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1- Graduandos do Curso de Educação Física (LEF). Centro Universitário Leonardo da Vinci-UNIASSELV. Seminário da Prática V – 20/11/2019 2- Tutor(a). Centro Universitário Leonardo da Vinci-UNIASSELV. O USO DO ATLETISMO COMO ESPORTE MOTIVADOR NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA. Acadêmicos¹ John Leno Fernandes Moraes Elenizy Tavares Souto Carlos Yago Rodrigues Fernandes Rodrigo Pinheiro Ribeiro Tutor externo² Wander de Caldas de Souza RESUMO A presente pesquisa visa discutir sobre o atletismo como esporte motivador nas aulas de Educação Física. O estudo da temática é relevante por considerar que existem várias metodologias propostas para desenvolver as modalidades do atletismo no componente curricular de Educação Física, mas todos transparecendo a explorando os movimentos básicos para este esporte. O interesse em pesquisar sobre o tema surgiu a partir da observação de que o atletismo algumas vezes é negligenciado pelos professores tanto da rede pública de ensino, quanto pela rede particular onde discutem sobre os espaços físicos e a falta de materiais. Os resultados da pesquisa evidenciaram que a Educação Física Escolar, utilizando o atletismo como meio, tem por finalidade democratizar e gerar cultura pelo movimento de expressão do indivíduo em ação como manifestação social e o exercício crítico da cidadania, evitando a exclusão e a competitividade violenta. Palavras Chaves: Atletismo. Educação Física. Esporte. 1. INTRODUÇÃO A presente pesquisa visa discutir sobre o atletismo como esporte motivador nas aulas de Educação Física. O estudo da temática é relevante por considerar que existem várias metodologias propostas para desenvolver as modalidades do atletismo no componente curricular de Educação Física, mas todos transparecendo a explorando os movimentos básicos para este esporte. Ainda existem dúvidas entre os profissionais da área da Educação Física Escolar na forma de lecionar este conteúdo, pois onde o processo de ensino-aprendizagem pode obter uma melhora positiva com dedicação, mesmo sendo de forma lúdica 2 O interesse em pesquisar sobre o tema surgiu a partir da observação de que o atletismo algumas vezes é negligenciado pelos professores tanto da rede pública de ensino, quanto pela rede particular onde discutem sobre os espaços físicos e a falta de materiais. Esta modalidade acaba ficando com baixo interesse dos escolares, tornando-se difícil na prática a execução de algumas atividades. Assim, o objetivo geral da pesquisa é demonstra a importância do atletismo com modalidade esportiva nas aulas de Educação Física. Especificamente objetiva-se realizar uma retrospectiva histórica do atletismo, identificar as modalidades do atletismo, e por fim, analisar o atletismo como conteúdo de ensino nas aulas de educação física. A metodologia utilizada consistiu na abordagem qualitativa baseada em estudos teóricos e pesquisa de campo realizada em uma escola particular, pois as observações e entrevistas contribuíram para o desenvolvimento desse estudo, uma vez que, adentrar na realidade da escola, faz com que se possa comparar como ocorre o processo de ensino e aprendizagem no contexto escolar. O texto estruturou-se da seguinte maneira, inicialmente apresenta-se a história do atletismo, em seguida discute-se o atletismo como conteúdo de ensino, mas adiante apresentou-se os materiais e métodos seguidos da discussão dos resultados, encerrando com as conclusões da pesquisa. 2. PROCESSO HISTÓRICO DO ATLETISMO O Atletismo nasceu com o homem. Afinal, o mais antigo dos nossos ancestrais já andava, era obrigado a correr, a saltar e lançar coisas. Era a dura luta contra os pedradores e a busca por alimentos. Pode-se dizer que ao aprimorar essas habilidades, o homem garantiu sua história". O conhecimento que se tem sobre o atletismo em nosso país pode ser retratado como sendo pouco, passando pelo que se sabe em época de Jogos Olímpicos, quando ocorre uma maior difusão pela mídia. Ainda que esse seja o mais comum, existem outras possibilidades de conhecimento dessa modalidade que merecem ser revistas. Ou seja, para além dessa perspectiva competitiva e restrita a grandes eventos mundiais, é preciso que se explore o lado educacional do atletismo. (MATTHIESEN, 2005, p. 15) 3 Portanto, atletismo é a prática esportiva mais antiga, que é conhecida como esporte- base. Isso porque as suas modalidades compreendem os movimentos mais comuns para as pessoas desde a Antiguidade: corrida, lançamentos e saltos. Trata-se de uma prova de resistência muito importante. É o principal esporte olímpico, conforme expressa a frase que circula nesse meio: “Os Jogos Olímpicos podem acontecer apenas com o Atletismo. Nunca, sem ele”. As provas de atletismo são realizadas em estádios, no campo, em montanha e na rua. A pista de atletismo oficial deve ser feita com piso sintético e ter 8 raias, cada uma medindo 1,22 m de largura (MATTHIESEN, 2005). O atletismo surgiu como esporte na Grécia Antiga em 776 a.C., ano que a primeira Olimpíada da história foi realizada, na cidade de Olímpia. Chamada de stadium pelo gregos, Coroebus foi o vencedor da prova cujo percurso tinha 200 m. No entanto, registros apontam que há cerca de 5 mil anos ele já era praticado no Egito e na China. Isso tudo explica porque ao criar as primeiras competições esportivas as primeiras a serem organizadas fossem as provas atléticas. Há indícios da prática do Atletismo há pelo menos 5 mil anos no Egito, na Grécia e na China. No entanto, o primeiro registro histórico de uma competição data de 776 a.C. Foi quando Coroebus, da cidade grega de Élis, ganhou a stadium – uma corrida de aproximadamente 200 m – e tornou-se o primeiro campeão olímpico conhecido da história. O formato moderno do Atletismo remonta a meados do Século 19. Basicamente, ele engloba as corridas de pista, de rua, de cross country e de montanha, a marcha, os saltos e os lançamentos. Por sua característica de representar os movimentos naturais do homem, o Atletismo é chamado de “esporte-base”. Assim como nos Jogos da Grécia Antiga, o Atletismo permanece como o principal esporte olímpico dos tempos modernos. Tanto que o próprio Comitê Olímpico Internacional estabeleceu – até para efeito de distribuição dos recursos auferidos nos Jogos – que o Atletismo é o único esporte na categoria 1. Por outro lado, a criação da IAAF (sigla em inglês da Associação Internacional das Federações de Atletismo) deu credibilidade às competições. As regras do esporte foram escritas e os recordes, homologados. 4 A história atlética do Brasil começa no Século 19. Na década de 1880, o Jornal do Comercio já anunciava resultados de competições atléticas no Rio de Janeiro. Nas três primeiras décadas do Século 20, a prática atlética foi consolidada entre nós. Em 1914, a antiga CBD (Confederação Brasileira de Desportos) filiou-se à IAAF. Em 1924, o País participou pela primeira vez do torneio olímpico, ao mandar uma equipe aos Jogos de Paris. No ano seguinte, foi disputado pela primeira vez o Campeonato Brasileiro. Em 1931, brasileiros disputam pela primeira vez o Campeonato Sul-Americano. Em 1932, Clovis Rapozo (salto em distância) e Lúcio de Castro (salto com vara) chegaram às finais nos Jogos Olímpicos de Los Angeles. Quatro anos depois, Sylvio de Magalhães Padilha foi o 5º nos 400 m com barreiras nos Jogos de Berlim. Em 1952, nos Jogos de Helsinque, Adhemar Ferreira da Silva conquistou a medalha de ouro no salto triplo. Era a primeira das 13 medalhas que o Atletismo daria ao Brasil, até os Jogos de Atenas, em 2004. Adhemar foi o primeiro dos três triplistas brasileiros a estabelecer o recorde mundial na prova. Os outros foram Nelson Prudêncio e João Carlos de Oliveira. O formato moderno do atletismo data do século XIX, na Inglaterra, e conta com as seguintes provasoficiais: • Corridas: rasas, com barreiras, com obstáculos • Marcha atlética • Revezamentos • Saltos • Arremesso e Lançamentos • Combinada Em cada uma dessas provas há um total de 20 modalidades diferentes. Tais modalidades se diferenciam, por exemplo, pelo tamanho dos percursos e equipamentos utilizados. O esporte ficou conhecido no Brasil no século XX. Em 1952, Adhemar Ferreira da Silva conquistou a primeira medalha de ouro em salto triplo para o Brasil, o que aconteceu nos Jogos de Helsinque, na Finlândia. 5 3. ATLETISMO COMO CONTEÚDO DE ENSINO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA É extremamente importante que, ao se elencar os conteúdos para o currículo da escola cuja função e responsabilidade são transmitir conhecimentos sem deixar de lado toda a complexidade social, histórica e política, deve-se incluir o atletismo, pelas particularidades e na atividade/ação que este esporte possui. Por esta razão, A escola deve selecionar os conteúdos clássicos universais e também trabalhar com o repertório cultural local partindo de experiências vividas particulares necessários à formação do cidadão autônomo, crítico e criativo, para que este possa participar, intervir e comprometer-se com a construção de uma sociedade mais justa, plural e democrática. (JEBER, 2005, p. 07) Os conteúdos clássicos são entendidos como aqueles que não perdem sua atualidade para participação, compreensão e interpretação do mundo universal e particular onde os indivíduos estão situados (classe social, etnia, sexualidade...). O atletismo, sendo um desses conteúdos, deve estar presente nas propostas curriculares das escolas e, para entendermos o porquê disso, precisamos saber que devido as suas características próprias, esse se constitui um conhecimento produzido durante toda a existência humana. O Atletismo é estritamente ligado “aos movimentos naturais do ser humano de correr, marchar, lançar, arremessar e saltar, e, por isso, é chamado de esporte base”. (GONÇALVES, 2007, p. 01). Sua história faz referência à trajetória esportiva do homem, sendo que em Olímpia, na Grécia, desde 776 a. C. já existiam disputas para saber quem era o mais rápido em distâncias de cerca de 200 metros. [...] As provas de atletismo foram as que mais tiveram audiência na primeira Olimpíada da Era Moderna, em Atenas, em 1896. Atualmente, o esporte possui provas de pista (corridas), de campo (saltos e lançamentos), combinadas como decatlo e heptatlo (que reúnem provas de pista e de campo). O pedestrianismo corridas de rua (como a maratona), corridas em campo (cross country), e corridas em montanha e marcha atlética. (REVISTA PROJETOS ESCOLARES, 2007, p. 17) Recomenda-se ao professor de Educação Física a abordagem dentro do conteúdo estruturante esporte, alguns conteúdos específicos, entre outros, que podem emergir no ambiente escolar. Portanto, o ensino do esporte nas aulas de Educação Física deve sim contemplar o aprendizado das técnicas, táticas e regras básicas das modalidades esportivas, mas não se limitar a isso. É importante que o (a) professor (a) organize, em seu plano de trabalho docente, estratégias que possibilitem a análise crítica das inúmeras modalidades 6 esportivas e do fenômeno esportivo que sem dúvida é algo bastante presente na sociedade atual. Elas devem fornecer os instrumentos básicos para a inserção do indivíduo no mundo do trabalho, bem como para a vivência do seu tempo livre de forma autônoma, prazerosa e criativa. Atentos ao fato de que não podemos limitar a prática à formação de atletas, pois assim estaremos conduzindo a modalidade onde se encontrará uma beleza de se ver e não de se praticar. Precisamos fazer todo o possível para tornar a modalidade mais atraente. Observa- se também que: Muitos espaços importantes vêm difundindo o atletismo. Podemos citar os clubes, as vilas olímpicas (realidade do Rio de Janeiro), os centros de treinamentos, as escolas. Contudo, essa difusão vem sendo feita timidamente, principalmente pelas escolas, pois cada um desses espaços possui objetivos distintos, enfraquecendo a iniciação à modalidade. (COICERO, 2005, p. 12) Encontramos, ao ensinar o atletismo, possibilidades maravilhosas e, para que nas aulas de Educação Física, ele seja uma ponte pedagógica, onde podemos tratar de temas midiáticos, propondo uma discussão e reflexão sobre a realidade: Deve-se ter em conta, claramente o projeto histórico, ou seja, “a sociedade na qual estamos inseridos e a que queremos construir e o projeto pedagógico daí decorrente que se efetiva na dinâmica curricular materializada nas aulas”. (COLETIVO DE AUTORES, 1993, p. 104) Segundo Kunz (2004), ao se estudar o atletismo dentro das escolas, devemos nos preocupar em não descaracterizar o esporte individual que é o atletismo, mas possibilitar que ele seja estudado em pequenos grupos, promovendo a socialização e estimulando a comunicação com a valorização dos saberes que os alunos já possuem. Oliveira (2006), também coloca a necessidade de haver a aplicação de uma proposta transformativa pela qual: As transformações ocorrerão em relação às limitações físicas e técnicas dos alunos para realizar determinados movimentos, deve-se enfatizar o prazer e satisfação do aluno em movimentar-se, pois a tarefa da escola não é treinar o aluno, mas estudar o espore de forma atrativa e compreensiva, incluindo a efetiva participação de todos. (OLIVEIRA, 2006, p. 31) Assim, o aluno apropria-se dos conhecimentos/habilidades sobre correr, saltar, marchar, arremessar e lançar – que certamente não deve ser a única preocupação ao ensinar o atletismo. Mas, também, de uma forma mais interessante e motivadora, participa de um trabalho que o levará a ser um indivíduo crítico e reflexivo, sobre a sociedade à qual pertence. 7 Do ponto de vista do professor, esse se torna um sujeito relevante no processo de formação do aluno. Enfim, para que as aulas de Educação Física sejam um espaço para esses acontecimentos, é preciso trabalhar dentro de uma perspectiva, comunicativa, interativa, reflexiva e participativa de todos, professores, alunos, escola e comunidade. A Educação Física deve envolver as teorias e as práticas com toda a responsabilidade e respeito pelo espaço do aluno. Para isso acontecer, o professor deverá utilizar essas particularidades e perspectivas para trabalhá-lo nas aulas de Educação Física, com a inclusão de novas situações pedagógicas. Envolvendo as habilidades motoras básicas de marchar, correr, saltar, lançar e arremessar, principais neste campo as quais procuram traduzir, numa linguagem corporal, o significado do atletismo sem, contudo, perder a dimensão de sua especificidade técnica e normativa que faz do atletismo a modalidade esportiva que é. (MATTHIESEN, 2005, p. 16) O atletismo é um conteúdo importante e atraente para as crianças, desde que as habilidades exigidas para a sua prática sejam significativas para elas, sendo essas habilidades próprias do mundo infantil. 5. MATERIAIS E MÉTODOS Este estudo se pautou na abordagem qualitativa, na qual defende uma visão ampla ao mesmo tempo integrada do objeto a ser investigado. Qualitativa porque envolve elementos que interferem nos fenômenos estudados tal como preconiza Ludke e André (1986, p. 17): Qualitativa porque se contrapõe ao esquema quantitativo de pesquisa (que divide a realidade em unidades possíveis de mensuração, estudando-as isoladamente), defendendo uma visão holística dos fenômenos, isto é, que leve em conta todos os componentes de uma situação em suas interações e influências recíprocas. A opção pela pesquisa qualitativa, se pauta na flexibilidade de investigar o objeto de estudo levando em consideração que, no momento oportuno, pode haver a necessidade de modificar alguns elementos da pesquisa, como por exemplo, mudanças de categorias, e outros elementos queporventura podem aparecer. Essa diversidade em torno do objeto da pesquisa não possibilita antecipar qualquer conclusão a respeito do que está sendo investigado pois o foco da pesquisa vai criando os rumos do processo de investigação. Essa característica, principalmente no que se refere o posicionamento do pesquisador, contribuiu na escolha desse tipo de abordagem, de modo que 8 o objeto desse estudo requer do pesquisador uma leitura ampla, envolvendo todo um contexto articulado. Outro ponto importante da pesquisa, é a entrevista, por se considerar que o uso da mesma exige cuidados, por isso no desenvolvimento do estudo não se pode esquecer do foco da pesquisa, já que essas informações irão contribuir para analisar o objeto investigado, que é o uso das histórias em quadrinhos em sala de aula. [...] a entrevista como qualquer outro instrumento, está submetido aos cânones do método científico, um dos quais a busca de objetividade, ou seja, a tentativa de captação do real, sem contaminações indesejáveis nem da parte do pesquisador nem de fatores externos que possa modificar aquele real original (HAGUETTE, 1987, p.75-76). O que se busca na entrevista são informações que se aproximam da realidade em torno do objeto de pesquisa, daí os cuidados na entrevista para não comprometer os dados gerados em interação. Nesse sentido, Lüdke e André (1986) chamam atenção para se conhecer os limites e as exigências da entrevista e um dos cuidados que se deve ter ao utilizá- la são os elementos que não estão presente nas falas dos sujeitos pesquisados, mas no comportamento que esses apresentam no momento do trabalho da geração de dados. O entrevistador precisa estar atento não apenas (e não rigidamente, sobretudo) ao roteiro preestabelecido e às respostas verbais que vai obtendo ao longo da interação. Há toda uma gama de gestos, expressões, entonações, sinais não verbais, hesitações, alterações de ritmo, enfim, toda uma comunicação não verbal cuja captação é muito importante para a compreensão e a validação do que foi efetivamente dito (LÜDKE e ANDRÉ, 1986, p. 36). Gerar dados por meio das entrevistas requer muita atenção, paciência e conhecimento do que realmente se quer saber. A escolha pela entrevista semiestruturada, foi importante porque permitiu especificar o que se quer saber, e, ao mesmo tempo, possibilita ao entrevistado se expressar da forma que achar conveniente. A entrevista semiestruturada se pauta também na postura do entrevistador, permitindo que ele faça as adaptações necessárias no processo da entrevista. Assim se expressam André e Lüdke (1986, p. 34) “[...] a entrevista semiestruturada, que se desenrola a partir de um esquema básico, porém não aplicado rigidamente porque permite que o entrevistador faça as necessárias adaptações”. Com a liberdade que tem o entrevistado e a metodologia que apresenta a entrevista semiestruturada, o informante acaba participando da construção do conteúdo da pesquisa e 9 contribuindo para que se possa analisar com mais precisão o objeto da pesquisa. Abre espaço, assim, para utilizar vários mecanismos na geração das informações, como a gravação de falas dos entrevistados que utilizamos, nesta pesquisa, por entendermos que esta registra todas as informações fornecidas pelos pesquisados. Para o trabalho de campo, utilizou-se como lócus da pesquisa a Escola de São Benedito, localizada no Bairro de São Benedito, município de Cametá (PA). A escola funciona nos respectivos horários: Matutino (manhã) das 7:30 às 11:30 e Vespertino (tarde) das 13:30 às 17:30. O sujeito da pesquisa foi a professora de Educação Física da referida instituição qual se disponibilizou a responder a entrevista com 03 perguntas semiestruturadas, referentes ao tema deste estudo. Desta forma foi possível obter informações contidas necessárias para o desenvolvimento da análise, onde foi realizada a partir da transcrição das entrevistas na íntegra, e de leituras gerais dos dados coletados, com a consequente interpretação dos mesmos, a fim de se fazer análises e considerações da coleta dos dados à luz das teorias estudadas. Imagens de alunos praticando Atletismo Fotos: John Fernandes 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO Algumas pessoas veem a Educação Física, como uma matéria não importante em oposição às outras de sala de aula. Por isso, devemos ressaltar que, não somente o desenvolvimento físico é importante e, sim, também outros aspectos sociais, psicológicos e culturais podem ser inseridos e trabalhados em suas aulas. 10 Cabe ao professor de Educação Física transferir essa densa teoria em ação. Isto requer algumas habilidades do professor para se obter resultados, já que ele tem pela frente uma tarefa complexa que vai desde a solicitação da participação do aluno no planejamento da disciplina no contexto escolar, até a proposição e discussão dos conteúdos para o desenvolvimento do senso crítico. Portanto, na intenção de saber como é trabalhado o conteúdo sobre atletismo fez-se a seguinte indagação: Qual é a importância do atletismo no desenvolvimento dos alunos? Como toda modalidade esportiva o atletismo ajuda no aprimoramento dos movimentos, agilidade e no raciocínio dos alunos, pois ao correr saltar e se equilibrar os alunos desenvolve uma certa destreza nessas habilidades. Sendo assim é fundamental que os alunos tenham contato não só com o atletismo, mas com todas as modalidades previstas nos PCNS da Educação Física. (PROFESSOR, 2019). Percebe-se na fala da entrevistada que a visão que o professor deve ter é que o ensino do atletismo deve ser diferente daquela relacionada ao treinamento desportivo, muito embora os meios utilizados para ambos sejam os mesmos. No treinamento desportivo, basicamente, se utiliza a chamada progressão de fundamentos, exercícios de repetição para o aperfeiçoamento da técnica e tática. Já, na escola, a opção metodológica mais utilizada no ensino do esporte nas aulas de Educação Física é o jogo recreativo. Segundo Reverdito e Scaglia (2009), o atletismo através de iniciação esportiva é um fenômeno social muito importante em todas as etapas da educação básica. Concentrando nas aulas de Educação Física Escolar para o conteúdo abordado, gerando integração e formação de cultura, com fundamentos nos princípios pedagógicos e didático-metodológicos para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem. Considerando a dimensão de fenômeno sociocultural que o esporte alcançou, não podemos simplesmente entregar seu processo de ensino-aprendizagem à intuição, ao acaso, principalmente quando observamos sua influência em diferentes setores da sociedade, tanto sobre processos operativos importantes da condição humana, quanto sobre a sua face mais irracional e destruidora. (REVERDITO e SCAGLIA, 2009, p. 16) É importante que o atletismo mostre-se interessante, motivador, versátil e que indique outros caminhos e valores aos alunos. Levando em consideração que o Atletismo pode ser jogado, brincado e reconstruído de forma lúdica, contemplando também, o conhecimento de suas técnicas específicas. Ele pode ser estudado pela compreensão que, baseada nas teorias construtivistas, propõe que, é possível entender os jogos, compreender as táticas e técnicas participando da aprendizagem e gostando de jogar, dando maior significado, fazendo uma aproximação da técnica do esporte à realidade em que vivem, respeitando a 11 cultura corporal e a individualidade do aluno e seu nível de habilidades, fazendo com que ele encontre prazer na realização do esporte. Dando continuidade indagou-se, quais as dificuldades que o professor de educação física enfrenta para aplicar o atletismo? Ao meu ver a principal dificuldade dos professores é a resistência dos alunos, pois desde as series iniciais não é apresentadoa esses alunos outras práticas esportivas, a não ser os tradicionais como handebol, futebol e voleibol, fazendo com que se crie uma certa resistência quando outros métodos lhe são apresentados. (PROFESSOR, 2019). Notou-se que a professora sente a necessidade de praticar outras atividades, mas que a resistência dos alunos em gostar apenas de esportes dificulta que haja mudança em sua prática pedagógica. O ensino do atletismo pode ser também, na forma de propor o jogo como meio de promover a aprendizagem, tornando-se, assim, um instrumento pedagógico que pode contribuir para o desenvolvimento do aluno, pois é um ótimo estimulador, uma fonte de prazer e descoberta. Ramirez (2007) cita que o atletismo é a base para o desenvolvimento de todos os esportes, devido aos exercícios de correr, saltar, arremessar e lançar também melhorando a coordenação motora. É possível perceber em outros esportes os movimentos que vem da prática do atletismo, com a intenção de obter uma melhora na habilidade motora desenvolvendo seus potenciais para uma formação cidadã. Portanto, não deve deixar excluir o atletismo que é de suma importância para os anos iniciais do ensino fundamental, onde pode explorar cada vez mais os movimentos do educando descobrindo suas capacidades físicas. O jogo deve ser visto dentro da Educação Física Escolar, em especial no atletismo, como uma ótima oportunidade e possibilidade de aquisição de conhecimentos, sem ser excludente com os menos habilidosos, sem buscar talentos e, que possa trazer benefícios em suas vidas. Portanto, indagou-se: como aplicar o atletismo em uma turma? Uma das formas mais práticas de se aplicar o atletismo, é adaptando-o de forma lúdica para que o esporte se torne mais prazeroso e acessível para todos sem que se perca a essência do mesmo. Além disso por se tratar de esporte que não demanda de tantos equipamentos é possível criar junto com os alunos os materiais que poderão ser usado para a pratica do atletismo, e assim contribuindo ainda mais para o desenvolvimento dos alunos. (PROFESSOR, 2019). Foi visto que este conteúdo do componente curricular da Educação Física Escolar tem por objetivo transparecer o conhecimento já explorado pelo professor em relação as suas práticas, compreendendo todo o contexto ao ponto de facilitar para o educando o 12 aprimoramento da prática dentro do ambiente escolar, com possibilidades que se tornem possíveis a utilização dos movimentos para todo o corpo. Segundo Nascimento (2010, p. 40), O registro da palavra atletismo não quer dizer que seja aquele praticado aos finais de semana e nem aquele da antiguidade onde os pré-históricos executavam os movimentos básicos para sobreviver. O atletismo é visto com seriedade, disciplina, determinação e com regras para as competições, porém é cobrado as habilidades motoras e físicas, assim também não só o corpo tem que estar preparado fisicamente, pois o ato de correr, saltar e arremessar é normal para os demais esportes aprimorando e melhorando suas capacidades físicas básicas propriamente dito do atletismo como força, agilidade, velocidade e resistência. É importante ressaltar a intencionalidade do professor, que precisa ter objetivos bem selecionados, uma ótima motivação para ser exemplo aos alunos e a preocupação de se capacitar, para que saiba realmente as necessidades e os limites dos seus alunos, respeitando- os, não se isentando de suas responsabilidades como educador. Ao se pensar em como trabalhar o atletismo nas aulas de Educação Física, o professor se depara primeiro com: a falta de literatura própria e preparada para as aulas, imagens selecionadas para a apresentação em TV ou computador, desconhecimento de metodologias que proporcionem o alcance dos objetivos das aulas, projetos desenvolvidos nas escolas que apresentaram resultados positivos, entre outros pontos. Os resultados da pesquisa evidenciaram que a Educação Física Escolar, utilizando o atletismo como meio, tem por finalidade democratizar e gerar cultura pelo movimento de expressão do indivíduo em ação como manifestação social e o exercício crítico da cidadania, evitando a exclusão e a competitividade violenta. Assim, o professor, ao trabalhar o esporte- educação, além de proporcionar aos alunos a vivência de diferentes modalidades, deve levá- los a refletir de forma crítica, não só sobre os problemas que envolvem o esporte na sociedade, (tais como a utilização de drogas ilícitas para melhoria do desempenho, a corrupção e violência), mas também sobre seus aspectos positivos 6. CONCLUSÕES O atletismo é um conhecimento da cultura corporal, historicamente construído em mais de dois mil anos de história e sujeito às transformações sociais. Ele é um saber sujeito a ser organizado com recursos simples e tem adesão significativa entre os alunos. É preciso que os profissionais que se dedicam ao trabalho com o atletismo sejam incentivados, tanto aqueles que trabalham em clubes, escolinhas e principalmente no âmbito escolar. 13 As evidências apontam para casos de sucesso quando há envolvimento da comunidade escolar, resultando em melhora na qualidade de ensino, em mais interesse e aumento do número de praticantes desta modalidade esportiva. Por isso, deve-se considerar que o estudo sobre esse conteúdo, durante dois anos, foi crucial para se obter uma compreensão maior da realidade, suas condições de existência e de realizações, bem como a oportunidade de estudar e conhecer diversas metodologias que foram ou são utilizadas par o seu ensino e apresentá-las aqui. Esperamos que um número maior de professores, se estimulem e se encorajem a usar metodologias em suas aulas como ferramenta principal no processo ensino aprendizagem, permitindo que seus alunos vivenciem novas experiências educacionais e, para contribuir no resgate do atletismo como conteúdo essencial a ser trabalhado em aulas de Educação Física. Acreditamos que, incentivando o trabalho com atletismo e pensando na diversificação das atividades para o seu ensino e no seu valor instrumental, que nos ajuda a fazer um mergulho mais atraente nas relações ensino–aprendizagem, estaremos dando sustentação ao que acreditamos ser possível, que é a transformação da prática do atletismo nas aulas de Educação Física Escolar. REFERÊNCIAS COICERO, Geovana Alves - Atletismo, 1000 exercícios e jogos. Rio de Janeiro, Sprint, 2005. COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino de Educação Física (Coleção magistério 2º grau. Série formação do professor). São Paulo: Cortez, 1993. GONÇALVES, Gilberto. História do Atletismo, Trabalhos Escolares Prontos, disponível em http://www.coladaweb.com: Acessado em 18/11/2019. FREIRE, João Batista. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da Educação Física, São Paulo, Scipione. 1989. KUNZ, Elenor. Educação Física: ensino & mudanças / Ijuí: Unijuí, Editora, 1991. KUNZ, Elenor. Transformação didático - pedagógica do Esporte. Ijuí – RS, Unijuí Editora, 2004. LISTELLO, Auguste. Educação pelas Atividades Físicas, Esportivas e de Lazer. São Paulo: EPU, Ed. da Universidade de São Paulo, 1979. MATTHIESEN, Sara Quenzer. Atletismo se aprende na Escola - Jundiaí, SP: Editora Fontoura, 2005. 14 OLIVEIRA, Maria Cecília Mariano de. Atletismo Escolar – uma proposta de ensino na educação infantil, Rio de Janeiro, Sprint, 2006. HILDEBRANDT, Reiner & LAGINF, Ralf. - Concepções abertas no ensino da Educação Física. Rio de Janeiro, Ao Livro Técnico, 1986. REVISTA PROJETOS ESCOLAR - Especial Esportes do PAN, ano 2, n.º 10, São Paulo – SP, on line editora, Junho 2007. TAFFAREL, Celi Nelza Zülke, - Criatividade nas Aulas de Educação Física. Rio de Janeiro, Ao Livro Técnico, 1985. REVERDITO, Riller S.; SCAGLIA, Alcides J. Pedagogia do esporte: jogos coletivos de invasão. 1. ed. São Paulo: Phorte, 2009. RAMIREZ, Fernanda.O esporte nas aulas de Educação Física. In: SCARPATO, Marta. Educação Física: como planejar as aulas na educação básica. 1. ed. São Paulo: Avercamp, 2007. p. 59 – 75. SEDORKO, Clóvis M.. O atletismo no contexto escolar: possibilidades didáticas no 2° ciclo do ensino fundamental. Buenos Aires: Revista Digital, 2012. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd165/o-atletismo-no-contexto-escolarpossibilidades- didaticas.htm>. Acesso em: 29 out. 2019. SILVA, Elizabeth N. Educação Física na escola. 2. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2002.
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