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Relações Organismo, Amostras e Analitos

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PATOLOGIA CLÍNICA I 
AULA 1 
Organismo, Amostras e Analitos
 CONCEITOS 
AMOSTRA 
• Parte coletada, material biológico de origem 
humana, utilizada para análise laboratorial. 
• Fluídos orgânicos: Urina, sangue, líquor, suor, 
líquido sinovial, lágrima, saliva, líquido pleural, 
material de expectoração, líquido ascético, líquido 
peritoneal, líquido amniótico, sêmen, linfa cutânea. 
• Material de evacuação: Fezes. 
• Fâneros (anexos cutâneos): Cabelos, unhas, pelos. 
 
ANALITO 
• Substância ou componente químico, em uma 
amostra, que é alvo de análise de um ensaio. 
• Componente ou constituinte de material biológico 
passível de pesquisa ou análise por meio de sistema 
analítico de laboratório clínico. 
• Tecnicamente, os experimentos objetivam medir as 
propriedades dos analitos. 
• Ex: Analito glicose analisado no sangue em um 
exame de glicemia. 
• Glicose é o componente e a concentração é a 
propriedade mensurável. 
• Identificar, qualificar ou quantificar. 
• 7500 analitos podem ser pesquisados. 
• Ex: Glicose, colesterol, triglicerídeos, albumina, 
imunoglobulinas, eletrólitos, enzimas, fosfatases, 
piócitos, hormônios, insulina, marcadores, ureia e 
creatinina. 
• Os analitos, de forma individual ou coletivamente, 
realizam funções ou são produtos de atividades do 
organismo. 
• A relação do organismo humano com seus analitos 
considerando os processos de regulação, produção, 
secreção, absorção, atividade, catabolismo e exceção 
é de equilíbrio. Alterações nele conduzem aos 
estudos e análises clínicas das anormalidades ou 
doenças. 
• Os analitos são alterados em condições de 
anormalidade, fontes de variabilidade ou fatores 
de interferência. 
 
COMPOSIÇÃO DO SANGUE 
• Meio celular: 
→ Glóbulos vermelhos; 
→ Glóbulos brancos; 
→ Plaquetas. 
• Meio intercelular (plasma): 
→ 91,5% de água; 
→ 7,5% de sólidos orgânicos; 
▪ 7,0% proteínas (albumina, globulinas e 
fibrinogênio) e fatores de coagulação. 
▪ 0,5% substâncias nitrogenadas, gorduras 
neutras, colesterol, fosfolipídios, glicose, 
enzimas, hormônios. 
→ 0,5% sólidos inorgânicos (eletrólitos ou minerais). 
 
METABOLISMO 
• Anabolismo: Síntese de novos compostos com 
consumo de energia. 
• Catabolismo: Decomposição a partir da degradação 
com produção de energia. 
• As enzimas são analitos que produzem outros 
analitos. 
• Diferentes tipos de metabolismo como glicídico, 
lipídico, proteico, ósseo e hormonal produzem 
diversos tipos de analitos. 
 
 ESTADO DO ORGANISMO 
• A composição da amostra do doente difere da 
amostra do saudável. 
• O estado em que o organismo se encontra é 
importante para a compreensão da relação dele com 
as amostras e analitos. 
• Condições do organismo: Onde, quando, porque 
os materiais foram coletados as amostras e analitos 
que se relacionam. 
• Estados: 
→ Saudável; 
→ Alteração temporária; 
→ Genética; 
→ Doença; 
→ Medicamento; 
→ Simultaneidade. 
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▪ Diabetes mellitus na qual existe a doença, 
pode ter interferência genética, alterações 
temporária como o nível do hormônio insulina 
e uso de medicamentos (antiglicêmicos). 
 RELAÇÕES 
• Equilíbrio fisiológico: Glicemia, lipemia e calcemia. 
• Constância biológica: Eletrólitos, sódio, cloro, 
potássio etc. 
• Características singulares: DNA, influências 
genotípicas ou variabilidade individual. 
 
AMOSTRA + ORGANISMO 
• Relacionada a normalidade no organismo. 
• Fluídos orgânicos, fezes ou especiais contém 
elementos constituintes do organismo (analitos) que 
demonstram equilíbrio fisiológico ou constância 
biológica, além de características singulares. 
• A amostra pode oferecer conhecimento sobre quais 
os analitos a compõem. 
• Um mesmo analito pode ser encontrado em 
diferentes amostras, como a glicose, que pode 
estar no sangue (glicemia), urina (glicosúria), líquor 
(glicorraquia). 
• Um mesmo analito pode ser encontrado em 
diferentes concentrações em amostras diversas. 
 
AMOSTRA + DOENÇA 
• Relacionada a anormalidade no organismo. 
• Baseia-se na propriedade de fluídos orgânicos, fezes 
ou especiais apresentar alterações perceptíveis em 
elementos constituintes do organismo (analitos) ou 
elementos não esperados, em situações de 
anormalidade. 
• Alterações perceptíveis: 
→ Ex: Coloração da urina, consistência das fezes e 
hiperlipemias no sangue. 
• Variações do equilíbrio fisiológico ou constantes 
biológicas: 
→ Ex: Alterações do equilíbrio entre sangue e 
glicose caracterizando os quadros de 
hipoglicemia, hiperglicemia e diabetes mellitus. 
→ Ex: Alterações do equilíbrio entre sangue e 
eletrólitos caracterizando os distúrbios 
hidroeletrolíticos. 
• Presença de analitos incomuns (não esperados) 
relacionados à doença: 
→ Ex: Enzimas hepáticas no sangue, indicando dano 
nos hepatócitos (injúria hepática). 
• Analitos agentes etiológicos: 
→ Ex: Encontrar ovos, parasitos no exame de fezes. 
→ Ex: Urocultura para pesquisa de bactérias na 
urina em suspeita de infecção urinária. 
→ Ex: Urocultura para pesquisa de bactérias com 
risco para o feto em urina de grávidas. 
 
 
AMOSTRA + MEDICAMENTO 
• Propriedades das amostras, perceptíveis ou não, 
podem ser alteradas por efeito de medicamentos. 
• Ex: Suplementos vitamínicos ou medicamentos que 
alteram a cor da urina, coagulação do sangue etc. 
 
COR DA URINA MEDICAMENTO 
VERMELHO 
Clopromazina ou 
Tioridazina (neurolépticos). 
LARANJA 
Rifampicina (antibiótico); 
Varfarina (anticoagulante); 
Fenazopiridina (pyridium). 
AZUL E VERDE 
Amitriptilina 
(antidepressivo); 
Indometacina (anti-
inflamatório); 
Cimetidina (tagamet); 
Prometazina (fenergan). 
CASTANHO ESCURO 
E COR DE CHÁ 
Metronidazol ou 
Nitrofurantoína 
(antibióticos); 
Cloroquina ou Primaquina 
(antimaláricos). 
 
AMOSTRA + AMOSTRA 
• É demonstrada quando fluídos orgânicos, fezes ou 
especiais tem composições alteradas em um mesmo 
tipo de anormalidade. 
• Alterações perceptíveis (urina e fezes): 
→ Ex: Acolia e colúria são alterações no analito 
bilurribina no sangue, que sugerem 
anormalidades como hepatopatias, obstrução da 
COR DA URINA 
Indica a relação amostra e doenças por alteração 
perceptível. 
 
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vesícula biliar ou alta velocidade de destruição 
das hemácias. 
→ Ex: Uricemia e uricosúria são alterações nas 
dosagens de ácido úrico no sangue e na urina de 
24 horas, indicando alterações do metabolismo 
do ácido úrico (gota, hiperuricemia). 
 
ANALITO + ORGANISMO 
• Elementos constituintes do organismo identificáveis, 
qualificáveis ou quantificáveis, demonstram 
equilíbrio fisiológico, constância biológica e 
características singulares. 
• Considerando as características: produção, 
regulação, secreção, absorção, atividade, 
catabolismo e excreção. 
 
ANALITO + AMOSTRA 
• Especificidade: Analitos que tem presença 
constante e função na amostra. 
→ Ex: Fatores de coagulação. 
• Inespecificidade: Analitos que não possuem função 
na amostra, em trânsito, a sua presença é esperada. 
→ Ex: Glicose, ureia. 
• Secreção: Analitos com presença temporária e 
função distante. 
→ Ex: Hormônios, amilase. 
• Mista: Situações analisadas anteriormente se 
apresentam simultaneamente. 
→ Ex: Sistema complemento. 
• Não esperados: Analitos sem função na amostra ou 
distante, sua presença não é esperada e indica 
anormalidade. 
→ Ex: Aminotransferases. 
 
ANALITO + ANALITO 
• Síntese: Analitos produzem outros analitos, local ou 
relação àdistância. 
→ Enzimas: Protagonistas do metabolismo, 
produzem novos analitos. 
→ Hormônios: Relação de analitos à distância, 
feedback, insulina, estrogênio e progesterona. 
→ Vitaminas: Ativam as enzimas ou agem como 
coenzimas. 
• Ação conjunta ou ligação: Reunião de analitos para 
desenvolvimento de função. 
→ Fatores de Coagulação e Sistema 
Complemento: Analitos proteicos que se 
relacionam com eles. 
→ Transporte, receptor e adesão: Glicolipídios, 
glicoproteínas e lipoproteínas. 
 
ANALITO + DOENÇA 
• Analitos variam em organismo sadio e doente. 
• Saudável e doente são estados do organismo onde 
amostras e analitos se relacionam. 
• Elementos constituintes do organismo (analitos) que 
demonstram equilíbrio fisiológico, constância 
biológica e características singulares, são alterados 
em condições de anormalidade. 
• Exemplos: 
→ Equilíbrio fisiológico: Glicose e anormalidade 
causando diabetes mellitus. 
→ Constante biológica: Eletrólitos e anormalidade 
causando desequilíbrio hidroeletrolítico. 
→ Características singulares: Anomalias genéticas. 
• Direta: Alterações confirmam a doença. 
→ Ex: A concentração elevada de glicemia 
caracteriza o quadro hiperglicêmico crônico, 
conhecido como diabetes mellitus. 
→ Ex: Detecção de coproantígenos na ausência de 
ovos nas fezes no caso de teníase. 
• Sugestiva: Alterações sugerem a doença, porém 
não confirmam o diagnóstico isoladamente. 
→ Ex: Provas função ou lesão hepáticas, que 
requerem uma bateria de exames para se fechar 
o diagnóstico. 
→ Ex: Alterações nas plaquetas (plaquetopenia) no 
diagnóstico da dengue. 
→ Ex: O fator reumatoide está presente apenas em 
60 a 80% dos diagnósticos de artrite reumatoide. 
• Indireta: Alterações laboratoriais inesperadas, mas 
sugestivas de doenças. 
→ Ex: A tuberculose eleva o ASLO sem que tenha 
havido um contato com o estreptococo. 
 
ANALITO + MEDICAMENTO 
• As propriedades dos analitos como ponto 
homeostático, identificação, qualificação e 
quantificação podem ser alteradas por efeito de 
medicamentos. 
• Importante para a monitoração terapêutica, quando 
durante um tratamento é monitorado a 
concentração de analitos. 
• Efeito: 
→ Efeito Esperado: Analitos alterados de forma 
esperada por medicamento seletivo ou não 
seletivo. 
▪ Ex: Antiglicemiantes, hipolipemiantes etc. 
→ Efeito Inesperado: Observação do potencial de 
interferência do medicamento nos exames 
laboratoriais, a dose, o efeito fisiológico e a 
interferência química. 
▪ Ex: Dose alterada de enzimas hepáticas na 
hepatite por isoniazida. 
• Potencial de interferência; 
• Monitoração terapêutica.

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