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Farmacologia - 10. Antimicrobianos

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Farmacologia: Antimicrobianos 
 
Murilo Leone 
 
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Murilo Leone | Medicina - Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) - Campus Dom Bosco 
Sumário 
ANTIMICROBIANOS ................................................................................................................................................ 3 
DEFINIÇÕES ......................................................................................................................................................... 3 
BETA-LACTÂMICOS ............................................................................................................................................. 3 
❖ 1. PENICILINAS:........................................................................................................................................ 3 
❖ 2. CEFALOSPORINAS ................................................................................................................................ 5 
❖ 3. CARBAPENÊMICOS E MONOBACTÂMICOS ......................................................................................... 6 
GLICOPEPTÍDEOS ................................................................................................................................................ 7 
❖ VANCOMICINA ........................................................................................................................................ 7 
AMINOGLICOSÍDEOS .......................................................................................................................................... 7 
❖ Gentamicina, Tobramicina, Amicacina, Estreptomicina, Neomicina, Canamicina, Espectinomicina, 
Paramomicina ................................................................................................................................................. 7 
TETRACICLINAS ................................................................................................................................................... 8 
❖ Tetraciclina e Oxitetraciclina | Doxiciclina e Minociclina (derivados lipofílicos) .................................... 8 
MACROLÍDEOS E LINCOSAMIDAS ...................................................................................................................... 8 
❖ MACROLÍDEOS (Eritromicina, Azitromicina e Claritromicina)................................................................. 8 
❖ LINCOSAMIDAS (Clindamicina) ............................................................................................................... 9 
ANFENICOL .......................................................................................................................................................... 9 
❖ CLORANFENICOL ..................................................................................................................................... 9 
QUINOLONAS (Floxacina) ................................................................................................................................... 9 
SULFONAMIDAS ............................................................................................................................................... 10 
 
 
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ANTIMICROBIANOS 
DEFINIÇÕES 
➢ Antimicrobiano: substância capaz de inibir o crescimento ou de matar os micro-organismos (antibióticos e quimioterápicos). 
➢ Antibiótico: é uma substância produzida por organismos vivos que diminui o crescimento ou mata micro-organismos. 
➢ Quimioterápico: é a substância de origem sintética que diminui o crescimento ou mata micro-organismos. 
➢ Antimicrobiano bacteriostático: inibe o crescimento dos micro-organismos. Ex. Sulfonamidas; Tetraciclinas; Anfenicol; 
Macrolídeos. 
➢ Antimicrobiano bactericida: mata os micro-organismos. Ex. Penicilinas; Cefalosporinas; Vancomicina; Aminoglicosídeos; 
Quinolonas. 
➢ Antibióticos com ação na parede celular bacteriana: 
▪ Beta-lactâmicos: Penicilinas; Cefalosporinas; Carbapenêmicos e Monobactâmicos 
▪ Glicopeptídeos (Vancomicina) 
▪ Polimixina B 
➢ Antibióticos com ação no citoplasma microbiano: 
▪ Aminoglicosídeos 
▪ Tetraciclinas 
▪ Macrolídeos e lincosamidas 
▪ Cloranfenicol 
▪ Sulfonamidas + Trimetroprim 
▪ Fluorquinolonas 
▪ Metronidazol 
BETA-LACTÂMICOS 
Os beta-lactâmicos atravessam facilmente a parede dos Gram-positivos, mas precisam atravessar canais proteicos na membrana externa 
dos Gram-negativos, o que limita um pouco o espectro de ação com relação às bactérias Gram-negativas. 
Classificação e espectro antibacteriano: os antibióticos beta-lactâmicos são classificados em: (1) penicilinas, (2) cefalosporinas e (3) 
carbapenêmicos que, embora sejam quimicamente semelhantes, a presentam importantes divergências no espectro antibacteriano. 
❖ 1. PENICILINAS: 
➢ Penicilina G (Benzilpenicilina) 
▪ Existem três preparados de penicilina G: 
• Penicilina G cristalina, por via venosa, reservada para infecções mais graves que indicam 
internação (ex.: neurossífilis); 
• Penicilina G procaína, por via intramuscular, para infecções de gravidade intermediária 
(ex.:erisipela); 
• Penicilina G benzatina (Benzetacil®), uma preparação de liberação lenta, administrada por via 
intramuscular, cujo efeito perdura por cerca de 10 dias. 
o Atualmente, admite-se que seu uso seja reservado para as seguintes infecções: 
faringoamigdalite estreptocócica (bem como na profilaxia da febre reumática), 
piodermites estreptocócicas e sífilis sem acometimento do SNC. 
▪ Ação contra os seguintes grupos bacterianos: 
• Cocos Gram-positivos: Streptococcus pyogenes (grupo A), Streptococcus agalactiae (grupo B), 
Streptococcus do grupo viridans e Streptococcus pneumoniae (o “pneumococo”); 
• Bacilos Gram positivos: Listeria monocytogenes; 
• Cocos Gram negativos: Neisseria meningitidis; 
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• Anaeróbios da boca e orofaringe, mas não o Bacteroides fragilis; 
• Espiroquetas: Treponema pallidum e Leptospira interrogans. 
▪ A penicilina G geralmente tem um efeito apenas bacteriostático contra Enterococcus fecalis. 
▪ De uma forma geral, os germes Gram-negativos (com exceção do gênero Neisseria e de alguns anaeróbios 
da boca e orofaringe) possuem resistência natura à penicilina G, pois essa substância não atravessa as 
'porinas' da membrana externa dessas bactérias. 
▪ A maioria dos Staphyloccocus aureus e estafilococos coagulase-negativos adquiriram, há muitas décadas, 
resistência à penicilina G, pela produção de uma penicilinase plasmídio-codificada. 
▪ A penicilina G é mal absorvida pelo trato GI e, portanto, deve ser ministrada por via parenteral. 
➢ Penicilina V (Pen-ve-Oral®): 
▪ Também denominada fenoximetil-penicilina 
▪ Tem uma única vantagem sobre penicilina G: excelente absorção por via oral. 
▪ Portanto, pode ser utilizada no tratamento ou profilaxia de infecções por bactérias sensíveis à penicilina G. 
➢ Penicilinas Peniciliase-resistentes: 
▪ Penicilinas semissintéticas com capacidade de resistir à ação da penicilinase produzida pelo Staphylococcus 
aureus. Os principais exemplos são: Oxacilina, Meticilina e Nafcilina. 
▪ A única droga deste grupo utilizada na prática é a Oxacilina, enquanto a meticilina é importante apenas 
para os testes de antibiograma. 
▪ Atualmente, a oxacilina é considerada a droga mais eficaz contra o S. aureus, excluindo-se apenas as cepas 
MRSA (por isso, é comum diferenciar dois tipos de cepas de S. aureus: as cepas oxacilino-sensíveis e as 
cepas oxacilino ou meticilino-resistentes–MRSA; estas bactérias são sensíveis apenas aos antibióticos 
glicopeptídeos, como a Vancomicina e a Teicoplanina). 
▪ Por ser mal absorvida pelo trato GI, a Oxacilina deve ser administrada por via venosa. 
➢ Aminopenicilinas: 
▪ Ampicilina e Amoxicilina. 
▪ Estes antibióticos, ao contrário da penicilina G, penicilina Ve Oxacilina, conseguem atravessar as 'porinas' 
da membrana externa dos Gram-negativos, tendo, portanto, relativa eficácia contra várias cepas de H. 
influenzae, M. catarrhalis, E. coli, P. mirabilis, Salmonella sp. e Shigella sp. (esta última, sensível apenas a 
ampicilina). 
▪ Mantém também a eficácia contra os Gram positivos, porém não superior à da penicilina G. 
▪ O Enterococcus fecalis, uma bactéria totalmente resistente às Cefalosporinas, ao Aztreonam e à Oxacilina, 
mantém um certo grau de sensibilidade à ampicilina/amoxicilina. 
▪ A Pseudomonas aeruginosa, entretanto, é resistente às aminopenicilinas pela ação de suas beta-lactamases 
e pela presença de 'porinas' de muito baixa sensibilidade. 
▪ Enquanto a Ampicilina possui absorção pelo trato GI imprevisível, a amoxicilina tem uma biodisponibilidade 
de praticamente 100%. Por isso, esta última tem uma grande eficácia quando administrada por via oral. 
➢ Carboxipenicilinas: 
▪ Carbenicilina e Ticarcilina. 
▪ Apesar de serem menos eficazes contra os Gram-positivos do que a penicilina G e as aminopenicilinas, têm 
o espectro ampliado para alguns germes Gram-negativos produtores de beta-lactamase, como 
Enterobacter sp., Proteus indol-positivo e Pseudomonas aeruginosa. 
➢ Ureidopenicilinas: 
▪ Mezlocilina e Piperacilina. 
▪ São mais eficazes do que as carboxipenicilinas contra Enterobacteriaceae e P.aeruginosa. 
➢ Penicilinas + Inibidores de beta-lactamases: 
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▪ O principal mecanismo de resistência aos beta-lactâmicos tanto por parte dos Gram-positivos (S.aureus) 
quanto dos Gram-negativos (H. influenzae, M. catarrhalis, E.coli, K.pneumoniae, P.mirabilis, Enterobacter 
sp., Serratia sp., Bacteroides sp., P. aeruginosa etc.) é a produção de beta-lactamases. 
▪ Associando inibidores da beta-lactamase (Clavulanato, Sulbactam ou Tazobactam) a determinadas 
penicilinas, podemos ampliar sobremaneira o espectro destes antibióticos. 
▪ Amoxicilina + Clavulanato (Clavulin®) e Ampicilina + Sulbactam (Unasyn®) têm eficácia garantida contra 
Gram-positivos (incluindo S. aureus oxacilina-sensível), Gram-negativos e anaeróbios (incluindo 
Bacteroides fragilis), sendo excelentes drogas para o tratamento de infecções comunitárias polimicrobianas 
do tipo pneumonia aspirativa, pé diabético infectado, sinusite bacteriana, etc. 
• Estes agentes são ineficazes contra P.aeruginosa e algumas cepas de Enterobacteriaceae que 
produzem beta-lactamases que resistem ao efeito dos inibidores. 
▪ As outras associações do mercado Ticarcilina + Clavulanato(Timentin®) e Piperacilina + Tazobactam 
(Tazocin®) têm um espectro ampliado para P. aeruginosa, sendo excelentes drogas para o tratamento de 
infecções adquiridas em ambiente hospitalar, como a pneumonia nosocomial. 
❖ 2. CEFALOSPORINAS 
➢ Cefalosporinas de 1ª geração: 
▪ Cefalotina e Cefazolina (de administração parenteral). 
▪ Cefalexina e Cefadroxil (de administração oral). 
▪ Esses antibióticos são eficazes contra a maioria dos germes Gram-positivos, incluindo o S. aureus oxacilina-
sensível, mas são efetivos apenas contra poucos Gram negativos, como algumas cepas de E. coli, Proteus 
mirabilis e Klebsiella pneumoniae. 
▪ São ineficazes contra S. aureus MRSA, S. pneumoniae resistente à penicilina, e contra N. meningitidis, N. 
gonorrhoeae, H. influezae, M. catarrhalis, Enterobacter sp., Serratia sp., Proteus indol-positivo, 
Pseudomonas aeruginosa e Bacteroides fragilis. 
▪ A cefalotina e a cefazolina são muito utilizadas para profilaxia antibiótica intra-operatória e podem ser 
usadas no tratamento de infecções de pele e tecido subcutâneo (neste caso, menos eficazes que as 
penicilinas). 
➢ Cefalosporinas de 2ª geração: 
▪ Essas cefalosporinas possuem um espectro mais ampliado para Gram-negativos, quando comparados às de 
1ª geração. 
▪ São subdivididas em: 
• Subgrupo com atividade anti-haemophilus influenzae, do qual participa principalmente o 
Cefuroxime. 
o Esta é uma droga de extrema eficácia contra H. influenzae, M. catarrhalis e N. 
gonorrhoeae, devido à sua estabilidade às beta-lactamases produzidas por estas 
bactérias. 
o Quando comparadas às cefalosporinas de 1ª geração, pode-se dizer que é mais efetiva 
contra Streptococcus pneumoniae e Streptococcus pyogenes, porém menos efetiva 
contra o S. aureus oxacilina-sensível. 
o É bastante eficaz contra N. meningitidis. 
• Subgrupo com atividade anti-Bacteroides fragilis, do qual participa a Cefoxitina. 
o Esta é uma droga bastante eficaz contra Bacteroides fragilis, mais efetiva do que o 
cefuroxime contra as enterobactérias, porém, menos efetiva contra H. influenzae, M. 
catarrhalis e os cocos Gram-positivos. 
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o Na prática é muito usada como antibiótico profilático para cirurgias abdominais e 
pélvicas e como opção para o tratamento de infecções por anaeróbios e Gram-
negativos (flora mista). 
• Também existem cefalosporinas de 2ª geração de administração oral. Os principais exemplos são: 
o Cefuroximeaxetil, Cefaclore e Cefprozil. 
o O espectro dessas drogas é semelhante ao do Cefuroxime. 
➢ Cefalosporinas de 3ª geração: 
▪ São caracterizadas pela sua estabilidade às beta-lactamases produzidas pelos germes Gram-negativos 
entéricos. 
▪ Em comparação com as cefalosporinas de 1ª e 2ª geração são muito mais ativas contra estes germes. 
▪ Em relação ao espectro anti-Gram-negativo, podemos dividir as cefalosporinas de 3ª geração em: 
• Subgrupo sem atividade anti-Pseudomonas: 
o Ceftriaxone, Cefotaxim e Cefodizima. 
o Têm uma excelente cobertura contra S. pneumoniae, H. influenzae, M. catarrhalis e 
Enterobacteriaceae (E. coli, Klebsiella pneumoniae, Proteus sp., Enterobacter sp., 
Serratia sp. E Citrobacter sp.). 
o Por isso, são drogas amplamente utilizadas para o tratamento de pneumonia 
comunitária, meningite bacteriana e infecções nosocomiais não causadas por P. 
aeruginosa, Acinetobacter sp. Ou S. aureus. 
o A Ceftriaxona, em especial, é um dos antibióticos mais prescritos em enfermarias (o 
que tem aumentado, inclusive, a resistência bacteriana a esta droga). 
• Subgrupo com atividade anti-Pseudomonas: 
o Ceftazidime e Cefoperazona. 
o A cefoperazona tem a desvantagem de ter perdido a estabilidade contra as beta-
lactamases produzidas pelas enterobactérias e, portanto, o seu uso tem sido 
abandonado. 
o O ceftazidime tem uma cobertura para Enterobacteriacea, H. influenzae e M. 
catharralis comparável ao Ceftriaxone, porém é ineficaz contra a maioria dos germes 
Gram-positivos, principalmente o S. aureus (mesmo as cepas oxacilino-sensíveis). 
o As cefalosporinas de 3ªgeração de administração oral são: 
▪ Cefixime e Cefpodoxime. 
▪ Podem ser utilizadas para completar alguns tratamentos iniciados no hospital 
para infecções nosocomiais por Enterobacteriaceae. 
➢ Cefalosporinas de 4ª geração: 
▪ Cefepime e Cefpiroma. 
▪ Passam com facilidade pelas 'porinas' de P. aeruginosa. 
▪ Têm menor afinidade às beta-lactamases cromossomo-codificadas induzíveis produzidas por algumas 
cepas multi-resistentes de Gram-negativos entéricos. 
▪ Algumas cepas de P. aeruginosa são resistentes ao Ceftazidime, mas não às cefalosporinas de 4ª geração 
(são, portanto, “drogas anti-pseudomonas”). 
▪ Nenhuma cefalosporina é eficaz contra o Enterococcus fecalis. 
❖ 3. CARBAPENÊMICOS E MONOBACTÂMICOS 
➢ Carbapenêmicos: 
▪ Imipenem e Meropenem. 
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▪ Estas drogas são extremamente resistentes à clivagem pelas beta-lactamases das bactérias Gram-positivas 
e Gram-negativas, incluindo os anaeróbios. 
▪ Além disso, são eficazes contra Pseudomonas aeruginosa (também são drogas “anti-pseudomonas”). 
▪ Como resumo, pode-se listar o espectro do Imipenem e Meropenem: 
• Gram-positivos,incluindo S. aureus oxacilina-sensível e várias cepasde Enterococcus fecalis 
• Gram-negativos, incluindo todos os produtores de beta-lactamase, P. aeruginosa e Acinetobacter 
sp. 
• Anaeróbios, incluindo Bacteroides fragilis. 
▪ As bactérias resistentes ao Imipenem/Meropenem são basicamente cinco: 
• (1) S.pneumoniae com resistência alta à penicilina. 
• (2) S. aureus MRSA 
• (3) Enterococcus faecium 
• (4) Stenotrophomonas maltophilia 
• (5) Burkholderia cepacia. 
▪ Para evitar o fenômeno da resistência induzida, sempre que o Imipenem ou Meropenem forem prescritos 
para tratar uma suposta infecção por P. aeruginosa é necessário que se associe um outro antibiótico, como 
por exemplo a Amicacina ou a Levofloxacina, visando destruir todas as cepas da bactéria de forma efetiva. 
➢ Monobactâmicos: 
▪ O único antibiótico monobactâmico é o Aztreonam. 
▪ Atividade apenas contra Gram-negativos aeróbicos – um espectro semelhante ao dos aminoglicosídeos. 
▪ Não é eficaz contra nenhum Gram-positivo ou anaeróbio. 
GLICOPEPTÍDEOS 
❖ VANCOMICINA 
➢ Mecanismo de ação consiste na inibição da síntese da parede celular num sítio diferente dos β-lactâmicos. 
➢ A atividade desse grupo é dirigida principalmente contra as bactérias Gram-positivas. 
➢ A Vancomicina, por exemplo, é indicada para o tratamento de infecções bacterianas Gram-positivas nos pacientes 
resistentes aos agentes β-lactâmicos (Ex.: S. aureus resistente à meticilina–MRSA e alguns enterococos). 
➢ Espectro antimicrobiano: 
▪ Não tem absolutamente nenhum efeito nos Gram-negativos, por não ultrapassarem a membrana externa 
dessas bactérias. 
▪ Em compensação, os germes Gram-positivos são naturalmente sensíveis. 
▪ São os antibióticos mais confiáveis para o tratamento de infecções por S. aureus MRSA e por S. epidermidis 
(coagulase negativo) nosocomial, muito incriminado na infecção de próteses e cateteres. 
▪ Infelizmente, surgiram cepas de S. epidermidis e S. aureus com resistência intermediária -o S. aureus VIRSA. 
▪ Para evitar que a resistência a esta bactéria de alta virulência venha a se tornar um grave problema, 
devemos reservar o uso da Vancomicina apenas para casos selecionados da prática médica. 
▪ O S. aureus VIRSA pode ser combatido com uma nova classe de antibióticos – as Oxazolidinonas, 
representadas por uma droga chamada Linezolida. 
▪ A Vancomicina é o antibiótico de segunda linha para o tratamento da diarreia por Clostridium difficile (a 
primeira escolha é o Metronidazol oral). 
AMINOGLICOSÍDEOS 
❖ Gentamicina, Tobramicina, Amicacina, Estreptomicina, Neomicina, Canamicina, Espectinomicina, Paramomicina 
➢ Espectro de ação: Gram-negativas. 
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➢ Bactericidas, inibidores de síntese proteica (ligam-se à Subunidade 30S) das bactérias sensíveis e indicados, 
basicamente, para as seguintes infecções: 
▪ Septicemia com Gram-negativos; 
▪ Infecções com bactérias Gram-negativas aérobias, como Pseudomonas, Acinetobacter e Enterobacter, 
particularmente, mas não só, em infecções do intestino; 
▪ Contra Streptococcus e Listeria concomitantemente com penicilina; 
▪ Usadas secundariamente em infecções por Mycobacterium, como na Tuberculose; 
▪ Pouco eficazes e raramente usados contra bactérias Gram-positivas, devido à menor toxicidade de outros 
antibióticos igualmente eficazes. 
➢ O uso clínico dos aminoglicosideos abrange o tratamento empírico de infecções graves por aeróbios Gram-negativos, 
geralmente em combinação com outros antibióticos. 
▪ Os principais exemplos são a sepse, infecções intra-abdominais e algumas infecções do trato respiratório e 
urinário complicadas. 
▪ Com o isolamento do germe e seu antibiograma, os aminoglicosídeos eventualmente são suspensos, 
deixando o tratamento baseado num outro antibiótico menos tóxico. 
▪ São nefrotóxicos e ototóxicos. 
TETRACICLINAS 
❖ Tetraciclina e Oxitetraciclina | Doxiciclina e Minociclina (derivados lipofílicos) 
➢ Antibióticos bacteriostáticos que agem inibindo a síntese proteica bacteriana, por se ligar na subunidade ribossomal 
30S (tal como os aminoglicosídeos). 
➢ Espectro de ação: gram positivas e gram negativas 
➢ Infecções por Rickettsias, Mycoplasmas e Chlamydias; Brucelose; Cólera; Peste negra (causada por Yersinia pestis); 
Doença de Lyme; Infecções respiratórias; Acne. 
➢ As tetraciclinas são ativas contra S. pneumoniae e H. influenzae, podendo ser utilizadas como drogas alternativas (no 
caso, a Doxiciclina) no tratamento da sinusite e exacerbações da bronquite crônica ou bronquiectasias. 
➢ A doxiciclina é o antibiótico de escolha para o tratamento das rickettsioses (ex.: febre maculosa), infecções por 
Chlamydia trachomatis (uretrite ou cervicite inespecíficas e o tracoma. 
➢ Considerações Importantes: 
➢ A absorção GI da tetraciclina e da oxitetraciclina é reduzida em mais de 50% na presença de alimento, e podem causar 
náusea, vómitos, diarreia. 
➢ Não deve ser administrado em crianças (dentes) e mulheres grávidas. 
MACROLÍDEOS E LINCOSAMIDAS 
Bacteriostáticos: ligam-se a subunidade 50S do ribossomo bacteriano. 
❖ MACROLÍDEOS (Eritromicina, Azitromicina e Claritromicina) 
➢ Eritromicina (primeira geração) 
▪ Ativa contra a maioria dos Gram-positivos (S. pyogens, estreptococos do grupo viridians, S. pneumoniae, S. 
aureus, L. monocytogenes, C. diphtheriae, C. perfringens), germes “atípicos” (L. pneumophila, M. 
pneumoniae, C. pneumoniae, C. trachomatis), cocos Gram-negativos (N. gonorrhoeae, N. meningitidis), o 
agente da coqueluche (B. pertussis), da sífilis (Treponema pallidum), etc. 
▪ A Eritromicina é muito usada para tratar infecções estreptocócicas, gonocócicas e treponêmicas (sífilis) em 
pacientes alérgicos à Penicilina. 
▪ É a droga de escolha para o tratamento de infecções por Mycoplasma pneumoniae (por ser 50 vezes mais 
potente que as tetraciclinas), da coqueluche e da angiomatose bacilar. 
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➢ Azitromicina e Claritromicina (nova geração) 
▪ Possuem o mesmo espectro da Eritromicina, mas com uma eficácia maior contra certos germes Gram-
positivos, como H. influenzae, M. catarrhalis e L. pneumophila. 
▪ A associação Claritromicina + Amoxiclina + Inibidor de bomba de prótons tem obtido bons resultados na 
erradicação do Helicobacter pylori na doença ulcerosa péptica. 
❖ LINCOSAMIDAS (Clindamicina) 
➢ Clindamicina 
▪ A grande importância clínica da Clindamicina se baseia no fato desta droga ser ativa contra a maioria dos 
germes anaeróbios (sendo uma opção ao Metronidazol). 
▪ A Clindamicina é o antibiótico mais associado à ocorrência de diarreia, aparecendo numa frequência de até 
20% dos pacientes. 
ANFENICOL 
Bacteriostáticos: ligam-se a subunidade 50S do ribossomo bacteriano. 
❖ CLORANFENICOL 
➢ Antibiótico de amplo espectro, sendo eficaz contra bactérias Gram-negativas, Gram-positivas e riquétsias. 
➢ É indicado, basicamente, nas seguintes situações: 
▪ Infecções por Haemophilus influenzae resistente; 
▪ Meningite, se a penicilina não é eficaz ou não pode ser usada (devido a susceptibilidade alérgica); 
▪ Conjuntivite bacteriana; 
▪ Febre tifoide, se ciprofloxacina ou amoxicilina não são eficazes ou não poderem ser usados; 
▪ Rickettsiose. 
➢ É considerado um antibiótico bactericida para os principais agentes causadores de meningite bacteriana (S. 
pneumoniae, H. influenzae e N. meningitidis), porém foi suplantado pela Ceftriaxone, em vista de sua toxicidade 
potencialmente grave. 
▪ A toxicidade mais temida do cloranfenicol é a aplasia de medula. 
QUINOLONAS (Floxacina) 
❖ Bactericidas: inibição direta da síntese do DNA bacteriano. 
➢ “Antigas” fluoroquinolonas: Norfloxacina, Ofloxacina, Pefloxacina e Ciprofloxacina. 
➢ “Novas” fluoroquinolonas: Levofloxacina, Gatifloxacina, Moxifloxacina e Trovafloxacina. 
❖ Espectro de ação: Principalmente contrabactérias gram-negativas, mas também atuam contra as bactérias gram-positivas. 
➢ As “antigas” fluoroquinolonas (Norfloxacina, Ofloxacina, Pefloxacina e Ciprofloxacina) são consideradas as drogas de 
escolha para o tratamento da infecção do trato urinário, incluindo a pielonefrite. 
➢ Outra indicação comum é a gastroenterite bacteriana. 
➢ A Ciprofloxacina é a fluoroquinolona mais eficaz contra Pseudomonas aeruginosa, sendo uma excelente opção para 
o tratamento de infecções supostamente causadas por este agente. 
➢ Em relação aos Gram-positivos, esta classe de antibióticos possui moderada eficácia contra S. aureus oxacilina-
sensível. 
➢ No entanto, apenas as “novas” flouroquinolonas (Levofloxacina, Gatifloxacina e Moxifloxacina) são ativas contra o 
restante dos cocos Gram-positivos, incluindo o S. pneumoniae(“pneumococo”) com alta resistência à penicilina. 
▪ Pela excelente cobertura anti-pneumocócica, anti-hemófilo, anti-moraxela e anti-germes atípicos, as 
“novas” flouroquinolonas têm sido chamadas de “quinolonas respiratórias”, sendo elas drogas altamente 
eficazes na pneumonia comunitária grave. 
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SULFONAMIDAS 
❖ SULFONAMIDAS + TRIMETOPRIM 
➢ Drogas sintéticas. 
➢ Espectro antibacteriano é bastante amplo: 
▪ A maioria dos Gram-positivos e Gram-negativos são naturalmente sensíveis ao fármaco. 
▪ Pode ser indicado nas seguintes situações: 
• (1) cistitebacteriana 
• (2) gastroenterite 
• (3) infecções respiratórias altas 
• (4) exacerbações do DPOC e das bronquiectasias.

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