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14/09/2020 1 Biotecnologia Jéssica Ferreira Rodrigues Fermentação Contínua Conceitos Básicos • Caracteriza-se por possuir uma alimentação contínua de meio de cultura a uma determinada vazão constante, sendo o volume de reação mantido constante através da retirada contínua de caldo fermentado; • A manutenção de V (volume) constante de líquido no fermentador é importante, a fim de que o sistema atinja a condição de estado estacionário ou regime permanente (“steady state”), condição na qual as variáveis de estado (X, S, P) permanecem constantes ao longo do tempo de operação do sistema; Características: – É um sistema que pode operar por longos períodos de tempo em estado estacionário; – Para manutenção de V constante no fermentador: Valimentação = Vretirada de meio O que é quase impossível de se obter na prática. Por essa razão são usados sistemas de retirada de líquido por transbordamento (“ladrão”), de forma a manter o nível de líquido constante ou ainda, pode-se empregar bombas de alta vazão na saída, acionadas intermitentemente, de forma a manter uma massa constante no reator. Características: • Outro problema que pode comprometer a manutenção do V constante (principalmente em processos aerados) é a formação intensa de espuma, que deve ser evitada, através da utilização de anti-espumantes apropriados ou através de sistemas mecânicos de quebra de espuma. Vantagens – Aumento da produtividade do processo; – Obtenção de caldo fermentado uniforme, o que facilita o projeto das operações de recuperação do produto de interesse (“downstream”); – Manutenção das células em um mesmo estado fisiológico; – Possibilidade de associação com outras operações contínuas na linha de produção; – Maior facilidade no emprego de controles avançados; – Menor necessidade de mão-de-obra. 14/09/2020 2 Desvantagens – Maior investimento inicial na planta; – Possibilidade de ocorrência de mutações genéticas espontâneas; - Seleção de mutantes menos produtivos – Maior possibilidade de ocorrência de contaminações: -Por se tratar de um sistema essencialmente aberto, necessitando de manutenção de condições de assepsia nos sistemas de alimentação e retirada de meio, desde que o processo assim o exija; Desvantagens – Dificuldades de manutenção de homogeneidade no reator: • Quando se trabalha com baixas vazões, ou quando o caldo adquire comportamento pseudo-plástico (cultivo de fungos filamentosos). – Dificuldades de operação em estado estacionário: • Formação de espuma; • Crescimento do microrganismo nas paredes do reator ou ainda, nos sistemas de entrada e saída de líquido). Aplicações 1) Fermentação alcoólica em escala industrial p/ álcool combustível; - Contínuo com reciclo de células; - Contínuo em múltiplos estágios. 2) Tratamento biológico de resíduos (lodo ativado) - Tratamento de resíduos de fábricas de cervejas e refrigerantes, de laticínios e indústrias alimentícias em geral. Aplicação restrita para processos exigentes em manutenção de condições assépticas. Formas de Operação • Normalmente inicia-se em um processo descontínuo: 1) Inicialmente carrega-se o reator com meio de cultura; 2) Procede-se à inoculação com o microrganismo 3) Após algum período de operação descontínua, inicia-se alimentação de meio de cultura e retirada de caldo. Dependendo do instante em que se inicie o processo contínuo propriamente dito, bem como da vazão de alimentação empregada, o sistema poderá convergir com maior ou menor rapidez à situação de estado estacionário; • Recomendações: - Início da alimentação com o cultivo em fase exponencial; - Concentração celular a mais elevada possível; Formas de Operação Existem várias possibilidades de operação com o sistema contínuo: • Contínuo em um único estágio (um único reator); - sem reciclo de células; - Com reciclo de células. • Contínuo em múltiplos estágios (“n” reatores em série): - com única alimentação (com ou sem reciclo de células) - com múltiplas alimentações (com ou sem reciclo de células). Cada uma dessas operações, resultará em distintos comportamentos das variáveis de estado (X, S, P) nos diversos estados estacionários possíveis, podendo-se assim definir faixas ideais de operação do sistema, tendo como objetivo básico a obtenção de elevadas produtividades do processo. 14/09/2020 3 Formação de produtos no sistema contínuo sem reciclo de células, considerando-se a classificação de GADEN, com equacionamento correlacionando as velocidades específicas de crescimento () e de produção (p), conforme proposto originalmente por Luedecking e Piret: a) Produção associada ao crescimento: p =. (18) b) Produção não-associada ao crescimento: p = (19) c) Produção parcialmente associada ao crescimento: p =. + (20) Formação de produtos Considerando a eq. 9 ( ) do balanço material para o produto, fazendo-se Po = 0, obtém-se a expressão para P em estado estacionário: (21) Por outro lado, a produtividade deste produto será dada por: (22) Substituindo-se, pois, as equações 18 a 20 nas eqs. 21 e 22 e lembrando que µ = D, obtém-se as seguintes expressões para a concentração do produto (P) e a sua produtividade (D.P), em estado estacionário, em função de D: X.p)PPo.(D dt dP D X.p P XPD p.).( Produção associada: P = . X (23) (D.P) = . (D.X) = . Px (24) Produção não-associada: (25) (D.P) = ᵦ.x (26) Produção parcialmente associada: (27) (D.P) = (.µ+β).X = X.(α.D+β) (28) D X P . D X D X P . )..( 1o Caso: Formação do produto associado ao crescimento Classificação dos Processos Fermentativos 2o Caso: Formação do produto parcialmente associado ao crescimento 3o Caso: Fermentações complexas • Dependendo do tipo de cinética de formação do produto, haverá determinadas faixas mais adequadas de operação do sistema contínuo → elevadas concentrações e produtividades do produto de interesse; Observação As curvas são válidas desde que a cinética de Monod seja adequada para representar o processo. 14/09/2020 4 Ex. 1:
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