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Mariana Felipe de Almeida - Medicina – Cirurgia Oncológica – 7º semestre 1 Cirurgia Oncológica Introdução: ▪ Importante problema de saúde pública à medida que temos pessoas economicamente ativas que por algum motivo deixam de exercer suas atividades para cuidar de um problema de saúde. Deixamos de ter a população produzindo. ✓ Repercussões econômicas: família e sociedade ✓ Estágio da doença Quando pegamos um paciente com câncer avançado acaba mudando muito ao comparar com pacientes que fazem uma cirurgia (ex: câncer de tireoide) e com 15 dias já tem alta. ✓ Incidência crescente (2001 – 305.000 casos novos; 117.000 óbitos – INCA) / (2012 – 2012 518.000 casos novos) muitas lesões estão sendo diagnosticadas de forma inicial e isso aumenta a incidência. o Utilização de regras de normatização paciente em estagio 1 é igual em qualquer lugar do mundo e a conduta será a mesma. Fazemos o estadiamento para saber como será a condução desse paciente. É padronizado. o Visão multidisciplinar principalmente oncologia cirúrgica – não andamos só mínimo é um oncologista clínico. o Oncologia → medicina do câncer → trata o paciente clinicamente e de forma cirúrgica. A oncologia cirúrgica vai tratar os tumores sólidos (não tem como tirar um linfoma, por exemplo); o Cirurgião oncológico → não só oferece cura, mas também oferece conforto ao paciente (melhora do estilo de vida do paciente – o que ele não conseguiria fazer caso ele não tivesse a cirurgia, passaria a fazer). ✓ Ginecologia (principal área de atuação do oncologista cirúrgico), gastroenterologia, urologia, etc ✓ Cânceres sólidos ✓ Cura x paliação o Avaliação do paciente com câncer: Temos algumas classificações em cirurgia oncológica e essas duas classificações são as mais usadas. ✓ Perfomance status (OS): ▪ Karnofsky (AJCC) → Classificação de performance/status do paciente. 0 quanto de atividade o paciente consegue fazer. O paciente é classificado de 100 a 0. 100 sendo o paciente sem limitação/maior nível de atividade e 0 o paciente morto. ▪ Easterno cooperative Oncology Group (ECOG) ECOG começa em zero paciente normal/sem limitação, ECOG 1 paciente com pouca limitação, ECOG 2 paciente com menos de 50% de limitação, ECOG 3 paciente com mais de 50% de limitação, ECOG 4 paciente acamado e ECOG 5 paciente moribundo. Hoje usamos mais esse. Mariana Felipe de Almeida - Medicina – Cirurgia Oncológica – 7º semestre 2 Qual o objetivo de classificar o paciente de acordo com a performance? Muitas vezes pegamos um paciente limítrofes. Por exemplo: um paciente que tem uma lesão no pâncreas (cabeça de pâncreas com acometimento de -180º de artéria mesentérica superior) se a pessoa tem 40 anos, corremos atrás dele para resgatar. Mas se o paciente tem 70 anos, não tem mais atividade, já vamos para uma linha de conforto. Um paciente ativo, que tem suas atividades, tendemos a ser mais agressivo. o Seguimento: ✓ Intervalo: vai depender do tipo de câncer, da agressividade e de uma forma geral, vamos acompanhar a cada seis meses nos primeiros 3 anos; ✓ Do terceiro ao quinto de forma anual; Princípios do Estadiamento: ▪ Sistema TNM (1943 – 1925): Tumor, linfonodo e metástase Regras gerais: Isso classificamos câncer por câncer. ✓ T: extensão do tumor primário → grau de invasão. Ex: em víscera oca usamos em acometimento de parede e no fígado por número de lesões. ✓ N: ausência ou presença e extensão das metástases em linfonodos. Será normalmente em termos numéricos. 3 a 6 linfonodos, mais que 7 linfonodos, a depender da víscera acometida. ✓ M: ausência ou presença de metástase a distância; Mariana Felipe de Almeida - Medicina – Cirurgia Oncológica – 7º semestre 3 ✓ Números: t0, t1, N0, N1, etc ✓ Pode ser ainda subdividido se houver necessidade (T1a ou T1b) ✓ CA In situ: estádio 0 / metástase estagio IV Câncer de estômago – TNM: Ao lado vemos como acontece a classificação do T em víscera oca. Vemos a camada mucosa, muscular própria, muscular da mucosa e serosa. Em termos de acometimento/extensão de parede. Ex de vísceras ocas: estômago, colón, intestino delgado. Já se tratando do fígado, por exemplo, classificamos numericamente, por ser considerado uma víscera maciça. Depois que classificamos T,N,M juntamos cada letrinha e fazemos o estagiamento. É um jogo de letras (olhar abaixo). Em geral, o nível de tratamento será pelo TN. Mariana Felipe de Almeida - Medicina – Cirurgia Oncológica – 7º semestre 4 Princípios do estadiamento: Regras gerais: ✓ Classificação pré-operatória e pós-operatória: A classificação pré-operatória é feita com exames de imagem. Se estivermos com uma lesão no colo, e na tomografia vemos 3 linfonodos aumentados. Fazemos a colectomia com linfadenectomia e mandamos a peça para anatomia patológica. Para câncer de colo ser uma linfadenectomia bem realizada, temos que mandar no mínimo 12 linfonodos e não precisamos fazer uma quimioterapia por não ter feito uma linfadenectomia correta. Tinha 3 na tomografia, fizemos a cirurgia e mandamos a peça para a anatomia patológica. Nessa anatomia, veio um linfonodo apenas de 3 acometidos. Mudamos a classificação. Se tivesse vindo 12 acometidos, mudaríamos de novo o estadiamento. Logo, a classificação pré-operatória é imaginológica por exames de imagem e a melhor é a pós-operatória pois estamos com a peça que será avaliada com biopsia. Se pegarmos o paciente com câncer de pâncreas (acometimento de até 180º) iremos optar pelo tratamento cirúrgico ou clínico? Na dúvida de acometimento, sempre iremos levar o benefício da dúvida. Exemplo melhor: Se estivermos com um câncer de pâncreas e uma lesão de 0,5 cm hipovascular hepática e todas as vezes que temos câncer de pâncreas metastático, ele não será cirúrgico, iremos oferecer conforto. Mas esse paciente é um paciente de 40 anos com essa lesão ressecável, sem acometimento de mesentérica e essa lesão no fígado de 0,5 cm (lesão indeterminada ao método). Trataremos essa lesão como uma metástase? Deve ser, mas não sabemos por ser muito pequena. Iremos operar ao invés de oferecer conforto. Paciente com performance excelente e nisso podemos estar oferecendo a cura. A lesão hipovascular no fígado geralmente é metastática. E a principal causa de lesão no fígado é metastática. Mas, precisamos usar o benefício da dúvida. Só não podemos perder o paciente curativo (ser uma dúvida e acabar perdendo). ✓ Agrupamento em estádios: avalia e seleciona terapêutica (na dúvida, escolhe-se o estádio inferior): Mariana Felipe de Almeida - Medicina – Cirurgia Oncológica – 7º semestre 5 ✓ Cânceres múltiplos: mais de uma lesão → maior categoria de T e multiplicidade entre parênteses Ex. t2 (m). - Tireoide, nefroblastoma, neuroblastoma e fígado Se tivermos uma lesão em tireoide e outra em fígado (dois tumores primários), iremos classificar com o maior T e vamos colocar a multiplicidade do lado. Aparecendo o m do lado, indica a presença de tumores múltiplos e o maior T em relação a uma das duas lesões. ✓ Muda completamente de órgão solido para vísceras ocas, ocas geralmente analisa invasão de parede, e órgão sólido o tamanho, quantidade e comprometimento vascular. ✓ Tumores sincrônicos: aqueles que não podem ser considerados metástases, invasão ou recorrência do primeiro, tendo como intervalo entre o diagnóstico do segundo tumor primário menor que seis meses. Não é metástase → são duas lesões que vieram juntas nos primeiros 6 meses mas não são da mesma origem. Se uma pessoa descobriu um câncer de colón e em seguida um câncer de fígado (nesse intervalo de 6 meses) é metástase por ser da mesma origem. ✓ Metacrônicos: são independentes que se desenvolvem em indivíduos nos quais se afastou a presença de lesão sincrônica. Um tumor que apareceudepois de tempo, por exemplo, que voltou em 1 ano ou 10 anos (mais de 6 meses). Depois que tiramos a peça, mandamos para a biopsia e ele vai dizer: essa é uma lesão bem diferenciada, moderadamente diferenciada, pouco diferenciada e indiferenciada (G1 a G4). É o grau de diferenciação. Quanto maior o G, pior a lesão. Se temos uma lesão bem diferenciada, provavelmente temos uma quimioterapia pois é uma lesão que formou bem. Quando ela é indiferenciada, não parece com nada. E as terapias adjuvantes que fazemos para essas lesões, geralmente não conseguem chegar pois as células são tão diferentes que ela não reconhece. Mariana Felipe de Almeida - Medicina – Cirurgia Oncológica – 7º semestre 6 Temos também uma classificação cirúrgica e de peça. É a classificação R. Ex: temos uma lesão do pâncreas que tem invasão da veia mesentérica. Se tirarmos essa lesão de pâncreas e deixar a veia sem mexer, deixamos a cirurgia com R2 (lesão macroscópica visível). Se não deixarmos nada visível, será uma ressecção R0 macroscopicamente. Quando fica uma margem de veia acometida microscopicamente será classificada como R1. Então, essa classificação de R0 a R2 é basicamente cirúrgica. Depois que sai a peça confirmamos, mas de uma forma geral, é bastante cirúrgica. Ex: essa ressecção foi R2 manda o paciente para adjuvância. Princípios da cirurgia oncológica: o Não é só curar, mas oferecer também paliação (conforto). Imaginando um câncer de cabeça de pâncreas invadindo 1ª porção de duodeno e antro gástrico. Que ela não sai. O paciente não consegue comer e só faz vomitar. Qual a ideia na cirurgia oncológica? Conforto. Fazemos um by-pass e em vez de começar o intestino no duodeno, pegamos jejuno e costura no estômago. Fazemos uma gastro-jejuno-anastomose. Isso é um by-pass da lesão. Se a lesão for cirúrgica e curativa, fazemos a duodenopancreatectomia. Ambas cirurgias são cirurgias oncológicas. ✓ Caráter paliativo (ressecção pacial, by pass, derivação) X Curativo (margens, linfonodos). ✓ Cirurgia radical → oferece a cura e se estende pouco além da lesão. ✓ Linfadenectomia: Cirurgia D1 (cadeias primárias removidas), D2 (cadeias secundárias-radical), D3 (cadeiras terciárias) – segurança. São muito utilizadas em câncer de estômago. É o número de cadeias ressecadas junto com a lesão. Se tirar menos do que deve, o paciente vai para adjuvância pois fizemos uma cirurgia inadequada e se tirarmos adequado, vamos tratar de acordo com o número de linfonodos acometidos. E se tirarmos mais, as vezes é iatrogênico que são as ressecções radicais. Retirar mais só é bom quando não aumentamos morbidade, tempo cirúrgico e diminuímos sobrevida. Além disso na cirurgia oncológica existe um artificio que é usar o líquido peritoneal para citologia oncótica. ✓ Líquido peritoneal → Jogamos soro fisiológico dentro da cavidade, lava com o soro, aspira e manda para citologia oncótica (pré-operatório). Se aquele líquido peritoneal vem positivo, já estadiamos como carcinomatose. - 500 ml de SF 0,9% - Falso positivo: células mesoteliais não é algo que usamos tanto pois existem os falsos positivos e se estadiarmos para mais, podemos perder um paciente curativo. Ele nortea em lesões muito borderline, que estamos vendo que aquela lesão é muito avançada. Em cirurgias oncológicas, se temos o benefício da dúvida, iremos estagiar para menos. ✓ Operação curativa (Ro): macroscopicamente e microscopicamente sem lesão. ✓ R1: microscopicamente comprometida ✓ R2: macroscopicamente comprometida Mariana Felipe de Almeida - Medicina – Cirurgia Oncológica – 7º semestre 7 No fígado, por exemplo, terminamos a cirurgia, faz USG intra- operatório e marcamos com um fio e mandamos para biopsia, anatomia de congelação. Se ele disser que tem alguma margem acometida, vamos lá na própria cirurgia e entramos mais um pouco. Se não tem, terminamos a cirurgia. O ideal é sempre sair da cirurgia em R0. ✓ Exame de congelação de margens (marcar) → se muda conduta tem que fazer, se não muda não faz porque só está onerando o paciente. ✓ Clipamente de estruturas -RT. ✓ Videolaparoscopia (usa sempre, salvo limitações, penumopata ou cardiopata grave) ✓ Aberta ✓ Robótica São mudanças de plataforma apenas. O ideal é a videolaparoscopia, a não ser que não tenha jeito. Se tiver muitas lesões, fazemos a cirurgia aberta. Tratamento medicamentoso: ✓ Taxa de crescimento celular – QT – quimioterapia será norteada a depender do câncer que estaremos tratando. o Qt/RT neoadjuvante: diminuir tumor e permitir cirurgia mais adequada. É realizada pré-operatória. Permite que possamos fazer a cirurgia com uma lesão menor. Em tumores de reto, por exemplo, se não fizermos antes a quimioterapia para regredir, o risco de uma colostomia definitiva é grande. o QT adjuvante: pós cirúrgica, intenção curativa ou paliativa → eliminar pequenas lesões e células. - Intenção curativa, tempo determinado; Mariana Felipe de Almeida - Medicina – Cirurgia Oncológica – 7º semestre 8 - Canceres > ou = t3 ou doença linfonodal; o QT para progressão de doença – PS e sintomatologia → Fazer quimioterapia para estabelecer conforto ao paciente, evitar dor, evitar que a lesão se estenda para outras doenças. o Toxidade: dose dependente/ mudança de droga. Muitas vezes o paciente deixa de usar a melhor quimioterapia para usar uma mais inferior por toxicidade – devido a esses efeitos colaterais. Existem pacientes que fazem mão-pé-boca, neuropatia muito significativa. Deve ser usado o que o paciente tolera. Referências:
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