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1 Revisão de conceitos-chave: conceção (design) de formas Farmacêuticas Bibliografia principal: “Aulton’s Pharmaceutics: The design and manufacture of medicines” Capítulo 1 Conceitos chave O princípio activo ou substância activa (sa) é o fármaco Active Pharmaceutical Ingredient (API) Também denominado como Químico, biológico • O fármaco apresenta-se formulado sob uma forma farmacêutica – Sólida, liquida, pastosa, ……..gel, injectável, transdérmico, aerosol, etc 2 Medicamento Inovador # genérico # híbrido 1. O que é um medicamento genérico? 2. O que contém um medicamento genérico? 3. Quando pode um medicamento genérico ser desenvolvido? 4. Como são produzidos os medicamentos genéricos? 5. Como são autorizados os medicamentos genéricos? 6. Como são avaliados os medicamentos genéricos? 7. Como é monitorizada a segurança dos medicamentos genéricos? 8. O que é um medicamento híbrido? Respostas em https://www.ema.europa.eu/en/documents/medicine-qa/questions-answers-generic- medicines_en.pdf Inovador vs genérico vs híbrido Genérico – “o mesmo que o medicamento de referência” Mesmo API (pode ser um sal diferente), mesma dose e forma de dosagem para tratar a mesma doença…no entanto pode ter excipients, aparência (cor e forma) e embalagem diferentes. • Fabricados com mesmo padrão de qualidade • Apenas podem ser introduzidos no Mercado após a exclusividade do medicamento de referência expirar (em geral 10 anos !!!!) • Segurança e eficácia do API já foi demonstrada (medic. referência) – não é obrigatório voltar a demonstrar • Obrigatório demonstrar a qualidade (mesma biodisponibilidade que o med. de referência) 3 Inovador vs genérico vs híbrido Híbrido – Acontece quando o produtor de medic. genéricos desenvolve um medicamento baseado num medicamento de referência (de marca) mas decide que o medicamento terá uma dose em API diferente (do med. referência), nova via de administração ou mesmo uma ligeira diferença na indicação (condição clínica a tartar). A autorização destes medicamentos depende em parte dos resultados dos testes feitos em medicamentos de referência e também dependem de resultados (novos) de novos ensaios clínicos. Novos fármacos & Medicamentos inovadores Concepção (design) de moléculas destinadas a interagir com um receptor específico para obter uma ação biológica – Modelização molecular – Compreensão do mecanismo molecular da doença Screening de actividade feito em bibliotecas de moléculas conhecidas relativamente a processos biológicos envolvidos em patologias O acaso ainda tem um papel determinante no processo de descoberta - Produtos naturais - Produtos de fermentação 4 BIOALVO holds several exclusive Portuguese natural and sustainable extracts collections. One of those collections is PharmaBUG. Produção de princípios activos em Portugal 5 A importância dos Excipientes Concepção de formas farmacêuticas • Objectivos : – alcançar a resposta terapêutica esperada a um fármaco incluído na formulação; – Produção em larga escala com qualidade reprodutível Industrias farmacêuticas em Coimbra 6 Qualidade reprodutível: características a observar – Estabilidade química e física, – Baixa contaminação microbiológica – Uniformidade de dosagem – Baixa variabilidade de ação entre doentes – Embalagem e rotulagem adequadas – Otimização de biodisponibilidade Conceção de formas farmacêuticas 1. Aspetos biofarmacêuticos – Absorção, distribuição, metabolismo e excreção – Influência das vias de administração e formas farmacêuticas • Oral, rectal, parenteral, tópica e pulmonar vs intravenosa 2. Fatores relacionados com o fármaco – Propriedades organoléticas, – Tamanho das partículas e superfície, – Solubilidade e dissolução, – Coeficiente de partilha e pKa, – Propriedades cristalinas, polimorfismo, – Estabilidade, outras propriedades 3. Aspetos relacionados com a terapia / indicação clínica A integração das 3 classes de fatores é fundamental para o sucesso da formulação 7 Selecção da forma farmacêutica • Conceção da forma farmacêutica de forma a adequá-la à absorção do fármaco pela respetiva via de administração • Diversidade de formas farmacêuticas para aplicações específicas – Prednisolona base e acetato- baixa solubilidade – inj intramuscular de suspensão; fosfato sódico – solubilidade elevada- solução Aspectos Biofarmacêuticos • Absorção do fármaco a partir da pele, tracto gastro-intestinal e pulmões em direcção aos fluidos corporais. • Mecanismos: Difusão passiva e mecanismos de transporte especializados – Difusão passiva • controla a absorção da maioria dos fármacos, transporte a favor do gradiente de concentração • solubilidade nos lípidos e grau de ionização limitam a velocidade de difusão 8 Via oral • + frequente • Efeitos sistémicos após absorção do fármaco a partir das mucosas do trato GI • Vantagens: via simples, prática e segura • Desvantagens: lenta, irregularidade na absorção, inactivação de fármacos (enzimas, proteínas, tetraciclinas) • Depende de: solubilidade, velocidade de esvaziamento gástrico, pH (1 no estômago até 8 no intestino grosso) • Formas farmacêuticas: comprimidos, cápsulas, suspensões, soluções e emulsões Via rectal • Formas farmacêuticas: pastosos, soluções, emulsões ou supositórios • Adequada para: – fármacos inactivados pelos fluidos do tracto GI, – a via oral se encontra comprometida (vómitos, inconsciência) – utilização pediátrica • Vantagens: Permite evitar o efeito de primeira passagem no fígado • Desvantagens: inconveniente e irregular 9 Via Parentérica • Injecção no organismo a diferentes profundidade – Via subcutânea – Via intramuscular – Via intravenosa – Via intratecal – Via intracardíaca • Vantagens: Rapidez e reprodutibilidade • Adequada quando: o fármaco seja inativado ou mal absorvido por administração oral, ou em situações de emergência • Formas farmacêuticas: Soluções, emulsões ou suspensões, comprimidos (implantes) • Requisito de esterilidade 7356.f0329_2D00_01.jpeg Administração tópica • Acção: – local - anti-sépticos, anti-fúngicos, agentes anti-inflamatórios, hidratantes. – sistémica por via percutânea • Formas farmacêuticas: – Formas semi-sólidas - pomadas, cremes e pastas – Formas líquidas- soluções, emulsões, suspensões • Preparações nasais, auriculares e oftálmicas http://magnesiumforlife.com/img/clip_im age003_0000.png http://www.consumermedsafety.org/i mages/articles/ointment.jpeg 10 Via pulmonar • Grande superfície de absorção para fármacos administrados sob a forma gasosa ou de aerossol • Partículas com diâmetro <0,5 -1 micrómetros para chegarem aos alvéolos pulmonares • Útil no tratamento da asma, doença pulmonar obstrutiva, etc http://chen2820.pbworks.com/f/lung_anatomy.jpg http://chen2820.pbworks.com/f/meteredDoseInhaler.gif Propriedades FQ dos fármacos importantes na concepção de formas farmacêuticas • Propriedades organolépticas • Tamanho das partículas e área de superfície • Solubilidade • Velocidade de dissolução • Coeficiente de partilha e pKa • Propriedades cristalinas, polimorfismo • Estabilidade • Outras propriedades dos fármacos 11 Propriedades organolépticas • Adequadas para garantir a adesão do doente à terapêutica • Aromatizantes, corantes, opacificantes, edulcorantes (sacarose, sacarina sódica) • Derivados do PA sem sabor (palmitato de cloranfenicol) Propriedades FQ dos fármacos importantes na concepção de formas farmacêuticas • Propriedades organolépticas • Tamanho das partículas e área de superfície • Solubilidade • Velocidade de dissolução • Coeficiente de partilha e pKa • Propriedades cristalinas, polimorfismo • Estabilidade • Outras propriedades dos fármacos 12 Tamanho das partículas e área de superfície • Redução do tamanho das partículas por pulverização ou micronização = aumento de área de superfície – Afecta a velocidade de dissolução, velocidade de absorção, uniformidade de teor –Aumenta a biodisponibilidade de fármacos pouco solúveis, Ex. Indometacina, tolbutamida, griseofulvina, etc – Riscos: aumento de adsorção de ar, electricidade estática (aglomeração), mudanças na cristalinidade e pode levar a instabilidade quimica http://t3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSM8QEo3O2mF988_ onfRwa8PzU5NI32sXV--auRIpV79OR2x7WJ Propriedades FQ dos fármacos importantes na concepção de formas farmacêuticas • Propriedades organolépticas • Tamanho das partículas e área de superfície • Solubilidade • Velocidade de dissolução • Coeficiente de partilha e pKa • Propriedades cristalinas, polimorfismo • Estabilidade • Outras propriedades dos fármacos 13 Solubilidade • Solubilidade em meio aquoso do fármaco – essencial para ter eficácia terapêutica • Compostos insolúveis Soluções: – sais ou ésteres (nota: sais de ácidos fortes têm menor influência do pH do meio na sua solubilidade) – complexação – micronização – dispersão Propriedades FQ dos fármacos importantes na concepção de formas farmacêuticas • Propriedades organolépticas • Tamanho das partículas e área de superfície • Solubilidade • Velocidade de dissolução • Coeficiente de partilha e pKa • Propriedades cristalinas, polimorfismo • Estabilidade • Outras propriedades dos fármacos 14 Dissolução • Para fármacos pouco solúveis a velocidade de dissolução limita a velocidade com que o fármaco chega à circulação sistémica • Velocidade de dissolução – equação de Noyes- Whitney dm/dt = k A (Cs - C) (K < 0,1 mg-1 cm-2 ;O passo limitante para a absorção é a dissolução) • Ensaios de dissolução Coeficiente de partilha o/a e pKa • Passo limitante na velocidade de absorção de fármacos muito solúveis pode ser a velocidade de permeação através da barreira biológica* * dependente de: – *Dimensão molecular, solubilidade relativa nos lípidos e no meio aquoso e ionização do fármaco – A membrana onde se dá a absorção actua como uma barreira lipofílica e ….fármacos de baixo peso molecular são ácidos fracos ou bases – Fármacos não ionizados • Absorção dependente do coeficiente de partilha o/a – Fármacos ionizados ao pH no local de absorção • Teoria da partição em função do pH- Equação de Henderson-Hasselbach 15 Propriedades cristalinas, polimorfismo* *especialmente relevantes para formas farmacêuticas sólidas • diferentes formas cristalinas – polimorfos – Preparação de polimorfos – variação de temperatura, solvente ou velocidade de arrefecimento • Substâncias amorfas (sem arranjo estrutural regular) ou cristalinas • Substâncias anidras ou hidratadas ou solvatadas (em diferente grau) – Diferenças de propriedades dos polimorfos - na solubilidade, velocidade de dissolução, escoamento, compressibilidade, estabilidade – Transições durante os processos de fabrico • Pulverização, granulação, secagem e compressão; Granulação- solvatos; secagem – passagem à forma anidra – Reversão de formas metaestáveis em suspensões – alterações de consistência e estabilidade (estabilização com hidrocoloides e tensioactivos) EXEMPLO: Espironolactona Apresenta 2 polimorfos Apresenta 4 solvatos (acetonitrilo, etanol, etilacetato ou metanol) Após aquecimento dos solvatos observa-se o aparecimento do polimorfo 2 16 Solubilidade da forma anidra e hidratada nem sempre é igual 2 exemplos Os Solvatos e hidratos podem ter velocidades de dissolução muito diferentes 17 Diferenças na solubilidade e velocidade de dissolução dos solvatos pode levar a diferenças mensuráveis na sua biodisponibilidade Concentração plasmática após administração oral de suspensão de palmitato de cloranfenicol - a importância da composição em polimorfos 100 % da forma A o 100% forma B 50 % forma A e 50 % da forma B 18 Estabilidade • Assegurar a integridade química do medicamento durante o prazo de validade – um dos objectivos da formulação • Agentes de decomposição: – calor, oxigénio, luz e humidade • Classificação dos fármacos: – Estáveis independentemente das condições (caolino) – Estáveis se manipulados de forma correta (AAS) – Moderadamente instáveis (ex. Vitaminas) – Muito instáveis (alguns antibióticos) • Estratégias para garantir a estabilidade da forma farmacêutica – Agente tampão para controlo do pH em formas líquidas – Conservantes para evitar a proliferação microbiana – Prevenção das interações Outras propriedades dos fármacos • Adequação do fármaco à produção em grande escala • Higroscopia, escoamento, compressibilidade 19 Aspectos ligados à terapia na concepção de formas farmacêuticas • Adaptação à patologia – Administração sistémica ou local, duração de acção • Situações agudas – Geralmente injectáveis – Angina de peito – administração sublingual de nitroglicerina – Aerossoles para tratamento da asma • Idade do doente – crianças formas líquidas - facilidade de deglutição, correcção de sabor e ajuste da dose – Adultos-formas sólidas • Formas vectorizadas para o local de acção
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