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2 0 2 1 . 1 J Ú L I A M O R A I S 1 4 3 ( 2 0 1 9 . 2 ) | 1 PATOLOGIA CLÍNICA I AULA 1 Organismo, Amostras e Analitos CONCEITOS AMOSTRA • Parte coletada, material biológico de origem humana, utilizada para análise laboratorial. • Fluídos orgânicos: Urina, sangue, líquor, suor, líquido sinovial, lágrima, saliva, líquido pleural, material de expectoração, líquido ascético, líquido peritoneal, líquido amniótico, sêmen, linfa cutânea. • Material de evacuação: Fezes. • Fâneros (anexos cutâneos): Cabelos, unhas, pelos. ANALITO • Substância ou componente químico, em uma amostra, que é alvo de análise de um ensaio. • Componente ou constituinte de material biológico passível de pesquisa ou análise por meio de sistema analítico de laboratório clínico. • Tecnicamente, os experimentos objetivam medir as propriedades dos analitos. • Ex: Analito glicose analisado no sangue em um exame de glicemia. • Glicose é o componente e a concentração é a propriedade mensurável. • Identificar, qualificar ou quantificar. • 7500 analitos podem ser pesquisados. • Ex: Glicose, colesterol, triglicerídeos, albumina, imunoglobulinas, eletrólitos, enzimas, fosfatases, piócitos, hormônios, insulina, marcadores, ureia e creatinina. • Os analitos, de forma individual ou coletivamente, realizam funções ou são produtos de atividades do organismo. • A relação do organismo humano com seus analitos considerando os processos de regulação, produção, secreção, absorção, atividade, catabolismo e exceção é de equilíbrio. Alterações nele conduzem aos estudos e análises clínicas das anormalidades ou doenças. • Os analitos são alterados em condições de anormalidade, fontes de variabilidade ou fatores de interferência. COMPOSIÇÃO DO SANGUE • Meio celular: → Glóbulos vermelhos; → Glóbulos brancos; → Plaquetas. • Meio intercelular (plasma): → 91,5% de água; → 7,5% de sólidos orgânicos; ▪ 7,0% proteínas (albumina, globulinas e fibrinogênio) e fatores de coagulação. ▪ 0,5% substâncias nitrogenadas, gorduras neutras, colesterol, fosfolipídios, glicose, enzimas, hormônios. → 0,5% sólidos inorgânicos (eletrólitos ou minerais). METABOLISMO • Anabolismo: Síntese de novos compostos com consumo de energia. • Catabolismo: Decomposição a partir da degradação com produção de energia. • As enzimas são analitos que produzem outros analitos. • Diferentes tipos de metabolismo como glicídico, lipídico, proteico, ósseo e hormonal produzem diversos tipos de analitos. ESTADO DO ORGANISMO • A composição da amostra do doente difere da amostra do saudável. • O estado em que o organismo se encontra é importante para a compreensão da relação dele com as amostras e analitos. • Condições do organismo: Onde, quando, porque os materiais foram coletados as amostras e analitos que se relacionam. • Estados: → Saudável; → Alteração temporária; → Genética; → Doença; → Medicamento; → Simultaneidade. 2 0 2 1 . 1 J Ú L I A M O R A I S 1 4 3 ( 2 0 1 9 . 2 ) | 2 ▪ Diabetes mellitus na qual existe a doença, pode ter interferência genética, alterações temporária como o nível do hormônio insulina e uso de medicamentos (antiglicêmicos). RELAÇÕES • Equilíbrio fisiológico: Glicemia, lipemia e calcemia. • Constância biológica: Eletrólitos, sódio, cloro, potássio etc. • Características singulares: DNA, influências genotípicas ou variabilidade individual. AMOSTRA + ORGANISMO • Relacionada a normalidade no organismo. • Fluídos orgânicos, fezes ou especiais contém elementos constituintes do organismo (analitos) que demonstram equilíbrio fisiológico ou constância biológica, além de características singulares. • A amostra pode oferecer conhecimento sobre quais os analitos a compõem. • Um mesmo analito pode ser encontrado em diferentes amostras, como a glicose, que pode estar no sangue (glicemia), urina (glicosúria), líquor (glicorraquia). • Um mesmo analito pode ser encontrado em diferentes concentrações em amostras diversas. AMOSTRA + DOENÇA • Relacionada a anormalidade no organismo. • Baseia-se na propriedade de fluídos orgânicos, fezes ou especiais apresentar alterações perceptíveis em elementos constituintes do organismo (analitos) ou elementos não esperados, em situações de anormalidade. • Alterações perceptíveis: → Ex: Coloração da urina, consistência das fezes e hiperlipemias no sangue. • Variações do equilíbrio fisiológico ou constantes biológicas: → Ex: Alterações do equilíbrio entre sangue e glicose caracterizando os quadros de hipoglicemia, hiperglicemia e diabetes mellitus. → Ex: Alterações do equilíbrio entre sangue e eletrólitos caracterizando os distúrbios hidroeletrolíticos. • Presença de analitos incomuns (não esperados) relacionados à doença: → Ex: Enzimas hepáticas no sangue, indicando dano nos hepatócitos (injúria hepática). • Analitos agentes etiológicos: → Ex: Encontrar ovos, parasitos no exame de fezes. → Ex: Urocultura para pesquisa de bactérias na urina em suspeita de infecção urinária. → Ex: Urocultura para pesquisa de bactérias com risco para o feto em urina de grávidas. AMOSTRA + MEDICAMENTO • Propriedades das amostras, perceptíveis ou não, podem ser alteradas por efeito de medicamentos. • Ex: Suplementos vitamínicos ou medicamentos que alteram a cor da urina, coagulação do sangue etc. COR DA URINA MEDICAMENTO VERMELHO Clopromazina ou Tioridazina (neurolépticos). LARANJA Rifampicina (antibiótico); Varfarina (anticoagulante); Fenazopiridina (pyridium). AZUL E VERDE Amitriptilina (antidepressivo); Indometacina (anti- inflamatório); Cimetidina (tagamet); Prometazina (fenergan). CASTANHO ESCURO E COR DE CHÁ Metronidazol ou Nitrofurantoína (antibióticos); Cloroquina ou Primaquina (antimaláricos). AMOSTRA + AMOSTRA • É demonstrada quando fluídos orgânicos, fezes ou especiais tem composições alteradas em um mesmo tipo de anormalidade. • Alterações perceptíveis (urina e fezes): → Ex: Acolia e colúria são alterações no analito bilurribina no sangue, que sugerem anormalidades como hepatopatias, obstrução da COR DA URINA Indica a relação amostra e doenças por alteração perceptível. 2 0 2 1 . 1 J Ú L I A M O R A I S 1 4 3 ( 2 0 1 9 . 2 ) | 3 vesícula biliar ou alta velocidade de destruição das hemácias. → Ex: Uricemia e uricosúria são alterações nas dosagens de ácido úrico no sangue e na urina de 24 horas, indicando alterações do metabolismo do ácido úrico (gota, hiperuricemia). ANALITO + ORGANISMO • Elementos constituintes do organismo identificáveis, qualificáveis ou quantificáveis, demonstram equilíbrio fisiológico, constância biológica e características singulares. • Considerando as características: produção, regulação, secreção, absorção, atividade, catabolismo e excreção. ANALITO + AMOSTRA • Especificidade: Analitos que tem presença constante e função na amostra. → Ex: Fatores de coagulação. • Inespecificidade: Analitos que não possuem função na amostra, em trânsito, a sua presença é esperada. → Ex: Glicose, ureia. • Secreção: Analitos com presença temporária e função distante. → Ex: Hormônios, amilase. • Mista: Situações analisadas anteriormente se apresentam simultaneamente. → Ex: Sistema complemento. • Não esperados: Analitos sem função na amostra ou distante, sua presença não é esperada e indica anormalidade. → Ex: Aminotransferases. ANALITO + ANALITO • Síntese: Analitos produzem outros analitos, local ou relação àdistância. → Enzimas: Protagonistas do metabolismo, produzem novos analitos. → Hormônios: Relação de analitos à distância, feedback, insulina, estrogênio e progesterona. → Vitaminas: Ativam as enzimas ou agem como coenzimas. • Ação conjunta ou ligação: Reunião de analitos para desenvolvimento de função. → Fatores de Coagulação e Sistema Complemento: Analitos proteicos que se relacionam com eles. → Transporte, receptor e adesão: Glicolipídios, glicoproteínas e lipoproteínas. ANALITO + DOENÇA • Analitos variam em organismo sadio e doente. • Saudável e doente são estados do organismo onde amostras e analitos se relacionam. • Elementos constituintes do organismo (analitos) que demonstram equilíbrio fisiológico, constância biológica e características singulares, são alterados em condições de anormalidade. • Exemplos: → Equilíbrio fisiológico: Glicose e anormalidade causando diabetes mellitus. → Constante biológica: Eletrólitos e anormalidade causando desequilíbrio hidroeletrolítico. → Características singulares: Anomalias genéticas. • Direta: Alterações confirmam a doença. → Ex: A concentração elevada de glicemia caracteriza o quadro hiperglicêmico crônico, conhecido como diabetes mellitus. → Ex: Detecção de coproantígenos na ausência de ovos nas fezes no caso de teníase. • Sugestiva: Alterações sugerem a doença, porém não confirmam o diagnóstico isoladamente. → Ex: Provas função ou lesão hepáticas, que requerem uma bateria de exames para se fechar o diagnóstico. → Ex: Alterações nas plaquetas (plaquetopenia) no diagnóstico da dengue. → Ex: O fator reumatoide está presente apenas em 60 a 80% dos diagnósticos de artrite reumatoide. • Indireta: Alterações laboratoriais inesperadas, mas sugestivas de doenças. → Ex: A tuberculose eleva o ASLO sem que tenha havido um contato com o estreptococo. ANALITO + MEDICAMENTO • As propriedades dos analitos como ponto homeostático, identificação, qualificação e quantificação podem ser alteradas por efeito de medicamentos. • Importante para a monitoração terapêutica, quando durante um tratamento é monitorado a concentração de analitos. • Efeito: → Efeito Esperado: Analitos alterados de forma esperada por medicamento seletivo ou não seletivo. ▪ Ex: Antiglicemiantes, hipolipemiantes etc. → Efeito Inesperado: Observação do potencial de interferência do medicamento nos exames laboratoriais, a dose, o efeito fisiológico e a interferência química. ▪ Ex: Dose alterada de enzimas hepáticas na hepatite por isoniazida. • Potencial de interferência; • Monitoração terapêutica.
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