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1 2 AULA 1: DESAFIOS DA DOCÊNCIA CONTEMPORÂNEA 3 INTRODUÇÃO 3 CONTEÚDO 4 TRANSFORMAÇÕES DA SOCIEDADE 4 ERA DO CONHECIMENTO: CRISE DE PARADIGMAS 5 PARADIGMA DA COMPLEXIDADE 8 CONHECIMENTO CONTEMPORÂNEO E UNIVERSIDADE 9 PARADIGMA HOLONÔMICO NA EDUCAÇÃO 11 ATIVIDADE PROPOSTA 1 11 MEDIAÇÃO DOCENTE 12 TRANSDICIPLINARIDADE E INTERDISCIPLINARIDADE 14 ATIVIDADE PROPOSTA 2 16 REFERÊNCIAS 17 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 17 CHAVES DE RESPOSTA 20 ATIVIDADE PROPOSTA 1 20 ATIVIDADE PROPOSTA 2 20 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 20 3 Introdução O mundo moderno nos desafia todos os dias, não é verdade? Nos últimos anos, com o desenvolvimento do conhecimento e das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs), os processos sociais e laborais foram modificados e intensificados, e acabaram ganhando mais praticidade. Isso, contudo, exige de nós atualização constante – tarefa muito difícil atualmente! Afinal, não é tão simples conciliar vida pessoal com formação profissional e contínua. Essas mudanças também alcançaram o meio acadêmico: as transformações sociotécnicas das últimas décadas alteraram o espaço universitário e, consequentemente, os modelos de aprendizagem. Nesta aula, identificaremos os impactos dessa nova era na atuação docente do Ensino Superior. Objetivo Analisar os desafios impostos pela sociedade contemporânea à prática pedagógica no ensino universitário. 4 Conteúdo Transformações da sociedade Você já se perguntou, em algum momento de sua vida, como os processos sociais foram modificados ao longo dos últimos anos? Há bem pouco tempo, como fazíamos um depósito bancário ou como pagávamos a passagem no transporte público? Essas ações eram realizadas, impreterivelmente, com o auxílio de uma pessoa. No entanto, hoje em dia, é possível finalizá-las apenas através de máquinas – como o caixa eletrônico do banco ou o leitor biométrico do ônibus, por exemplo. Com a área da educação não foi diferente: tais mudanças atingiram, em especial, o Ensino Superior. Você mesmo está, agora, cursando uma disciplina de pós-graduação na modalidade online. Embora a Educação a Distância (EAD) não seja um procedimento novo, a modalidade virtual de ensino o é e modificou a forma como aprendemos na atualidade, bem como as relações que mantemos uns com os outros durante esse processo. A pesquisa realizada pelo Ministério da Educação (MEC), apresenta um comparativo da evolução do ensino superior nas modalidade a distância e presencial. Veja a seguir: 5 No ensino presencial, as transformações também influenciaram as metodologias de aprendizagem, de modo que o ato de planejar e avaliar, nos dias de hoje, precisa estar de acordo com as demandas sociais. Então, vamos refletir sobre essa temática. Tente responder aos seguintes questionamentos: Quem é o aluno que está, atualmente, cursando a universidade? Quais são suas expectativas e necessidades? Quem é o professor universitário? Como ele deve se comportar diante de tantas mudanças? Era do conhecimento: crise de paradigmas Uma das particularidades da sociedade contemporânea é a função desempenhada pelo saber. Essa característica é tão marcante que nosso tempo histórico é conhecido como a era do conhecimento. 6 O paradigma1 econômico desse período não está mais centrado no capital, no trabalho ou nas matérias-primas, mas na aquisição e no uso desse saber moderno, que é acelerado, flexível e interdisciplinar2. Tal ênfase ao conhecimento o torna um elemento fundamental à sociedade. Por isso, ele deve ser concebido a partir de uma visão holística3 que o considere em sua totalidade. Para que se torne completo e mais adequado às exigências do mundo atual, esse saber precisa dialogar com as outras áreas do conhecimento. Essa nova concepção, baseada nas incertezas dos tempos modernos, rompe com o antigo e clássico paradigma cartesiano 4 , que começa a ser questionado e a perder, gradativamente, sua capacidade de explicar os fatos e os fenômenos a partir das Ciências Humanas e Sociais. 1 Paradigma Conceito originalmente proposto pelo físico americano Thomas Kuhn, cuja ideia era descrever – ao invés de explicar – a evolução do desenvolvimento científico. O estudioso afirma que: “[...] um paradigma é aquilo que os membros de uma comunidade partilham e, inversamente, uma comunidade científica consiste em homens que partilham um paradigma”. Fonte KUHN, T. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1970. p. 219. 2 Interdisciplinar Conhecimento produzido a partir da interlocução entre uma ou mais disciplinas ou áreas do conhecimento. Em outras palavras, o saber de uma área específica de estudo não pode ser fechado ou se encerrar em si mesmo. 3 Visão holística Conceito teórico segundo o qual todos os seres interagem formando um todo, sem que se possa entendê-los isoladamente. Fonte: Dicionário Aulete online. 4 Paradigma cartesiano Modelo que entendia os processos a partir da lógica da certeza, da linearidade e da simplificação do todo em suas partes. 7 Dessa forma, inicia-se a crise dos paradigmas: momento em que se exige um novo modelo cujos princípios devem responder, de maneira satisfatória, as questões sociais próprias da diversidade humana – especialmente aquelas relativas à educação. Atenção De acordo com Santos (2010, p. 21): “Um conhecimento baseado na formulação de leis tem como pressuposto metateórico a ideia de ordem e de estabilidade do mundo, a ideia de que o passado se repete no futuro. Segundo a mecânica newtoniana, o mundo da matéria é uma máquina cujas operações se podem determinar exatamente por meio de leis físicas e matemáticas, um mundo estático e eterno a flutuar em um espaço vazio, em que o racionalismo cartesiano torna cognoscível, por via de sua decomposição nos elementos que o constituem. Essa ideia do mundo-máquina é de tal modo poderosa que se vai transformar na grande hipótese universal da época moderna: o mecanicismo”. 8 Aprenda mais Para saber mais sobre a crise dos paradigmas, sugerimos a seguinte leitura: SANTOS, B. de S. Um discurso sobre as ciências. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2010. Para saber mais sobre a mudança de percepção e os paradigmas do futuro, sugerimos que assista ao filme O ponto de mutação. Paradigma da complexidade Com o surgimento da era do conhecimento, a concepção de educação iniciou um processo de transformação contrário aos parâmetros impostos pela ciência moderna. O objetivo é buscar respostas diferentes para suas mais variadas e complexas questões que estão longe da ordem cartesiana estática e mecânica. Várias correntes pedagógicas contemporâneas surgiram para dar conta dessa mudança. Entre elas, está o paradigma da complexidade (MORIN, 2001), que compreende a educação e as relações do homem com o mundo sob uma ótica distinta da anterior. Essa abordagem tenta superar a lógica linear da perspectiva clássica e atende a um novo ponto de vista que tem como eixo central a totalidade do conhecimento e dos processos. http://pos.estacio.webaula.com.br/Cursos/POS451/docs/Sinopse_Ponto_mutacao.pdf http://pos.estacio.webaula.com.br/Cursos/POS451/docs/Sinopse_Ponto_mutacao.pdf 9 Além disso, a partir da nova visão de homem, de sociedade e de mundo, tal modelo considera a interconexão entre as várias áreas do saber e as esferas sociais algo fundamental à educação. Aprenda mais Para saber mais sobre os paradigmas conservador e emergente, leia o texto Do paradigma tradicional ao paradigma da complexidade: um novo caminhar na educação profissional. Conhecimento contemporâneo e universidadeComo você pôde notar até agora, o saber passou a ser necessário para o desenvolvimento da sociedade. Como a universidade é o lugar de manifestação do conhecimento, esse espaço demanda mudanças contínuas para se alinhar às propostas mais modernas de ensino e aprendizagem. Afinal, o saber partilhado no interior desse universo influencia as práticas pedagógicas nele aplicadas. Na verdade, a transição do paradigma da sociedade industrial para a era do conhecimento é um tema de discussão recorrente no campo acadêmico. O fato é que os saberes modernos possuem algumas características peculiares5 que causam aumento contínuo do volume da ciência. Isso exige 5 Características peculiares O conhecimento contemporâneo possui as seguintes características: Crescimento acelerado; Complexidade de conteúdo; http://pos.estacio.webaula.com.br/Cursos/POS451/docs/Paradigma_tradicional_complexidade.pdf http://pos.estacio.webaula.com.br/Cursos/POS451/docs/Paradigma_tradicional_complexidade.pdf http://pos.estacio.webaula.com.br/Cursos/POS451/docs/Paradigma_tradicional_complexidade.pdf 10 o surgimento de novas disciplinas, habilidades e competências no meio universitário. Em virtude da natureza do conhecimento contemporâneo, é necessário manter a interlocução entre várias áreas do saber – juntas, elas são capazes de propor soluções para os problemas complexos próprios desse tempo. O vídeo Transversalidade na educação aborda, de forma breve, a finalidade dessa integração. Como foi possível observar, o narrador destaca a confluência – união – do conhecimento como fundamental à educação, mas assinala, também, a importância dos temas interdisciplinaridade e transdisciplinaridade – tão discutidos nos ambientes de ensino. Você saberia dizer qual é a relação entre eles? Antes de nos atermos a esse assunto, vamos entender a importância das teorias que giram em torno dessa temática. Aprenda mais Para saber mais sobre os saberes modernos e sua relação com o Ensino Superior, leia o texto A proteção do conhecimento na universidade. Rápida obsolescência – o que o torna ultrapassado. http://www.youtube.com/watch?v=VVAxV1vjqBk http://pos.estacio.webaula.com.br/Cursos/POS451/docs/Protecao_conhecimento_universidade.pdf http://pos.estacio.webaula.com.br/Cursos/POS451/docs/Protecao_conhecimento_universidade.pdf 11 Paradigma holonômico na educação Pensar em educação a partir do que já estudamos até agora nos faz refletir sobre a necessidade de percebermos o mundo e suas relações fora da lógica mecanicista cartesiana. Muitas teorias têm surgido nesse sentido. Entre as mais discutidas no meio educacional, ganham destaque aquelas que percebem o homem e sua realidade como um todo, e não apenas segmentados. Trata-se das teorias originadas dos paradigmas holonômicos6. Essa perspectiva muda a postura do professor e de sua prática pedagógica, pois o processo de aprendizagem não é mais visto como acúmulo de conhecimento, e sim como interlocução entre os vários tipos de saber. As metodologias desse modelo de ensino unem o diverso, os diferentes pontos de vista sobre a realidade, com o objetivo de alcançar uma resposta mais coesa com a complexidade do mundo atual. Atividade proposta 1 Vamos ver se você aprendeu quais são as características do paradigma holonômico da educação? A partir dessa perspectiva, é INCORRETO afirmar que: a) A função social e pedagógica do professor está longe da simples exposição oral do conteúdo. b) Educar não é mais apenas transmitir a informação de um conjunto organizado de conhecimentos. 6 Paradigmas holonômicos Modelos que interpretam a realidade a partir do todo. Nesse caso, a aprendizagem não é considerada dentro da lógica clássica da divisão desse conjunto, mas percebida em sua totalidade. 12 c) Aprender deixa de consistir na memorização do assunto tratado na aula ou lido no livro adotado pela disciplina. d) Os processos de planejamento e avaliação podem estar desconexos de todos os outros conhecimentos do aluno – adquiridos dentro e fora do espaço acadêmico. e) A avaliação rejeita o caráter reprodutivo da informação coletada em sala de aula e verificada em uma prova para testar a capacidade de assimilação do estudante. Mediação docente Como vimos anteriormente, a educação contemporânea pressupõe uma mudança paradigmática e epistemológica do processo de ensino e aprendizagem. Em outras palavras, é preciso transformar, respectivamente, as concepções que giram em torno dos padrões a serem seguidos e do conhecimento. Nesse contexto, a mediação docente é muito importante, já que altera os papéis sociais dos envolvidos nesse processo e deles exige: Novos comportamentos; Capacidade de comunicação; Diálogo permanente; Reflexões éticas; Debate e associação de ideias e de conceitos; Troca de experiências e produção compartilhada; Corresponsabilidade durante a aprendizagem. 13 Dessa forma, presenciamos a seguinte transição no campo educacional, em que certas habilidades perdem espaço para outras: Portanto, educar na atualidade é incentivar os alunos ao diálogo e à interpretação do conhecimento. Atenção Para Behrens (2005), a aprendizagem deve partir da colaboração e se assenta sobre quatro pilares: 1. Aprender a conhecer – prazer em descobrir, ter curiosidade; 2. Aprender a fazer – desenvolvimento das habilidades de trabalho em grupo; 3. Aprender a viver junto – capacidade de compreender o outro; 4. Aprender a ser – forma de se reconhecer no mundo com base nas novas exigências sociais. Habilidades antes privilegiadas Habilidades cognitivas mais elevadas > • Memorização; • Execução programada de tarefas acadêmicas. • Criação; • Argumentação; • Articulação entre pensamentos e ideias; • Julgamentos; • Tomadas de decisão coerentes e éticas com cada situação. 14 Transdiciplinaridade e interdisciplinaridade A discussão em torno das perspectivas holísticas da educação provocam muitos debates no meio educacional, pois estão relacionadas aos seguintes temas mencionados ao longo desta aula: Interdisciplinaridade Dentro do contexto do paradigma holonômico, trata-se da interconexão entre as várias disciplinas de um currículo ou entre as diversas áreas do conhecimento. Essa concepção, no entanto, não as dissolve – ao contrário, mantém sua individualidade. Em outras palavras, a partir de sua perspectiva e interpretação da realidade, cada disciplina oferece intervenções diferentes para a construção de saberes, que passam a ser, então, complexos e múltiplos. Transdisciplinaridade Noção de caráter mais amplo que a anterior. Trata-se do novo enfoque científico e cultural de interpretação da realidade e do homem, que tenta superar o entendimento fragmentado proposto pela ciência moderna. Essa abordagem incentiva conexões entre os vários saberes para criar uma visão contextualizada do conhecimento, da vida e do mundo. 15 Ao reivindicar a centralidade da vida nas discussões acadêmicas e didáticas, essa metodologia propõe uma alteração no sistema de referência da educação, estabelecendo os seguintes pilares, estreitamente relacionados: 1. Considerar diferentes níveis da realidade; 2. Trabalhar com a lógica do Terceiro Termo Incluído7; 3. Compreender a complexidade dos fenômenos. O sistema transdisciplinar de ensino requer que os professores ultrapassem os limites do saber e exige deles atitudes transversais, de modo que possam atuar nos diferentes patamaresdo real, dialogando com várias áreas do conhecimento. 7 Terceiro Termo Incluído Instrumento conceitual que pretende dar conta da complexidade de interações que não conseguem ser processadas pela lógica clássica. De acordo com essa abordagem, a realidade é considerada a partir de um novo significado, de um sentido mais amplo, que pressupõe a existência de diversos níveis do real definidos a partir de múltiplas visões. Sendo assim, a realidade seria um processo ativo em contínuo desenvolvimento – aquele que faz parte da evolução histórica das ideias da humanidade. Nesse caso, as verdades são provisórias e dinâmicas. 16 Atenção As perspectivas inter e transdisciplinar demandam a interlocução entre vários saberes. Dessa forma, trabalhar dentro delas implica projetar metodologias de ensino8 a partir de conceitos holísticos. Aprenda mais Para saber mais sobre a perspectiva interdisciplinar, leia o texto Interdisciplinaridade: o que é isso? Para saber mais sobre o Terceiro Termo Incluído, leia o texto A dialógica de Edgar Morin e o Terceiro Termo Incluído de Basarab Nicolescu: uma nova maneira de olhar e interagir com o mundo. Atividade proposta 2 Antes de finalizarmos esta aula, vamos fazer uma atividade! Assista à palestra do professor Mário Sérgio Cortella sobre a postura do professor. Agora, estabeleça, pelo menos, três mudanças que impactam, diretamente, a prática pedagógica do docente universitário. 8 Metodologias de ensino Como exemplos de metodologias de ensino holísticas, podemos mencionar o trabalho com: Casos; Solução de problemas; Livre discussão; Temas que geram projetos – tais como os temas transversais dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) – 1997-2001. http://pos.estacio.webaula.com.br/Cursos/POS451/docs/Interdisciplinaridade.pdf http://pos.estacio.webaula.com.br/Cursos/POS451/docs/Dialogica_Edgar_Morin.pdf http://pos.estacio.webaula.com.br/Cursos/POS451/docs/Dialogica_Edgar_Morin.pdf http://pos.estacio.webaula.com.br/Cursos/POS451/docs/Dialogica_Edgar_Morin.pdf http://www.youtube.com/watch?v=seiw4gwsfYA&hd=1 http://pos.estacio.webaula.com.br/Cursos/POS451/docs/PCNs.pdf http://pos.estacio.webaula.com.br/Cursos/POS451/docs/PCNs.pdf 17 Referências BEHRENS, M. A. O paradigma emergente e a prática pedagógica. Petrópolis: Vozes, 2005. MORIN, E. Os desafios da complexidade. In: ______. A religação dos saberes: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. SANTOS, B. de S. Um discurso sobre as ciências. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2010. Exercícios de fixação Questão 1 Considerando o paradigma da modernidade, assinale (V) para as afirmativas verdadeiras e (F) para as falsas: ( ) A partir de seu instrumento conceitual, a realidade é visualizada sob várias óticas e inter-relações. ( ) Sob o prisma cartesiano – “Penso, logo existo” –, as ciências são concebidas através da racionalidade. ( ) A realidade e seus entrelaçamentos são entendidos a partir da perspectiva da contextualização e interpenetração de áreas do conhecimento. ( ) No meio acadêmico, trata-se de uma organização fixa dos conteúdos, dos métodos quantitativos e da supervalorização do currículo. ( ) Esse paradigma estabeleceu o modelo disciplinar do conhecimento e do ensino. 18 Questão 2 De acordo com o que estudamos nesta aula, a transversalidade pode ser definida como: a) Um recurso utilizado pelo homem como resposta a seus anseios na busca de soluções que não se enquadravam ao esquema complexo do conhecimento. b) Um fazer pedagógico que supõe um eixo integrador, que pode ser o objeto de conhecimento, um projeto de investigação ou um plano de intervenção. c) Um modo diferente de visualizarmos o conhecimento, que se caracteriza pela ação simultânea de inúmeras disciplinas em torno de uma temática comum. d) Uma nova maneira de fazer ciência e de nos relacionarmos com o conhecimento. Trata-se de um princípio teórico, a partir do qual emanam outras propostas práticas, metodológicas e pedagógicas. e) Um método didático caracterizado pela presença de um axioma comum a um grupo de disciplinas conexas e definidas no nível hierárquico imediatamente superior, o que introduz a noção de “finalidade”. Questão 3 Na afirmação que se segue, sobre metodologia na perspectiva conservadora de ensino, utilize palavras que completarão as lacunas de forma a dar sentido ao trecho a respeito das características dessa metodologia: A metodologia no enfoque conservador elege a _______________de informações muitas vezes sem nenhum ______________ para o aluno e torna importante apenas o ensinar e não o _________. A qualidade da aprendizagem do estudante universitário é mensurada pela ________________ dos conteúdos, onde a avaliação requer respostas 19 prontas e ___________ que devem ser desenvolvidas por meio de __________________ e repetição, retirando do aluno o direito de _____________, _____________ e refletir. a) Elaboração/preparoprévio/argumentar/reprodução/perfeitas/inferências /questionar/argumentar. b) Transmissão/significado/aprender/reprodução/precisas/memorização/q uestionar/argumentar. c) Reprodução/projeto didático/aprender/habilidade de interpretação/precisas/elaboração/vivenciar/argumentar. d) Elaboração/significado/reproduzir/reprodução/elaboradas pessoalmente/inferências/questionar/argumentar. e) Transmissão/argumento/vivenciar/estrutura rígida/precisas/inferências/memorizar/reproduzir. Questão 4 No trecho abaixo, as palavras que melhor o completam são: A ________________ perpassa as fronteiras epistemológicas de cada _______ disciplinar e constrói um novo conhecimento “através” das ciências, um conhecimento _____________ em função da humanidade, resgatando as relações de _______________, pois a vida se constitui nas relações mantidas pelo indivíduo com o meio ambiente. a) Transdisciplinaridade/ciência/integrado/interdependência b) Interdisciplinaridade/área/específico/hierarquia c) Transdisciplinaridade/estudo/específico/hierarquia d) Interdisciplinaridade/ciência/único/adaptação e) Interdisciplinaridade/ajuste/genérico/dependência 20 Atividade proposta 1 De acordo com a visão holonômica, a educação precisa estar centrada no reconhecimento do sujeito social e em sua importância, a fim de que os processos de aprendizagem aconteçam. O aprendizado ocorre a partir da criação de ambientes que favoreçam a integração de diversos saberes – e não o contrário –, ou seja, a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade. Discutiremos sobre esses assuntos mais adiante. Atividade proposta 2 Entre as atitudes que influcenciam a atividade docente, estão a ação de aprender a aprender, a coragem e a humildade de se aperfeiçoar continuamente, a revisão dos conceitos sobre a educação e a vida etc. Exercícios de fixação Questão 1 – V, F, F, V, V Justificativa: O paradigma da modernidade institui a racionalidade como ponto central da educação. Isso se reflete no meio escolar e acadêmico através da mecanização do ensino, da separação das áreas do conhecimento em disciplinas que não dialogam entre si e na supervalorização da memorização do conteúdo estudado, deixando de lado sua contextualização. Questão 2 – D Justificativa: A transversalidade corresponde a uma nova forma de produzir ciência e de relacionar os vários tipos de saberes em todas as áreas do conhecimento. Trata-se de um instrumento teórico que integra diversos 21 sistemas interdisciplinares em contextos mais amplos, gerando uma interpretação mais holística dos fatos e fenômenos. Questão 3 – B Justificativa: A metodologia conservadorado ensino trabalha apenas com a transmissão do conteúdo sem que este, necessariamente, tenha sentido para o aluno. O foco está no professor por isso o importante é o ensinar e não o aprender. As respostas devem ser dadas de acordo com o que o professor falou retirando a capacidade de argumentação, reflexão e contextualização do aluno. Questão 4 – A Justificativa: A questão refere-se à transdisciplinaridade pois ela está um nível acima da interdisciplinaridade pois ultrapassa os limites do conhecimento disciplinar para construir um conhecimento novo mediante os conhecimento advindos das ciências. Isso se dá em um contexto de integração em função da historicidade produzida pelo homem. Atualizado em: 26 mar. 2014 1 2 AULA 2: TEORIAS DA APRENDIZAGEM 3 INTRODUÇÃO 3 CONTEÚDO 4 ESPECIFICIDADE DO ENSINO SUPERIOR 4 TEORIAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM 5 ABORDAGEM TRADICIONAL 6 ABORDAGEM COMPORTAMENTALISTA OU BEHAVIORISMO 7 ABORDAGEM HUMANISTA 11 ABORDAGEM COGNITIVISTA 12 TEORIA COGNITIVA CONSTRUTIVISTA 13 TEORIA COGNITIVA SOCIOINTERACIONISTA 18 TEORIA COGNITIVA SIGNIFICATIVA 19 ABORDAGEM SOCIOCULTURAL 20 ATIVIDADE PROPOSTA 21 REFERÊNCIAS 22 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 23 CHAVES DE RESPOSTA 27 ATIVIDADE PROPOSTA 27 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 27 3 Introdução Como vimos na primeira aula, o mundo contemporâneo apresenta inúmeros desafios a nossa vida cotidiana e ao exercício da atividade docente. As mudanças dos dias de hoje têm impactado fortemente a atuação do professor em sala de aula. Então, como é possível construir uma prática pedagógica competente para exercer a profissão de educador no Ensino Superior? Como ajustá-la e alinhá- la a essas transformações? Nesta aula, vamos refletir um pouco sobre tais questões. Objetivo Identificar as teorias da aprendizagem subjacentes à prática do planejamento na Docência Superior. 4 Conteúdo Especificidade do Ensino Superior Você já parou para pensar quais são os aspectos importantes que devemos levar em consideração para desenvolver uma boa prática docente? Podemos listar, aqui, uma série de características que a definem, tais como: Aprender a aprender; Ser capaz de planejar; Possuir conhecimento pedagógico; Realizar mediação no âmbito da docência; Dispor de saber específico quanto à área de estudo em que atuamos; Utilizar, de forma adequada, os recursos didáticos disponíveis; Ter um bom relacionamento com as pessoas etc. O professor universitário desempenha uma função social e tem o compromisso de formar futuros profissionais, com os quais provavelmente logo se encontrará no mercado de trabalho. O educador é, na verdade, corresponsável por essa formação! Imagine que você atua como docente e que, daqui a alguns anos, determinado aluno seu pode ser o professor, o médico ou o advogado de seu filho. Você estaria tranquilo quanto à qualidade do trabalho desse profissional? Esse questionamento implica uma postura reflexiva sobre a prática pedagógica e sobre a formação acadêmica do indivíduo. 5 Quando pensamos na ação docente, precisamos atentar para dois pontos fundamentais: a aprendizagem do estudante e o planejamento didático. Antes de tudo, é necessário definir uma abordagem teórica para o ensino que sustente esse planejamento, que precisa colaborar para que a aprendizagem aconteça de modo eficiente e eficaz. Dessa forma, conseguimos alinhá-lo com as propostas do curso então ministrado e das demandas sociais vigentes, bem como identificar os objetivos da aplicação de cada conteúdo. Vamos, então, conhecer algumas teorias da aprendizagem? Teorias de ensino e aprendizagem Diversos autores investigam as abordagens do processo de ensino e aprendizagem, tais como: Mizukami (1986); Díaz Bordenave e Pereira (1991); Libâneo (1994); Saviani (2002). Nesta aula, daremos destaque à classificação teórica de Mizukami. Para a autora, as abordagens do processo de ensino que podem dar sustentação ao fazer pedagógico e conferir objetivo didático às aulas universitárias são as seguintes: Tradicional; Comportamentalista; Humanista; Cognitivista; Sociocultural. 6 Abordagem tradicional De acordo com a abordagem tradicional, o sujeito está pronto para receber conhecimento. Sendo assim, o estudante apenas cumpre prescrições que lhe são solicitadas pelos professores – fato que o torna um receptor passivo que somente reproduz as informações transmitidas em sala de aula. O ensino, por sua vez, é centralizado no docente, o que estimula uma visão individualista do processo educacional, que não investe em trabalhos cooperativos. Além disso, o conhecimento deve ser cumulativo e a inteligência, a capacidade eficiente para esse acúmulo de informações. Por isso, os alunos possuem um papel praticamente nulo na elaboração e na aquisição do saber. Afinal, compete a eles apenas memorizar definições, leis, sínteses e resumos que lhes são oferecidos no processo educativo formal. Na abordagem tradicional, o professor tem o poder total de decisão quanto à interação mantida no cotidiano de aula e à dinâmica do ambiente de aprendizagem. Ele é o responsável pelo(a): Metodologia de ensino Aquela que se fundamenta na aula expositiva e nas demonstrações do educador. Conteúdo ministrado Aquele que é preestabelecido pelo educador. Nesse caso, o aluno se limita exclusivamente a ouvi-lo e a decorá-lo. 7 Forma de avaliação Aquela cujo objetivo é a reprodução literal do conteúdo ensinado em sala de aula. Nesse caso, as notas funcionam como níveis de aquisição do patrimônio cultural. Com base nessa perspectiva, a educação é, então, entendida como instrução e transmissão de saberes previamente escolhidos e organizados em cada área de estudo. Por séculos, as práticas escolares e universitárias se basearam nessa abordagem de ensino e, ainda hoje, é possível encontrar instituições que a empregam. E você? Em algum momento de sua formação acadêmica, já se identificou com tal concepção? Abordagem comportamentalista ou behaviorismo Representada por Pavlov (1849-1936), Skinner (1904-1990) e Watson (1878- 1958), a abordagem comportamentalista apreende o conhecimento como uma resultante direta da experiência vivenciada pelo aluno. O sujeito é produto do meio, e seu comportamento pode ser modificado mediante a manipulação das condições ambientais. A aprendizagem, por sua vez, é um conjunto de padrões de conduta – capazes de ser transformados através de treinamento – com objetivos prefixados. Nessa perspectiva, a educação está fortemente relacionada à transmissão cultural e deve imprimir no sujeito: Saberes diversos; 8 Modelos de comportamentos éticos e sociais; Competências fundamentais para o controle do ambiente e da realidade. Para o behaviorismo, o processo de ensino e aprendizagem é uma mudança comportamental do sujeito decorrente das práticas vivenciadas e reforçadas pelo professor. Logo, as propostas de aprendizagem devem ser planejadas com antecedência pelo docente, que as estabelece a partir da estruturação dos elementos que proporcionam experiências curriculares para alcançar os objetivos previamente estipulados. Por fim, a metodologia de ensino implica o processo de reforço na relação professor-aluno. Esse tipo de aprendizagem é clássico nessa abordagem de ensino e denomina-se condicionamento respondente, o que causa o processo de associação desenvolvido por Pavlov, dentro do qual se enfatiza a noção de reflexo condicionado. Posteriormente, Skinner aprimorou tal percepção, que evoluiu para o chamado condicionamento operante.9 Veja os pressupostos de cada uma dessas concepções: Condicionamento respondente Estímulos neutros controlados que, quando repetidos, geram uma resposta não existente anteriormente. Processo de associação Processo realizado por meio de experimentos com cães, a partir do qual se observou que, quando os animais viam a comida, começavam a salivar. Desse momento em diante, cada vez que o alimento era entregue a eles, tocava-se uma campainha, o que representava um estímulo neutro. Reflexo condicionado Após várias repetições do experimento mencionado, os cachorros continuaram a salivar ao escutar o som da campainha, mesmo na ausência da refeição. Tal comportamento caracteriza um reflexo condicionado: uma reação controlada a um estímulo dado. Condicionamento operante Mecanismo que privilegia determinada resposta do sujeito até que ele condicione a necessidade à ação. 10 Nesse caso, a experiência foi feita com um rato faminto: o animal percebia que, cada vez que tocava em uma alavanca, ele recebia comida. Dessa maneira, quando sentia fome, repetia o movimento para saciá-la. Esse tipo de condicionamento é visto como uma modelagem comportamental, pois favorece o aprendizado de uma nova conduta. Seu principal instrumento é o reforço1. Para entender melhor a proposta behaviorista de Skinner, assista ao vídeo. Na universidade, podemos perceber essa metodologia do condicionamento operante e do reforçamento positivo a partir da organização dos conteúdos em unidades simples que se decompõem em pequenos itens e são ensinadas gradativamente. O desenvolvimento do estudante é verificado por avaliações objetivas. Quando o comportamento desejado é alcançado, o aluno recebe um reforço do professor e passa para o tópico seguinte. Caso não atinja o resultado, o docente retorna à unidade anterior e refaz todo o processo. Logo, a assimilação e a fixação do conhecimento acontecem através de estímulos reforçadores – como, por exemplo, notas por participação e por comportamento, e benefícios em troca de atividades realizadas. Você deve ter percebido que seus pais e professores utilizaram muito essa metodologia no processo educativo. 1 Reforço Qualquer ocorrência que aumenta a intensidade de determinado comportamento. Ela pode ser: Positiva – recompensa; Negativa – remoção de algo adverso. http://www.youtube.com/watch?v=Cu1VjsRV1Ac&hd=1 11 Atenção A diferença entre o reflexo condicionado e o condicionamento operante reside no fato de que o primeiro é uma resposta a um estímulo meramente externo, enquanto o segundo é uma condição gerada pela ação do sujeito que produz uma consequência. Aprenda mais Para saber mais sobre a abordagem comportamentalista, leia o texto Teoria do condicionamento operante de B. F. Skinner. Abordagem humanista Como o próprio nome já insinua, na abordagem humanista, a ênfase está no papel humano frente ao processo de construção do conhecimento. O foco está no desenvolvimento da personalidade do sujeito e em sua capacidade de atuar de forma integrada. Nesse caso, o professor não é transmissor do saber, mas facilitador da aprendizagem. O conteúdo é proveniente das próprias experiências do estudante, e o docente age como articulador entre o aluno e o conhecimento, ou seja, é ele que gera as condições para que os educandos aprendam. Essa perspectiva não concebe os modelos previamente estabelecidos de aprendiz ou de sala de aula. Tudo está em contínuo processo de http://pos.estacio.webaula.com.br/Cursos/POS451/docs/Teoria_condicionamento_operante.pdf http://pos.estacio.webaula.com.br/Cursos/POS451/docs/Teoria_condicionamento_operante.pdf 12 desenvolvimento para fins didáticos de autorrealização e do uso pleno das potencialidades do sujeito. De acordo com o ponto de vista humanista, nem o mundo nem o homem estão prontos, como na abordagem tradicional. Ao contrário, a educação está centrada no aluno e dele se devem originar os motivos para a aprendizagem. Partindo dessa premissa, a autodescoberta e autodeterminação são atributos dessa concepção. O processo de ensino, por sua vez, ocorre a partir de uma metodologia criada pelo professor, visando à aprendizagem do estudante a partir de um contexto que privilegia a liberdade para aprender. Em outras palavras, é o aluno que controla seu aprendizado e define os critérios para avaliar se os objetivos traçados estão ou não sendo atingidos. Abordagem cognitivista Para a abordagem cognitivista, o conhecimento é uma construção contínua do sujeito no meio em que transita. O cognitivismo realça exatamente aquilo que é ignorado na abordagem comportamentalista: o ato de conhecer. Essa teoria se interessa em saber como o ser humano conhece o mundo e analisa a percepção, o processamento de informação e a compreensão por parte do indivíduo. Há várias correntes dentro dessa perspectiva e alguns nomes importantes as representam. Vejamos: 13 Teoria cognitiva construtivista O questionamento básico da teoria cognitiva construtivista se resume da seguinte forma: como o sujeito conhece o mundo? Uma das principais preocupações de Piaget foi compreender e identificar os mecanismos utilizados pelo homem para conhecer o mundo que o cerca e se adaptar a ele. Em suas pesquisas, o estudioso descobriu que o desenvolvimento cognitivo acontece mediante a ação do sujeito sobre os objetos do meio em que vive. A partir dessa interação, a pessoa transforma estruturas mentais ou 2esquemas , adquirindo novas maneiras de fazê-los funcionar. O ponto central da teoria piagetiana está, então, no binômio organismo- meio e em sua relação construtivista, que ocorre por meio de dois processos paralelos: a organização interna ou assimilação 3 e a adaptação do sujeito ao meio. 2 Esquemas Ações elementares do conhecimento que podem ser físicas ou mentais. É possível que o esquema seja criado ou modificado mediante a acomodação. 3 Assimilação Integração de novos dados a conhecimentos anteriores. 14 Assista, agora, a um vídeo que demonstra uma experiência a partir da qual podemos perceber, claramente, esses dois processos: O vídeo nos mostra que o conhecimento4 resulta de uma construção efetiva do sujeito e da influência que o ambiente em que está inserido exerce sobre ele. A figura a seguir demonstra como acontece o processo de construção do conhecimento por parte do indivíduo: Esquemas de ação As estruturas mentais – também chamadas de esquemas – a que nos referimos correspondem às ações diárias que permitem nossa relação com o mundo. Quando classificamos eventos, associamos conceitos ou ordenamos episódios, estamos utilizando nossos esquemas de ação. 4 Conhecimento De acordo com Piaget (2007, p. 1): “O conhecimento não pode ser concebido como algo predeterminado nem nas estruturas internas do sujeito, porquanto estas resultam de uma construção efetiva e contínua, nem nas características preexistentes do objeto, uma vez que elas só são conhecidas graças à mediação necessária dessas estruturas, e que essas, ao enquadrá-las, enriquecem-nas”. http://www.youtube.com/watch?v=Xx8vCy9eloE&hd=1 15 Assimilação A assimilação, por sua vez, é uma ação externa através da qual o sujeito adiciona uma nova informação perceptual, motora ou conceitual a comportamentos já existentes. Em outros termos, o indivíduo utiliza os esquemas de ação para compreender o mundo e seus desafios. Trata-se, portanto, de um recurso cognitivo usado pela pessoa para acrescentar novos eventos àquilo que já conhece. A partir da assimilação, ocorre a 5acomodação. Equilibração Ambas as ações – assimilação e acomodação – causam um desequilíbrio interno. Para reequilibrar esse processo, precisamos fazer um esforço cognitivo, a fim de estruturar e, finalmente, acomodar o novo esquema mental, alcançando a 6equilibração . Disso resulta a ideia de que, para haver aprendizado, é necessário que exerçamos um papel ativo no processo educacional. Acomodação A acomodação difere da assimilação porque se classifica como um processo interno que corresponde à construção de novas composições cognitivas. 5 Acomodação Modificação das estruturas mentais em função de novas situações. NÃO pode haver acomodação sem assimilação. 6 Equilibração Fase entre a assimilação e a acomodação que permite a contínua construção da inteligência. 16 O fato é que após assimilar um novo dado, o sujeito precisa acomodá- lo, valendo-se de sua capacidade de criar novos esquemas ou modificar aqueles já conhecidos. Conhecimento As novas estruturas que o sujeito constrói após todo esse processo baseiam-se naquelas que já existiam, mas o resultado implica a ampliação e o aperfeiçoamento do saber. Isso significa que adquirimos um novo conhecimento e entramos em um novo estado de equilíbrio. Você já observou que está realizando o processo cognitivo construtivista ao estudar este conteúdo online? Afinal, depois de integrar novos dados apresentados aqui a seus conhecimentos prévios, como aluno, você, provavelmente, desenvolveu um desequilíbrio cognitivo para, então, criar um novo esquema de ação. Mas a acomodação só acontecerá quando você modificar suas estruturas mentais em função dos temas discutidos ao longo desta aula. Cada pessoa faz isso de maneira diferente, dependendo da bagagem de saber de que dispõe. Isso nos leva a identificar que a abordagem construtivista segue uma linha de raciocínio pautada na seguinte diferenciação: ENSINO ≠ APRENDIZAGEM O que cada estudante aprende não é exatamente aquilo que o docente explicou em sala de aula, tampouco o que estava planejado previamente por ele. A aprendizagem depende diretamente dos conhecimentos anteriores de cada um e de nossas experiências em relação ao ambiente em que vivemos. 17 Então, se cada um aprende e percebe o mundo de forma distinta, como obter sucesso no processo que se constitui de conceitos opostos? Vejamos... O planejamento didático pensado pelo professor para o desenvolvimento de uma aula, de uma disciplina ou mesmo de um curso inteiro deve ser bem abrangente e considerar a diversidade de alunos com os quais lida no cotidiano de sala de aula. Até porque o docente atua como um sujeito que desequilibra o conhecimento prévio do aluno com o objetivo de ampliá-lo. Por isso, ele precisa sugerir atividades que possam desestabilizar esses saberes, de modo que o educando assuma uma postura ativa em seu processo de construção do conhecimento. Uma boa alternativa é propor situações-problema que instiguem os alunos a: Investigar; Discutir; Refletir; Levantar questões; Formular hipóteses. Mas é fundamental entender que de nada adianta todo esse trabalho se o estudante não estiver motivado para aprender, para fazer um esforço cognitivo no sentido de alcançar esse novo conhecimento. O professor também se pode valer de estratégias para ativar essa motivação. Atenção Para saber mais sobre a abordagem teórica piagetiana de aprendizagem, leia o texto Teoria construtivista. http://pos.estacio.webaula.com.br/Cursos/POS451/docs/Teoria_construtivista.pdf 18 Teoria cognitiva sociointeracionista Na teoria cognitiva sociointeracionista, Vygotsky afirma que a mediação é fundamental para o processo cognitivo do sujeito. Ela é realizada através da relação interpessoal e com os 7sistemas de signos . Para o estudioso, o indivíduo não acessa diretamente os objetos ou conceitos. Todo conhecimento é fruto da mediação de outras pessoas ou de sistemas simbólicos dos quais o sujeito dispõe. Dessas relações dinâmicas entre sujeito-sujeito e sujeito-objeto, surgem as funções psicológicas superiores que são, então, construídas na interação social. Em outras palavras, tudo o que é alvo de 8internalização por parte do indivíduo, tudo o que ele carrega consigo em termos de conhecimento é resultado dessa interação. Devido às considerações de Vygotsky sobre as relações entre a aprendizagem, o desenvolvimento e a interação nos processos educativos, a teoria sociointeracionista estimulou os docentes a refletirem sobre a prática pedagógica. 7 Sistemas de signos Os sistemas de signos contemplam: A linguagem; A escrita; Os símbolos; Os objetos. 8 Internalização Processo através do qual um elemento estrutural da atividade externa – ou seja, interacional – passa a um plano interno do indivíduo em um movimento de ressignificação. De acordo com Vygotsky (1993), trata-se de um nível novo de organização do conhecimento pelo sujeito aprendente, possibilitado pela mediação de ferramentas psicológicas, por sinais externos e pela interação social. 19 Eles começaram a tratar a interação entre os alunos como estratégia didática para a aprendizagem. Afinal, o sujeito é encarado como um ser social que desenvolve sua individualidade a partir das relações que estabelece com o outro, sempre pautadas na cultura de cada um. Nesse caso, a linguagem passa a figurar como instrumento de mediação da aprendizagem: é ela que permite criar situações concretas de produção, reflexão, colaboração e construção do saber, deixando de lado o esquema linear de reprodução de conteúdo. LEMBRE-SE! A relação que a pessoa mantém com o meio social é condição fundamental para que se constitua como indivíduo. Teoria cognitiva significativa O foco da teoria cognitiva significativa está na seguinte distinção: 20 Aprendizagem significativa Aquela que propõe que os conhecimentos prévios dos alunos sejam valorizados para que o novo conteúdo incorporado a sua estrutura cognitiva9 adquira significado. Aprendizagem mecânica Aquela que ocorre quando o novo dado não se relaciona com os conceitos já conhecidos pelo aluno. De acordo com proposta de Ausubel, a aprendizagem é vista como o processo mediante o qual o novo conteúdo se organiza e se integra à estrutura cognitiva já existente do estudante. Dessa maneira, o professor universitário precisa fazer a relação significativa entre o conteúdo acadêmico e o social, de modo que o educando perceba o significado do que aprende. Abordagem sociocultural A abordagem sociocultural tem como um de seus principais representantes Paulo Freire (1921-1997) – pedagogo que baseou seus estudos sobre a educação nos aspectos sociais, políticos e culturais da aprendizagem. De acordo com essa perspectiva, o estudante é um sujeito que está inserido em um contexto sócio-histórico. Por isso, seu desenvolvimento cognitivo está relacionado ao processo de conscientização dos participantes da ação educativa. 9 Estrutura cognitiva Conteúdo total que comtempla todas as informações, os fatos, os conceitos e os princípios organizados pela pessoa. 21 Isso implica que os conteúdos do programa de que faz parte devem ser permeados por uma reflexão antropológica sobre suas condições sociais. Tanto o ambiente acadêmico quanto o processo de aprendizagem têm de contribuir para revelar essas situações de opressão e buscar a superação da relação opressor-oprimido – professor-aluno. O docente precisa comprometer-se com a prática pedagógica, visando à transformação social dos alunos através da discussão sobre temas que reflitam ascondições materiais e existenciais do sujeito aprendente. Essa metodologia enfatiza as circunstâncias vivenciadas pelo grupo, bem como os debates e diálogos críticos sobre a realidade de cada um. Aprenda mais Para saber um pouco mais sobre as reflexões de Paulo Freire, assista a uma entrevista com o educador a respeito de sua obra Pedagogia do oprimido. Atividade proposta Antes de finalizarmos esta aula, vamos fazer uma atividade! Leia o trecho a seguir: “Do ponto de vista da Graduação, em particular, a formação para o exercício de uma profissão em uma era de rápidas, constantes e profundas mudanças requer, necessariamente, atenta consideração por parte da universidade. A decorrência normal desse processo parece ser a adoção de nova http://www.youtube.com/watch?v=kQvkxJmWpLg&hd=1 22 abordagem, de modo a ensejar aos egressos a capacidade de investigação e a de aprender a aprender”. Fonte PLANO Nacional de Graduação: um projeto em construção. In: FÓRUM NACIONAL DE PRÓ- REITORES DE GRADUAÇÃO DAS UNIVERSIDADES BRASILEIRAS (FORGRAD), XII, 1999, Ilhéus. Esse objetivo exige o domínio dos modos de produção do saber nessa área, de modo a criar as condições necessárias para o permanente processo de educação continuada. Das teorias estudadas nesta aula, qual(is) poderia(m) dar conta dessa proposta? Referências DÍAZ BORDENAVE, J.; PEREIRA, A. M. Estratégias de ensino- aprendizagem. 12. ed. Petrópolis: Vozes, 1991. FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. LIBÂNEO, J. C. Didática. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1994. MIZUKAMI, M. da G. N. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986. PIAGET, J. Epistemologia genética. Tradução de Álvaro Cabral. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007. SAVIANI, D. Escola e democracia. 35. ed. rev. Campinas: Autores Associados, 2002. ______. História das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2007. 23 VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1993. ______. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1998. ______. Psicologia pedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2003. Exercícios de fixação Questão 1 “O ensino envolve um conjunto de técnicas diretamente aplicáveis a situações controladas e concretas na sala de aula”. Essa afirmação resume a teoria da aprendizagem denominada: a) Cognitiva sociointeracionista b) Cognitiva construtivista c) Cognitiva significativa d) Sociocultural e) Comportamentalista Questão 2 “Para que o indivíduo se constitua como sujeito, é necessário que se insira em determinado ambiente cultural. As mudanças que ocorrem nele ao longo de seu desenvolvimento estão relacionadas com a interação que mantém com o meio social”. 24 Esse trecho resume a teoria da aprendizagem denominada: a) Cognitiva sociointeracionista b) Cognitiva construtivista c) Cognitiva significativa d) Sociocultural e) Comportamentalista Questão 3 “Todo desenvolvimento cognitivo só será efetivo se for baseado em uma interação muito forte entre o sujeito e o objeto. Se a atitude do objeto não perturbar as estruturas do sujeito, ele não tentará se acomodar à situação, criando uma futura assimilação com o objeto, o que originaria sucessivas adaptações ao meio”. Esse fragmento de texto resume a teoria da aprendizagem denominada: a) Cognitiva sociointeracionista b) Cognitiva construtivista c) Cognitiva significativa d) Sociocultural e) Comportamentalista 25 Questão 4 Analise as afirmativas a seguir: I. A teoria construtivista permite o erro como estratégia de aprendizagem. II. O construtivismo propõe que o aluno participe ativamente do próprio aprendizado através da experimentação, da pesquisa, do trabalho em grupo e do desenvolvimento do raciocínio. III. Podemos associar o construtivismo à figura de Vigotsky. Entre os itens anteriores, está(ão) CORRETO(S): a) I e II b) Somente I c) II e III d) I e III e) Somente II 26 Questão 5 A abordagem humanista apresenta as seguintes características: I. O aluno é o principal eixo do conhecimento. II. O professor atua como um controlador do ambiente de aprendizagem. III. O professor deve provocar desequilíbrios no sujeito para ampliar seu conhecimento. Entre os itens anteriores, está(ão) CORRETO(S): a) I e II b) Somente I c) II e III d) I e III e) Somente II 27 Atividade proposta As teorias que entendem o sujeito como centro do processo de aprendizado e o percebem como coautor deste – tais como as correntes cognitivistas e a humanista. Exercícios de fixação Questão 1 – E Justificativa: O controle do ambiente é característica da teoria comportamentalista. Questão 2 – A Justificativa: A teoria sociointeracionista tem como ponto fundamental a interação do sujeito com o meio em que vive. Questão 3 – B Justificativa: A teoria construtivista baseia-se no desequilíbrio cognitivo do sujeito para que um novo conhecimento seja incorporado a ele. Questão 4 – A Justificativa: O construtivismo é associado a Piaget. Questão 5 – B Justificativa: O controle está relacionado à teoria comportamentalista e os desequilíbrios, à teoria cognitiva construtivista. Atualizado em: 09 abr. 2014 1 2 AULA 3: ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE 3 INTRODUÇÃO 3 CONTEÚDO 4 ANDRAGOGIA: A ARTE DE EDUCAR ADULTOS 4 PAPEL DO PROFESSOR 5 HIPÓTESES DA ANDRAGOGIA 5 CÍRCULO DA APRENDIZAGEM 7 PLANEJAMENTO DIDÁTICO 9 EFICÁCIA DO FAZER DIDÁTICO 10 TIPOS DE PLANEJAMENTO 12 PLANEJAMENTO = FERRAMENTA DE ENSINO 17 ATIVIDADE PROPOSTA 18 REFERÊNCIAS 18 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 19 CHAVES DE RESPOSTA 22 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 22 3 Introdução Na aula anterior, estudamos as teorias da aprendizagem que podem auxiliar o fazer educativo do professor, mas essa atuação difere em função do grupo com o qual o docente está lidando. Esse profissional precisa entender que ensinar adultos não é o mesmo que educar crianças. Afinal, quando o público-alvo da educação é diverso, modifica-se, também, o contexto de aprendizagem, os interesses e a abordagem de ensino e, consequentemente, o posicionamento didático do educador. Nesta aula, trataremos exatamente deste assunto: o conceito de andragogia, ou seja, a especificidade da orientação educacional de adultos. Objetivo Explicar a andragogia e suas possibilidades no planejamento do Ensino Superior. 4 Conteúdo Andragogia: a arte de educar adultos Você sabe qual é a importância do conceito de 1andragogia na educação? Assista a um vídeo com o professor Paulo Campos a respeito do assunto. Como você pôde observar, essa noção trata da mudança de abordagem no ensino, pois retira o foco do professor para enfatizar a figura do estudante. Isso significa que o conteúdo deve ser trabalhado a partir das necessidades e experiências individuais ou do grupo de alunos, a fim de que os objetivos propostos no programa de estudos sejam alcançados. Mas é preciso entender que ensinar adultos não é o mesmo que educar crianças. Afinal, o adulto é um sujeito que desempenha várias funções na sociedade e que possui conhecimentos acumulados durante sua trajetória de vida e de trabalho. Esses saberes de que partilha precisam ser levados em consideração durante a fase de aprendizado! Se o processo de ensino e aprendizagem não acontece da mesma maneira com ambos os grupos, consequentemente, a postura do professor universitário também tem de ser diferente! Vejamos quais são as recomendações de tal filosofia nesse sentido... 1 Andragogia De acordocom Knowles (1980), trata-se da arte e da ciência de orientar o aprendizado dos adultos. http://www.youtube.com/watch?v=xdPaLX9wYN0&hd=1 5 Papel do professor Na perspectiva andragógica, o professor age como um facilitador do conhecimento ou um consultor de informações. Para isso, ele precisa se preparar antecipadamente e escolher, de forma conveniente, os procedimentos com os quais trabalhará em sala de aula. Uma boa dica é utilizar a metodologia de processo que se vale de procedimentos e recursos para auxiliar os estudantes no aprendizado e no desenvolvimento de competências. De acordo com esse modelo, para que a aprendizagem aconteça, é importante: Estabelecer um clima afetivo e favorável à educação; Criar uma margem de negociação no planejamento didático; Diagnosticar suas necessidades; Formular objetivos para cada conteúdo; Trocar e conduzir experiências com técnicas e materiais adequados a cada grupo; Avaliar seus resultados a partir de diagnósticos contínuos. Aprenda mais Para saber mais sobre o assunto, leia o texto Andragogia: aprendendo a ensinar adultos. Hipóteses da andragogia O modelo andragógico baseia-se no pensamento de que a aprendizagem dos adultos acontece através da ação. Vejamos quais são suas hipóteses a respeito desses sujeitos: http://pos.estacio.webaula.com.br/Cursos/POS451/docs/Andragogia.pdf http://pos.estacio.webaula.com.br/Cursos/POS451/docs/Andragogia.pdf 6 Necessidade de saber Os adultos precisam saber o motivo pelo qual devem aprender antes de se comprometerem com o conteúdo e a aprendizagem. Conceito de si Os adultos devem ser encarados como sujeitos sociais capazes de se autogerirem. Papel da experiência Os adultos detêm um conjunto substancial de experiências que os distinguem das crianças. Por isso, a experiência tem valor e autoridade nos processos de aprendizado. Vontade de aprender A vontade de aprender está relacionada à utilidade e à aplicabilidade do conhecimento às situações da vida. Orientação da aprendizagem A aprendizagem tem de ser encarada como resolução de problemas e tarefas da vida social cotidiana. Motivação A motivação é 2extrínseca , mas, principalmente, 3intrínseca . Fonte: Canário, 1999. Como você pôde perceber, o foco da andragogia são os interesses de vida dos adultos e suas motivações para aprender. Logo, não se enfatiza o modelo de educação que simplesmente transmite informações. Ao contrário, o escopo de ação docente se amplia. Aprender para os adultos significa resolver problemas, articular experiências de vida com a aplicação do conhecimento adquirido. Esses processos precisam estar ancorados na discussão ética sobre o estar no mundo e agir sobre ele. 2 Extrínseca A motivação extrínseca diz respeito à promoção profissional, a melhores salários etc. 3 Intrínseca A motivação intrínseca diz respeito à autoestima, à satisfação profissional, à qualidade de vida etc. 7 Mas isso vai depender dos estágios de aprendizagem em que a pessoa se encontra. Vamos conhecer cada um deles? Círculo da aprendizagem Kolb (1984) estuda a aprendizagem de adultos e afirma que todo processo de conhecimento desse grupo se sustenta na experiência trazida por eles para a sala de aula. Por isso, o autor estabelece o círculo de aprendizagem, que se desenha sobre quatro pilares: Esses pilares, por sua vez, são desenvolvidos a partir dos seguintes estágios: SENTIR = Experiência concreta As experiências concretas fornecem base para observações e reflexões. OBSERVAR = Observações reflexivas Essas observações e reflexões são assimiladas e trabalhadas intelectualmente, alcançando um nível cognitivo superior e formando os conceitos abstratos. PENSAR = Conceituação abstrata Os conceitos abstratos produzem novas ações. 8 FAZER = Experimentação ativa As novas ações podem ser testadas através da articulação com a realidade e, finalmente, criar novas experiências. Para Kolb (1984), os estágios mencionados estão relacionados ao estilo de aprendizagem de cada pessoa. Veja como o autor organizou esse pensamento: Fonte: Kolb, 1984. Acomodador Uma pessoa com estilo acomodador tem a tendência de apresentar os estágios da experiência concreta (SENTIR) e da experimentação ativa (FAZER). Em outras palavras, podemos dizer que esse indivíduo prefere fazer tudo de forma imediata e prática. Convergente O estilo convergente une o PENSAR e o FAZER. Portanto, podemos dizer que pessoas que se enquadram nesse modelo gostam de utilizar um método ou de seguir um processo definido. Trata-se daqueles sujeitos chamados de metódicos. 9 Divergente Já estudantes que se encaixam no estilo divergente se valem muito das ações de OBSERVAR e de SENTIR. Por isso, esses indivíduos idealizam possibilidades e tentam criar alternativas de aprendizagem. A imaginação é o ponto principal desse grupo. Assimilador Enquanto o sujeito divergente observa e sente, o assimilador OBSERVA e PENSA. Trata-se do indivíduo téorico: aquela pessoa que gosta de refletir sobre tudo, de saber o porquê dos fatos e os fundamentos daquilo que aprende. E você? Em que estilo de aprendizagem se enquadra? Aprenda mais Para saber mais sobre o assunto, assista ao vídeo Andragogia e estilos de aprendizagem. Sugerimos, também, a leitura dos seguintes textos: Estilos de aprendizagem: em busca das diferenças individuais; Um teste com a proposta brasileira para o “inventário de estilos de aprendizagem” de David Kolb. Planejamento didático Agora que você já entendeu quais são as características da andragogia e sua importância para a educação, precisamos pensar em como o professor universitário deve se organizar para lidar com o ensino de adultos. O princípio de sua atuação está no PLANEJAMENTO! http://www.youtube.com/watch?v=xdPaLX9wYN0&hd=1 http://www.youtube.com/watch?v=xdPaLX9wYN0&hd=1 http://pos.estacio.webaula.com.br/Cursos/POS451/docs/Estilos_aprendizagem.pdf http://pos.estacio.webaula.com.br/Cursos/POS451/docs/Estilos_aprendizagem.pdf http://pos.estacio.webaula.com.br/Cursos/POS451/docs/Teste_proposta_brasileira.pdf http://pos.estacio.webaula.com.br/Cursos/POS451/docs/Teste_proposta_brasileira.pdf 10 O planejamento didático é uma tarefa que prevê: As atividades docentes; Os objetivos propostos; A metodologia; O diagnóstico; A revisão contínua dos objetivos e das metodologias. Trata-se de um meio para se programar as ações educativas que facilita o aprendizado dos estudantes. Se não há planejamento e plano didático, certamente, o fazer do professor cairá no improviso, na repetição e na reprodução de conteúdo. Por isso, é recomendável que o planejamento seja um processo de reflexão, organização e coordenação da prática docente, que articule a atividade acadêmica às problemáticas do contexto social. Longe de ser um exercício fácil, o ato de planejar se constitui como uma atividade complexa que exige várias 4competências do educador . Vejamos, a seguir, quais são as habilidades necessárias ao profissional docente no momento da elaboração de seu planejamento. Eficácia do fazer didático Há muito tempo, o professor universitário não é visto mais como apenas o profissional que detém o conhecimento técnico. Ao contrário, a cada ano, são exigidas habilidades didáticas do docente no Ensino Superior. 4 Competências do educador Entre as competências que se exige do educador na fase de elaboração do planejamento didático, estão as: Técnicas; Conceituais; Metodológicas; Afetivas etc. 11 É muito importante saber o que se ensina. No entanto, mais relevante ainda é saberCOMO ensinar. Assista ao vídeo a seguir em que Celso Vasconcellos, Doutor em Educação, fala sobre os aspectos que devemos considerar na gestão de sala de aula. Como vimos, para que possamos alinhar as habilidades técnicas e didáticas, é necessário que, durante a elaboração do planejamento, façamos uma crítica à prática pedagógica e a entendamos com base nas dimensões teleológica, sociológica, política, epistemológica e andragógica. Em outras palavras, o professor precisa: Conhecer a serventia do que ensina; Saber em que contexto social atua; Identificar quais são as consequências desse ato; Verificar como o conhecimento de sua área de estudo está incluído no mundo; Entender como funciona o ensino para adultos. Todos esses procedimentos são necessários para um fazer didático eficaz! Mas não podemos falar sobre o ato de planejar sem antes apontar quais são os tipos de planejamento. http://www.youtube.com/watch?v=2YVd6AmYUK0&hd=1 12 Tipos de planejamento Antes de darmos continuidade a nosso estudo, precisamos estabelecer a seguinte diferenciação: Veja, agora, quais são os tipos de planejamento: Planejamento educacional Aquele que versa sobre as decisões educacionais no conjunto do desenvolvimento geral do país. A elaboração desse tipo de planejamento requer a proposição de objetivos a longo prazo que definam uma política da educação. Ele é realizado pelo governo federal através do Plano Nacional de Educação (PNE) e da legislação vigente. Planejamento curricular Aquele que estabelece os objetivos acadêmicos educacionais a partir daqueles expressos nas orientações curriculares oficiais. Mas a universidade não deve simplesmente executar o que é determinado pelos órgãos do governo. Antes disso, as instituições universitárias precisam fazer uma leitura social para interpretar as demandas vigentes e adaptar os currículos, de modo a atender as necessidades de seus estudantes. 13 Planejamento Político Pedagógico (PPP) Aquele que tem como preocupação principal responder as seguintes questões em termos de ensino: PARA QUÊ? PARA QUEM? O QUÊ? Seu objetivo central é definir fins, conceber visões globalizantes e de eficácia. Trata-se de um plano que serve para situações de crise, em que a proposta é de transformação – em médio ou longo prazo. E você? Conhece o PPP de seu curso? Aprenda mais Para saber mais sobre o PPP, assista ao vídeo em que o professor Vasco Moretto fala a respeito do tema Projeto Político-Pedagógico e a gestão democrática. Planejamento de ensino Aquele que representa o desdobramento do planejamento de currículo. Seu propósito é demonstrar, em termos operacionais, o que o professor fará na sala de aula, de modo que os alunos consigam atingir os objetivos acadêmicos educacionais propostos. O planejamento de ensino deverá conter: Objetivo geral; Ementa da disciplina; Objetivos específicos estabelecidos a partir dos educacionais; http://www.youtube.com/watch?v=quQqZVR8v_g&hd=1 http://www.youtube.com/watch?v=quQqZVR8v_g&hd=1 14 Conhecimentos a serem adquiridos pelos alunos no sentido determinado pelos objetivos; Estratégias metodológicas que expressem os procedimentos de ensino e os recursos utilizados para orientar e promover as atividades a serem realizadas; Procedimentos de avaliação que possibilitem a verificação, a qualificação e a apreciação dos objetivos propostos. Como todos os outros atos humanos, o ato de planejar implica a tomada de decisão com base em algumas escolhas. Por isso, o planejamento de ensino ampara-se nas dimensões 5axiológica , filosófica e política. Plano de ensino Como vimos anteriormente, o planejamento é a atividade mental, enquanto o plano é a atividade escrita, a previsão prática sobre o planejamento. Dessa forma, o plano de ensino deve conter os seguintes itens: Identificação com... o Nome do departamento; o Nome da atividade de ensino; o Curso(s) ofertados; o Pré-requisitos por curso; o Etapa aconselhada no curso; o Corpo docente; o Regulamento ou plano de atividades; o Créditos e carga horária; Objetivos; Conteúdo programático na forma de unidades ou sequências; Metodologia; Cronograma de atividades; 5 Axiológica Valor predominante em determinada sociedade. 15 Experiências de aprendizagem; Critérios de avaliação; Bibliografia básica. A partir dele, o docente estabelece seu plano de aula, no qual fará a interligação dos objetivos ao conteúdo proposto no plano de ensino e à vivência de sua turma. Plano de aula Este é o momento de o professor articular os objetivos do planejamento curricular e do PPP à organização de suas aulas. Por isso, o plano de aula corresponde ao nível de maior detalhamento e objetividade do processo de planejamento didático. Sua finalidade é prever os conteúdos e as atividades de cada aula. Esse plano é composto, então, pelos seguintes itens: Conteúdo e tema; Objetivos; Estratégias didático-metodológicas; Avaliação/possíveis intervenções didáticas. Nas reflexões sobre o planejamento e o plano de aula, o docente precisa ter sempre em mente algumas perguntas que o remeta diretamente a suas ações. O QUE ensinar? = objetivos Os objetivos correspondem aos propósitos da ação didática e devem ser expressos através de verbos no infinitivo que contemplem comportamentos, habilidades, atitudes e competências esperadas dos alunos. 16 Eles se dividem em: Geral – amplo e de longo prazo; Específicos – ações mais rapidamente observadas pelo professor. PARA QUE ensinar? = finalidade do conteúdo Indicar a finalidade do conteúdo a ser trabalhado junto aos alunos em um plano de aula significa apontar a intenção da ação didática do professor. Logo, este item abrange os conceitos e temas que serão desenvolvidos durante determinada disciplina. É recomendável que essa finalidade esteja articulada com os objetivos da aula, a fim de que o docente possa atingi-los de maneira interdisciplinar. COMO ensinar? = estratégias didático-metodológicas As estratégias didático-metodológicas contemplam os processos subjacentes à prática docente e os objetos concretos de ensino, ou seja, as abordagens psicológicas da aprendizagem, bem como as atividades que serão empregadas para a execução dos dois primeiros itens do planejamento. COM O QUE ensinar? = recursos Os recursos didáticos podem ser classificados em: Naturais – água, plantas; Pedagógicos – quadro, slide, maquetes; Tecnológicos – computador, internet, rádio; Culturais – biblioteca pública, museus, exposições, visitas técnicas. 17 Planejamento = ferramenta de ensino Como vimos anteriormente, o 6planejamento didático configura-se como uma ferramenta teórico-metodológica para que o professor possa intervir na realidade do aluno. Dentro dessa discussão, são estabelecidas três dimensões: A realidade – onde estamos; Os fins – onde queremos chegar ou o que desejamos alcançar; A mediação – como alcançaremos o que planejamos. Isso significa que, quando planejamos e aplicamos nosso plano em sala de aula, temos uma intenção subjacente a nossa ação educativa. Para que esse objetivo se concretize mais facilmente, é necessário que tal plano tenha as seguintes características: Coerência e unidade – conexão entre objetivos e meios; Continuidade e sequência – integração entre atividades; Flexibilidade – ajuste e adaptação; Objetividade e funcionalidade – análise das condições da realidade; Precisão e clareza – redação clara, sem dupla interpretação. Além disso, quando organizamos a prática docente junto a adultos,devemos levar em conta alguns aspectos indispensáveis, tais como o fato de que: A aprendizagem precisa ser focada no estudante e em sua autogestão; 6 Planejamento Vasconcelos (2008, p. 28) define planejamento como uma: “[...] construção-transformação de representações, uma mediação teórico- -metodológica para a ação, que, em função de tal mediação, passa a ser consciente e intencional”. 18 Eles só aprenderão o que realmente têm de saber ou o que julgam necessário aplicar em sua vida diária; Sua experiência de vida é rica fonte de aprendizagem; A metodologia de ensino voltada para esse grupo deve-se basear em discussões e na solução de problemas em conjunto. Atividade proposta Agora que você já sabe quais são os elementos próprios de um planejamento didático, elabore um breve plano de aula, contendo os seguintes itens: Tema; Objetivos; Conteúdo programático na forma de unidades ou sequências; Metodologia; Cronograma de atividades; Experiências de aprendizagem; Critérios de avaliação; Bibliografia básica. Referências CANÁRIO, R. Educação de adultos: um campo e uma problemática. Lisboa: Educa, 1999. KNOWLES, M. S. The modern practice of adult education, from pedagogo to andragogo. United States: Cambridge, 1980. KOLB, D. Experiential learning: experience as the source of learning and development. New Jersey: Prentice-Hall Inc., 1984. KOLB, D.; RUBIN, I. M.; MCINTYRE, J. M. Psicologia organizacional: uma abordagem vivencial. Tradução de Edi G. Oliveira. São Paulo: Atlas, 1978. 19 MELO, A. de; URBANETZ, S. T. Organização e estratégias pedagógicas. Curitiba: IBPEX, 2009. OSORIO, A. Educação permanente e educação de adultos. Lisboa: Horizontes Pedagógicos, 2003. VASCONCELOS, C. S. Planejamento: projeto de ensino-aprendizagem e projeto político-pedagógico. São Paulo: Libertad, 2009. Exercícios de fixação Questão 1 A atuação docente no Ensino Superior não pode dispensar concepções teóricas da aprendizagem em seu planejamento e na elaboração de atividades. Analisando essa atuação, podemos destacar os seguintes elementos que articulam o fazer didático: a) Currículo e atividade b) Plano e ação docente c) Currículo e planejamento d) Planejamento e atividade e) Planejamento e pensamento teórico 20 Questão 2 São finalidades do planejamento didático docente: I. Prever e superar prováveis dificuldades no processo de ensino e aprendizagem. II. Evitar a repetição mecânica das aulas. III. Produzir informações estratégicas com o objetivo de contribuir para a tomada de decisões por parte dos gestores. Entre os itens anteriores, está(ão) CORRETO(S): a) I e II b) Somente I c) II e III d) I e III e) Somente II Questão 3 Associe os tipos de planejamento a suas definições: A. Planejamento educacional ( ) Detalhamento caracterizado pela descrição minuciosa sobre o fazer didático do docente. B. Planejamento curricular ( ) Aquele de maior abrangência que corresponde ao que é feito em nível nacional, estadual ou municipal. C. Planejamento de ensino ( ) Processo de tomada de decisões sobre a dinâmica da ação na universidade. D. Planejamento de aula ( ) Processo de decisão sobre a atuação concreta dos docentes no cotidiano de seu trabalho pedagógico, que envolve as ações e situações interativas entre professor e alunos bem como entre os próprios alunos. 21 Questão 4 A andragogia prega que: I. O currículo do curso deve ser estabelecido. II. O aprendizado é factível e aplicável. III. A mediação didática precisa levar à busca de soluções e desafiar o aluno. Entre os itens anteriores, está(ão) CORRETO(S): a) I e II b) Somente I c) II e III d) I e III e) Somente II Questão 5 Na andragogia, a aprendizagem adquire uma particularidade focada no(a): a) Conhecimento, na reciprocidade e na troca de experiências vivenciadas. b) Eixo articulador, nas mudanças de atitude e no espaço de sala de aula. c) Relação vertical de aprendizagem, nos eixos articuladores e no professor. d) Aluno, na interpendência dos conteúdos e na autogestão da aprendizagem. e) Aplicação estrita e teórica do conhecimento, nas circunstâncias de planejamento e nas experiências do professor. 22 Exercícios de fixação Questão 1 – B Justificativa: Tanto o plano quanto a ação didática docente estão intimamente relacionados à concepção teórica e filosófica que o professor tem de educação. Questão 2 – B Justificativa: O plano didático do professor prevê, entre outras finalidades, todo o conteúdo que será trabalhado em aula e detalha os procedimentos e recursos que serão utilizados ao longo do semestre. Questão 3 – D, A, B, C Questão 4 – C Justificativa: A andragogia prevê um aprendizado factível e aplicável, a partir do qual o aluno pode lidar com desafios e buscar soluções para problemas. Essa filosofia articula a realidade acadêmica a sua vida social e laboral. Questão 5 – D Justificativa: A andragogia é a arte e a ciência de ensinar aos adultos. Por isso, a aprendizagem adquire uma particularidade focada no aluno, na interdependência dos conteúdos e na autogestão da aprendizagem. De acordo com essa filosofia, esse grupo de alunos está preparado para aprender a partir do exercício do conhecimento, de modo que pode enfrentar problemas reais de sua vida pessoal e profissional. Atualizado em: 30 abr. 2014 1 2 AULA 4: PROCESSOS E METODOLOGIAS DOCENTES 3 INTRODUÇÃO 3 CONTEÚDO 4 COMPETÊNCIAS NO MUNDO CONTEMPORÂNEO 4 MODELO DE FORMAÇÃO POR COMPETÊNCIAS 5 PLANEJAMENTO DIDÁTICO + FORMAÇÃO POR COMPETÊNCIAS 6 AULA EXPOSITIVA 8 SEMINÁRIO 10 ENSINO EM PEQUENOS GRUPOS 13 GRUPO DE OBSERVAÇÃO E DE VERBALIZAÇÃO 14 PAINEL INTEGRADO 15 ELABORAÇÃO DE PROJETOS 16 ATIVIDADE PROPOSTA 20 REFERÊNCIAS 20 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 22 CHAVES DE RESPOSTA 25 ATIVIDADE PROPOSTA 25 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 25 3 Introdução Você sabia que toda ação educativa tem uma intenção? No caso da universidade, busca-se a formação adequada em Nível Superior para suprir as necessidades da sociedade. No entanto, reduzir esse segmento do ensino à qualificação de mão de obra seria diminuir seu objetivo. Devemos pensar na Educação Superior a partir de uma perspectiva mais abrangente, que desenvolva as potencialidades dos estudantes e contribua para aperfeiçoar suas competências técnicas e cognitivas – entre elas o saber CONHECER, SER, VIVER e FAZER. Nesta aula, você vai entender melhor os processos e as metodologias disponíveis para alcançar esses fins. Objetivo Identificar os processos didático-pedagógicos necessários a uma aula universitária. 4 Conteúdo Competências no mundo contemporâneo Como vimos ao longo das aulas anteriores, o mundo está em contínua transformação, e a educação não pode ficar alheia a esse movimento. Uma das formas encontradas pelo campo educacional para manter-se alinhado com essas mudanças foi basear o ensino no desenvolvimento de habilidades e organizar os currículos de acordo com as exigências do mundo contemporâneo, visando à formação por competências. Para entender melhor o conceito de competências1 e sua importância para a educação, assista ao vídeo da TV São Judas. Conforme aponta o professor Luiz Carlos Menezes, atuar didaticamente na perspectiva da formação por competências exige dos professores uma prática docente que favoreça o uso de metodologias ativas focadas no estudante e vinculadas à resolução de problemas e de desafios, bem como ao desenvolvimento de projetos. Por isso, o centro do processo de ensino e aprendizagem se desloca do
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