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RESUMO Relacionamento e comunicação

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Relacionamento e Comunicação
Relacionamento 
Objetivos:
	Compreender a importância da postura do médico para o estabelecimento de uma boa relação médico-paciente, de maneira a convertê-la em um importante instrumento terapêutico, no uso da psicanálise.
Reconhecer a importância da dimensão não-verbal da comunicação humana.
Ser capaz de relativizar os conceitos de normalidade e de doença.
Identificar sinais da dinâmica de ganhos secundários em diversas doenças.
Compreender a relação de ajuda na assistência ao paciente.
Conhecer os aspectos subjetivos a serem considerados no adoecer humano.
Conhecer e demonstrar valores éticos importantes para o exercício da prática médica, em especial a humildade e a prudência, conceitos filosóficos aplicados à medicina.
A teoria psicanalítica- Sigmund Freud
A primeira teoria abrangente da personalidade
A psicanálise é um método de investigação da mente humana e dos seus processos, que eleva a mente para além das suas relações biológicas e fisiológicas. Esse método de investigação toma como objeto os processos mentais (emoções, sentimentos, impulsos e pensamentos) que determinam os indivíduos.
Sigmund Freud foi o precursor da psicanálise, elaborou toda uma teoria psicanalítica que formou as bases para uma nova ciência, dotada de métodos próprios para a investigação dos processos da mente humana.
Teoria do iceberg: 
O Iceberg foi escolhido por Sigmund Freud para representar algo até então desconhecido, o universo da mente humana.
Para Freud, a mente humana se divide em três partes: ego, id e superego.
A primeira teoria abrangente da personalidade.
O consciente é a parte visível do iceberg.
O pré-consciente é a submersa, mas visível- onde está o Ego
O inconsciente é a parte invisível- onde está o Superego e Id
*Obs.: Não há subconsciente na psicologia.
Id=bio
Ego=psico
Superego=social
•Id: é o sistema original da personalidade, está presente desde quando nascemos, incluindo os instintos. Fornece toda a energia para a operação dos outros sistemas.
•Ego: (mediador) o único que mantém contato com o mundo real. É a necessidade de o organismo manter transações. É guiado pelo princípio da realidade. O Ego faz a integração entre as demandas do Id e a instância moral do Superego.
•Superego: sua instância moral do que é certo e do que é errado. Conformado pelas imposições de um sistema de recompensa e punições e a partir da relação com os pais. Funções: 1- inibir os impulsos do id (agressivos); 2- persuadir o ego a substituir objetivos realistas por objetivos moralistas; 3- buscar a perfeição.
Para Freud, toda a energia utilizada desde a respiração até o pensamento é a mesma – proveniente do id. Ela é transformada de um estado para outro.
Mecanismos de defesa: acontecem no nível inconsciente 
Estratégias/tentativa do nosso ego para evitar angustia e sofrimento provocados pela não satisfação de um desejo.
•Repressão- período de latência: repressão sexual (restrito ao inconsciente), mantém afastada da nossa consciência aquilo que pode trazer sofrimento.
Papel do superego- se coloca como lei para definir limites sobre o que é certo e errado ou proibido.
•Fixação- permanecer em um estado do desenvolvimento, sem conseguir deslocar o prazer para a vida real, para um objeto real. Não avança no desenvolvimento psicossexual
Ex.: fase oral na infância, alcoolismo na fase adulta
•Racionalização- trazer uma justificativa aceitável racional como forma de defesa – gerar aceitação.
Ex.: forma de combater uma frustração – “foi bom não ter passado, teria que me mudar para muito longe”.
•Formação reativa- a pessoa desenvolve um sentimento diametralmente oposto ao desejo original.
Ex.: atração sexual por crianças – funda uma ONG que defende crianças de violência sexual. A pessoa não toma consciência do desejo, mas ele existe. A ação é totalmente oposta ao sentimento original.
Ex.:Homofobia e Homossexualidade
•Regressão- volta-se para um estágio do desenvolvimento anterior como forma de estar em uma situação menos insuportável
Ex.: ao ser destronado pelo irmão, volta a fazer xixi na cama / a não aceitação do envelhecimento, volta a se comportar com adolescente, se vestir como jovem.
•Negação- para evitar o sofrimento de determinada realidade, ele desconsidera ou evita o assunto ou contato com aquela realidade. Entende de uma forma que não gera dor
Ex.: paciente com tumor metastático, diz que está apenas com um pequeno tumor.
Não adere ao tratamento por não conseguir se colocar na realidade.
Óbitos: mantém as roupas no guarda-roupa, põe o prato na mesa...
Paciente grave meche o dedo e a família já acha que o paciente está melhorando.
•Projeção- com o intuito de evitar sentimentos inaceitáveis, projeta-se sentimentos e comportamentos próprios no outro.
Ex.: casal que se culpa (um acusa o outro de ser ciumento, quando a própria pessoa que de fato detém esse sentimento)
Sonhos dos pais projetados nos filhos, devido uma frustração dos próprios sonhos.
•Isolamento- isola determinado fato/ acontecimento de carga, vinculação emocional/afetiva.
Ex.: relatos de acontecimentos trágicos sem demonstrar tristeza, perdas violentas, acidentes trágicos.
•Anulação- tentar anular um comportamento negativo e que gerou arrependimento realizando outro comportamento positivo.
Ex.: briga e xinga a namorada e no dia seguinte leva flores e bombons.
•Desejo- busca por satisfação de uma necessidade, não necessariamente ligada ao ato sexual.
Fases do Desenvolvimento Psicossexual
Fase Oral:
•Prazer derivado da boca – comer, mastigar, cuspir. 
•O prazer deste estágio pode ser deslocado para outros objetos, prazer pela aquisição de conhecimentos ou possessões... 
•Sentimentos de dependência.
Dura até os 18 meses.
Fase Anal:
•A expulsão das fezes remove o desconforto e produz um sentimento de alívio. 
•A experiência com a regulação externa de um impulso instintual marca traços de caráter diretamente relacionado com o ato. 
•O caráter retentivo (avareza e a obstinação) são expressões da forma de treino que a criança teve, assim como a criatividade.
Período entre 1,5 anos até 3,5 anos
Fase Fálica:
•Os prazeres da masturbação e a vida de fantasia que acompanham a atividade auto erótica montam o cenário para o aparecimento do Complexo de Édipo.
De 3,5 anos até 6 anos
Fase de Latência ou Genital:
•A pessoa se transforma de um bebê narcisista, que busca o prazer, para um adulto socializado e orientado pela realidade. A principal função é a reprodução.
Tipos Psicológicos dos Pacientes
Tipo Ansioso
Perspectiva catastrófica, permanentemente amedrontado (medo generalizado). Extremamente pessimista. Impressão de que está de passagem pelos lugares. Está sempre pensando/ preocupado com outros compromissos. Não se entrega totalmente as situações. Altamente influenciável. É necessário tentar desacelerar o paciente por meio do raport. Cobram uma resposta rápido por parte dos médicos. O médico não pode se deixar contaminar por essa ansiedade, provoca dúvidas e inseguranças no médico sobre a capacidade de suprir essa demanda de tratamento. Tratar o paciente de forma serenamente sincera. Verbalizar os medos do paciente.
Tipo Fóbico
É também um paciente ansioso. Cristaliza o medo em um objeto e se torna uma fobia. Evita situações que desencadeiam essa ansiedade. Evitativo. Paciente que quer encobrir/dissimular a doença e o diagnóstico, pois isso gera medo e ansiedade. 
Geralmente revela os medos/fobias por meio de preferências.
Paciente muito sugestionável, não cooperação inconsciente.
Tipo Histérico
Muito pegajoso, hipervaloriza os sentimentos, os sintomas. Procura ser o centro das atenções. Muitos elogios, fala carregada de dramatização, gesticula muito, encenação. Sedução discreta ou até mesmo erótica.
Sugestionável, pode ser utilizado a favor do tratamento.
É importante que o médico recuse essa sedução/ essa forma de agir (pois geram, uma relação pouco autêntica), de forma discreta, sem hostilizar a relação.
Tipo Obsessivo
Oposto ao histérico, extremamente crítico, necessidade de detalhes, minucioso, ordeiro, sistemático,organizado. Muitas vezes é visto como o paciente que testa o médico. Exige que o médico explique de forma muito detalhista, longa e lógica os passos do tratamento. Mais racional, contido, pouco sugestionável, não tenta seduzir, demonstra frieza. Hipersensibilidade a erros (erros simples podem ser suficientes para desqualificar o profissional), prolixo.
Alguns médicos podem se sentir irritados.
O médico precisa ser persuasivo, já que o paciente não é sugestionável.
Tipo Esquizoide
Paciente desligado do mundo e da realidade, muitas vezes, demonstrando uma postura de desinteresse com o tratamento. Normalmente é levado ao médico por outra pessoa. Não tem nada que atraia a atenção dele na consulta, não fica admirado com nada. Alheio a tudo
Gera sentimento de impotência no médico, devido a falta de entusiasmo do paciente no processo saúde-doença. Geralmente o profissional prefere se desligar do caso, sente-se desestimulado devido a postura do paciente.
Tipo Depressivo
Paciente retraído, pessimista, fala pouco, dificultando a comunicação. Muito focado na doença. Culpa/acusa o médico pela enfermidade ou pelo insucesso do tratamento. Pode demonstrar passividade ou agressividade na fala. Muitas vezes, pode apresentar uma atitude de rejeição que aparece como irritação, sonolência ou desinteresse.
Tipo Hipertímico
Oscilações de humor, variação entre a hipertimia e a hipotimia. Positividade, euforia excessiva. Negatividade, pessimismo. Essa situação pode indicar uma depressão. É o contrário do paciente depressivo. Flutuações emocionais.
Morte
Elaboração do Luto: mudança do objeto de desejo
Somos faltosos em nosso inconsciente naturalmente, devido ao processo de castração.
A dor diz respeito ao que a pessoa sente que perdeu e não necessariamente pela pessoa que morreu.
Grande dificuldade de elaboração do luto
Cônjuge (a pessoa que é escolhida para ocupar o lugar dos pais), filho.
Morte gradativa: elaboração do luto começa antes mesmo da concretização da morte
Luto antecipatório
Como médicos é importante perceber em qual nível de elaboração do luto a família se encontra.
Luto patológico: a pessoa não consegue elaborar o luto
Espera-se que após um ano o luto seja elaborado, após as primeiras datas comemorativas sem a pessoa.
A família enlutada pode culpar o médico
Despersonalização:
Quando o médico trata o paciente como só mais um: um número, um leito, uma doença.
O oposto de humanização.
O paciente ao ser hospitalizado sofre um processo de total despersonalização, deixando de ter seu próprio nome e passando a ser um número de leito. Esse estigma de doente cria a necessidade de uma reformulação nos valores e conceitos de homem, mundo e relação interpessoal.
Identidade Médica
Características médicas
Conhecimento
Habilidade
Atitude
Selos da personalidade
Autonomia
Estabilidade
Autenticidade
Caso contrário, trata-se de uma falsa personalidade.
Devemos nos atentar para que componentes da nossa personalidade não invadam de forma negativa a prática médica (julgamentos, preconceitos)
*personalidade de mãe, de pai, de filho.
A relação médico-paciente refere a relação do médico com a família também.
Deve ser adaptada pelo médico para cada tipo de paciente.
Falhas de atitudes médicas:
Não delimitação dos papéis. (quem é o médico e quem é o paciente)
Dificuldades de comunicação. (falta de entendimento por amas as partes)
Dificuldade por parte do médico de comunicação penosa. (mortes, sequelas...).
Virtudes e Relação com a Prática Médica:
Polidez: é a primeira virtude e a origem de todas as outras. É a mais superficial de todas e não é uma virtude sozinha. Ex.: um nazista pode ser polido. Entretanto, é a manifestação e porta de entrada para outras virtudes.
Prudência: A polidez é a origem das virtudes; a fidelidade, seu princípio; a prudência, sua condição. É o que podemos chamar de bom senso, e condiciona todas as outras virtudes. É a noção de fazer ou deixar de fazer de acordo com o bom senso. “O inferno está cheio de boas intenções” mostra que sem a prudência as outras virtudes ficam sem orientação 
Humildade: autoconhecimento para saber o que não somos. É a tristeza verdadeira de sermos apenas nós mesmos. Dentro da prática médica é reconhecer do que somos capazes e saber até onde podemos ir e quando devemos recuar.
Simplicidade: ser o que é. Não se aceitar e nem se recusar, é apenas ser. É o indivíduo reduzido a sua expressão mais simples. Na prática médica, é importante que o profissional se posicione de forma simples diante de uma paciente com pouca formação e entendimento.
Tolerância: aceitar as diferenças e não se sentir incomodado ou afetado negativamente por elas. Não é passividade (ser tolerante não é aceitar o intolerante). Tolerar as opiniões dos outros e não as considerar inferiores ou incorretas. Ser tolerante com a conduta de outros médicos e ser tolerante com a decisão e posicionamento do paciente frente ao tratamento.
Ensino de Psicologia Médica
Resumo da Aula
Pretende estudar a psicologia do estudante, do médico, do paciente, da relação entre eles, da família e do contexto institucional dessas relações, ou seja, as relações humanas no contexto médico. É a psicologia da prática médica, visa a compreensão do homem em sua totalidade. Outro objetivo é a prevenção da iatropatogenia (estudo e detecção das situações iatrogênicas observadas e inerentes à prática médica), aqui, iatropatogenia se trata de relações mal conectadas, falta de trabalho em equipe, responsabilidades passadas de um para outro, falta de organização, etc.
- O paciente vem de realidades sócio-econômico-cultural diversos, com características próprias do grupo que provêm, seus conceitos e preconceitos em relação ao sistema de saúde e equipe. As relações devem levar em consideração a cultura, a sociedade, os regionalismos, a personalidade em que vive o paciente. 
- O estar doente também varia de pessoa para pessoa, e família para família. Há algumas em que nunca houveram perdas, e outras que houveram tantas perdas que os demais já aceitam a morte com mais facilidade. Tais situações colocam em jogo mecanismos inconscientes de adaptação, negação, defesa, regressão e racionalização.
- Sobre os direitos e ganhos: a pessoa enferma está numa condição em que precisa ser amparada e tem direito à ajuda da família ou estado. Essa dependência evoca recordações de cuidados infantis e pode trazer “ganhos” ao enfermo, que acaba gostando dessa situação, muitas vezes inconscientemente. Se não conscientizada e trabalhada pela equipe de saúde e pelo paciente, essa condição leva ao hospitalismo (permanência indevida e desnecessária no hospital).
-Sobre os deveres e perdas: a pessoa enferma também sofre com deveres e perdas. Uma vez estando no hospital, por exemplo, o fumante é obrigado a parar de fumar, as refeições são em horários determinados, as roupas são padronizadas, o celular é retirado, a rotina é diferente do acostumado. Com uniformes, leitos e quartos numerados as pessoas passam a ser despersonalizados (por exemplo, o paciente do covid, o paciente do trauma, etc). Deve-se evitar essa despersonalização e inserir a humanização no tratamento.
Pretende estudar a psicologia do estudante, do médico, do paciente, da relação entre estes, da família e do próprio contexto institucional dessas relações.
Uma abordagem que vai além da doença, observando-se o lado mental e psicológico do paciente. O médico também precisa da assistência psicológica para ter uma boa atuação profissional.
É a psicologia da relação médico-paciente
Abordar a pessoa como um ser biopsicossicial.
A identificação do paciente com o médico estreita os laços e beneficia a adesão ao tratamento 
A forma como os pacientes lidam com a doença difere de pessoa para pessoa.
A mente provoca sintomas de forma inconsciente, muitas vezes naquelas pessoas que encontram nos hospitais um local de acolhimento e bem estar físico e psicológico. (Pessoas em vulnerabilidade social).
O organismo somatiza sintomas.
Existe um interesse no curso de medicina pela curiosidade de se entender e cuidar melhordo que o próprio estudante sente. O estudante tenta, muitas vezes, até demais agradar o paciente. Tentativa de uma boa avaliação
Resumo do Livro
O capitulo discorre sobre as experiências adquiridas com o ensino de Psicologia médica e a sua inserção no curso de medicina. Considera a importância da prática aliada ao ensino e como as discussões e aulas não expositivas encorajam os alunos. 
A psicologia médica (ou psicologia da prática médica) pretende estudar a psicologia do estudante, do médico, do paciente, na relação médico-paciente, da família e do contexto institucional dessas relações. Para um bom ensino, a relação professor-aluno deve ser bem consolidada. Cada modelo de ensino absorvida pelo aluno será devido ao momento da vida deste, de sua própria história pessoal, buscando identificações de acordo com essas características. Assim, a Psicologia Médica tem como principal objetivo de estudo as relações humanas no contexto médico, necessitando da compreensão do homem em sua totalidade, no seu diálogo permanente entre mente e corpo, na sua condição biopsicossocial.
Integrar prática e ensino se torna indispensável e aqui, a prática toma duas direções principais: 
1. No contexto de ensino, com as vivências do aprendizado médico no hospital-escola, na relação com os professores, acompanhando as várias etapas de formação médica do primeiro ao último ano, do contato com o cadáver à pessoa doente.
2. Na prática médica propriamente dita, no ambulatório, enfermaria e unidade de emergência, com os avanços da Medicina (CTI, unidade de hemodiálise, etc.) e suas consequências para a pessoa doente; no contexto familiar; o doente agudo, o crônico e o terminal; a relação médico-paciente nas várias áreas especializadas da Medicina; a equipe de saúde; as relações interpessoais entre médicos e profissionais de saúde; o médico enfermo; etc.
Alguns objetivos: 
- compreender o homem sempre como unidade biopsicossocial;
– perceber a importância da biografia e da personalidade do paciente em seu modo de adoecer e na forma de se relacionar com a equipe de saúde;
– valorizar o papel das ideologias e instituições médicas na prática da medicina e no relacionamento com o paciente;
– ouvir e respeitar o paciente como ser humano e dentro do seu marco sociocultural;
– entrevistar psicologicamente o paciente ou sua família, quando necessário;
– perceber a atmosfera psicológica que acompanha o exame do paciente e saber como manejá-la em proveito do relacionamento;
– transmitir ao doente os achados obtidos, suposições e diagnósticos em função de sua personalidade e do momento vivido;
– solicitar os exames complementares avaliando as possíveis reações do paciente à sua execução e utilizar técnicas adequadas para lhe comunicar os resultados;
– planejar a terapêutica conforme as necessidades globais do paciente como ser humano;
– identificar a atuação de fatores psicossociais na gênese e evolução das enfermidades, atuando de forma a tentar neutralizar seus efeitos;
– admitir que a atitude do médico é de importância capital no relacionamento com o paciente e que o médico pode reagir emocional e inadequadamente;
– perceber as dificuldades emocionais que mais frequentemente ocorrem em seu início de prática profissional;
– conhecer o funcionamento básico da personalidade humana, seus processos adaptativos e seus modos mais comuns de adoecer;
– distinguir os aspectos mais característicos da saúde e da doença mental no marco sociocultural do paciente;
– começar a distinguir os pacientes que podem receber ajuda psicológica do médico em geral daqueles que necessitam ser encaminhados aos especialistas em doenças mentais.
- ter uma visão crítica da formação e prática medica e sua integração com o meio sociopolítico e cultural.
Relação estudante de medicina-paciente Cap 4
Comunicação
Objetivos:
	Saber dirigir a comunicação para a necessidade do cliente.
Aprender a diferenciar fala, voz e linguagem.
Reconhecer a importância da comunicação verbal e não-verbal na relação médico-paciente.
Desenvolver a capacidade de observar, ouvir e formular perguntas abertas, de comunicação clara, verificando a compreensão da mensagem emitida.
Desenvolver a postura e a gesticulação para falar em público.
Técnicas de comunicação verbal:
Expressão
• Permanecer em silêncio para que o outro possa falar. Além disso, devemos controlar nossos sentimentos e preconceitos para que a escuta seja efetiva, para que a pessoa se sinta livre e a vontade para falar.
• Verbalizar aceitação: dar indicações de que está prestando atenção no que o outro diz. (“eu entendo”; “posso imaginar como se sente”)
Repetir as últimas palavras ditas pela pessoa. (para que a pessoa se sinta permitida a continuar falando)
• Ouvir reflexivamente: estimular o outro a continuar falando (balançar a cabeça, perguntar “e depois?”; “e aí, o que aconteceu?”). Mostrar interesse em saber mais sobre o que está sendo contado.
• Verbalizar interesse: dizer: “que interessante”; “continue” para demonstrar atenção.
Clarificação (tentativa de entendimento adequado da mensagem)
• Estimular comparações: ajudar o paciente a se expressar, tentando entender o real significado de suas palavras. “O senhor quer dizer como se fosse...”
• Devolver perguntas feitas: Ajudá-lo a desenvolver um raciocínio sobre o assunto e a entender melhor a necessidade que gerou a pergunta. “Como então podemos fazer para...?; “Na sua opinião, o que o senhor acha...?
• Solicitar esclarecimento de termos incomuns e dúvidas: questionar, sem constrangimento, o significado do termo desconhecido ou sobre o qual não se tenha certeza. “O que o senhor quer dizer com pegar peso”; “Dente de cisne?”
Validação (confirmação do entendimento da mensagem pelo ouvinte)
• Repetir a mensagem dita: “lembremos, então, que ...”; “Só para reforçar, combinamos que...”
• Pedir para pessoa repetir o que foi dito: “Como foi mesmo que combinamos? “Para eu ficar tranquilo, o senhor repetir o que conversamos?”
A Relação Médico-Paciente A profilaxia da denúncia contra o profissional
Atendimento de qualidade e habilidade de comunicação interpessoal são dois fatores importantes na profilaxia (“prevenção”) da denúncia contra o médico. Muitas denúncias por erro médico são feitas mesmo sem diminuição da qualidade do atendimento ou sem evidência de erro médico, isso porque os dois fatores citados não são decisivos para o paciente decidir processar um médico. O que leva ao processo é a falha na comunicação entre médicos e pacientes.
No geral, são 4 tipos de problemas de comunicação: abandonar o paciente, desvalorizar as opiniões dos pacientes, fornecer informações de forma inadequada e não conseguir entender as perspectivas dos pacientes. Esses problemas estão presentes em cerca de 70% dos depoimentos. Ainda poderiam ser adicionadas: a assistência, prestada ou não, após um insucesso ou um acidente médico. O interesse do médico em acompanhar, assistir, orientar adequadamente o paciente, após um acidente ou insucesso, minimiza a decepção e a revolta do paciente em relação ao profissional causador de tal ato. Algumas razões primárias pela qual o paciente denuncia o médico são: ar de superioridade, pressa no atendimento, falha na comunicação e expectativa irreal do paciente. No geral, os pacientes ficam satisfeitos quando são ouvidos, informados, quando entendem os procedimentos a serem realizados, etc. 
Para melhorar a relação médico-paciente estratégias específicas de comunicação precisam ser colocadas em prática (daí a importância de se estudar relacionamento e comunicação). Médicos interessados e preocupados em se comunicarem bem estão propensos a fornecer melhor qualidade no atendimento e consequentemente reduzir as chances de receber uma denúncia. Oferecer atendimento humanista e de alta qualidade é a melhor forma de comunicar-se eficientemente e fazer a profilaxia contra a denúncia profissional.
A Relação Médico-Paciente e o surgimento das demandas judiciais
O artigo analisa as relações estabelecidas entre médicos e equipes com os pacientes e as demandasjudiciais que envolvem essa relação. Essa análise envolve os processos movidos pelos pacientes, estatísticas hospitalares e os relatos dos envolvidos. O que se vê basicamente é que em muitos casos não ocorreu erro médico, e sim uma falha de comunicação/relação entre equipe e paciente. Nos casos em que existem erros, a falta de atenção nas informações dados pelo paciente é o elemento que originou a falha.
Apontar uma única e definitiva solução para o problema não é possível, uma vez que os casos são abrangentes e envolvem diferentes contextos, mas, através de estudos é possível definir certas condutas e mudanças que ajudarão a reduzir o número de demandas judiciais. 
Fatores como falta de estrutura e equipamentos adequados podem levar os profissionais a pensarem que assim justifica-se a falta de cuidado e zelo com o paciente. Contudo, ao decidir por atender um paciente, o profissional deve prezar pela boa comunicação, relação e principalmente pela qualidade no atendimento, deve-se buscar proporcionar real manutenção da saúde do paciente e preservação da relação médico-paciente. 
O sentimento de discriminação e indiferença são umas das principais queixas dos pacientes quando questionados sobre os atendimentos recebidos, no atendimento público e no privado. Aqui entra o ditado muito conhecido “Uma metade dos médicos acham que são deuses, e a outra metade tem certeza que são”. Dificilmente a reclamação é por não ter sido atendido em uma estrutura excelente ou com exclusividade, pelo contrário. Quando pacientes são atendidos, ainda que sem as condições mínimas, mas com atenção e cuidado, o sentimento que fica é o de gratidão pelo profissional que mesmo fora das condições recomendadas destinou atenção e cuidado. Nem mesmo os hospitais considerados como referência conseguem fugir das estatísticas do aumento de demandas judiciais, pois que a ausência do cuidado também é encontrada neles.
Todos os relatos de casos mencionados bem como a literatura, aponta como fundamento do problema, a comunicação falha entre médico e paciente e ausência de cuidado no cultivo dessa relação e a insistência em atribuir outros culpados só agravam o problema, já que assim os profissionais não buscam discutir e reformular suas condutas.
Além do citado, o médico deve aplicar a técnica mais adequada a casa situação, da melhor maneira possível e ainda fornecer informações claras aos pacientes e familiares e explicar todo procedimento realizado, buscando também ouvir o paciente.
Uma área médica que cresce o número de demandas judiciais é a cirurgia plástica, uma das razões para o aumento do número de cirurgias plásticas é sem dúvida a garantia de resultados e de segurança transmitidas pelos profissionais aos pacientes. Assim, quando há uma morte em um paciente da plástica, o primeiro questionamento é se houve erro médico, esse comportamento revela a crença comum de que cirurgias plásticas seriam procedimentos livres de riscos. Com o crescimento das vendas das cirurgias plásticas um dos argumentos mais fortes para convencer o consumidor a optar pelo procedimento, é garantia no quesito segurança e do resultado. Atitude incorreta esta, pois a cada resultado adverso ocorrido a única justificativa existente para isso se torna o erro médico. Porém não é necessário que ocorra um erro em uma cirurgia plástica pra que exista um resultado adverso, existem inúmeras possibilidades de reações a anestesias, algumas inclusive letais, rejeição de próteses, infecção hospitalar, trombose, embolias e etc., que na maioria das vezes o paciente que se submete ao procedimento ou tem completa ignorância sobre ou sabe apenas que existem mas não possuem a real dimensão quanto aos riscos. É comum ouvir de pacientes que fizeram cirurgias plásticas que não sabiam que as cicatrizes da cirurgia seriam tão grandes ou que o procedimento seria tão doloroso.
Toda essa mudança no pensamento (do profissional e do paciente) é necessário, pois existe sim a precarização das relações entre médicos e pacientes, mas a razões para isso são múltiplas e complexas. O reestabelecimento claro e objetivo da comunicação é a chave principal para começar a impactar positivamente na relação médico-paciente.
O texto diz respeito a relação entre os processos contra erros médicos e a relação médico-paciente. Nesse contexto, observa-se que os processos, muitas vezes, não acontecem devido a uma conduta técnica equivocada, mas sim por uma falta de engajamento do médico na escuta e cuidado para com o paciente. Entende-se que o cuidado vai muito além da prescrição de um medicamento ou da realização de um procedimento. O cuidado se refere ao respeito ao paciente e compaixão por sua dor e sofrimento, ao tratamento em sua integralidade, tentando entender a manifestação da doença em cada indivíduo e a melhor forma de tratá-lo em sua individualidade. Geralmente, há um imaginário de que os processos médicos são relacionados a pouca quantidade de profissionais ou estrutura defasada, quando na verdade essa informação não procede, já que muitos processos ocorrem em hospitais particulares e muito bem estruturados. Essas demandas judiciais acontecem devido à uma falta de respeito, olhar cuidadoso, paciência, orientação adequada, informação sobre riscos e possíveis danos. Entende-se a partir daí que uma boa relação médico-paciente é um elo fundamental e indispensável para que o paciente se sinta amparado e cuidado, apesar dos resultados finais serem negativos ou positivos. Nem sempre o médico conseguirá salvar ou resolver todos os problemas colocados em pauta, mas o dever de cuidado, escuta terapêutica e amparo deve ser regra e nunca exceção em um atendimento. 
A prática da Medicina requer competência. Em narrativa, o que significa a capacidade para reconhecer, assimilar, interpretar e atuar de acordo com as histórias e dificuldades dos pacientes.
Desenvolvendo competências em comunicação- Medicina Narrativa
O objetivo principal do artigo é descrever como a medicina narrativa pode auxiliar na melhoria das habilidades de comunicação e na relação médico-paciente.
O momento atual vivido pela medicina é de uma crise do modelo biomédico, em que práticas antigas e atuais coexistem, mas não se complementam. A medicina narrativa é um instrumento que vem sendo utilizada nas escolas médicas visando aperfeiçoar a formação geral do médico numa perspectiva interdisciplinar e entender as necessidades da comunidade do ponto de vista biológico, psicológico, familiar e comunitário. Desenvolve senso de observação, expressão oral e escrita, autoconhecimento intuição e empatia. Essas habilidades narrativas ajudam na relação médico-paciente. Ajuda no desenvolvimento da empatia, na sensibilização, na compreensão da individualidade de cada um, no cuidado, humanismo e respeito.
A medicina narrativa foi proposta por Rita Charin, como um modelo de prática médica humana e efetiva. É a medicina praticada com competência narrativa e marcada pela compreensão das situações narradas pelos médicos, pacientes, colegas e público. O paciente não é visto apenas como sua doença, mas sua história é considerada, o médico usa o tempo da interação clínica de forma eficiente, extraindo todo o conhecimento médico possível do que o paciente comunica sobre a experiência da doença. A Medicina Narrativa fornece à prática médica um instrumento para compreender como os eventos da vida de uma pessoa influenciam o processo saúde- doença, ao mesmo tempo em que propiciam a construção e fortalecimento do vínculo terapêutico.
Os estudantes da ESCS eram inseridos na abordagem narrativa desde o terceiro período. Assim, eram instados, por meio da observação ativa, a buscar significados associados à postura, ao olhar, aos gestos, à fala, com vista a caracterizar o humor do paciente, alguns traços de personalidade e o clima predominante na entrevista com o paciente. O exercício da narrativa proporciona o desenvolvimento de uma reflexão mais aprofundada sobre a riqueza e a complexidade da relação médico (ou estudante)-paciente e sobre as informações colhidasno momento do encontro entre ambos. Muitas vezes, é com o distanciamento momentâneo que é possível “olhar de fora” e compreender aspectos que passam despercebidos nas rotinas do dia-a-dia.
O texto fala sobre a medicina narrativa, que diz respeito a atividade de se narrar de forma escrita por meio de discussões sobre as experiências vivenciadas por acadêmicos do curso de medicina. O intuito da atividade está relacionado com o desenvolvimento da comunicação e descrição por parte dos estudantes. Além disse, uma análise posterior aos acontecimentos traz reflexões que muitas vezes possam passar despercebidas quando não registradas. Esse exercício tenta desenvolver a empatia, a boa relação médico-paciente e o atendimento integral da pessoa humana, fazendo uso da medicina biopsicossocial como ferramenta de um tratamento efetivo e da manutenção e respeito à dignidade do paciente. Uma boa comunicação e interação entre médicos e pacientes é capaz de trazer boas soluções terapêuticas e definitivas para a promoção da saúde dos indivíduos.
A Medicina narrativa causa diversos impactos tanto no paciente quanto no estudante. Ela auxilia essas pessoas a expressar e valorizar os sentimentos.
A medicina narrativa é uma maneira de se trazer reflexões sobre acontecimentos e posicionamentos de médicos em relação aos pacientes e tentar fazer com que os acadêmicos tragam para si, de forma permanente, os exemplos que querem seguir e os exemplos que não. Fundamental para consolidar o pensamento sobre a importância da relação médico-paciente para o processo saúde-doença e para a boa execução de uma anamnese e efetiva adesão do paciente ao tratamento.
Narrativas em saúde- Livro Oralidades- Neide
O trecho do livro Oralidades trás os temas dor, sofrimento e morte nos cenários de Cuidados Paliativos e como os médicos recém formados lidam os assuntos. Trás ainda a história de Neide, que possuía um extenso tumor de laringe, sem possibilidade de tratamento e ficou aos cuidados do Ambulatório Didático de Cuidados Paliativos (em que a medicina narrativa foi adotada). Neide de 60 anos, apresentava o rosto deformado pelo tumor e portava uma traqueostomia, portanto estava impossibilitada de falar. Era alimentada por uma gastrostomia, sentia dores intensas e não conseguir ter um sono de boa qualidade. O diálogo entre estudantes e paciente se deu através da filha e de um caderno em que Neide relatava tudo, assim, os residentes foram conhecendo mais da paciente, suas histórias, sua vida, etc. Levava bolos à toda a equipe do hospital, mesmo que não pudesse nem ao menos experimentar. 
O que levaria alguém, impossibilitada de se alimentar normalmente há meses, a preparar deliciosas guloseimas e ofertá-las com tanto carinho a outras pessoas? Desprendimento e generosidade. Saber que é possível viver cada momento com um máximo de intensidade, mesmo que as circunstâncias de vida sejam totalmente adversas, é sempre um grande consolo. E assim, toda a equipe se lembrará para sempre com admiração daquela pequena e digna senhora que, mesmo estando impossibilitada de se alimentar há meses, preparava bolos de cenoura com cobertura de chocolate unicamente para presentear seus médicos.
Através dessa história fica clara a importância de uma relação médico-paciente bem estruturada. A medicina não deve ser apenas clínica, objetiva e especializada, mas deve se centrar no paciente como um todo, com a necessidade de se ouvir o paciente para conhecê-lo em sua totalidade, em seus aspectos físico, mental, emocional, espiritual e cultural.
Rita Charon, criadora da medicina narrativa afirma que a prática da Medicina requer competência em narrativa, o que significa a capacidade para reconhecer, assimilar, interpretar e agir de acordo com as histórias e dificuldades dos pacientes. Competência em narrativa permite aos médicos alcançar os pacientes e atuar junto a eles na enfermidade, reconhecer sua própria jornada pessoal através da medicina, reconhecer suas obrigações junto a outros profissionais de saúde e introduzi-los a um discurso sobre saúde.
Arthur Frank classifica as narrativas de acordo com três esqueletos básicos – histórias de restituição, de caos e de busca.
Restituição: são aquelas com as quais os médicos estão preparados para lidar. Dizem respeito a pessoas que ficam doentes, são tratadas e têm seu bem estar restituído. São narrativas de pacientes que têm altas chances de cura ou que se encontram em fase inicial da doença. Quando contam suas histórias, tais pacientes perdem a subjetividade e sempre falam a partir da perspectiva do médico que o tratou.
Caos: são aquelas que os médicos tem vontade de fugir, pois retratam situações com as quais não fomos preparados para lidar durante o processo de formação nas escolas médicas. Nelas, o paciente tende a uma piora inexorável e a única evolução possível é a morte ou a incapacidade progressiva. Pacientes que as vivenciam não têm mais chances de cura.
Quando a cura ou restituição são impossíveis ou improváveis, os sofrimentos ou doenças podem se tornar uma oportunidade de aprendizado. Neste caso, as histórias de caos se transformam em histórias de busca. Nelas, a conclusão final da jornada compartilhada por médicos ou profissionais de saúde e pacientes é a transcendência da dor. Ao ser ouvido com atenção, compaixão e empatia, o paciente consegue organizar o caos que se formou em sua mente em decorrência da doença e, encontrando um significado para os seus sofrimentos, descobre recursos internos e desenvolve novos valores os quais permitem que o sofrimento, ainda que presente, possa ser vivenciado com aceitação e serenidade. As histórias de busca são uma possível transformação para as histórias de caos. Proporcionam lições de vida que impulsionam o contador da história para um nível mais elevado de consciência, transformando-o em alguém que aprende e ensina através da doença. O paciente se torna grato pela vida.
Esta foi uma história de dor, sofrimento, generosidade, transcendência e morte; uma morte ocorrida em circunstâncias de aceitação e extrema paz. Uma narrativa que somente pôde ser composta porque Neide encontrou interlocutores interessados. Assim, mesmo incapaz de articular palavra alguma, Neide, ao notar que estava sendo considerada com atenção e empatia, rapidamente encontrou um meio de comunicar-se – um pequeno caderno onde escrevia rapidamente tudo o que queria transmitir. E a sua história foi muitas vezes contada, ouvida, recontada, escrita, reescrita, interpretada e compartilhada. Dessa forma foi convertida em uma poderosa narrativa que ensinou a médicos e estudantes de medicina que mesmo que seja impossível modificar o final de uma história – Neide evoluía para a morte inexorável – se é possível atuar de forma a mudar o seu curso. O enfoque narrativo utilizado no ADCP devolveu a voz à Neide. Ela pôde “falar” não apenas pelas palavras escritas em seu caderninho, mas também expressou todo seu amor ao oferecer os bolos de cenoura com cobertura de chocolate à equipe de saúde. Neide teve a oportunidade de reviver e reorganizar sua vida antes de morrer, desfazendo assim o vazio do silêncio que poderia ter permanecido a assombrar seus familiares ainda por muito tempo caso isso não tivesse ocorrido. Que cada vez mais profissionais e estudantes da área de saúde compreendam a importância em se ouvir os pacientes e familiares com interesse, compaixão e empatia e se conscientizem de que esta atitude não irá comprometer o rigor científico e sim complementar e enriquecer sua prática.
O texto trata sobre a medicina narrativa que é utilizada como instrumento de ensino para os acadêmicos (não da técnica, mas sim do relacionamento humano) por meio de relatos dos acontecimentos presenciados na prática médica e os sentimentos despertados. A narração faz com que, antes de se tornarem bom escritores, os acadêmicos se tornem bons ouvintes, capazes de realizar a escuta terapêutica e despertar o lado mais humano e necessário do contato entre médicos e estudantes. A descrição dos sentimentos torna a relação empática emais cuidadosa.

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