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Unidade 1
Noções Gerais do 
Mercado Imobiliário 
Caroline Teixeira Barbosa
Mercado 
Imobiliário
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autor 
CAROLINE TEIXEIRA BARBOSA
A AUTORA
Caroline Teixeira Barbosa
Olá! Meu nome é Caroline Teixeira Barbosa. Sou formada em 
Direito e Mestre em Ciências Jurídico-Políticas, com uma experiência 
técnico-profissional na área de Direito do Trabalho e Direito Civil de 
mais de 4 anos. Antes de iniciar a vida profissional como advogada, já 
havia atuado como estagiária em alguns órgãos, como a Procuradoria 
Geral do Município, Procon Municipal e Defensoria Pública do Estado 
da Paraíba, oportunidades em que obtive uma bagagem significativa 
de experiência. Na advocacia, passei pelo escritório David Diniz (ADD), 
escritório responsável por engrandecer ainda mais minha paixão pela 
profissão. Sou apaixonada pelo que faço, motivo pelo qual busquei no 
Mestrado aprimorar meus conhecimentos para que, assim, pudesse 
compartilhar com outras pessoas. A interação com o outro sempre me 
fascinou, seja como advogada ou dentro da sala de aula. Poder transmitir 
experiências àqueles que estão iniciando suas profissões se torna um 
desafio ainda mais cativante quando se trata de uma editora sempre 
empenhada em oferecer o seu melhor para os alunos, como é o caso da 
Editora Telesapiens. Assim, fui convidada a integrar seu elenco de autores 
independentes e me sinto feliz e lisonjeada em poder colaborar e ajudar 
você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! 
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
INTRODUÇÃO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Principais aspectos do mercado imobiliário .................................. 10
Conceito de mercado ................................................................................................................. 10
Sobre o mercado imobiliário ................................................................................................. 14
Linguagem que compõe o mercado imobiliário .................................................... 15
Contexto histórico do mercado imobiliário brasileiro ................. 19
Histórico do mercado imobiliário no Brasil ................................................................. 19
Importância do SFH .....................................................................................................................23
Sobre o SFI ...........................................................................................................................................27
Evolução do mercado imobiliário no Brasil ....................................30
O caso brasileiro ............................................................................................................................ 30
A crise financeira de 2008 .......................................................................................................34
Cenário após a crise de 2008 ................................................................................................37
Regulamentação legal do mercado imobiliário ............................39
Lei nº 8.245/1991 – Lei do Inquilinato ............................................................................ 39
Lei nº 10.257/01 – Estatuto da Cidade ............................................................................44
Lei nº 13.786/2018 – Lei do Distrato ................................................................................47
7
NOÇÕES GERAIS DO MERCADO IMOBILIÁRIO 
UNIDADE
01
Mercado Imobiliário
8
INTRODUÇÃO
Você sabe dizer quais os principais aspectos do mercado imobiliário? 
O que se entende por mercado? E qual o contexto histórico do mercado 
imobiliário brasileiro? De que maneira ele evoluiu? Quais os marcos 
importantes para tal desenvolvimento e evolução? Quais as principais 
regulamentações legais que tratam da matéria? Pois é, para entender um 
pouco mais das principais noções gerais do mercado imobiliário, iremos 
nos debruçar um pouco sobre como esse setor evoluiu e se desenvolveu 
com o passar do tempo, analisando suas principais características. 
Ainda, iremos analisar como algumas legislações que tratam da matéria 
foram importantes para tal evolução, apresentando o porquê de terem 
contribuído de maneira tão efetiva para o desenvolvimento do tema no 
âmbito do setor imobiliário. Além disso, vamos conhecer um pouco da 
linguagem que compõe o mercado imobiliário, como uma forma de nos 
familiarizarmos ainda mais com o tema. Vamos voltar um pouquinho no 
tempo e entender um pouco mais sobre o mercado imobiliário e desde 
quando esse tipo de mercado faz parte do nosso dia a dia? Está pronto? 
Vamos juntos! 
Mercado Imobiliário
9
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso propósito é auxiliar 
você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o 
término desta etapa de estudos:
1. Sintetizar os principais aspectos do mercado imobiliário.
2. Discutir o contexto histórico do mercado imobiliário brasileiro.
3. Compreender como se deu a evolução do mercado imobiliário no 
Brasil.
4. Analisar qual a regulamentação legal do mercado imobiliário. 
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? 
Ao trabalho! 
Mercado Imobiliário
10
Principais aspectos do mercado 
imobiliário 
INTRODUÇÃO
Ao término deste capítulo, você será capaz de entender 
os principais aspectos do mercado imobiliário. Para isso, 
iremos compreender um pouco mais do que se entende 
por mercado, para, só depois, visualizar a forma como o 
mercado imobiliário se apresenta em nossa sociedade. 
Analisaremos, inclusive, alguns dos termos comumente 
utilizados nessa área, levando em consideração que há uma 
linguagem característica relativa ao mercado imobiliário. 
E então? Motivado para conhecer um pouco mais dos 
principais aspectos do mercado imobiliário? Vamos lá!
 
Conceito de mercado 
Antes de estudarmos especificamente o que se entende por 
mercado imobiliário, iremos nos debruçar um pouco, ainda que 
rapidamente, no que se entende por mercado de uma maneira geral. 
Assim, temos diversas definições para o que pode ser entendido como 
mercado. Contudo, iremos nos ater àquelas definições que melhor se 
adequam ao tema de estudo. 
DEFINIÇÃO
De acordo com o dicionário (DICIO, 2020, on-line), 
podemos entender como mercado um “lugar público, ao 
ar livre ou em recinto fechado, onde se vendem e onde 
se compram mercadorias”, “referência convencional em 
relação à compra e venda”, “designação que se dá à oferta 
e à procura de mercadorias”, “conjunto de consumidores, 
encarados como futuros compradores de uma mercadoria 
ou beneficiários de um serviço”.
Mercado Imobiliário
11
Assim, considerando alguns dos significados acima elencadosacerca do que pode ser considerado mercado, resta evidente que todos 
giram em torno do fato de que o mercado é um local de negociações, 
onde pessoas compram e vendem produtos e serviços, acordando 
preços e negociando o que mais for necessário durante a realização 
dessa relação de consumo. 
Nessa perspectiva, o termo mercado vai justamente se referir a 
um local onde ocorre, diariamente, diversas transações econômicas, na 
medida em que as pessoas estão a todo momento realizando troca de 
bens e serviços, seja entre particulares ou entre empresas, por exemplo. 
Assim, é inegável que a presença de mercados sirva como uma forma de 
aquecer a economia e, principalmente, fazer com que essa economia se 
desenvolva. 
Mas, quando falamos no conceito de mercado, é imprescindível 
ressaltar que tais mercados não são algo apenas dos dias atuais. Pelo 
contrário, os mercados fazem parte da história da humanidade desde o 
tempo das cavernas. Ora, ainda que de maneira um pouco diferente, já 
naquele período o homem primitivo buscava negociar suas caças, por 
exemplo, de maneira que esse tipo de negociação se encaixa no discutido 
por nós sobre mercado. E essas negociações, com o tempo, foram se 
desenvolvendo cada vez mais, fazendo com que a troca de mercadorias 
ficasse cada vez mais intensa.
Dessa forma, é perceptível que o comércio foi se expandindo e 
evoluindo cada vez mais, oportunidade na qual, inclusive, as pessoas 
começaram a migrar do campo para as cidades, onde havia mais 
mercados e uma variedade maior de mercadorias para serem trocadas, 
vendidas e/ou negociadas. 
Assim, o conceito de mercado já existia nos primórdios da civilização, 
posto que, desde aquele período, já ocorriam trocas de mercadorias, 
transferência dessas mercadorias por meio da compra e venda, entre 
outros. Ou seja, podemos visualizar que o conceito de mercado está 
muito associado a situações consumeristas, na medida em que as trocas 
que ocorriam nada mais eram do que situações nas quais as relações de 
consumo poderiam ser vislumbradas, ainda que timidamente. 
Mercado Imobiliário
12
Ainda no que se refere ao mercado, podemos destacar alguns 
tipos de mercado existentes, variedades essas que merecem atenção 
considerando as características próprias a cada tipo de mercado. Nesse 
ponto, com relação aos tipos de mercado, podemos destacar os seguintes: 
 • Mercado de concorrência perfeita: há uma liberdade maior nesse 
tipo de mercado, pois estamos diante da existência de vários 
compradores e vários vendedores, sem que as mercadorias 
tenham seus preços elevados em virtude de uma concorrência 
desleal, por exemplo.
 • Mercado de concorrência imperfeita: nesse tipo de mercado, 
geralmente há pelo menos uma empresa ou consumidor que 
pode ter poder suficiente para influenciar o preço de mercado, 
fazendo com que o mercado acabe ficando dividido.
 • Mercado de oligopólio: no oligopólio, há um pequeno número 
de produtores que acabam ficando responsáveis por controlar a 
oferta, existindo poucos vendedores e muitos compradores. Isso 
faz com que os vendedores detenham um poder maior sobre o 
preço do produto final, já que há muitos compradores para poucos 
produtos. 
 • Mercado oligopsônio: aqui, temos o inverso, na medida em que 
há muitos vendedores para poucos compradores. Assim, quem 
detém o poder e o controle sobre o preço do produto final são os 
compradores, pois estão em maioria e os vendedores buscam a 
todo custo não ficarem no prejuízo.
 • Mercado de monopólio: como o próprio nome sugere, há 
uma posse exclusiva. Por isso, aqui estamos diante de um tipo 
de mercado em que há apenas um vendedor, vendedor esse 
que define o preço e a quantidade, considerando que não há 
concorrência ou sequer um produto substituto. Por isso, ele detém 
o poder de controlar e definir o preço do produto em questão, pois 
está na posse exclusiva desse único vendedor.
 • Mercado monopsônio: temos aqui o inverso, com a presença 
de um único comprador para vários vendedores de produtos e/
Mercado Imobiliário
13
ou serviços. Assim, o comprador acaba por conseguir negociar 
melhor levando em consideração que a oferta é grande e que há 
uma variedade de produtos e serviços, o que acaba barateando o 
valor final do produto. 
Nessa perspectiva, é possível compreender que os primeiros 
mercados que apareceram na história da humanidade funcionavam por 
meio da troca. Com o passar do tempo, foi surgindo a moeda e as trocas 
comerciais foram se desenvolvendo cada vez mais. Contudo, a espinha 
dorsal do mercado continua sendo a troca de bens e serviços, seja a troca 
ocorrida ainda nos primórdios da humanidade ou as trocas de bens e 
serviços que visualizamos nos dias atuais. 
Assim, a partir do momento que temos compradores e vendedores 
interagindo entre si na busca por comprar ou vender seus produtos e 
serviços, estaremos diante de um mercado. E o que irá equilibrar esse 
mercado será justamente a lei da oferta e da procura. Ora, se temos uma 
quantidade grande de produtos sendo ofertados para uma pequena 
quantidade de compradores, haverá uma chance muito maior de 
conseguir negociar o preço desse produto levando em consideração a 
lei da oferta e da procura. Da mesma forma, se tivéssemos a situação 
contrária, em que houvesse uma grande quantidade de compradores 
para uma pequena quantidade disponível de produtos, o preço de tal 
produto poderia se elevar considerando a lei da oferta e da procura. 
O mercado tem, portanto, se desenvolvido cada vez mais e se 
adequado às novas necessidades dos vendedores e compradores 
dos dias atuais, de maneira que a globalização e as tecnologias têm 
aperfeiçoado o que se entende por mercado e, sobretudo, a forma 
como o mercado tem se apresentado para a sociedade, tendo em vista 
que, cada vez mais, as necessidades das pessoas têm aumentado e, 
consequentemente, aumentam-se também os riscos das atividades, 
bem como a complexidade da forma como tais produtos e serviços são 
negociados. O mercado tem, cada vez mais, sentido a necessidade de 
estar em equilíbrio e acompanhando todas as transformações pelas quais 
tem passado a sociedade. 
Mercado Imobiliário
14
Sobre o mercado imobiliário 
Depois de analisado um pouco mais o que se trata o mercado 
de maneira geral, iremos agora estudar especificamente aspectos 
importantes e que caracterizam e definem o mercado imobiliário. Restou 
claro que o mercado, genericamente falando, diz respeito a uma interação 
entre compradores e vendedores, em que há essa troca de produtos e 
serviços entre eles, seja essa troca por dinheiro ou por outros bens, por 
exemplo. 
Nessa perspectiva, relacionando com o conceito apresentado sobre 
mercado, o mercado imobiliário atua justamente em questões em que são 
negociados bens imóveis. Ou seja, faz parte de um setor da economia no 
qual as negociações ocorridas de compra e venda, por exemplo, dizem 
respeito a bens imóveis, como representado na Figura 1 abaixo destacada. 
Figura 1 – Representação do objeto do mercado imobiliário
Fonte: Freepik
Nesse aspecto, quando falamos que as negociações que envolvem 
o mercado imobiliário dizem respeito a bens imóveis, precisamos estar 
atentos que esses bens imóveis irão englobar tanto um terreno, por 
exemplo, como a área construída sobre ele. Dessa informação, podemos 
tirar algumas conclusões, quais sejam: o próprio terreno pode ser objeto 
Mercado Imobiliário
15
desse tipo de negociação; as edificações construídas sobre esse terreno 
pode ser objeto desse tipo de negociação; qualquer outra produção que 
venha a ser trabalhada nesse terreno, como uma plantação, pode ser 
objeto desse tipo de negociação. 
Ou seja, esses são apenas alguns exemplos do que pode ser objeto 
do mercado imobiliário e, consequentemente, das negociações oriundas 
desse tipo de mercado. Assim, quando determinada pessoa compra, 
vende ou aluga um terreno ou um prédio construídosobre o supracitado 
terreno, essa pessoa estará se valendo de uma negociação no mercado 
imobiliário. 
É bem verdade que o mercado imobiliário acaba atuando de maneira 
muito mais ativa nas grandes cidades, na medida em que essas grandes 
cidades estão sendo cada vez mais ocupadas por novas edificações, 
casas e construções, fazendo com que as negociações envolvendo o 
mercado imobiliário sejam cada vez maiores nesses locais. 
Dessa forma, iremos nos debruçar durante todas as demais 
unidades justamente sobre esse tipo de mercado, que envolve a compra 
e venda de bens imóveis e trata de negociações envolvendo edificações, 
construções, terrenos, casas, escritórios, entre outros. É um mercado 
que vem crescendo cada vez mais não apenas no Brasil, mas no mundo 
todo, motivo pelo qual se torna ainda mais necessário e importante o 
aprofundamento em um tema tão completo, que abarca tantas variáveis e 
que, a cada dia, tem sido cada vez mais valorizado, sendo perceptível a sua 
aplicação em nosso dia a dia, levando em consideração que diariamente 
estamos transacionando e/ou negociando de alguma maneira dentro do 
mercado imobiliário. 
Linguagem que compõe o mercado 
imobiliário 
Dando continuidade ao estudo de alguns aspectos importantes 
do mercado imobiliário, há de se destacar que tal mercado possui uma 
linguagem característica, tendo em vista que se torna cada vez mais 
importante entender a linguagem do mercado imobiliário. 
Mercado Imobiliário
16
É bem verdade que, quando falamos em “linguagem” do mercado 
imobiliário, não necessariamente queremos dizer que é uma linguagem 
que só pode ou deve ser utilizada pelos profissionais da área. Pelo contrário, 
com o avanço e a evolução dos meios de comunicação e das tecnologias, 
cada vez mais as pessoas possuem acesso a assuntos que não teriam em 
outro período, de maneira que, nos dias atuais, as pessoas estão cada 
vez mais antenadas ao mercado imobiliário e, consequentemente, com 
conhecimento de expressões e termos específicos da área. 
E não é apenas pelo avanço dos meios de comunicação e evolução 
das tecnologias que esse tipo de linguagem tem ficado mais acessível. 
Convém ressaltar que, quando falamos em mercado imobiliário, todos 
nós, em algum momento, já fizemos algum tipo de negociação que 
envolvesse uma venda ou compra de determinado imóvel. Ou seja, é 
extremamente necessário estarmos atentos a alguns termos que são 
parte integrante desse mercado. 
Assim, estar antenado a esse tipo de informação não apenas lhe 
garante uma melhor segurança quando da negociação de alguma compra 
de imóvel, por exemplo, como também melhora consideravelmente a 
comunicação durante sobredita negociação, na medida em que você 
sabe do que se trata determinados termos e, consequentemente, 
consegue dar uma maior agilidade a transação imobiliária em questão. 
Vamos, assim, à explicação, ainda que introdutória, de alguns dos termos 
mais utilizados no mercado imobiliário. 
 • Acabamento: quando ouvimos que determinada construção está, 
por exemplo, em fase de acabamento, estamos nos referindo a uma 
fase de finalização de determinada obra. Ou seja, os acabamentos 
incluem uma fase na qual há um incremento de detalhes que já se 
enquadram em uma fase final dessa obra. 
 • Alvará: refere-se a um tipo de documento que, obrigatoriamente, 
é emitido por um órgão público para que alguém esteja autorizado 
a praticar determinado ato. Relativamente ao mercado imobiliário, 
é muito comum ouvirmos por aí que determinada empresa 
está aguardando um alvará para que determinada obra possa, 
finalmente, ser iniciada. É o alvará que irá autorizar esse início e, 
Mercado Imobiliário
17
portanto, é de suma importância que você compreenda do que 
se trata. 
 • Área comum: é uma expressão comumente utilizada quando 
estamos negociando alguma compra e venda de determinado 
prédio, por exemplo, considerando que a área comum é o espaço 
compartilhado por todos os condôminos. Podemos citar como 
exemplos de áreas comuns o hall de entrada e os espaços de 
lazer. Pode parecer óbvio, mas, quando estamos negociando 
determinado apartamento, por exemplo, termos como área 
comum, área privativa, total e útil são extremamente importantes, 
pois farão toda a diferença quando consideramos que referidas 
áreas irão fazer parte da negociação, valorizando ou não 
determinado imóvel. 
 • Caução: é um tipo de garantia que visa garantir que certas 
obrigações sejam cumpridas e, dessa forma, colocam valores 
monetários em jogo. Podemos citar como exemplo quando 
determinada pessoa vai alugar um imóvel por alguns dias e, como 
garantia, o dono do imóvel pede o pagamento de um valor como 
caução para que, ao final do período contratado para aluguel, ele 
verifique se o apartamento foi deixado em condições, pois, caso 
contrário, esse valor da caução ficará retido como forma de “punir” 
no caso de o apartamento ter sido danificado. 
 • Fiador: quando falamos da figura do fiador, estamos nos referindo 
a um tipo de pessoa que fica responsável pela fiança, ou seja, se 
responsabiliza pelo cumprimento das obrigações de determinada 
pessoa caso ela não o faça. Convém ressaltar que não é qualquer 
pessoa que pode ser fiadora de outra. Para que seja possível ser 
fiador, é necessário ser uma pessoa idônea e que tenha condições 
financeiras de arcar com possíveis descumprimentos por parte da 
pessoa a quem está se comprometendo a ser fiador. 
 • Crédito imobiliário: quando falamos em crédito imobiliário, estamos 
nos referindo a um tipo de empréstimo específico, concedido por 
instituições financeiras a pessoas que queiram adquirir um imóvel 
por meio de um financiamento habitacional. 
Mercado Imobiliário
18
Esses são apenas alguns dos termos comumente utilizados no 
âmbito do mercado imobiliário, mas que não foram apresentados de 
maneira taxativa, considerando que não se esgotam por aqui. Há, ainda, 
inúmeros outros termos que fazem parte da linguagem do mercado 
imobiliário e que, com o decorrer dos estudos, vamos nos familiarizando 
a eles. 
RESUMINDO
E então? Gostou do que viu até aqui? Espero que tenha sido 
possível compreender o que se entende por mercado, de 
uma forma mais genérica, e de que maneira o mercado 
está presente na nossa sociedade desde muito tempo. Isso 
é importante porque, para entender o mercado imobiliário, 
é necessário entender o que originou esse tipo de mercado. 
Assim, traçar um panorama do que se entende por mercado 
para, só depois, adentrar um pouco mais especificamente 
no mercado imobiliário é de suma importância para que 
não reste dúvidas do âmbito de abordagem desse tipo 
de mercado. Por fim, espero que tenha sido possível 
entender a importância de estarmos sempre antenados a 
alguns dos termos mais utilizados no mercado imobiliário, 
considerando que, diariamente, estamos diante de alguma 
negociação dentro do mercado imobiliário, seja de maneira 
direta ou indireta. Vamos continuar aprendendo um pouco 
mais a respeito do mercado imobiliário e de sua evolução 
aqui no Brasil? Avante!
Mercado Imobiliário
19
Contexto histórico do mercado 
imobiliário brasileiro
INTRODUÇÃO
Ao término deste capítulo, você será capaz de entender 
de que maneira se deu o contexto histórico do mercado 
imobiliário no Brasil, analisando alguns marcos importantes 
que se destacaram na época. Ainda, será possível entender 
de que maneira o Sistema Financeiro de Habitação e o 
Sistema de Financiamento Imobiliário contribuíam para 
o mercado imobiliário, apresentando alguns aspectos 
importantes dos referidos sistemas. Motivado para 
conhecer um pouco mais do contexto no qual está inserido 
o desenvolvimento do mercado imobiliário brasileiro? 
Vamos lá!
Histórico do mercado imobiliário no Brasil 
Depois de estudar um pouco sobre aspectos importantes do 
mercado imobiliário de maneira geral, iremos entender um pouco como 
esse mercado evoluiu e avançou no Brasil. Para isso,será preciso voltar 
um pouco no tempo e entender o histórico do mercado imobiliário no 
Brasil. 
O caso brasileiro remonta ao período em que estávamos diante 
de um país que, do início do século XX, ainda era predominantemente 
rural. Como vimos no capítulo anterior, o desenvolvimento das cidades 
fez com que, consequentemente, o mercado imobiliário também se 
desenvolvesse. É nesse contexto que, a partir do final da década de 1950, 
com a construção de Brasília, que pôde se observar um fluxo maior de 
migração da área rural para a área urbana, fazendo com que as cidades 
começassem a se desenvolver cada vez mais.
Mercado Imobiliário
20
SAIBA MAIS
Para complementar o que vem sendo estudado e entender 
ainda mais a importância da construção de Brasília não 
somente para o mercado imobiliário, mas para o país como 
um todo, há um documentário intitulado Brasília 60 anos, 
que conta a história da capital justamente considerando 
o ponto de vista dos primeiros empreendedores que 
fizeram parte dessa obra. Assim, o documentário tem 
como base os depoimentos dos personagens que foram 
marcantes e essenciais para a construção de Brasília, de 
maneira que é possível entender o porquê dessa cidade ter 
chamado tanta atenção das pessoas. Os empreendedores 
que serviram como base para os depoimentos que são 
retratados no documentário são empreendedores dos mais 
diversos ramos, a exemplo de empresários da construção 
civil, da educação e do setor de alimentos, por exemplo. 
Dessa forma, são diferentes pontos de vista a fim de que a 
história de Brasília seja passada para os demais. Vale a pena 
conferir! O link do trailer do referido documentário pode ser 
acessado por meio do seguinte link: https://bit.ly/39VITLr.
É importante ressaltar que o referido fluxo migratório não foi apenas 
da área rural para a área urbana, mas sobretudo entre as diferentes 
regiões do país. Vamos explicar melhor. Foi também nesse período que 
começou a acontecer uma maior migração de cidadãos das regiões Norte 
e Nordeste, por exemplo, para as cidades da região Sudeste, na busca 
por encontrar melhores condições de vida em Brasília, nomeadamente 
porque a necessidade de mão de obra para a construção de Brasília 
fez surgir muitos empregos naquele período, bem como em razão do 
processo de industrialização desenvolvido naquela época. 
Inclusive, corroborando com o acima exposto, a migração se 
intensificou tanto na região Sudeste que, no período compreendido 
entre 1960 e 1970, a população do Distrito Federal quase quadruplicou, 
recebendo um fluxo migratório de aproximadamente 30 mil pessoas por 
ano (FRANCISCO, 2020). 
Mercado Imobiliário
21
Você sabia? De acordo com a análise realizada pela Companhia de 
Planejamento (Codeplan), os nordestinos são a maioria dos imigrantes 
que vivem no Distrito Federal. O estudo mostrou que, em 2011, “51,8% da 
população brasiliense era formada por imigrantes e, desses, 51,1% eram 
oriundos da Região Nordeste” (AGÊNCIA BRASÍLIA, 2014, on-line). É um 
dado que reflete a maneira como, desde o final da década de 1950, com a 
construção de Brasília, o fluxo de migrantes se intensificou, sobretudo da 
região Nordeste para a região Sudeste, como já anteriormente debatido 
por nós. 
Nesse contexto, criou-se a Lei nº 4.380, de 21 de agosto de 1964, 
que:
[...] institui a correção monetária nos contratos imobiliários 
de interesse social, o sistema financeiro para aquisição da 
casa própria, cria o Banco Nacional de Habitação (BNH), e 
Sociedades de Crédito Imobiliário, as Letras Imobiliárias, 
o Serviço Federal de Habitação e Urbanos e dá outras 
providências. (BRASIL, 1964, on-line)
Assim, referida lei contribuiu de maneira significativa para a evolução 
do mercado imobiliário no Brasil, tendo como um dos seus objetivos 
incentivar a construção e aquisição da casa própria no Brasil, como bem 
dispõe o art. 1° da lei em comento. Vejamos: 
Art. 1° O Governo Federal, por meio do Ministro de 
Planejamento, formulará a política nacional de habitação e 
de planejamento territorial, coordenando a ação dos órgãos 
públicos e orientando a iniciativa privada no sentido de 
estimular a construção de habitações de interesse social e o 
financiamento da aquisição da casa própria, especialmente 
pelas classes da população de menor renda. (BRASIL, 1964, 
on-line)
Convém ressaltar, ainda, que referida lei apresentou outra 
contribuição muito significativa no que diz respeito ao mercado imobiliário, 
pois foi responsável por um instrumento de suma importância, qual seja, 
a correção monetária, apresentada no art. 5° da Lei n° 4.380/64. Vejamos: 
Mercado Imobiliário
22
CAPÍTULO II
Da Correção Monetária dos Contratos Imobiliários
Art. 5º Observado o disposto na presente lei, os contratos 
de vendas ou construção de habitações para pagamento a 
prazo ou de empréstimos para aquisição ou construção de 
habitações poderão prever o reajustamento das prestações 
mensais de amortização e juros, com a consequente correção 
do valor monetário da dívida toda a vez que o salário mínimo 
legal for alterado. (BRASIL, 1964, on-line)
DEFINIÇÃO
Como vimos no capítulo anterior, há alguns termos que 
são bastante comuns no âmbito do mercado imobiliário, 
e o termo “correção monetária” também é. Considerando 
o significado de correção monetária apresentado pelo 
dicionário (DICIO, 2020, on-line), temos que se trata de “um 
ajuste contábil de valores nominais (preços, depósitos) em 
função da inflação, de forma a tentar manter ou repor o 
poder de compra”1. Trazendo para a realidade do mercado 
imobiliário, a função da correção monetária é justamente 
fazer a atualização do bem para recuperar os efeitos da 
inflação.
1 Significado de correção monetária. Disponível em: https://www.dicio.com.br/correcao-
monetaria/. Acesso em: 08 dez. 2020.
Mercado Imobiliário
23
IMPORTANTE
Merece destaque o fato de que o período que se deu a 
criação da lei acima destacada, sobre o Sistema Financeiro 
de Habitação, foi em um momento um tanto quanto 
delicado para o Brasil: o da ditadura militar. Foi nesse 
mesmo período que o então presidente Jango foi deposto 
do cargo, assumindo em seu lugar o Marechal Castelo 
Branco. Dessa forma, durante tal período, estávamos diante 
de um país que vivia um momento de inflação elevada e um 
desequilíbrio socioeconômico. Assim, durante o governo 
Castelo Branco, foi criado um programa no intuito de 
equilibrar as contas públicas e controlar a inflação, batizado 
de Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG), sendo 
responsável por reformas fiscais, tributárias e financeiras. 
Por esse motivo, é importante fazer essa ponte com a 
importância da correção monetária presente na lei que 
tratava do Sistema Financeiro de Habitação em virtude do 
momento pelo qual o país estava passando, corroborando 
ainda mais com o fato de que referida lei veio a somar não 
somente economicamente falando, mas no âmbito do 
mercado imobiliário também.
Importância do SFH 
Como debatido no tópico anterior, ainda que de maneira introdutória, 
o Sistema Financeiro de Habitação foi uma lei muito importante para 
aquele período, motivo pelo qual dedicaremos um tópico específico para 
nos aprofundarmos um pouco mais e entender quais as contribuições da 
referida lei para o setor da economia e, sobretudo, do mercado imobiliário. 
Assim, como comentado anteriormente, a referida lei tratou da 
correção monetária, como também possibilitava um financiamento de 
longo prazo. A questão do financiamento é muito importante, sobretudo 
porque, antes da correção monetária, esse financiamento só poderia ser 
realizado pela Caixa Econômica Federal e por Institutos de Previdência, 
de maneira que tal financiamento não alcançava um grande número de 
pessoas. 
Mercado Imobiliário
24
Nesse contexto, após a Lei do Sistema Financeiro de Habitação, 
houve uma maior facilidade na oferta de crédito imobiliário e a criação 
de outros instrumentos que poderiamser responsáveis pela obtenção 
de recursos de longo prazo, depósitos em poupança e do FGTS (Fundo 
de Garantia por Tempo de Serviço). Surgem, então, as Sociedades de 
Crédito Imobiliário e as Associações de Poupança e Empréstimo, que 
vieram a formar o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), 
sendo caracterizadas por serem instituições financeiras especializadas na 
concessão de créditos habitacionais.
Como podemos observar no art. 2° da Lei nº 4.380/64 abaixo 
destacado, o governo federal intervia no setor habitacional justamente 
por intermédio, também, do Banco Nacional de Habitação (BNH). Assim, 
os recursos que mantinham essas instituições financeiras especializadas 
na concessão de créditos habitacionais vinham justamente da caderneta 
de poupança e do FGTS, que eram repassados pelo Banco Nacional de 
Habitação. Dessa forma, o Banco Nacional de Habitação possuía uma 
contribuição relevante, já que não apenas administrava o FGTS como 
também regulava e fiscalizava o Sistema Financeiro de Habitação e 
as instituições que compunham o Sistema Brasileiro de Poupança e 
Empréstimo (SBPE). 
Art. 2º O Governo Federal intervirá no setor habitacional por 
intermédio:
I - do Banco Nacional da Habitação;
II - do Serviço Federal de Habitação e Urbanismo;
III - das Caixas Econômicas Federais, IPASE, das Caixas 
Militares, dos órgãos federais de desenvolvimento regional e 
das sociedades de economia mista. (BRASIL, 1964, on-line) 
Mercado Imobiliário
25
VOCÊ SABIA?
O Sistema Financeiro da Habitação, como já tratado, foi 
criado em 1964. Desde o período da sua criação até o 
início da década de 1970, foi uma fase bastante promissora 
para o referido sistema, a exemplo das contribuições 
acima apresentadas. Entretanto, o Sistema Financeiro 
de Habitação passou por um período de dificuldades, 
considerando que, no final da década de 1970, a crise 
do petróleo e a dívida externa brasileira fizeram com que 
houvesse uma aceleração da inflação, causando, assim, 
uma crise no sistema de financiamento imobiliário.
SAIBA MAIS
O Brasil, entre o final da década de 1970 e início da década 
de 1980, já era um dos países que possuía um alto nível 
de endividamento externo. Aliado a essa dívida externa, em 
1973 ocorreu a “crise do petróleo”, fazendo com que o Brasil 
tivesse que recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI). 
O FMI surgiu na Conferência de Bretton Woods, nos Estados 
Unidos, justamente com o objetivo de garantir uma maior 
estabilidade ao comércio internacional, tanto por meio de 
suporte técnico quanto pela ajuda financeira aos países que 
fosse membros do FMI. Assim, o FMI atua emprestando 
dinheiro quando um dos seus países-membros precisam 
desses recursos, seja para saldar uma dívida existente ou 
equilibrar a balança comercial. Nesse contexto, durante a 
“crise do petróleo”, o Brasil precisou recorrer ao FMI com 
o intuito de tentar amenizar os efeitos da crise econômica 
que havia se instalado, tanto em virtude da crise do petróleo 
quanto da alta dívida externa já existente. 
Corroborando com o que foi até então aqui explanado, de acordo 
com a ABECIP (2015), o Sistema Financeiro de Habitação foi bastante 
prejudicado em virtude dos acontecimentos acima mencionados. 
Vejamos: 
Entretanto, ao final dos anos setenta, com o advento da 
segunda crise do petróleo e em seguida o da dívida externa, 
Mercado Imobiliário
26
a inflação disparou no Brasil. As ações judiciais promovidas 
pelos mutuários se multiplicaram, visando compatibilizar 
as prestações de casa própria com a evolução do salário 
dos mutuários. Ambos resultaram em um aumento brutal 
do descasamento entre os índices de correção dos saldos 
devedores já concedidos - que seguiam indiretamente os 
índices de inflação - e o das prestações desses financiamentos 
- muitos dos quais atrelados à evolução dos salários. As 
diversas tentativas do governo de reduzir a inflação por meio 
de medidas heterodoxas, como aplicação de tablitas às 
prestações (no Plano Cruzado) e congelamentos, na segunda 
metade da década de oitenta, só agravaram a situação.
As Associações de Poupança e Empréstimo e as Sociedades 
de Crédito Imobiliário foram gradativamente substituídas, 
ainda na primeira metade da década de oitenta, pelos bancos 
múltiplos na concessão de novos financiamentos. O Banco 
Nacional de Habitação foi extinto em 1986 e suas atribuições 
passaram a ser desenvolvidas pelo Banco Central do Brasil, 
pela Caixa Econômica Federal e pelo Ministério da Fazenda. 
(ABECIP, 2015, s.p.)2 
Nessa perspectiva, a inflação não parava de crescer e, aliado ao 
Plano Collor de 1990, o Sistema Financeiro de Habitação se viu duramente 
prejudicado. Convém destacar que o Plano Collor bloqueou todos os 
ativos financeiros do sistema nacional, assim, os valores destinados ao 
crédito imobiliário foram bloqueados pelo Banco Central, fazendo com 
que as pessoas não conseguissem saldar com suas dívidas e arcar com 
as despesas. Isso acabou gerando um alto número de inadimplentes, 
afetando de maneira significativa o setor de crédito imobiliário. 
E foi diante de tantos problemas enfrentados pelo Sistema de 
Financeiro de Habitação que surgiu a necessidade de aprimorar o referido 
sistema como forma de diminuir os prejuízos. Criou-se, assim, o Sistema 
de Financiamento Imobiliário (SFI), como veremos com mais detalhes no 
tópico a seguir. 
2 Origem do Sistema Financeiro de Habitação. Disponível em: https://www.abecip.org.br/
credito-imobiliario/historia. Acesso em: 08 dez. 2020.
Mercado Imobiliário
27
Sobre o SFI
O Sistema de Financiamento Imobiliário foi criado por meio da Lei 
n° 9.514, de 20 de novembro de 1997, no intuito de incentivar e promover 
o financiamento imobiliário, garantindo uma maior segurança jurídica e 
buscando amenizar os prejuízos que foram causados pelas dificuldades 
enfrentadas pelo Sistema Financeiro de Habitação. De acordo com a 
ABECIP (2015, on-line), o SFI teve como origem e objetivo o seguinte: 
A instituição do Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI), 
em 1997, criou as condições necessárias para uma nova e 
importante fase do financiamento imobiliário no Brasil. A partir 
de meados da década de 80 ficaram claras as dificuldades 
do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), nos moldes 
em que foi desenhado, para atendimento da demanda de 
crédito habitacional. A análise da experiência de vários países 
mostra que o crescimento do financiamento habitacional 
está intimamente ligado à existência de garantias efetivas de 
retorno dos recursos aplicados, autonomia na contratação 
das operações e um mercado de crédito imobiliário capaz de 
captar recursos de longo prazo, principalmente junto a grandes 
investidores. Desta forma, o SFI foi criado pela Lei nº 9.514, de 
20 de novembro de 1997, segundo modelo delineado a partir 
dos mais modernos mercados de financiamento imobiliário, 
inclusive latino-americanos, inspirados no modelo norte-
americano, tendo por princípio a integração das operações 
imobiliárias com o mercado de capitais, viabilizando o mercado 
secundário de títulos imobiliários.
Assim, o Sistema de Financiamento Imobiliário tem grande impacto 
no mercado imobiliário, tornando-se uma opção interessante para aqueles 
que não pudessem ou não quisessem usar os recursos da poupança, 
como era no Sistema Financeiro de Habitação. Aqui, há a possibilidade 
de que os recursos para o financiamento imobiliário sejam de investidores 
do mercado, e não necessariamente apenas de recursos da poupança. 
Vale ressaltar que, para que as operações de financiamento imobiliário 
Mercado Imobiliário
28
pudessem ser acordadas, há condições que, obrigatoriamente, precisam 
ser observadas, como disposto nos arts. 4° e 5° da Lei do SFI. Vejamos: 
Do financiamento imobiliário
Art. 4º As operações de financiamento imobiliário em geral 
serão livremente efetuadas pelas entidades autorizadas a 
operar no SFI, segundo condiçõesde mercado e observadas 
as prescrições legais.
Parágrafo único. Nas operações de que trata este artigo, 
poderão ser empregados recursos provenientes da captação 
nos mercados financeiro e de valores mobiliários, de acordo 
com a legislação pertinente.
Art. 5º As operações de financiamento imobiliário em geral, 
no âmbito do SFI, serão livremente pactuadas pelas partes, 
observadas as seguintes condições essenciais:
I - reposição integral do valor emprestado e respectivo reajuste;
II - remuneração do capital emprestado às taxas 
convencionadas no contrato;
III - capitalização dos juros;
IV - contratação, pelos tomadores de financiamento, de 
seguros contra os riscos de morte e invalidez permanente. 
(BRASIL, 1997, on-line)
Resta claro, portanto, que o SFI possibilitou uma maior facilidade 
no financiamento imobiliário, tornando-se uma boa opção no mercado 
imobiliário, garantindo que as pessoas consigam financiar seus imóveis 
sem necessariamente utilizarem tão somente os recursos da poupança, 
por exemplo. Inclusive, justamente pelo fato de os recursos para o 
financiamento imobiliário poderem vir de outros investidores do mercado, 
o SFI é utilizado como uma boa opção para financiamento de imóveis por 
parte das pessoas de classe média, enquanto o SFH, por utilizar apenas 
os recursos da poupança e do FGTS, acaba agradando mais àquelas 
pessoas que possuem uma renda um pouco mais baixa. 
Mercado Imobiliário
29
RESUMINDO
A análise do contexto histórico do mercado imobiliário 
brasileiro fez com que fosse necessário voltar um pouquinho 
no tempo e entender alguns momentos históricos nos 
quais o mercado imobiliário já começou a se destacar. A 
construção de Brasília teve um impacto significativo não 
apenas para a migração de pessoas para essa região, 
fazendo com que o mercado imobiliário ganhasse 
mais destaque, mas também fez com que esse tipo de 
mercado passasse a ser visto com outros olhos. Nesse 
contexto, entender a importância de algumas leis que 
foram criadas à época permite uma melhor compreensão 
de como o contexto histórico influenciou no crescimento 
e desenvolvimento do mercado imobiliário brasileiro. 
Espero que tenha sido possível compreender o papel do 
Sistema Financeiro de Habitação, bem como do Sistema 
de Financiamento Imobiliário, de maneira que se visualize 
as contribuições dos referidos sistemas para o mercado 
imobiliário. Mas o estudo não para por aqui. Temos, ainda, 
um estudo acerca da evolução do mercado imobiliário no 
Brasil. Está pronto? Avancemos juntos!
Mercado Imobiliário
30
Evolução do mercado imobiliário no 
Brasil 
INTRODUÇÃO
Ao término deste capítulo, você será capaz de compreender 
o contexto histórico no qual se insere a evolução do 
mercado imobiliário no Brasil. Iremos estudar alguns 
períodos importantes que fazem parte da linha do tempo 
no âmbito do desenvolvimento da economia e, sobretudo, 
do setor imobiliário. Para isso, analisaremos também de 
que maneira a crise de 2008 influenciou e impactou não 
apenas os Estados Unidos, mas, sobretudo, o Brasil. Iremos 
entender melhor o que foi a crise de 2008 e quais os reflexos 
dessa crise para o nosso país. Preparado? Vamos juntos! 
O caso brasileiro 
Já vimos anteriormente que o Brasil, no início do século XX, era 
um país predominantemente rural. Vimos, também, como a construção 
de Brasília influenciou para que esse cenário começasse a ser alterado, 
com uma migração elevada de pessoas que saíam da zona rural para 
as cidades em busca de melhores condições de vida e, sobretudo, por 
empregos. 
De maneira contínua, observamos que a criação do Sistema 
Financeiro de Habitação influenciou ainda mais um maior incentivo 
na aquisição da casa própria, fazendo com que o cenário de um país 
predominantemente rural passasse a mudar cada vez mais, com o avanço 
para as áreas urbanas e a busca cada vez maior por construir e morar nas 
cidades. 
Nesse contexto, observamos ainda que o período no qual o Sistema 
Financeiro de Habitação foi criado, a época da ditadura militar, fez com 
que referido sistema passasse por algumas dificuldades em virtude de 
desequilíbrios econômicos oriundos de uma alta inflação. Contudo, 
apesar das adversidades, o SFH contribuiu de maneira significativa no que 
Mercado Imobiliário
31
diz respeito ao âmbito do mercado imobiliário, bem como abriu portas 
para que novos investimentos pudessem ser realizados. 
Assim, abordaremos agora alguns outros momentos importantes 
que fizeram toda a diferença naquele período no que se refere à evolução 
do mercado imobiliário brasileiro. Podemos começar citando o período 
compreendido entre 1967 e 1973, considerado um período de “milagre” 
econômico brasileiro. Foi durante esse período que o Brasil teve uma alta 
nas suas taxas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), bem como 
uma diminuição da inflação, fazendo com que o setor imobiliário tivesse 
bons resultados, com uma procura considerável de habitação, beneficiada, 
inclusive, pelas facilidades ofertadas pela concessão de crédito por parte 
do Banco Nacional de Habitação. Assim, foi um período no qual houve um 
crescimento considerável de financiamento por meio do Banco Nacional 
de Habitação, como veremos mais detalhadamente a seguir. 
Dessa forma, o período compreendido entre 1967 e 1973 representou 
um bom momento para o mercado imobiliário, pois, como podemos 
observar na Figura 2 abaixo destacada, a taxa de crescimento do PIB foi 
de 9,8% em 1968 para 14% em 1973, enquanto a inflação teve uma queda 
de 25,5% em 1968 para 15,6% em 1973. 
Tabela 1 – Dados relativos aos indicadores macroeconômicos 
Fonte: Veloso, Vilella e Giambiagi, 2008.
Assim, podemos destacar que alguns fatores foram determinantes 
para que, durante esse período, tivéssemos um avanço e crescimento do 
setor imobiliário, bem como dados animadores como os apresentados 
na figura acima. Como primeiro fator, podemos citar o fato de que, 
durante esse período, a política econômica foi um diferencial, já que 
se tinha uma política monetária favorável e uma política creditícia que 
buscava expandir o fornecimento de créditos para habitação. Além disso, 
Mercado Imobiliário
32
tínhamos um grande incentivo às exportações, oriundos de um estímulo 
do governo que permitia que as empresas pudessem ter mais facilidades 
para importar e, consequentemente, investir nas exportações. 
SAIBA MAIS
Dentre os incentivos às exportações estimulados pelo 
governo, estava a criação da Comissão para Concessão 
de Incentivos Fiscais e Programas Especiais de Exportação 
(Befiex), criado a partir do art. 6° do Decreto-Lei nº 1.219, de 
15 de maio de 1972. Tal programa consistia na concessão 
de isenção dos impostos incidentes sobre os insumos 
importados e que compunham a produção destinada 
ao mercado interno. Assim, tinha-se menores custos de 
produção, bem como importação com algumas isenções 
de tributos especificadas pela legislação que tratava da 
matéria. Assim, a Befiex atuou como uma importante 
contribuição no que se refere aos incentivos às exportações 
observados nesse período de bom desempenho do setor 
econômico e, consequentemente, do setor imobiliário.
Para além desse fator, há a questão de que, naquele período, o 
ambiente externo estava mais favorável, considerando que a economia 
internacional possibilitava uma maior abertura de trocas favoráveis, uma 
expansão considerável no volume de comércio internacional diante 
das facilidades oriundas das baixas taxas de juros, bem como de uma 
disponibilidade de crédito que também atraía uma expansão desse 
mercado externo. Assim, apesar de o Brasil, naquele período, já possuir um 
valor de endividamento perante o comércio externo, a disponibilidade de 
crédito também permitiu que houvesse um maior equilíbrio, fazendo com 
que o país usufruísse de alguns benefícios que garantiam esse equilíbrio. 
Posto isso, resta claro que esses fatores contribuíram de maneira positivapara que o cenário permitisse um maior crescimento no setor imobiliário, 
garantindo que o país vislumbrasse um avanço nesse setor. 
Como mencionado anteriormente, o Banco Nacional de Habitação 
também contribuiu para esse período de crescimento ocorrido no Brasil. 
Foi um período marcado por uma maior facilidade no crédito concedido 
Mercado Imobiliário
33
por meio do referido banco, de maneira que a procura por financiamento 
para compras de habitações cresceu de maneira significativa. 
Assim, durante esse período, o Banco Nacional de Habitação 
chegou a financiar mais de 600 mil casas, fazendo com que o setor de 
construção crescesse de maneira significativa. Inclusive, de acordo com 
Singer (1977, p. 112), o Banco Nacional de Habitação proporcionou, naquele 
período, o seguinte: 
[...] o BNH oferecia crédito maciço aos construtores, 
permitindo-lhes acelerar as obras, e, desta maneira, encurtar 
o ciclo do capital e reduzir seus custos e ao mesmo tempo 
proporcionava aos adquirentes créditos de longo prazo, com 
o saldo reajustado trimestralmente de acordo com a inflação.
Além do financiamento de grandes obras e a garantia de moradia 
para pessoas de classe de menor poder aquisitivo, o Banco Nacional 
de Habitação acabou contribuindo, também, para uma maior geração 
de emprego naquele período, pois o incentivo à construção fazia com 
que a necessidade de uma quantidade cada vez maior de mão de obra 
se fizesse necessária, motivo pelo qual também houve um aumento do 
emprego relativo ao setor de construção e setor imobiliário. 
Após esse período de crescimento para o setor da economia 
brasileira e para o setor imobiliário, iniciou-se um momento de crise com 
a alta da inflação, situação externa internacional desfavorável e a crise 
do petróleo, já mencionada anteriormente. Ainda, o Banco Nacional de 
Habitação, que tanto havia contribuído positivamente para o cenário 
econômico e imobiliário brasileiro, começou a sair um pouco de cena, na 
medida em que a alta da inflação e a crise começaram a tornar cada vez 
mais inviáveis os financiamentos. Nesse cenário de crise que começava 
a se instaurar, o Banco Nacional de Habitação foi extinto na qualidade 
de instituição pública e incorporado como parte integrante da Caixa 
Econômica Federal. 
A partir de então, as diversas transições políticas que se seguiram 
no Brasil e as tentativas de se reerguer economicamente fizeram com 
que o país vivesse momentos de incerteza, entre altos e baixos, até que 
Mercado Imobiliário
34
estivéssemos diante da crise de 2008, que levou a economia americana a 
sua segunda maior crise de todos os tempos, com reflexos consideráveis 
no cenário brasileiro, como veremos mais detalhadamente no tópico a 
seguir. 
Aprofundar-se na crise de 2008 será importante para compreender 
o comportamento do setor imobiliário no Brasil após essa crise e, 
sobretudo, o momento atual vivenciado por esse setor em nosso país. 
A crise financeira de 2008 
Trataremos agora, de maneira mais aprofundada, da crise financeira 
de 2008, como forma de melhor compreender o impacto dessa crise na 
economia e, sobretudo, no setor imobiliário. Para muitos economistas, 
inclusive, a crise financeira de 2008 foi a pior crise desde a Grande 
Depressão. Ela ocorreu em virtude da bolha imobiliária nos Estados 
Unidos, causada em decorrência da alta nos valores imobiliários, que, 
em contrapartida, não conseguiu acompanhar o aumento de renda da 
população. 
VOCÊ SABIA?
A Grande Depressão, também conhecida como crise de 
1929, foi uma grande depressão econômica ocorrida nos 
Estados Unidos que teve início em 1929 e perdurou por 
quase uma década, com fim apenas em virtude da Segunda 
Guerra Mundial. A Grande Depressão teve início quando a 
economia dos Estados Unidos começou a se desequilibrar, 
pois os americanos, nesse período, viveram um período de 
“american way of life” (modo de vida americano) totalmente 
voltado para o capitalismo desenfreado. Os americanos, 
então, se viram diante de um, cenário em que gastavam 
demais e investiam na bolsa de valores de maneira 
desenfreada, acreditando que aquela situação favorável 
da economia iria se manter para sempre. Acontece que a 
economia começou a dar indícios de que não estava tão 
bem quanto imaginavam, e os Estados Unidos viu sua 
economia cair, havendo uma recessão. 
Mercado Imobiliário
35
Houve, assim, uma queda na bolsa de valores de Nova York, 
apresentando efeitos não apenas para os Estados Unidos, 
mas para o mundo como um todo, que se via dependente 
da potência econômica que era a economia dos Estados 
Unidos. Assim, os EUA tiveram que lidar com uma queda 
do seu PIB de aproximadamente 50%, aumento do 
desemprego, queda das importações e das exportações, 
falência de milhares de empresas e bancos, entre outras 
consequências devastadoras. Foi, de fato, um período difícil 
para os Estados Unidos e que refletiu, consequentemente, 
no Brasil, principalmente no que diz respeito à produção de 
café da época, levando em consideração que era o principal 
produto de exportação do país e o principal consumidor 
era, justamente, os Estados Unidos.
SAIBA MAIS
Falamos anteriormente que a crise financeira de 2008 se 
deu em virtude da bolha imobiliária ocorrida nos Estados 
Unidos. Assim, é importante entender, primeiramente, o 
que é uma bolha imobiliária. Quando falamos em bolha 
imobiliária, estamos nos referindo a situações em que os 
bancos começaram a oferecer mais créditos, expandindo, 
assim, o crédito imobiliário e atraindo os consumidores, 
fazendo com que os imóveis passassem a ficar cada vez 
mais valorizados. Essa valorização faz com que ocorra 
uma elevada procura pelos imóveis e, consequentemente, 
haja um aumento na taxa de juros, derrubando, assim, o 
preço dos imóveis. Dessa forma, muitos dos empréstimos 
anteriormente realizados não são pagos, já que se tornou 
inviável para aqueles que haviam realizado os empréstimos 
conseguir arcar com tal despesa. Em outras palavras, 
inicialmente houve uma oferta de empréstimos a juros 
baixos para que as pessoas conseguissem, finalmente, 
financiar a compra do seu imóvel; a procura foi aumentando 
e o preço dos imóveis, consequentemente, subindo. É 
importante destacar que a alta no preço dos imóveis não 
se dava necessariamente porque eles estavam valorizados 
em virtude da sua localização, por exemplo, ou do seu bom 
estado, mas tão somente porque a procura por imóveis
Mercado Imobiliário
36
estava muito alta em virtude da facilidade com que os 
empréstimos foram ofertados. Isso gerou uma bolha 
imobiliária, conforme demonstra a Figura 2, visto que as 
pessoas estavam financiando imóveis por um preço muito 
acima do que realmente valiam. De maneira geral, esse é o 
contexto de uma bolha imobiliária.
Figura 2 – Representação da bolha imobiliária 
Fonte: Freepik, 
ACESSE
Considerando a importância do tema acerca da crise 
financeira de 2008 e como forma de melhor compreender 
os impactos de tal crise para os Estados Unidos e para o 
mundo, há dois filmes que retratam bem esse período: 
O Capitalismo: uma história de amor (2009), de Michael 
Moore, e o filme A grande aposta (2015), de Adam Mckay. 
São filmes que irão, de maneira didática, apresentar um 
pouco de como a crise de 2008 impactou na vida das 
pessoas. Vale a pena conferir!
Dentro desse contexto, a crise de 2008 afetou, também, a economia 
brasileira e o mercado imobiliário, tendo em vista que houve queda no 
Mercado Imobiliário
37
valor das ações, aumento no preço do dólar, diminuição do crédito e 
redução dos investimentos internacionais. Em comparação com os países 
europeus, por exemplo, os impactos observados no Brasil foram bem 
mais inferiores, mas, ainda assim, foram consideráveis. Por esse motivo, os 
reflexos do que significou a crise de 2008 para os Estados Unidos foram 
sentidos aqui em nosso país, com um aumento no preço dos imóveis em 
virtude da diminuição do crédito anteriormente mencionado.Cenário após a crise de 2008
De maneira geral, como já dito anteriormente, não há como comparar 
os impactos dos países europeus, por exemplo, com os impactos sofridos 
pelo Brasil em virtude da crise de 2008. O nosso país sofreu impactos 
bem mais inferiores, entretanto, ainda consideráveis diante de todo esse 
cenário. 
Assim, o cenário que se observou no Brasil após a crise de 2008 
foi uma redução do crédito no mercado, haja vista que houve uma 
diminuição de dinheiro disponível no país para a concessão de crédito, 
não apenas para as empresas, mas também para os consumidores. 
Dessa forma, tanto as empresas foram afetadas, pois começaram a ter 
dificuldades para obter financiamento para investimentos e exportações, 
como também os consumidores se viam impossibilitados de adquirir 
imóveis ou veículos, por exemplo, em virtude da dificuldade em conseguir 
algum financiamento. 
Ainda, a referida crise fez com que o valor do dólar sobre o real 
subisse de maneira considerável, prejudicando não somente as empresas 
que não haviam se preparado para essa alta da moeda, como também 
aqueles consumidores que pretendiam viajar para o exterior, seja a 
turismo ou para adquirir produtos importados. 
Diante desse cenário, o governo precisou criar estímulos como 
forma de auxiliar a economia e diminuir os prejuízos causados em 
virtude da crise ocorrida nos Estados Unidos e seus reflexos no país, 
reduzindo alguns tipos de impostos, a exemplo da redução do Imposto 
sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis, construção civil e 
Mercado Imobiliário
38
eletrodomésticos, alteração da cobrança do imposto de renda de pessoa 
física, alguns tipos de estímulo de crédito em bancos públicos, entre 
outras medidas. 
Além disso, o Banco Central reduziu os juros em virtude da crise 
internacional como mais uma forma de estimular o crédito no país e, 
consequentemente, estimular o investimento por parte das empresas, 
a fim de garantir que o consumo não fosse prejudicado. Estimular a 
população brasileira ao consumo era uma das maneiras de fazer com 
que as empresas não fossem tão prejudicadas, garantindo que os 
investimentos também não o fossem. Assim, as medidas implementadas 
pelo governo permitiram que a situação do Brasil não piorasse ainda 
mais, garantindo que o país conseguisse atravessar a crise internacional 
instalada sem ter sido demasiadamente prejudicado, resistindo a tal crise.
RESUMINDO
E então? Aprendeu direitinho sobre a evolução do mercado 
imobiliário no Brasil? O estudo dessa evolução permite 
compreender alguns momentos importantes na linha 
do tempo do nosso país que influenciaram negativa e/
ou positivamente o setor do mercado imobiliário. Foram 
períodos que apresentaram contribuições importantes e, 
por esse motivo, mereciam atenção. Assim, analisar tais 
períodos implica, necessariamente, analisar a crise de 2008 
e seu impacto tanto na economia quanto no setor imobiliário. 
Percebemos que a crise vivenciada pelos Estados Unidos 
refletiu, também, em nosso país, motivo pelo qual 
apresentamos no último tópico alguns dos reflexos da crise 
em nosso país, no momento pós-crise. Espero que tenha 
sido possível assimilar todas as informações e entender um 
pouquinho mais do contexto histórico por trás da evolução 
do direito imobiliário no Brasil. Preparado para continuamos 
nos aprofundando nesse tema? Vamos juntos!
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Regulamentação legal do mercado 
imobiliário
INTRODUÇÃO
Ao término deste capítulo, você será capaz de analisar e 
compreender um pouco mais de algumas legislações 
que são importantes para o setor do mercado imobiliário. 
São legislações que serão apresentadas não de maneira 
taxativa, mas, ao contrário, exemplificativa, considerando 
que há outras regulamentações igualmente importantes 
para o tema. São contribuições importantes de tais 
regulamentações legais e que precisam ser observadas no 
âmbito do mercado imobiliário. Assim, iremos entender um 
pouco mais da importância dessas legislações para o setor. 
E então? Preparado? Vamos juntos. Avante!
Lei nº 8.245/1991 – Lei do Inquilinato 
Dentre as mais variadas leis que regulamentam o mercado 
imobiliário, podemos citar a Lei nº 8.245, de 18 de outubro de 1991, 
conhecida como Lei do Inquilinato. A referida lei regulamenta a locação 
de imóveis urbanos e é de suma importância o conhecimento de como 
acontece essa regulamentação no mercado de aluguéis de imóveis 
residenciais e comerciais. 
Convém destacar que falar sobre a locação de imóveis não é algo 
apenas dos dias atuais, pelo contrário, remonta a períodos historicamente 
importantes, nomeadamente porque o termo “locação de imóveis” sempre 
se destacou como um dos tipos de contratos mais conhecidos por nossa 
sociedade. Falar em locação de imóveis é, naturalmente, falar em direito 
contratual, tendo em vista que o direito contratual vai se modificando 
e evoluindo de acordo com as transformações que a sociedade vai 
passando. 
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IMPORTANTE
Desde muito tempo, os contratos e o direito contratual como 
um todo já faziam parte da vida das pessoas, ainda que de 
maneira primitiva se compararmos ao direito contratual que 
temos atualmente. Desde os primórdios da civilização, as 
pessoas já realizavam contratos no intuito de regular regras 
de convivência em sociedade, bem como para a realização 
de trocas comerciais, por exemplo. Por esse motivo, não 
há necessariamente uma data específica para atribuirmos 
ao nascimento dos contratos, pois desde muito tempo o 
homem já realizava diversos tipos de contratos, ainda que 
não soubesse que o estava fazendo. Assim, as relações 
comerciais foram, aos poucos, evoluindo e se modificando, 
até a que temos atualmente. A Lei do Inquilinato, hoje, 
representa um grande avanço e uma maior segurança 
jurídica ao setor imobiliário.
Nesse contexto, tal regulamentação sobre a locação de imóveis 
não se deu apenas com a promulgação da Lei do Inquilinato. A primeira 
regulamentação inicial desse tipo de relação já havia ocorrido com a 
promulgação do Código Civil de 1916, que tratava sobre o vínculo locatício, 
estabelecendo o seguinte: 
SEÇÃO I
DA LOCAÇÃO DE COISAS
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1.188. Na locação de coisas, uma das partes se obriga a 
ceder à outra, por tempo determinado, ou não, o uso e gozo 
de coisa não fungível, mediante certa retribuição.
[…]
DA LOCAÇÃO DE PRÉDIOS
Art. 1.200. A locação de prédios pode ser estipulada por 
qualquer prazo.
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Art. 1.201. Não havendo estipulação expressa em contrário, o 
locatário, nas locações a prazo fixo, poderá sublocar o prédio, 
no todo, ou em parte, antes ou depois de havê-lo recebido, e 
bem assim emprestá-lo, continuando responsável ao locador 
pela conservação do imóvel e solução do aluguel.
Parágrafo único. Pode também ceder a locação, consentindo 
o locador. (BRASIL, 1916, on-line)
Por isso, resta claro que o tema locação de imóveis já vinha, desde 
muito tempo, sendo tratado e regulado. Com o passar do tempo, as 
modificações nas relações comerciais e a evolução do setor imobiliário, 
o tema precisou se adequar e ser complementado, como forma de fazer 
com que a regulamentação legal sobre a matéria conseguisse responder 
de maneira mais eficiente e positiva possível às necessidades das pessoas. 
NOTA
Fazendo um breve comparativo da regulamentação do 
tema sobre locação de imóveis no Código Civil de 1916 
com o que temos nos dias atuais, é possível perceber 
que o Código Civil de 1916 tinha como base princípios do 
liberalismo clássico até então vigente à época, refletindo 
questões como autonomia da vontade e força obrigatória 
dos contratos. Ou seja, havia o mínimo de interferência 
possível do Estado na elaboração dos contratos, pois 
se partia do pressuposto de que tudo que ali tinha sido 
acordado, seria justo e de bom grado para ambas as 
partes, considerando que as partes eram livres para 
celebrar tais contratos.Contudo, como é sabido, não há 
necessariamente um equilíbrio entre as partes, de maneira 
que alguns contratos não eram realizados de maneira justa. 
Assim, o Estado precisou ir, aos poucos, interferindo, como 
forma de melhor proteger a parte mais vulnerável da relação 
contratual, seja com a presença de cláusulas que fossem 
mais protetivas à parte vulnerável, seja com a vedação de 
cláusulas que fossem extremamente prejudiciais à parte 
vulnerável.
Mercado Imobiliário
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Nessa perspectiva, em 1991, finalmente nasce a Lei n° 8.245, de 
18 de outubro de 1991, conhecida como Lei do Inquilinato, que está 
vigente até os dias atuais. A referida lei buscou reunir as transformações e 
evoluções que a sociedade perpassou no âmbito da locação de imóveis, 
de maneira a abarcar conceitos importantes e princípios necessários, 
no intuito de que os contratos que venham a ser realizados quando 
da locação de imóveis sejam os mais justos e transparentes possíveis, 
garantindo direitos e deveres de ambas as partes, como veremos mais 
detalhadamente a seguir. 
Dessa forma, a locação imobiliária será, justamente, disciplinada 
pela Lei do Inquilinato anteriormente mencionada. Convém ressaltar 
que, já no art. 1° da Lei nº 8.245/91, há a disposição de quais locações 
continuam a ser reguladas pelo Código Civil e pela legislação especial. 
Vejamos: 
Art. 1º A locação de imóvel urbano regula - se pelo disposto 
nesta lei:
Parágrafo único. Continuam regulados pelo Código Civil e 
pelas leis especiais:
a) ..................................................................................................................as locações:
1. ..........de imóveis de propriedade da União, dos Estados e dos 
Municípios, de suas autarquias e fundações públicas;
2. ...............de vagas autônomas de garagem ou de espaços para 
estacionamento de veículos;
3. ......................................................de espaços destinados à publicidade;
4. ...................em apart-hotéis, hotéis - residência ou equiparados, 
assim considerados aqueles que prestam serviços regulares a 
seus usuários e como tais sejam autorizados a funcionar;
b) o arrendamento mercantil, em qualquer de suas 
modalidades. (BRASIL, 1991, on-line)
Percebe-se, portanto, que as situações acima descritas continuam 
a ser reguladas pelo Código Civil e pela legislação especial, pois, 
Mercado Imobiliário
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dependendo do tipo de bem, por exemplo, prevalecerá o interesse 
público, a exemplo de bens que sejam dos entes federativos, não 
podendo tais locações serem submetidas ao regime privado. Assim, 
a Lei do Inquilinato se aplica apenas aos imóveis urbanos destinados à 
residência ou à atividade comercial. 
Nesse aspecto, considerando que a Lei do Inquilinato se aplica 
apenas a imóveis urbanos destinados à residência ou à atividade comercial, 
ela faz referência a três grupos distintos de locação, sendo eles: 
 • locação residencial, que se subdivide em: 
a. com prazo certo, igual ou superior a trinta meses, contratada por 
escrito, de acordo com o art. 46 da Lei nº 8.245/91; 
b. com prazo indeterminado ou inferior a trinta meses, de acordo 
com o art. 47 da Lei nº 8.245/91. 
 • locação não residencial, que se subdivide em: 
a. locação comercial com direito à renovatória, de acordo com o art. 
51 da Lei nº 8.245/91; 
b. outras locações livres, que dizem respeito àquelas que não se 
enquadram ou não estão acobertadas pela ação renovatória e 
estarão submetidas às regras estabelecidas pela Lei nº 8.245/91. 
 • locação especial, que tem por objeto imóveis destinados à 
temporada, conforme estipulam o art. 48 e seguintes da Lei nº 
8.245/91. 
Por esse motivo, o conhecimento da Lei do Inquilinato se torna 
essencial no setor imobiliário para que a locação de imóveis urbanos 
possa ocorrer dentro do previsto em lei, considerando que referida lei 
orienta e dispõe de aspectos importantes e essenciais para a realização 
de um contrato de locação, de forma que se garanta os direitos e deveres 
dos locadores e locatários. 
Mercado Imobiliário
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Lei nº 10.257/01 – Estatuto da Cidade 
Na continuidade da análise da regulamentação legal do mercado 
imobiliário, outra importante lei diz respeito ao Estatuto da Cidade, tendo 
em vista que o referido Estatuto preencheu algumas lacunas deixadas 
pela Constituição de 1988 no que se refere ao desenvolvimento urbano e 
à política urbana em si. Assim, o Estatuto da Cidade foi instituído por meio 
da Lei Federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001, estabelecendo diretrizes 
gerais da política urbana, as quais devem ser aplicadas pela União, pelos 
estados e pelos municípios. 
Nesse contexto, a base constitucional para a criação do Estatuto 
da Cidade está no art. 21, inciso XX, da Constituição Federal, que 
dispõe competir privativamente à União “[...] XX - instituir diretrizes para 
o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e 
transportes urbanos” (BRASIL, 2001, on-line). Ainda, estabelece o art. 
24, inciso I, da Constituição Federal de 1988, que compete à União, aos 
estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre “[...] I - direito 
tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico” (BRASIL, 
1988, on-line). 
Assim, aliado à regulamentação apresentada pelos arts. 182 e 183 
da Constituição Federal, é criado o Estatuto da Cidade, no intuito de 
regulamentar os instrumentos necessário a essa política. Vejamos o que 
dispõe o art. 1° do Estatuto da Cidade, bem como os arts. 182 e 183 da 
Constituição Federal de 1988, respectivamente: 
CAPÍTULO I
DIRETRIZES GERAIS
Art. 1º Na execução da política urbana, de que tratam os arts. 
182 e 183 da Constituição Federal, será aplicado o previsto 
nesta Lei.
Parágrafo único. Para todos os efeitos, esta Lei, denominada 
Estatuto da Cidade, estabelece normas de ordem pública e 
interesse social que regulam o uso da propriedade urbana 
Mercado Imobiliário
45
em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos 
cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental.
*Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo 
Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas 
em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento 
das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus 
habitantes.
Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até 
duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, 
ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua 
moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde 
que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. 
(BRASIL, 1988, on-line)
Assim, a criação do Estatuto da Cidade funciona como mais um 
instrumento a favor do setor imobiliário, de maneira que a supracitada 
lei precise estar em conformidade com os princípios constitucionais, 
a exemplo do princípio da função social da propriedade e, sobretudo, 
garantir que referidos princípios sejam respeitados e efetivados. 
O Estatuto da Cidade representou um grande avanço no âmbito 
da política urbana, funcionando como uma legislação que veio inovar e 
evoluir junto com as transformações pelas quais a sociedade passa. 
Dessa forma, podemos compreender que o Estatuto da Cidade não 
apenas garante de maneira justa os espaços disponíveis para habitação, 
mas também luta para que as desigualdades sociais existentes não sejam 
um entrave quando da busca por espaços habitáveis e aplicação de uma 
política urbana organizada e, sobretudo, planejada. O Estatuto da Cidade 
preza, inclusive, pela defesa do equilíbrio ambiental quando da ocupação 
dos espaços e, inclusive, o respeito à função social da propriedade, 
evidenciando a preocupação do Estatuto com o fato de que a política 
urbana esteja em conformidade com princípios essenciais. 
Além disso, o Estatuto da Cidade apresenta, em seu art. 2°, diretrizes 
que são fundamentais para a política urbana e que beneficiam o setor 
imobiliário,fortalecendo questões importantes, a exemplo da garantia 
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do direito às cidades sustentáveis, bem como a cooperação entre os 
governos. Vejamos alguns exemplos: 
Art. 2º A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno 
desenvolvimento das funções sociais da cidade e da 
propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais:
I – garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como 
o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, 
à infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, 
ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações;
[...]
IV – planejamento do desenvolvimento das cidades, da 
distribuição espacial da população e das atividades econômicas 
do Município e do território sob sua área de influência, de 
modo a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e 
seus efeitos negativos sobre o meio ambiente;
[...]
VI – ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar:
a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos;
b) a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes;
c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos ou 
inadequados em relação à infraestrutura urbana;
d) a instalação de empreendimentos ou atividades que 
possam funcionar como polos geradores de tráfego, sem a 
previsão da infraestrutura correspondente;
e) a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na 
sua subutilização ou não utilização;
f) a deterioração das áreas urbanizadas;
g) a poluição e a degradação ambiental;
h) a exposição da população a riscos de desastres. (BRASIL, 
2001, on-line) 
Mercado Imobiliário
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O Estatuto da Cidade é, portanto, um valioso instrumento para o setor 
imobiliário, sendo importante para a garantia e efetivação de princípios 
constitucionalmente previstos, bem como no auxílio para o processo de 
urbanização, garantindo sempre que o interesse social e coletivo possam 
predominar, em observância ao princípio da função social da propriedade 
urbana e evidenciando a importância da referida lei federal não apenas no 
âmbito da política urbana, mas, também, do setor imobiliário. 
Lei nº 13.786/2018 – Lei do Distrato 
Por fim, e não menos importante, temos a Lei nº 13.786, de 27 de 
dezembro de 2018, que trata da rescisão de contratos imobiliários, sendo 
comumente conhecida como Lei do Distrato. 
Como anteriormente apresentado, ela está em vigor desde 2018, 
sendo uma lei recente e que representa um marco legal no contrato de 
alienação de imóveis na planta. É importante destacarmos a importância 
dessa lei, tendo em vista que ainda não havia qualquer regulamentação 
legal que tratasse da rescisão de contratos, o que acabava gerando 
grandes entraves judiciais. Assim, a sobredita lei fez com que, quando 
da rescisão de contratos, haja condições para a sua efetivação, com o 
estabelecimento de multas e taxas, por exemplo. Contudo, convém 
destacar que essa lei só se aplica a contratos que tenham sido celebrados 
após a sua aprovação, ou seja, após dezembro de 2018. 
Nesse aspecto, quando estamos diante de um distrato imobiliário 
contratual, é porque o referido distrato já estava previamente disposto 
no contrato, de maneira que, na maioria dos casos, quando já há essa 
previsão, a negociação é feita mais amigavelmente. Mas, de toda forma, 
é importante que se esclareça o fato de que estar o distrato previsto 
no contrato não anula a possibilidade de que as partes busquem apoio 
jurídico tanto no Código Civil como no Código de Defesa do Consumidor, 
a fim de assegurar que tudo esteja sendo feito em conformidade com a lei, 
sem que nenhuma das partes saia prejudicada dessa rescisão contratual. 
Já quando o distrato imobiliário não está previamente disposto no 
contrato, ou seja, as partes não haviam acordado essa possibilidade, há 
Mercado Imobiliário
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a necessidade de que ocorra de maneira judicial. Ou seja, um advogado 
especialista deverá auxiliar para que as partes possam, enfim, chegar 
a um consenso. É importante destacar que, independentemente vir 
estipulado no contrato a proibição de que ocorra um distrato imobiliário, 
por exemplo, a lei permite que ocorra. Por isso, tal cláusula pode ser nula 
e/ou anulável, pois há lei que trata da matéria e viabiliza o distrato em 
caso de necessidade. Assim, a Lei nº 13.786, de 27 de dezembro de 2018, 
serve como mais um instrumento a favor do setor imobiliário, conferindo 
diretrizes importantes quando da rescisão de contratos, sendo, assim, 
uma regulamentação essencial para o setor. 
RESUMINDO
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu tudo? 
Só para termos certeza de que você realmente entendeu, 
vamos recapitular algumas coisas. Você deve ter aprendido 
que a Lei do Inquilinato é um importante instrumento 
para o setor imobiliário e que, inclusive, o trato na locação 
de imóveis não é matéria apenas dos dias atuais, mas 
remonta a períodos antigos da sociedade, tendo em vista 
que, desde muito tempo, o homem realiza contratos 
com esse intuito, ainda que o fizesse de maneira primária. 
Além disso, aprendemos um pouco da importância do 
Estatuto da Cidade para o setor imobiliário e alguns de 
seus benefícios no âmbito da política urbana e, sobretudo, 
do setor imobiliário. Por fim, vimos como a Lei do Distrato 
auxilia quando da necessidade de uma regulamentação 
jurídica que trate da rescisão contratual, facilitando, assim, 
todo o processo. São leis que foram apresentadas não de 
maneira taxativa, mas, ao contrário, apenas exemplificativa, 
considerando que ainda existem outras leis que são 
igualmente importantes para o setor imobiliário. Espero que 
você tenha conseguido absorver tudo. Vamos continuar 
conhecendo um pouquinho mais acerca do mercado 
imobiliário? Conto com você!
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REFERÊNCIAS
AGÊNCIA BRASÍLIA. Nordestinos são maioria dos imigrantes que 
vivem no DF. 9 ago. 2014. Disponível em: https://www.agenciabrasilia.
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do Brasil de 1988. Brasília: Presidência da República, [2016]. BRASIL. 
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br/ccivil_03/LEIS/L3071.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/
L3071.htm. Acesso em: 25 de mar. 2020. 
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locação de imóveis urbanos. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
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BRASIL. Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001. Institui o Estatuto 
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Mercado Imobiliário
50
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DICIO. Mercado. Dicionário Online de Português. Porto: 7Graus, 
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DICIO. Correção monetária. Dicionário

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