descrever a origem e o desenvolvimento da linhagem hematopoiética. Hematopoiese é o processo de formação, desenvolvimento e maturação dos elementos do sangue (eritrócitos, plaquetas e leucócitos) a partir de um precursor celular comum e indiferenciado conhecido como célula hematopoiética pluripotente, ou célula-tronco, unidade formadora de colônias (UFC), hemocitoblasto ou stem-cell. As células-tronco que no adulto encontram-se na medula óssea são as responsáveis por formar todas as células e derivados celulares que circulam no sangue (DELVES, 2010). A hematopoiese é função do tecido hematopoiético, que aporta a celularidade e o microambiente tissular necessários para gerar os diferentes constituintes do sangue. No adulto, o tecido hematopoiético forma parte da medula óssea e ali é onde ocorre a hematopoiese normal. A medula óssea é o órgão mais importante da gênese das mais diversas células sanguíneas pois lá estão as células-tronco que dão origem a células progenitoras de linhagens mielocíticas, linfocítica, megacariócitos e eritroblastos (DELVES, 2010). FONTE: Fundamentos de Imunologia, 2010. 8 As células-tronco são as células menos diferenciadas responsáveis pela formação dos elementos figurados do sangue; as células-tronco dão origem às células progenitoras cuja progênie são as células precursoras (DELVES, 2010). Todas as células do sangue originam-se das células-tronco hematopoéticaspluripotentes (CTHP), ou stemcell, que passará a sofrer sucessivas mitoses e que participará de um processo de diferenciação para dar origem as duas principais linhagens: a mieloide e a linfoide (DELVES, 2010). Depois de sucessivas divisões celulares, originam-se mais CTHPs e dois tipos de células-tronco hematopoiéticas multipotentes (CTHM): a unidade formadora de colônias do baço (CFU-S) – antecessoras das linhagens de células mieloides (hemácias, granulócitos, monócitos e plaquetas) – e a unidade formadora de colônia-linfócito (CFU-Ly) – antecessoras das linhagens de células linfoides (linfócitos T e linfócitos B). Estas unidades formarão as células progenitoras (DELVES, 2010). 1. As células progenitoras são unipotentes (estão comprometidas a formação de uma única linhagem celular) e têm uma capacidade limitada de auto- renovação. 2. As células precursoras originam-se das células progenitoras e não tem capacidade de auto-renovação. Com o avanço da maturação e diferenciação celular, passando por estágios intermediários em que células sucessivamente tornam-se menores, os nucléolos desaparecem, a malha da cromatina fica mais densa, e as características citoplasmáticas aproximam-se mais de células maduras (induzidos por citocinas). Estas célulaspassam por uma série de divisões e diferenciações até se transformarem em uma célula madura. Todas as células amadurecem na medula e são lançadas na corrente, com exceção dos linfócitos T, que se originam na medula, mas amadurecem e se diferenciam no timo, para só depois cair na circulação. Células do sistema imune são altamente organizadas como um exército. Cada tipo de célula age de acordo com sua função. Algumas são encarregadas de receber ou enviar mensagens de ataque, ou mensagens de supressão(inibição), outras apresentam o “inimigo” ao exército do sistema imune, outras só atacam para matar, outras constroemsubstâncias que neutralizam os “invasores” ou neutralizam substâncias liberadas por eles. As células estãoorganizadas nos seguintes grupos (DELVES, 2010): 9 1. Sistema Fagocitário Mononuclear 2. Sistema GranulócitoPolimorfonucleares 3. Sistema Linfocitário 4. Sistema de Células Dendríticas (Células Apresentadoras Profissionais) 2- Definir e diferenciar tumores sólidos e não sólidos. A imagem associada ao câncer é muitas vezes aquela que representa fisicamente um tumor, com aspecto sólido, vascularizado e localizado em uma região do corpo. Estes, os tumores denominados sólidos, representam grande parte dos tipos de cânceres conhecidos atualmente, como, por exemplo, os de mama, próstata, pulmão, fígado, colorretal, entre outros. Porém, qualquer célula e/ou tecido pode se transformar em um câncer, inclusive as partes “líquidas” do corpo e que circulam livremente por todo o organismo, como o sangue. (Albertson ,2003) Existem hoje na medicina vários tipos de cânceres chamados hematológicos, originários das células do sangue, sendo os três principais: as leucemias – tipo que tem início na medula óssea; os linfomas – que se originam no sistema linfático e se dividem entre Hodgkin e Não-Hodgkin; e o mieloma múltiplo, desenvolvido a partir dos plasmócitos. (Albertson ,2003) A anormalidade fundamental necessária para o desenvolvimento do câncer é a contínua proliferação desordenada das células comprometidas. Em vez de responderem apropriadamente aos sinais que controlam o comportamento celular normal, as células neoplásicas crescem e dividem-se de forma descontrolada, invadindo os tecidos normais adjacentes e, por fim, espalham-se à distância (metástase). (Albertson ,2003) A questão mais importante na patologia do câncer é distinguir a resposta de neoplasias benignas e malignas. Ambas são classificadas de acordo com o tipo de célula da qual se origina. A maioria pertence ao grupo de carcinoma, sarcoma e leucemia ou linfoma. (Albertson ,2003) Os carcinomas, que incluem aproximadamente 90% das neoplasias, são neoplasias das células epiteliais. Os sarcomas, raros em humanos, são tumores sólidos de tecido conjuntivo, músculo, osso, cartilagem e tecido fibroso. As leucemias e os linfomas, que representam 8% dos tumores malignos em humanos, originam-se de células da linhagem hematopoética e do sistema imune, respectivamente. (Albertson ,2003) As neoplasias (ou tumores) podem dividir-se em neoplasias sólidas ou 10 neoplasias hematopoiéticas. Como tumores sólidos, dependendo do tecido onde a neoplasia tem origem, podemos ter o carcinoma, sarcoma, melanoma, entre outros. (Albertson ,2003) As neoplasias sólidas podem ser de natureza maligna (cancerosa) ou benigna (não cancerosa) e classificam-se segundo o tecido onde se originam. (Albertson ,2003) As neoplasias de origem hematológica tem sido historicamente tratadas e classificadas separadamente das demais neoplasias, as quais são coletivamente referidas como neoplasias sólidas (ou tumores sólidos) (CASTRO, 2009) Diferentemente das neoplasias hematológicas, D, as neoplasias sólidas formam massas tumorais que em geral ficam restritas às barreiras teciduais por 11 um longo período durante os estágios iniciais da progressão tumoral até adquirirem características invasivas quando então conseguem irromper o compartimento de origem e colonizar novos sítios. (Jones et al., 2008). (CASTRO, 2009) Além disso, no decorrer da progressão tumoral, as neoplasias sólidas adquirem um número muito maior de alterações citogenéticas e moleculares (Hoglund et al., 2002b). (CASTRO, 2009) Como resultado, nos estágios mais avançados do desenvolvimento elas exibem acentuada heterogeneidade intratumoral – com formação de múltiplos clones aberrantes. 3- Descrever a fisiopatologia das leucemias. A leucemia é uma doença maligna dos glóbulos brancos, geralmente de origem desconhecida. Sua principal característica é o acúmulo de células doentes na medula óssea, que substituem as células sanguíneas normais. A medula óssea é o local onde as células sanguíneas são produzidas e ocupa a cavidade óssea, comumente conhecida como medula óssea. Ele contém células que produzem glóbulos brancos (glóbulos brancos), glóbulos vermelhos (glóbulos vermelhos ou glóbulos vermelhos) e plaquetas. Na leucemia, as células sanguíneas imaturas podem sofrer mutações genéticas, transformando-as em células cancerosas (HEMORIO, 2004). Essa célula anormal não funciona corretamente, se reproduz mais rápido e morre com menos frequência do que as células normais. Desta forma, as células sangüíneas saudáveis da medula óssea são substituídas por células cancerosas anormais. No Brasil, a leucemia é atualmente o 9º câncer mais comum em homens e o 11º em mulheres. As leucemias podem ser agrupadas de acordo com a rapidez com que a doença progride e se torna grave. Nesse sentido, a doença pode ser crônica (geralmente piorando lentamente) ou aguda (geralmente piorando rapidamente): Crônica: Nos estágios iniciais da doença, as células leucêmicas ainda podem fazer algum trabalho para os glóbulos brancos normais (HEMORIO, 2004). Os médicos costumam encontrar essa doença em exames de sangue de rotina. Lentamente, a leucemia crônica piora. À medida que o número de células leucêmicas aumenta, pode ocorrer linfadenopatia (intestino) ou infecção. Quando eles aparecem, os sintomas são leves e pioram gradualmente; Agudo: as células 12 de leucemia não podem fazer nenhum trabalho com as células sanguíneas normais. O número de células leucêmicas aumenta rapidamente e a doença piora em um curto período de tempo (HEMORIO, 2004). As leucemias também podem ser agrupadas de acordo com o tipo de glóbulos brancos que afetam: linfóides ou mielóides. As células que afetam as células linfóides são chamadas de células linfóides, linfócitos ou linfoblastos. As leucemias que afetam as células mieloides são chamadas de células mieloides ou mieloblastos. Combinando essas duas classificações, existem quatro tipos mais comuns de leucemia: Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA): LLA e linfoma linfoblástico são tumores agressivos compostos por linfócitos imaturos (linfoblastos), que são vistos principalmente em crianças e adultos jovens. Vários tipos de tumores linfoblásticos são difíceis de distinguir na morfologia, geralmente causam sinais e sintomas semelhantes, e os métodos de tratamento são praticamente os mesmos. Portanto, considere esses tumores juntos. A patogênese, os achados laboratoriais e as características clínicas da LLA são semelhantes à leucemia mieloide aguda (LMA), que é outro tipo de leucemia aguda também muito importante. O principal efeito patogênico observado na leucemia aguda e no linfoma linfoblástico consiste no bloqueio da diferenciação. Essa “parada no processo de maturação” deriva de mutações adquiridas em fatores de transcrição específicos que regulam a diferenciação de progenitores imaturos linfoides ou mieloides. A diferenciação normal das células B, células T e mieloides é regulada por diferentes fatores de transcrição específicos da linhagem; portanto, os genes de fatores de transcrição mutados que são observados nas leucemias agudas derivados de cadauma dessas linhagens são únicos (HEMORIO, 2004). Leucemia Linfoide Crônica (LLC): CLL é um tumor inerte de crescimento lento, indicando que, nesta doença, a alta taxa de sobrevivência das células tumorais é mais importante do que a proliferação celular. De acordo com essa ideia, as células tumorais contêm altos níveis de BCL2, uma proteína que inibe a apoptose. Diferentemente do linfoma folicular, o gene BCL2 não é rearranjado. Algumas evidências sugerem que o BCL2 seja regulado positivamente nas células tumorais em consequência da perda de vários micro-RNAs reguladores codificados no cromossomo 13. Outro aspecto patogênico importante da LLC é a desregulação imune. Através de mecanismos ainda não esclarecidos, o acúmulo de células LLC suprime a função normal das células B, frequentemente resultando em hipogamaglobulinemia. Quando presentes, os autoanticorpos são sintetizados por células B não neoplásicas vizinhas, indicando que as células tumorais de alguma 13 forma prejudicam a tolerância imunológica. Ao longo do tempo, as células tumorais tendem a deslocar os elementos normais medulares, causando anemia, neutropenia e trombocitopenia eventual (HEMORIO, 2004). Leucemia Mieloide Aguda (LMA): A maioria dos genes AML tem mutações que codificam fatores de transcrição necessários para a diferenciação normal da medula óssea. Essas mutações interferem na diferenciação dos precursores das células mielóides, resultando no acúmulo de precursores mieloides (células primordiais) na medula óssea. A translocação na leucemia promielocítica aguda (15; 17) é de particular interesse, resultando na fusão do gene do receptor a do ácido retinóico (RARA) no cromossomo 17 com o gene PML no cromossomo 15. O gene quimérico produz PML / proteína de fusão para bloquear a diferenciação de RARa mieloide no estágio promielocítico, possivelmente em parte por inibir a função dos receptores normais de ácido retinóico. É importante notar que a dose farmacológica de ácido all-trans retinóico (ATRA), um análogo da vitamina A, supera esse bloqueio e induz células tumorais promielocíticas a se diferenciarem rapidamente em neutrófilos. Como os neutrófilos morrem após uma vida útil média de seis horas, o tratamento com ATRA rapidamente extingue o tumor. Algumas das outras mutações implicadas na LMA não apresentam efeitos na diferenciação, entretanto aumentam a proliferação e a sobrevida celular. Um exemplo envolve a FLT3, um receptor da tirosina quinase que é ativado por mutações em alguns subtipos da LMA, inclusive na leucemia promielocítica aguda. Supostas mutações colaboradoras em muitos outros genes da tirosina quinase e no RAS, um oncogene que é mutado em diversas formas de câncer, também foram detectadas (HEMORIO, 2004). Leucemia Mieloide Crônica (LMC): A LMC está sempre associada à presença do gene de fusão BCR-ABL. Em cerca de 95% dos casos, o gene BCR -ABL é resultante de uma translocação (9;22) balanceada que desloca o ABL do cromossomo 9 para uma posição adjacente ao BCR no cromossomo 22. Nos 5% dos casos restantes, o gene de fusão BCR-ABL é criado por rearranjos complexos ou citogeneticamente ocultos envolvendo mais de dois cromossomos. O gene de fusão BCR-ABL está presente nos precursores das células B, granulocíticos, eritroides, megacariocíticos e em alguns casos nos precursores de células T também, indicando que o tumor surge de uma célula progenitora hematopoética transformada. Apesar de o cromossomo Ph ser característico na LMC, ele se encontra também presente em 25% das LLAs de células B adultas e em um pequeno subgrupo de LMAs. O gene BCR-ABL codifica uma proteína de fusão composta de porções do BCR e do domínio tirosina quinase do ABL. Os 14 progenitores mieloides normais dependem de sinais gerados por fatores de crescimento e de seus receptores de crescimento e sobrevida. A dependência dos progenitores da LMC de fatores de crescimento é marcadamente reduzida por sinais constitutivos gerados pelo BCR-ABL, os quais simulam os efeitos da ativação do receptor do fator de crescimento. O curso inicial da doença, marcado por hematopoese excessiva, torna-se muito importante, visto que o BCR-ABL não inibe a diferenciação. Apesar da presença do gene de fusão BCR-ABL em múltiplas linhagens, por motivos ainda obscuros os efeitos pró-crescimento do BCR-ABL encontram-se principalmente restritos às linhagens granulocíticas e megacariocíticas (HEMORIO, 2004). 4- Explicar os sinais e sintomas, correlacionando-os com a patogênese e evolução das leucemias (destacando sua eventual semelhança com outras doenças menos graves). Manifestações clínicas – Leucemias Agudas Os sinais e sintomas da leucemia aguda são geralmente de início rápido, desenvolvendo-se num período de poucas semanas até o máximo de uns poucos meses, e resultam da redução da função normal da medula óssea e da invasão de órgãos normais por blastos leucêmicos. A anemia está presente no diagnóstico na maioria dos pacientes e causa cansaço, palidez e cefaleia, e, nos pacientes predispostos, angina ou insuficiência cardíaca. (GOLDMAN, 2021). Geralmente, encontra-se trombocitopenia, e aproximadamente um terço dos pacientes apresenta sangramento clinicamente evidente no diagnóstico, em geral sob a forma de petéquias, equimoses, sangramento gengival, epistaxe ou hemorragia. A maioria dos pacientes portadores de leucemia aguda se encontra significativamente granulocitopênica no diagnóstico.Em consequência, aproximadamente um terço dos pacientes portadores de LMA e um número ligeiramente menor de pacientes portadores de LLA apresentam, na avaliação inicial, infecções significativas ou que causem risco de morte, a maioria das quais de origem bacteriana.(GOLDMAN, 2021) Além da supressão da função medular, as células leucêmicas podem infiltrar órgãos normais. Em geral, a LLA costuma infiltrar esses órgãos com maior frequência do que a LMA. O aumento dos linfonodos, fígado e baço é comum no momento do diagnóstico. A dor óssea, considerada como resultado da infiltração leucêmica no periósteo ou como expansão da cavidade medular, é uma queixa 15 comum, especialmente nas crianças com LLA. (GOLDMAN, 2021) Por vezes, as células leucêmicas infiltram a pele, resultando num exantema elevado, não pruriginoso, designado como cútis leucêmica. As células leucêmicas podem infiltrar as leptomeninges e causar meningite leucêmica, que se manifesta tipicamente por cefaleia e náuseas. Com a progressão da doença, podem se desenvolver paralisias do sistema nervoso central (SNC) e convulsões. Apesar do fato de menos de 5% dos pacientes com LLA terem envolvimento do SNC no diagnóstico, este é um local frequente de recidiva.(GOLDMAN, 2021) Manifestações clínicas – Leucemias Crônicas Cerca de 40% a 50% dos pacientes diagnosticados com LMC são assintomáticos até que a doença seja encontrada em exames físicos de rotina ou de sangue. O grau de leucocitose correlaciona-se à carga tumoral, definida pelo tamanho esplênico.(GOLDMAN, 2021) Os sintomas de LMC, quando presentes, são devidos à anemia e à esplenomegalia; incluem fadiga, perda de peso, mal-estar, saciedade fácil e dor ou sensação de plenitude no quadrante superior esquerdo. Raramente ocorrem sangramentos (associados à baixa contagem de plaquetas e/ou disfunção de plaquetas) ou trombose (associada à trombocitose e/ou leucocitose acentuada). Outras apresentações raras incluem artrite gotosa (devido a níveis elevados de ácido úrico), priapismo (geralmente com leucocitose ou trombocitose acentuadas), hemorragia de retina, ulceração e sangramento gastrointestinais altos (em razão de altos níveis de histamina pela basofilia). (GOLDMAN, 2021) Dores de cabeça, dores ósseas, artralgias, dor por infarto esplênico e febre são incomuns na fase crônica, porém vão ficando mais frequentes com o progressoda LMC. Os sintomas leucostáticos, tais como dispneia, sonolência, perda de coordenação ou confusão, causados pela aglutinação de células em vasos pulmonares ou cerebrais, são incomuns na fase crônica, apesar de a contagem de leucócitos exceder 50.000 células/μL, embora estes sintomas possam aparecem mais frequentemente nas fases aceleradas ou blásticas.(GOLDMAN, 2021) A esplenomegalia, o sinal físico mais consistente na LMC, ocorre em 50% a 60% dos casos. A hepatomegalia já é menos comum (10% a 20%) e, em geral, de pouca amplitude (1 a 3 cm abaixo da margem costal direita). A linfadenopatia é incomum, assim como a infiltração da pele ou de outros tecidos. Caso presente, esses achados sugerem uma LMC Ph-negativa ou as fases acelerada ou blástica de LMC.(GOLDMAN, 2021) 16 5- Identificar as principais leucemias, suas formas de apresentação e sua epidemiologia, relacionando: tipo de leucemia, faixa etária e prognóstico. A leucemia é uma doença maligna dos glóbulos brancos, geralmente, de origem desconhecida. Tem como principal característica o acúmulo de células doentes na medula óssea, que substituem as células sanguíneas normais (INCA 2008). Na leucemia, uma célula sanguínea que ainda não atingiu a maturidade sofre uma mutação genética que a transforma em uma célula cancerosa. Essa célula anormal não funciona de forma adequada, multiplica-se mais rápido e morre menos do que as células normais. Dessa forma, as células sanguíneas saudáveis da medula óssea vão sendo substituídas por células anormais cancerosas (INCA 2008). Existem mais de 12 tipos de leucemias, sendo que as quatro primárias são leucemia mieloide aguda (LMA), leucemia mieloide crônica (LMC), leucemia linfocítica aguda (LLA) e leucemia linfocítica crônica (CLL)(INCA 2008). . Leucemia Mielóide Aguda (LMA) Éuma doença de natureza maligna, caracterizada pela proliferação anômala dos prercusores granulocíticos da medula óssea. No processo de diferenciação das células pluripotentes(stem –cells) da medula óssea ocorre parada ou dificuldade de maturação, de modo que se acumulam células jovens que nunca chegam ao amadurecimento completo. Como a parada de maturação pode ocorrerem qualquer etapa da granulocitogenese, as células resultantes podem ter aspectos variados, desde formas muito indiferenciadas (blastos), até aspecto bem diferenciado. Essa variação serve de base para a classificação morfológica dos vários tipos de LMA (LORENZI, 2006). A LMA é uma doença que acomete indivíduos de todas as idades e raças. Está presente tanto no sexo masculino como no feminino. Entretanto,tem uma incidência maior de LMA com o aumento da idade, encontrando-se um numero acima de 50% de casos acima de 55 anos. Quanto a raça, verifica-se predomínio da raça branca e, quanto ao sexo, é sido mais frequente homens 60%(LORENZI, 2006). Na síndrome de Down, caracterizada pela trissomia do cromossomo 21(+21), e na anemia de Falconi, por exemplo, há grande risco de desenvolvimento de LMA(LORENZI, 2006). 17 A incidência de leucemia mais de um membro na família também tem sido relatada, podendo ser de um mesmo tipo celular ou não. A origem dessas leucemias é a partir de alterações genéticas que ocorremem células germinativas, as quais associaram outras causas provenientes de influencias ambientais(LORENZI, 2006). Como já visto que a incidência da LMA aumenta com a idade, embora a sobrevida dos pacientes tenha aumentado nas ultimas décadas, devido, principalmente, ao uso da quimioterapia intensiva e aos transplantes, os resultados finais continuam precários(LORENZI, 2006). Isto se verifica, sobretudo, nos pacientes com idade superior aos 55-60 anos, em decorrência de vários fatoresjá bem aceitos, como: -Pequena tolerância dos idosos aos quimioterápicos, devido a alta incidência de -mielodisplasia que acompanha a patologia leucêmica(LORENZI, 2006). -Alta incidência de leucemia secundaria, para qual evolui mielodisplasia; -Aspecto citogenético adverso(LORENZI, 2006). -Expressão aumentada da P-Glicoproteína (P-gp), responsável pela resistência da ação dos quimioterápicos(LORENZI, 2006). Leucemia Mielóide Crônica (LMC) Caracteriza-se como uma proliferação de células mielóidesgranulociticas, que mantêm sua capacidade de diferenciação. É uma doença de origem clonal, surgindo em decorrência de anomalia da célula primordial ou indiferenciada (stem- cell) da medula óssea. O clone anômalo originado dessa célula se expandiu e infiltra o parênquima medular, de modo lento, mas progressivo, em detrimento da proliferação de células normais (LORENZI, 2006). Preferencialmente, a LMC incide na quarta e quinta décadas de vida, predominando ligeiramente no sexo masculino. Muito mais frequente em indivíduos brancos. A LMC raramente incide em indivíduos antes de 20 anos de idade. Na infância e adolescência, a doença tem evolução clínica mais severa, cursando com quadros de hemorragias, que é muito raro na forma adulta (LORENZI, 2006). Atualmente, considera-se importante a presença daqueles dados clínico- laboratoriais associados à identificação de anomalias citogenéticas através dos métodos de genética molecular (LORENZI, 2006). Em 1998 foi proposto um sistema prognóstico para pacientes tratados com interferon alfa.Este esquema considera os seguintes dados (1) idade (> ou< 50 anos); (2) tamanho do baço abaixo do rebordo costal em cm); (4) porcentagem de 18 basófilos e de eosinófilosno sangue e número de plaquetas circulantes (10/9 Litro). Há uma fórmula para obtençãoda soma desses dados e segundo os resultados finais, os pacientes podem ser classificados em: -Baixo risco: 780(LORENZI, 2006). -Risco intermediário: 780 a 1480(LORENZI, 2006). -Alto: 1480(LORENZI, 2006). Considera se de bom prognóstico para resposta à terapêutica tempo de doença inferior ou igual a6 meses e numero de blastos10%. A presença de fibrose medular, de metaplasia, frequentemente traduzida por esplenomegalia, e de outros parâmetrosdinâmicos que revelam grau de proliferaçãoleucêmica são importantes no prognóstico da LMC (LORENZI, 2006). Leucemia Linfoide Crônica A LLC tem origem nas células linfoides maduras, que passam a se multiplicar descontroladamente. Essas células linfoides alteradas em excesso ocupam a medula óssea, prejudicando a produção de tipos celulares normais e, além disso, podem se infiltrar em órgãos linfoides, como o baço e os linfonodos (LORENZI, 2006). A LLC é a mais comum dentre as doenças linfo proliferativas crônicas. Ela corresponde a 30% dos casos de leucemias. Anualmente, a incidência é de 2 a 6 casos a cada 100 mil habitantes, sendo que a incidência é mais alta quando maior a faixa etária analisada(LORENZI, 2006). Costuma acometer pacientes idosos, por volta da faixa etária dos 65 anos, sendo que somente 10% dos casos são de pacientes com menos de 50 anos. A doença é mais prevalente no sexo masculino, em uma proporção de dois homens afetados a cada paciente mulher(LORENZI, 2006). Apesar da etiologia da doença ser desconhecida, supõe-se, pela observação de casos familiares de LLC, que exista algum tipo de predisposição genética para o seu desenvolvimento. Além disso, é sabido que a exposição a agentes químicos e derivadosdo petróleo, como o benzeno e seus derivados, é um fator de risco para o desenvolvimento da doença (LORENZI, 2006). A maioria dos pacientes com LLC é totalmente assintomática, sendo a doença eventualmente descoberta em exames de rotina, por achado de linfocitose importante em hemograma de rotina, o que leva a uma investigação mais apurada. Quando o paciente apresenta sintomas, os mais comuns de serem encontrados são: linfadenopatia generalizada, perda de peso e queixas de cansaço decorrente de anemia. A linfadenopatia caracteriza-se pela presença de pequenos linfonodos palpáveis (em alguns casos podem ser maiores),de 19 consistência fibro-elástica, móveis e indolores, sem sinais flogísticos(LORENZI, 2006). A presença de hepatomegalia é observada em cerca de 50% dos pacientes, assim comoesplenomegalianão volumosa, isto é, o baço encontra-se apenas discretamente aumentado. Pode haver também infiltração leucêmica em outros órgãos, como nas tonsilas, nas meninges e na pele (LORENZI, 2006). Ao contrário da leucemia mieloide crônica, não existe uma única anomaliacromossômica típica da LLC. Mas existem algumas alterações que modificam o prognóstico da doença (del 11q, del 17p observa-se pior prognóstico por baixa resposta às drogas tradicionais) A evolução da doença se dá pelo acúmulo linfócitos B neoplásicos CD5+ clonais na medula óssea, os quais têm uma vida maior que os linfócitos B normais. Em seguida, infiltrando-se em seguida para o sangue periférico e alcançando os linfonodos, baço e fígado(LORENZI, 2006). Há o bloqueio dos linfócitos B neoplásicos em uma fase de diferenciação que impede a sua transformação em plasmócito. Sendo assim, não possuem competência imunológica o paciente torna-se vulnerável a infecções. Isso causa a hipogamaglobulinemia em 25% dos casos, mas, na medida em que a doença avança, acomete a maioria dos pacientes e, consequentemente infecções de repetição por bactérias encapsuladas (S. pneumoniae, H. influenzae), geralmente sinusite e pneumonia. Uma disfunção dos linfócitos T pode ocorrer, acarretando uma deficiência da imunidade celular nas fases mais avançadas da doença (LORENZI, 2006). Os sintomas da LLC podem ser: febre, sudorese noturna, astenia, fadiga, perda ponderal e queda do estado geral (são mais comuns nas fases mais avançadas da doença) e geralmente indicam a ocorrência de complicações como infecção e anemia (LORENZI, 2006). Muitos diagnósticos são feitos na fase assintomática da doença, marcada por uma importante linfocitose no hemograma. É válido lembrar que, linfocitose é definida por mais de 3.000 linfócitos por mm3 de sangue. Já na LLC esse número é maior que 5.000/mm3, podendo atingir 25.000-150.000/mm3 ou ainda, ultrapassar 500.000/mm3 em alguns casos (LORENZI, 2006). A adenomegalia cervical é o achado mais comum depois da linfocitose. Os linfonodos aumentados inicialmente são inferiores a 2 cm, móveis e de consistência elástica, sugerindo benignidade. Evoluindo, posteriormente, para um aumento de tamanho como grandes massas cervicais. Essa adenomegalia pode, ainda, se generalizar e acometer os linfonodos viscerais. Sendo assim, o marco 20 primordial da LLC é a linfocitose acentuada somada a adenomegalia (LORENZI, 2006). No exame físico pode ser evidenciado além da adenomegalia, esplenomegalia em 40% dos casos, hepatomegalia em 10% e, raramente, derrame pleural e ascite que é um sinal de doença avançada(LORENZI, 2006). Uma anemia normocítica normocrômica hipoproliferativa pode ser encontrada em 20% dos pacientes, e a plaquetopenia em 10%. Alterações que são sinais de mau prognóstico, uma vez que indicam maior ocupação medular pelo clone neoplásico. Já, uma anemia hemolítica autoimune por anticorpo IgG pode ocorrer em 10% dos casos em algum momento da doença. É o diagnóstico mais provável quando a anemia se instala de forma abrupta, associada à icterícia por elevação da bilirrubina indireta e reticulocitose no sangue periférico (LORENZI, 2006). Uma complicação geralmente fatal da LLC é a síndrome de Richter, descrita em 5% dos casos. Trata-se de uma transformação neoplásica da LLC em um linfoma não Hodgkin agressivo, geralmente o linfoma B difuso de grandes células. O paciente evolui com grandes massas linfonodais de crescimento rápido, febre, emagrecimento e acometimento extra nodal. A sobrevida média é de poucos meses, pois a resposta à quimioterapia é precária (LORENZI, 2006). O estadiamento é baseado no exame físico e hemograma sendo utilizados: linfadenopatia, hepatoesplenomegalia, anemia, plaquetopenia. O mais utilizado é o estadiamento de Rai exemplificado na tabela abaixo: (LORENZI, 2006). Outro parâmetro que pode orientar o prognóstico da LLC é o padrão de infiltração linfocítica da medula óssea. Sendo: padrão difuso (35% dos casos), associado à doença avançada e mau prognóstico; padrão não difuso (40% dos casos), que pode ser nodular ou intersticial, associado a um melhor prognóstico; e (3) padrão misto (LORENZI, 2006). Leucemia Linfoide Aguda (LLA) 21 Na LLA são os linfoblastos células muito jovens da linhagem linfoide que começam a multiplicar-se de forma descontrolada na medula óssea sendo, sua evolução, bastante rápida. É a leucemia mais comum na infância (90% dos casos), há um pico de incidência entre 2-10 anos (maior aos quatro anos) sendo, predominante em brancos e do sexo masculino (57%). A LLA infantil responde muito bem à quimioterapia, com chance de cura em torno de 90%. Ao contrário do adulto, a qual apresenta pior prognóstico, com uma taxa de cura de apenas 25 a 40% (LORENZI, 2006). Classificação: a LLA é classificada de acordo com: - A morfologia das células leucêmicos sendo, os subtipos (L1, L2 e L3). A identificação do subtipo é um fator importante no planejamento do tratamento, como medicamentos, as combinações e dosagens de quimioterápicos, tempo de duração e até mesmo se há ou não necessidade de um transplante de células-tronco hematopoiéticas (LORENZI, 2006). Imunofenotipagem identifica-se o tipo de linfócito afetado, B ou T, através dos marcadores celulares, e também o estágio de maturação emque as células se encontram o que é muito valioso para definição do prognóstico do paciente (LORENZI, 2006). Citogenética, identifica-se alterações genéticas presentes especificamente nas células alteradas, o que também auxilia no prognóstico. Na LLA, anormalidades cromossômicas são encontradas em 60 a 80% dos adultos e em cerca de 90% das crianças. A hiper ploidia descreve um número de cromossomos superior a 46 (que pode chegar a > 60), e é uma alteração típica da forma infantil desta leucemia, indicando bom prognóstico. Em contrapartida, a translocação t (9;22) – ou cromossomo Filadélfia – e as translocações t (4;11), t (8;14) e t (1;19) denotam prognóstico reservado, sendo mais comuns nos adultos. A translocação t (12;21) é a única translocação de bom prognóstico, sendo a anormalidade citogenética mais comum nas crianças, porém rara em adultos(LORENZI, 2006). O quadro clínico é caracterizado por: Anemia, apresentando palidez, fraqueza e cansaço, e hemorragias, principalmente na pele e em mucosas. Em 1/3 dos casos, há febre e sudorese noturna, associados ao não a quadro infeccioso.(LORENZI, 2006). Artralgia e dores ósseas, devido à distensão do periósteo sob a ação do infiltrado leucêmica. Em decorrência da infiltração ou de hemorragias no sistema nervoso central, pode haver confusão mental, cefaleia e compressão de nervos cranianos, sobretudo dos pares VI e VII. Esses sintomas também podem ser decorrentes da presença exagerada de blastos na circulação, chamada de 22 síndrome de leucostase (LORENZI, 2006). Adenomegalias (presentes em 49% dos casos), hepatomegalia (em 35% das vezes), esplenomegalia (44%), presença de massa mediastinal, normalmente associada à proliferação de células T (15%) e leucemia testicular (em 0,3% dos pacientes). Diagnóstico usa o critério de presença de linfoblastos na medula óssea em proporção ≥ 25% do total de células nucleadas (LORENZI, 2006). No hemograma: leucocitose com presença de blastos, leucopenia e pancitopenia (LORENZI, 2006). No mielograma: presença de mais de 20% de blastos (LORENZI, 2006). 6- Descrever exames utilizados para o diagnostico e estadiamento de leucemias Leucemia Mieloide Crônica (LMC) Exames para diagnostico Hemograma: a doença provoca aumento significativo dos glóbulos brancos, e também pode atingir os glóbulosvermelhos e as plaquetas, e essas alterações serão constatadas neste exame. O aumento do baço, comum a alguns pacientes, também pode ser verificado em exames clínicos e de imagem. Mielograma ocorre quando uma amostra de sangue da medula óssea é retirada por meio de uma agulha. É um exame de grande importância para o diagnóstico (análise das células) e para a avaliação da resposta ao tratamento, indicando se, morfologicamente, essas células leucêmicas foram erradicadas da medula óssea (remissão completa medular). Esse exame é feito sob anestesia local e consiste na aspiração da medula óssea seguida da confecção de esfregaços em lâminas de vidro, para exame ao microscópio. Os locais preferidos para a aspiração são a parte posterior do osso ilíaco (bacia) e o esterno (parte superior do peito). Durante o tratamento são feitos vários mielogramas. Os exames de citogenética, como o cariótipo, são fundamentais, pois avaliam especificamente os cromossomos (a busca é pelo cromossomo Philadelphia para fechar o diagnóstico). FISH (Hibridização Fluorescente in situ) é outro tipo de exame que avalia os cromossomos, e detecta as alterações pequenas não visualizadas. Há ainda o teste molecular de reação em cadeia da polimerase (PCR), utilizado para o diagnóstico e acompanhamento da doença. Ele mede, no 23 sangue ou medula óssea, a quantidade do gene de fusão causador deste tipo de câncer, o BCR-ABL. **De todos estes exames, o único que não está disponível no Sistema Único de Saúde é o FISH. Porém, ele pode ser feito com o plano de saúde. Estadiamento A leucemia mieloide crônica é uma doença da medula óssea e não segue um sistema de estadiamento como a maioria dos cânceres. O prognóstico de um paciente com leucemia mieloide crônica depende de outras informações, como estágio da doença, idade, exames de sangue e valores sanguíneos e comprometimento do baço. Fases da Leucemia Mieloide Crônica A leucemia mieloide crônica é dividida em 3 grupos, baseada principalmente no número de glóbulos brancos imaturos (mieloblastos): Fase Crônica Os pacientes nesta fase têm menos do que 10% de blastos nas amostras de sangue ou medula óssea. Estes pacientes geralmente apresentam sintomas leves (se existirem) e geralmente respondem ao tratamento padrão. A maioria dos pacientes é diagnosticada na fase crônica. Fase Acelerada Os pacientes são considerados em fase acelerada, se qualquer um dos seguintes for verdadeiro: 1. Amostras de sangue ou da medula óssea com mais de 10% e menos do que 20% de blastos. 2. Alta taxa de basófilos no sangue (pelo menos, 20% das células brancas do sangue). 3. Alta taxa de glóbulos brancos, que não diminui com o tratamento. 4. Contagem de plaquetas muito alta ou muito baixa, não causadas pelo tratamento. 5. Novas alterações cromossômicas nas células leucêmicas. Os pacientes com leucemia mieloide crônica em fase acelerada podem apresentar sintomas como febre, falta de apetite e perda de peso. FaseBlástica A medula óssea e as amostras de sangue de um paciente nesta fase têm mais de 20% de blastos. As células blásticas frequentemente se espalham para tecidos e órgãos além da medula óssea. Esses pacientes geralmente apresentam 24 sintomas, como febre, falta de apetite e perda de peso. Leucemia Linfoide Crônica (LLC) Exames para diagnostico Hemograma Mielograma Biópsia da medula (quando é retirado, com uma agulha, um pequeno fragmento da região da medula óssea) que irão mostrar as características dos glóbulos brancos. Os testes de imunofenotipagem e de citogenética (cariótipo), feitos com uma pequena amostra de sangue, irão analisar as células de maneira bem específica e serão os responsáveis pelo diagnóstico do tipo da leucemia – no caso, a leucemia linfoide crônica. O FISH A citometria de fluxo pode ser outra opção pedida pelo médico, para revelar a presença da leucemia linfoide crônica, pois este aparelho consegue medir de maneira individual milhares de células. Em raros casos, o paciente pode apresentar aumento nos gânglios linfáticos (carocinhos, que aparecem na região da virilha, pescoço e axilas). Se isso ocorrer, o médico deverá pedir uma biópsia do gânglio, para uma melhor avaliação. Estadiamento O estadiamento da maioria dos tipos de cânceres atribui estágios numerados para descrever sua extensão, com base no tamanho do tumor e na probabilidade de disseminação. A leucemia linfocítica crônica por outro lado, normalmente não forma massas tumorais, mas geralmente afeta toda a medula óssea e, em muitos casos, pode se espalhar para outros órgãos, como o fígado, baço e gânglios linfáticos. Por conseguinte, a perspectiva para o paciente com leucemia linfoide crônica depende de outras informações, como subtipo da leucemia linfoide crônica, idade, e resultados de exames de laboratório. Um sistema de estadiamento é a maneira padronizada para que todos os membros de uma equipe multidisciplinar entendam de imediato a extensão da doença. 25 Existem 2 sistemas utilizados na LLC: Sistema Rai e o Sistema Binet. Sistema de Estadiamento Rai O sistema RAI divide a leucemia linfoide crônica em 5 estágios: Estágio Rai 0 – Linfocitose (contagem de linfócitos no sangue muito elevada). Estágio Rai I – Linfocitose mais linfonodos aumentados. O baço e o fígado não estão aumentados e glóbulos vermelhos e plaquetas normais. Estágio Rai II – Linfocitose e aumento do baço (e, possivelmente, aumento do fígado), com ou sem aumento dos gânglios linfáticos. Glóbulos vermelhos e plaquetas normais. Estágio Rai III – Linfocitose mais anemia, com ou sem aumento dos gânglios linfáticos, baço ou fígado. Plaquetas normais. Estágio Rai IV – Linfocitose mais trombocitopenia, com ou sem anemia, aumento dos gânglios linfáticos, baço ou fígado. Para fins práticos, os médicos separam os estágios Rai em 3 grupos: Estágio 0 – Risco baixo. Estágio I e II – Risco intermediário. Fases III e IV – Risco alto. Sistema de Estadiamento Binet No sistema de estadiamento Binet, a leucemia linfoide crônica é classificada pelo número de grupos de tecido linfoide afetados (linfonodos cervicais, linfonodos inguinais, linfonodos axilares, baço e fígado) e pelo fato do paciente apresentar anemia ou trombocitopenia: Estágio Binet A – Menos do que 3 áreas de tecido linfoide aumentadas, sem anemia ou trombocitopenia. Estágio Binet B – 3 ou mais áreas de tecido linfoide aumentadas, sem anemia ou trombocitopenia. Estágio Binet C – Anemia ou trombocitopenia presente. Leucemia Mieloide Aguda (LMA) Exames para diagnostico Hemograma Mielograma 26 O cariótipo, exame responsável pelo estudo das alterações cromossômicas, deve ser feito para uma melhor classificação da LMA. FISH (Hibridização Fluorescente in Situ). Abreviatura de reação em cadeia da polimerase, o PCR quantitativo também tem sido uma importante ferramenta para o diagnóstico da doença. Os exames de citogenética, imunofenotipagem e biologia molecular, feitos com uma amostra de sangue do paciente, também são importantes, pois, de forma geral, avaliam especificamente os cromossomos. Outro fator comum é o aumento do tamanho do baço e do fígado. O uso de anticorpos monoclonais (proteínas usadas pelo sistema imunológico para identificar e neutralizar corpos estranhos como bactérias, vírus ou células tumorais. Estadiamento A leucemia mieloide aguda por outro lado, normalmente não forma massas tumorais, mas geralmente afeta toda a medula óssea e, em muitos casos, pode se espalhar para outros órgãos, como o fígado, baço e gânglios linfáticos. Por conseguinte, a perspectiva para o paciente com LMA depende de outras informações, como: subtipo da leucemia, idade e resultados de exames de laboratório. É importante saber o subtipo da leucemia mieloideaguda, uma vez que influencia na escolha do tipo de tratamento e no prognóstico do paciente. Os principais sistemas utilizados para estadiar a leucemia mieloide aguda são o sistema de estadiamento britânico-americano-francês e o mais recente o sistema de estadiamento da Organização Mundial de Saúde (OMS). Sistema de Estadiamento Britânico-Americano-Francês Na década de 1970, um grupo de especialistas franceses, americanos e britânicos dividiram a leucemia mieloide aguda em subtipos, M0 a M7, com base no tipo de célula em que a leucemia se desenvolve e o grau de maturidade das células. Os subtipos M0 a M5 se iniciam em formas imaturas dos glóbulos brancos. O subtipo M6 começa em formas muito imaturas dos glóbulos vermelhos, enquanto o M7 começa em formas imaturas das células produtoras das plaquetas. O sistema de classificação FAB é útil e ainda é comumente utilizado para agrupar a leucemia mieloide aguda em subtipos. Mas, ele não leva em conta muitos fatores conhecidos, atualmente, por influenciar no prognóstico do paciente. 27 Sistema de Estadiamento da Organização Mundial da Saúde A Organização Mundial da Saúde (OMS) desenvolveu um sistema mais novo que inclui alguns desses fatores para obter um melhor estadiamento da leucemia mieloide aguda. O sistema de estadiamento da OMS divide a leucemia mieloide aguda em vários grupos: Leucemia Mieloide Aguda com Anormalidades Genéticas Leucemia mieloide aguda com uma translocação entre os cromossomos 8 e 21. FAB Nome M0 Leucemia mieloblástica aguda indiferenciada M1 Leucemia mieloblástica aguda com maturação mínima M2 Leucemia mieloblástica aguda com maturação M3 Leucemia promielocítica aguda M4 Leucemia mielomonocítica aguda M4 eos Leucemia mielomonocítica aguda com eosinofilia M5 Leucemia monocítica aguda M6 Leucemia eritroide aguda M7 Leucemia megacarioblástica aguda 28 Leucemia mieloide aguda com uma translocação ou inversão no cromossomo 16. Leucemia mieloide aguda com uma translocação entre os cromossomos 9 e 11. Leucemia profolítica aguda (M3) com uma translocação entre os cromossomos 15 e 17. Leucemia mieloide aguda com uma translocação entre os cromossomos 6 e 9. Leucemia mieloide aguda com uma translocação ou inversão no cromossomo 3. Leucemia mieloide aguda com uma translocação entre os cromossomos 1 e 22. Leucemia Mieloide Aguda com alterações relacionadas à Mielodisplasia Leucemia Mieloide Aguda relacionada a Quimioterapia ou Radioterapia Prévia Leucemia Mieloide Aguda não Especificadas Leucemia mieloide aguda com diferenciação mínima (M0). Leucemia mieloide aguda sem maturação (M1). Leucemia mieloide aguda com maturação (M2). Leucemia mielomonocítica aguda (M4). Leucemia monocítica aguda (M5). Leucemia eritróide aguda (M6). Leucemia megacarioblástica aguda (M7). Leucemia basofílica aguda. Leucemia mieloide aguda com fibrose. Sarcoma Mieloide ou Sarcoma Granulocítico ou Cloroma Proliferações Mieloides relacionadas com a Síndrome de Down Leucemias Agudas Indiferenciadas e Bifenotípica Leucemia Linfoide Aguda (LLA) Exames para diagnostico Hemograma 29 Mielograma Biópsia da medula O exame de citogenética Imunofenotipagem, Caso o médico desconfie de um envolvimento do sistema nervoso central, ele também pode solicitar um estudo líquido da espinha (líquor). O aumento do baço e fígado, comum a alguns pacientes com LLA, devem ser analisados por meio de exames de imagens, como a ultrassonografia. Para descobrir se o paciente apresenta o cromossomo Philadelphia, o médico poderá pedir o FISH (Hibridização Fluorescente in situ) e o PCR (reação em cadeia da polimerase). Estadiamento A leucemia linfocítica aguda por outro lado, normalmente não forma massas tumorais, mas geralmente afeta toda a medula óssea e, em muitos casos, pode se espalhar para outros órgãos, como o fígado, baço e gânglios linfáticos. Por conseguinte, a perspectiva para o paciente com leucemia linfoide aguda depende de outras informações, como subtipo de LLA, idade, e resultados de exames de laboratório. Diferentes sistemas são utilizados para classificar a leucemia linfoide aguda em subtipos. Classificação Francesa-Americana-Britânica (FAB) Na década de 1970, um grupo de franceses, americanos e britânicos (FAB), especialistas em leucemia dividiram a leucemia linfoide aguda em três subtipos (L1, L2 e L3), baseados na maneira como suas células eram vistas ao microscópio após coloração de rotina. Este sistema foi substituído em função dos novos exames de laboratório que permitem uma classificação da leucemia linfoide aguda com mais precisão. Classificação baseada no Imunofenótipo Os exames de citogenética, citometria de fluxo, e outros exames de laboratório fornecem informações detalhadas sobre o subtipo de leucemia linfoide aguda e o prognóstico do paciente, o que permite classificar a leucemia linfoide aguda em grupos com base no imunofenótipo da leucemia, levando em conta o tipo de 30 linfócitos (células B ou T) e a maturação das células leucêmicas. Os subtipos da leucemia linfoide aguda são: Provenientes dos tipos de linfócitos (células B ou células T). Maturidade das células leucêmicas. Estes grupos têm substituído em grande parte a classificação FAB. Os subtipos de leucemia linfoide aguda são atualmente denominados como: Leucemia Linfoide Aguda de Células B Leucemia linfoide aguda precoce B (10% dos casos). Leucemia linfoide aguda comum (50% dos casos). Leucemia linfoide aguda pré B (10% dos casos). Leucemia linfoide aguda B maduras, subtipo linfoma/leucemia de Burkitt (4% dos casos). Leucemia Linfoide Aguda de Células T Leucemia linfoide aguda pré T (5% a 10% dos casos). Leucemia linfoide aguda T maduras (15% a 20% dos casos). 7- Identificar as principais formas do tratamento das leucemias e suas indicações. Neste objetivo será abordado o tratamento de algumas formas de leucemias, já que existem mais tipos de leucemia, os quatro primários são leucemia mieloide aguda (LMA), leucemia mieloide crônica (LMC), leucemia linfocítica aguda (LLA) e leucemia linfocítica crônica (CLL). O objetivo do tratamento é destruir as células leucêmicas para que a medula óssea se estabiliza e volte a produzir células normais (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014). Leucemia mieloide aguda (LMA) O tratamento é composto por quimioterapia, transplante de células-tronco hematopoéticasalogênico (alo-TCTH) ou autólogo (auto- TCTH). A indicação de quimioterapia é para todos, enquanto os transplantes são indicações adicionais principalmente nos casos de prognóstico intermediário ou desfavorável (considerando também o Sistema Europeu de Prognóstico Leukemia Net – ELN); o transplanteauto-TCTH é reservado para o paciente que atingiu resposta 31 molecular após recaída da leucemia do subtipo promielocítica aguda (LPMA). A utilização de antibioticotrerapia e de hemoterapia (concentrado de hemácias para anemia e transfusão de plaquetas) quando necessário é de grande importância para a sobrevida do paciente (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014). O tratamento é longo e envolve fases de indução e consolidação; inicia-se com quimioterapia de indução de remissão, objetivando atingir remissão completa da leucemia – RC (medula óssea com menos de 5% de mieloblastos e, no sangue periférico, neutrófilos acima de 1.000/mm3 e plaquetas acima de 100.000/mm3) para o controle da hematopoese e restauração do estado normal da medula óssea; após isto há a terapia de pós-remissão para erradicar a doença residual mínima (DRM). Para ser considerado potencialmente curado, o paciente deve permanecer em remissão completa pelo período de 2 a 3 anos, quando, então, o risco de recaída da LMA diminui seguramente para menos de 10% (MINISTÉRIODA SAÚDE, 2014). Terapia de indução A fase de indução de remissão é composta por um esquema terapêutico padrão, denominado “protocolo 7+3”, por se tratarem de três dias de antraciclina (ou daunorrubicina ou idarrubinia ou mitoxantrona) e sete dias de citosina arabinosídio (protocolo "7 + 3"). Devido ao caráter do tratamento há um período de pancitopenia grave de 3 a 4 semanas (redução do número de eritrócitos, leucócitos e plaquetas no sangue periférico abaixo dos limites inferiores da faixa normal ajustada à idade para pessoas saudáveis), no qual é de desenvolvida uma conduta terapêuticade suporte, até mesmo em unidade de tratamento intensivo, se necessário (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014). É importante destacar que é preconizado exame de medula óssea após uma semana do termino da conduta quimioterápica a fim de avaliar a presença de células leucêmicas residuais, caso sejam presentes realiza-se um segundo curso quimioterápicos com doses ainda mais elevadas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014). Terapia de consolidação Ao considerar a porcentagem de pacientes que recidivam durante o primeiro ano (50%), estabeleceu-se a terapia pós-remissão para retardar ou impedir tal acontecimento; assim se faz pelo menos três ciclos repetitivos de 32 citosina arabinosídio em altas doses (HiDAC). Em casos que ocorra a recidiva, deve-se realizar a indução de remissão com esquemas diferentes da primeira indução (mitoxantrona, vepesido ou fludarabina) e da possibilidade de consolidação com TCTH (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014). Salienta-se ainda que devido a apresentação distinta e identificação clínica separada da leucemia promielocítica aguda (LPMA), o esquema terapêutico é ainda mais criterioso e conta com uma fase de terapia de manutenção. A LPMA é sensível à daunorrubicina e à idarrubicina e é especialmente sensível ao ácido transretinoico (ATRA) que age induzindo a maturação das células blásticas, levando à remissão completa e à resolução do distúrbio de coagulação. Quando em remissão, realiza-se terapia de consolidação com três cursos de idarrubicina e ATRA(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014). Em casos de acometimento do sistema nervoso central (menos de 5% dos pacientes adultos) deve-se administrar intratecalmente40mg a 50mg de citarabina, duas a três por semana, até o desaparecimento das células blásticas do líquor, após isto ainda se faz mais três injeções citarabina(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014). Leucemia mieloide crônica A história natural da LMC é classicamente compreendida em três fases: crônica inicial e progressiva (duração média de 4 a 5 anos), fase de transformação (acelerada) de duração variável e; fase terminal, blástica (aguda)(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014). As manifestações no sangue periférico durante fase crônica podem ser temporariamente controladas por quimioterapia com, por exemplo, bussulfano, hidroxiureia ou alfa-interferona, mas sem alterar a evolução natural da doença na maioria dos doentes. Enquanto os medicamentos inibidores de tirosinoquinases (ITQ), como os mesilato de imatinibe, dasatinibe e nilotinibe, permitem melhor resultado terapêutico, obtendo retardo duradouro na progressão da doença, permitindo maior sobrevida.Em contraste com a LMA, no caso da LMC a única alternativa terapêutica com possibilidade de cura é o transplante de células-tronco hematopoéticasalogênico (TCTH-AL), a qual é reservada para a falha ao tratamento medicamentoso em fase crônica ou de transformação, ou na reversão da fase blástica para uma destas. Não é recomendado o transplante de células- tronco hematopoéticas autólogas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014). 33 O tratamento medicamentoso da LMC de acordo com o Ministério da Saúde (2014) deve ser feito observando-se a fase da doença, finalidade do tratamento e critérios objetivos de segurança e eficácia, consistindo em: Hidroxiureia - empregada paracitorredução inicial ou paliativa, podendo ser utilizada em todas as fases da LMC. Alfa-Interferona Usa-se na fase crônica, em doentes responsivos que permanecem em remissão com o uso deste fármaco, Ou ainda quando houver contra-indicação para uso de ITQ (neste caso pode ou não fazer associação à citarabina), como na gravidez, na falha terapêutica ao uso de ITQ e na impossibilidade ou contraindicação de TCTH-AL; O tratamento permite redução ou estabilidade da mielofibrose associada à LMC. Mesilato de Imatinibe (tratamento de primeira linha) Controle da doença nas fases crônica, de transformação e blástica, em doentes sem tratamento prévio com inibidor de tirosinoquinases,ou seja, inclui até mesmo aqueles não responsivos à alfa-interferona ou que são candidatos a TCTH-AL ou ainda que já realizaram o transplante e apresentam recidiva citogenética ou hematológica; Deve ser iniciado o mais precocemente possível, na dose preconizada para a fase correspondente, após o diagnóstico de LMC ou após falha ao tratamento com interferona, havendo vantagem com o escalonamento de dose no caso de resposta terapêutica inicial inadequada Dasatinibe(segunda linha) Tratamento de escolha para o controle da doença nas fases crônica, de transformação e blástica, em doentes que apresentaram falha terapêutica ou intolerância ao uso do mesilato de imatinibe ou do nilotinibe e não houver possibilidade ou indicação de TCTH-AL; Nilotinibe (segunda linha) 34 Escolha terapêutica para todas as fases da doença recomendada para os pacientes que apresentaram falha terapêutica ou intolerância ao uso domesilato deimatinibe ou do dasatinibe e não houver condições clínicas para TCTH-AL. Critérios de falha terapêutica (o tratamento medicamentoso deve ser modificado sempre que houver falha terapêutica quando apresentar um dos critérios)(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014): Ausência de resposta hematológica completa, em três meses; Ausência de resposta citogenética (acima de 95% de metáfases com cromossoma Philadelphia), em 06 meses; Ausência de resposta citogenética parcial (acima de 35% de metáfases com cromossoma Philadelphia), em 12 meses; Ausência de resposta citogenética completa (presença de metáfases com cromossoma Philadelphia), em 18 meses; Quando houver perda da resposta hematológica completa ou de resposta citogenética completa/molecular completa obtida anteriormente. Fonte: Ministério da Saúde (2014) Leucemia linfoide aguda (LLA) 35 Em semelhança a Leucemia mieloide aguda (LMA), existem três fases de tratamento quimioterápico que são mais comuns: indução, consolidação (ou intensificação) e manutenção. Há diferença na terapêutica da LLA com cromossomo Philadelphia positivo – t(9, 22) + (ABRALE, 2020). Terapia de indução Fase inicial da quimioterapia que deve considerar as características da leucemia, saúde geral do paciente e idade a fim de escolher a medicação e dosagem adequadas. Objetivando atingir remissão completa da leucemia – RC (medula óssea com menos de 5% de blastos, não há blastos no sangue periférico, contagem de células sanguíneas normal e ausência de sintomas da LLA) para o controle da hematopoese e restauração do estado normal da medula óssea; após isto há a terapia de pós-remissão para erradicar a doença residual mínima (DRM). Caso os blastos ainda sejam evidentes após o primeiro ciclo de quimioterapia de indução, indica-se a realização de um segundo ciclo com diferentes quimioterápicos. Ademais, a gravidade da doença e os efeitos colaterais da terapia de indução podem levar a um período de internação de quatro a seis semanas(ABRALE, 2020). Os medicamentos utilizados nesta fase incluem: vincristina, antraciclinas (daunorrubicina, doxorrubicina, mitoxantrona e idarubicina) e corticosteroides (prednisona, dexametasona), administrados com ou sem asparaginase e/ou ciclofosfamida.Inibidores da tirosina quinase (em leucemias com cromossomo Philadelphia positivo) -mesilato de imatinibe, dasatinibe,nilotinibe, bosutinibe e ponatinibe(ABRALE, 2020). Deve-se administrar terapia de profilaxia em todas as fases, a fim de impedir o desenvolvimento de acometimento do sistema nervoso central, para tal háa quimioterapia intratecal com metotrexato, citarabina e dexametasona; a quimioterapia sistêmica em altas doses (para atravessar a barreira hematoencefálica) com metotrexato, citarabina, dexametasona 6-mercaptopurina e asparaginase; e a irradiação craniana (radioterapia), há ressalva nesta última, pacientes pediátricos a exceção daqueles com leucemia do SNC ou recidiva do SNC não se realiza irradiação (ABRALE, 2020). Terapia de consolidação 36 Inicia-se ao constatar remissão completa e utiliza-se quimioterápicos combinados em doses ainda mais intensas em comparação àquelas utilizadas na indução por um período de quatro a seis meses, para que se elimine toda e qualquer célula leucêmica remanescente. Exemplos dos fármacos utilizados incluem metotrexa, citarabina, vincristina, 6-mercaptopurina, blinatumomabe, inotuzumabeozogamicina, ciclofosfamida, asparaginase e até corticosteroides como a prednisona e a dexametasona(ABRALE, 2020). Manutenção Terceira fase do tratamento quimioterápico, já a nível ambulatorial, e objetiva impedir que a leucemia recidiva, deste modo dura por um período médio de dois anos, entre os fármacos usados há alguns que já foram utilizados anteriormente, mas agora são em doses baixas. Exemplos: 6-mercaptopurina diariamente, metotrexato semanalmente, vincristina e corticosteroides (prednisona, dexametasona) (ABRALE, 2020). Outras formas de tratamento além da quimioterapia e da já citada utilização de inibidores de tirosina quinase, são imunoterapia com anticorpos monoclonais (Blinatumomabe que é contra o CD 19 e Inotuzumabeozogamicina - contra CD 22) ou ainda, para alguns pacientes há a opção de transplante, seja ele alôgenico ou autólogo (ABRALE, 2020). Leucemia linfoide crônica (LLC) De acordo com CHIATONNE (2005) as opções de tratamento são amplas, pois a decisão de tratar o paciente é orientada pelo estádio clínico, pela presença de sintomas e pelos sinais de atividade da doença, além de que em casos de estádio inicial, não há maiores benefícios de se realizar quimioterapia, implicando toxicidade desnecessária ao paciente. Assim as condutas terapêuticas possíveis incluem observação periódica do paciente sem medicação específica, agentes alquilantes (clorambucil, bendamustina e ciclofosfamida), corticosteróides, análogos de purina(fludarabina, pentostatina e cladribina), quimioterapia combinada, anticorpos monoclonais, quimioimunoterapia e transplante(ABRALE, 2020). Quimioterapia 37 Indicação de tratamento imediato, após o diagnóstico, em caso de pacientes com estádio avançado (Rai III e IV ou Binet B e C). A quimioterapia pode utilizar fármacos isolados ou associações, alguns exemplos são bendamustina, ciclofosfamida, clorambucila, fludarabina, cladribina, prednisona edexametasona(ABRALE, 2020; CHIATONNE, 2005) Imunoterapia Pode-se utilizar anticorpos monoclonais que axiliam a identificação e destruição das células cancerígenas pelo próprio organismo, alguns exemplos são os anticorpos contra o CD 20 (Rituximabe, Obinutuzumabe e Ofatumumabe) e Alentuzumabe (anti-CD52) (AMERICAN SOCIETY OF CLINICAL ONCOLOGY, 2017) Inibidor de tirosinaquinase Ibrutinibe e Acalabrutinide - inibidores da tirosinoquinase de Bruton (BTK) De acordo com a ABRALE (2020) há ainda a opção de transplante de medula óssea (TMO), processo precedido de quimioterapia em altas doses para destruição da medula do paciente, com posterior substituição por meio do transplante. 8- Descrever a funcionalidade da série branca no sangue. Conceituar “Desvio à Esquerda”. A série branca do sangue consiste nos leucócitos que abrange os monócitos, linfócitos e granulócitos cuja as funções se diferem, sendo os granulócitosresponsáveis por fagocitar e matar muitos tipos de micro-organismos e para a reação tecidual inflamatória associada, os linfócitos para as respostas imunes humorais e celulares do organismo a antígenos e os monócitos para a fagocitose e destruição de certos tipos de micro-organismos e na resposta imune, sendo componente do sistema fagocitário mononuclear.(LORENZI, 2006). Normalmente tem-se de 4.000 a 11.000 células/mcl de leucócitos sendo 60% delas neutrófilos maduros e quando superior a isso temos um caso de 38 leucocitose e quando temos mais de 8.000 células/mclde neutrófilos é considerada neutrofilia que pode estar relacionado ao desvio à esquerda que tem essa denominação pela forma como é apresentado no hemograma que é na esquerda e consiste no aumento de células imaturas granulocíticas como mielócitos e metamielócitos, ou uma concentração de bastonetes (neutrófilos jovens) maior que 10% da concentração dos netrófilos segmentados (maduros), isso acontece mais frequentemente em quadros infecciosos e inflamatórios e em pacientes com doenças mieloproliferativas crônicas. Esse desvio a esquerda acontece quando somos infectados por bactérias por exemplo e o sistema imunológico para controlar isso libera o mais rápido possível neutrófilos não dando tempo de maturação dos mesmos deixando a concentração de bastões maior que 4% a 5% que caracteriza um desvio a esquerda. Portanto, desvio à esquerda no hemograma é um sinal de produção aumentada de neutrófilos, o que, na maioria dos casos, indica um processo infeccioso agudo em curso.(LORENZI, 2006). 9- Estudar a formação da série vermelha do sangue. As hemácias iniciam suas vidas, na medula óssea, por meio de tipo único de célula referido como célula-tronco hematopoéticapluripotente, da qual derivam todas as células do sangue circulante (GUYTON, A. C.; HALL, J. E., 2017). O crescimento e a reprodução das diferentes células-tronco são controlados por múltiplas proteínas, denominadas indutores de crescimento. A formação dos indutores de crescimento e de diferenciação é, por sua vez, controlada por fatores externos à medula óssea. Por exemplo, no caso de hemácias (células da linhagem vermelha), a exposição do sangue a baixas concentrações de oxigênio, por longo período, resulta na indução do crescimento, da diferenciação e da produção de número muito aumentado de hemácias (GUYTON, A. C.; HALL, J. E., 2017). A primeira célula que pode ser identificada como pertencente à linhagem vermelha é o proeritroblasto. Na presença de estimulação apropriada, grande número dessas células é formado por células-tronco CFU-E (GUYTON, A. C.; HALL, J. E., 2017). Uma vez formado o proeritroblasto, ele se divide por diversas vezes, até por fim formar muitas hemácias maduras. As células da primeira geração são denominadas eritroblastos basófilos, por se corarem com substâncias básicas; nesse estágio, a célula só acumula pequena quantidade de hemoglobina 39 (GUYTON, A. C.; HALL, J. E., 2017). Nas gerações sucessivas, as células ficam cheias com hemoglobina, na concentração de cerca de 34%; o núcleo se condensa até tamanho muito pequeno e seu resíduo final é absorvido ou excretado pela célula. Ao mesmo tempo, o retículo endoplasmático também é reabsorvido. A célula nesse estágio é designada reticulócito, por ainda conter pequena quantidade de material basofílico, consistindo em remanescentes do aparelho de Golgi, das mitocôndrias e de algumas outras organelas citoplasmáticas (GUYTON, A. C.; HALL, J. E., 2017). Durante esse estágio de reticulócito, as células saem da medula óssea, entrando nos capilares sanguíneos por diapedese (modificando sua conformação para passar pelos poros das membranas capilares)(GUYTON, A. C.; HALL, J. E., 2017). O material basófilo remanescente do reticulócito, normalmente, desaparece de 1 a 2 dias e, a partir daí, a célula passa a ser referida como hemácia madura. Devido ao curto períodode vida dos reticulócitos, sua concentração, entre as outras células da linhagem vermelha do sangue, é, em condições normais, de pouco menos que 1% (GUYTON, A. C.; HALL, J. E., 2017). 10- Entender a relação entre tumor e hospedeiro, considerando a imunologia tumoral Entender a relação entre tumor e hospedeiro, considerando a imunologia tumoral. Foi na década de 50 que os pesquisadores começaram a estudar respostas imunes sobre os tumores. Nesses estudos, foi descoberto que os tumores desenvolvem certos antígenos tumorais, e o sistema imune do hospedeiro responde a esses de forma específica. (JESUS, 2002) As modificações que ocorrem na célula genitora do tumor que geram as células anormais podem apresentar certos componentes celulares que são reconhecidos pelo sistema imunológico, e esses são chamados de antígenos tumorais.(JESUS, 2002) Os antígenos tumorais são classificados em dois grupos, os antígenos tumorais específicos (expresso somente por células tumorais) e os antígenos tumorais associados (possuem tanto células tumorais como células normais). Os antígenos tumorais específicos por apresentarem somente células tumorais, ocasionam em mais respostas imunes, já os antígenos tumorais associados não apresentam 40 tanta resposta assim, por conta da sua autotolerância. (JESUS, 2002) Os antígenos são reconhecidos tanto por linfócitos T, como por anticorpos, sendo o linfócito T o principal alvo. (JESUS, 2002) 11- Identificar as entidades de apoio ao paciente com câncer e refletir sobre a importância da equipe multidisciplinar para acompanhamento de pacientes e seus familiares. O acesso aos serviços de saúde é um direito fundamental, sendo dever do Estado garantir à sociedademediante políticas sociais. De acordo com o Art.196 da Constituição Federal o exercício da saúde é capaz de auxiliar a redução do risco de doença e de outros agravos. Nesse sentido, para que isso ocorra, é necessária atuação qualificada da equipe multidisciplinar. Ações de promoção, proteção e recuperação dos pacientes são imprescindíveis para a saúde. (Constituição Federal, 1988). O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado no Brasil em 1988, seu princípio básico é garantir o acesso aos cuidados de saúde a todos os cidadãos. Quase todos os hospitais, incluindo públicos, privados e universitários, fazem parte do SUS com apoio de diferentes acordos financeiros. A engrenagem ao apoio oncológico é regida por esse princípio e funciona por meio de diversos âmbitos da saúde. Dos elementos essenciais na assistência ao câncer as entidades de apoio aos pacientes são itens fundamentais no cotidiano dos envolvidos.(Constituição Federal, 1988). Nesse viés, o Ministério da Saúde vem organizando a assistência oncológica no Brasil desde 1990 por meio da ação de medidas fármaco – terapêuticas administradas pela equipe multidisciplinar. De início criou a autorização para procedimento de alta complexidade (APAC) em oncologia e instituiu a Política Nacional de Atenção Oncológica em 2005, que compreende a promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento a reabilitação e os cuidados paliativos. Os princípios regidos enfatizam a “necessidade de se estruturar uma rede de serviços regionalizada e hierarquizada que garanta atenção integral ao paciente com câncer, bem como o acesso a consultas e exames para o diagnóstico de câncer” e define os critérios mínimos para o cadastramento de Centros de Alta Complexidade em Oncologia (CACON).(Ministério da Saúde,2001). Os tipos de apoio que podem ser oferecidos são: instrumental, espiritual, psicossocial, informacional, emocional e físico e devem estar relacionados a 41 cada fase da doença e de acordo com cada perfil familiar, devendo ser direcionados de um modo sensitivo ao paciente e a família. É nesse viés que a ação integral atua. Caso isso ocorra de forma ineficaz, a falta de apoio social pode levar a internações desnecessárias. É fato, que intervenções psicoeducacionais melhoram a habilidade de enfrentamento, diminuem a sobrecarga e aumentam a qualidade de vida. Um modelo Psicossocial que prepara profissionais para que possam responder efetivamente às necessidades dos cuidadores familiares, ensinando-os a cuidar do doente em casa, compõe-se de: criatividade para distrair o paciente em relação à dor; otimismo, planejamento e informação de especialista. Programas envolvendo modelos de arte criativa para pacientes e para a família demostram redução do estresse, diminuem a ansiedade e aumentam emoções positivas, enquanto que programas educacionais e de apoio, baseados em grupos, proveem informação sobre doença e tratamento. Além de ensinar habilidades de enfrentamento, consegue-se satisfazer as necessidades do doente com câncer, seus familiares e amigos. O doente é encorajado a identificar seus próprios recursos para adaptação positiva e a procurar desenvolver um papel ativo com a doença. São oferecidas aulas e sessões de: yoga, terapia mente- corpo, relaxamento, hipnoterapia, orientação, nutrição e tratamentos complementares visando a promover bem-estar físico e apoio psicológico e social. (INCA, 2015). O Modelo de Sistema de Doença na Família, desenvolvido por universidades americanas, oferece auxílio nos desafios e torna a pressão mais gerenciável, atendendo as demandas psicossociais. Ele é baseado na perspectiva de esforço orientado, tendo os relacionamentos familiares como recurso potencial e enfatizando as possibilidades de adaptação e crescimento, e não apenas suas responsabilidades e riscos. Para isso as famílias precisam aprender os padrões e demandas, ganhar um conhecimento sistêmico sobre eles e apreciação do curso de vida da família, do casal e dos indivíduos. A criação de uma central de informação sobre a assistência domiciliar pode oferecer suporte 24 horas, por telefone, internet e outros meios de comunicação à distância com: treinamento do responsável pelos cuidados; utilização de tecnologia de apoio na realização dos cuidados ao paciente, visando à sua independência total ou parcial e redução do desgaste físico do responsável pelo cuidado; apoio psicológico aos cuidadores como meio de alívio ao estresse, ansiedades, frustrações, revoltas, culpas e esgotamento físico e mental; suporte no ambiente domiciliar, no sentido de promover o mais rapidamente possível a 42 condição funcional do doente. Outro modelo de intervenção busca prover uma estrutura baseada no poder de recuperação, usando linguagem comum que facilite a solução de problemas e que contribua para a qualidade de vida dos familiares do doente com câncer. São trabalhadas as questões: acalmando e evitando o desgaste físico e mental; minimizando relacionamento distorcido e enviesado entre pacientes e familiares; sustentando autonomia; preservando e redefinindo o desenvolvimento individual e familiar, dentro das restrições da doença e sustentando a união diante das perdas para enfrentar as questões de separação, morte, luto e reorganização depois da perda. Há um assistente social designado para atender cada família em um encontro inicial e prover recursos e informação suplementar sobre o diagnóstico e tratamento, oferecendo apoio por serviços especializados em crianças, incluindo médico, psicólogos e educação, arte, musicoterapia, e assistência nos procedimentos. O objetivo é contribuir para a prevenção e redução de sintomas de stress pós-traumático em pais. (INCA, 2015). No Brasil as ONGS como o GRAAC, GAPC, CASA HOPE, ABRAPEC etc. que dão todo o suporte psicológico, financeiro e médico que os pacientes oncológicos precisam, visto que muitas vezes eles não têm condições de bancar e arcar tais custos. • Equipe de psicologia da ABRALE O Departamento de Psicologia da ABRALE oferece inúmeras formas de apoio psicológico, que têm por objetivo a saúde global, o bem-estar das pessoas e o
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