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agravo de instrumento e agravo interno

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MONITORIA
AGRAVO DE INSTRUMENTO
O agravo de instrumento cabe, em primeira instância, contra as decisões interlocutórias (São aqueles pronunciamentos de cunho decisório que não põe fim ao processo ou à fase cognitiva do processo de conhecimento) que versarem sobre as matérias enumeradas no art. 1.015, I a XIII e parágrafo único, do CPC.
A lei o admite contra decisões que, se não reexaminadas desde logo, poderiam causar
prejuízo irreparável ao litigante, à marcha do processo ou ao provimento jurisdicional.
Portanto, nem toda decisão interlocutória desafiará a interposição de agravo de instrumento. A maior parte delas não é recorrível em separado. Todas as que não integrarem o rol do art. 1.015 e de seu parágrafo único não admitirão recurso, mas também não estarão sujeitas a preclusão. O prejudicado poderá impugná-las se e quando houver recurso de apelação, devendo fazê-lo como preliminar em apelação ou nas contrarrazões.
O agravo de instrumento caberá contra as decisões interlocutórias que versarem
sobre:
I — tutelas provisórias: sejam elas de natureza cautelar ou antecipada, de urgência ou de evidência, antecedentes ou incidentais. São
aquelas tratadas nos arts. 294 a 311 do CPC, deferidas em cognição superficial. Também as liminares previstas em procedimentos
especiais, como o das ações possessórias e dos embargos de terceiro;
II — mérito do processo: são as decisões interlocutórias em que o juiz profere o julgamento antecipado parcial do mérito, previsto no
art. 356 do CPC. O julgamento do mérito pode, no sistema atual, ser desmembrado. Se um ou algum dos pedidos ou parte deles
estiver em condições de julgamento, o juiz proferirá o julgamento antecipado parcial, no qual, em cognição exauriente e definitiva,
examinará uma ou algumas das pretensões, ou parte delas. A não interposição do agravo de instrumento, nessas situações, implicará
não preclusão, mas coisa julgada material;
III — rejeição da alegação de convenção de arbitragem: a existência de convenção de arbitragem é matéria a ser alegada pelo réu
como preliminar de contestação, nos termos do art. 337, X, do CPC. Trata-se de tema que não pode ser conhecido de ofício, devendo
ser alegado pelo réu (art. 337, § 5º). Se o juiz acolher a alegação, proferirá sentença de extinção sem resolução de mérito (art. 485,
VII), contra a qual caberá apelação; se a rejeitar, caberá agravo de instrumento, sob pena de preclusão;
IV — incidente de desconsideração da personalidade jurídica: é aquele previsto nos arts. 133 a 137. O incidente constitui forma de
intervenção de terceiros provocada, em que o juiz verificará se estão preenchidos ou não os requisitos da desconsideração direta ou
inversa. Da decisão que apreciar o incidente caberá o agravo de instrumento;
V — rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação: não caberá agravo de instrumento da
decisão que deferir a gratuidade ou rejeitar o pedido de revogação, caso em que a decisão só poderá ser questionada como preliminar
de apelação ou nas contrarrazões. O agravo caberá quando a gratuidade for indeferida ou revogada, já que nesse caso caberia à parte
recolher de imediato as custas e despesas processuais. Para evitar eventual prejuí​zo irreparável do litigante é que a lei admite o
agravo de instrumento nesse caso;
VI — exibição ou posse de documento ou coisa: trata-se da decisão que aprecia o incidente de exibição de documento ou coisa,
previsto no art. 396 e ss. Não se justificaria que a questão só pudesse ser reexaminada na fase de apelação, já que o documento ou
coisa se prestam a fazer prova dos fatos alegados;
VII — exclusão de litisconsorte: trata-se de decisão que precisa ser reexaminada de imediato, não podendo ser relegada para a fase
de apelação, sob pena de irreparável prejuízo à marcha do processo. A redação do inciso, conjugada com a do inciso seguinte, leva à
conclusão de que só caberá agravo de instrumento se a decisão excluir o litisconsorte. Se o mantiver, a impugnação deverá ser feita
como preliminar na apelação ou nas contrarrazões;
VIII — rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio: em caso de litisconsórcio multitudinário, o juiz, de ofício ou a requerimento do
réu, poderá limitar o número de participantes, determinando o desmembramento do processo. Se ele rejeitar o pedido e indeferir o
desmembramento do processo, todos os litisconsortes originários serão mantidos e caberá o agravo de instrumento, com fulcro nesse
inciso. Já se o juiz acolher o pedido de limitação, ele excluirá parte dos litisconsortes originários, determinando o desmembramento do
processo, e caberá também agravo de instrumento, mas com fulcro no inciso anterior;
IX — admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros: o caráter amplo deste inciso torna despiciendo o inciso IV, já que o
incidente de desconsideração da personalidade jurídica é uma das formas de intervenção de terceiro. Caberá agravo de instrumento
tanto da decisão que deferir quando da que indeferir a intervenção. A exceção é a admissão do amicus curiae, já que o art. 138,
regra especial, estabelece que a decisão judicial é irrecorrível;
X — concessão, modificação ou revogação de efeito suspensivo aos embargos à execução: os embargos, em regra, não têm efeito
suspensivo, mas o juiz, excepcionalmente, preenchidos os requisitos legais, poderá concedê-lo. Da decisão que defere, indefere,
modifica ou revoga o efeito suspensivo, cabe agravo de instrumento;
XI — redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º: é a hipótese de redistribuição do ônus fundada em lei ou em
determinação judicial. A decisão do juiz que aprecia a redistribuição do ônus desafia agravo de instrumento. Parece-nos que o agravo
será cabível tanto da decisão que defere a redistribuição quanto da que a indefere, já que, em ambos os casos, a decisão versará,
positiva ou negativamente, sobre a redistribuição e, também em ambos, a questão precisa ser reexaminada desde logo pelo tribunal,
porque repercutirá sobre o comportamento de uma ou outra parte na fase de instrução;
XII — conversão da ação individual em ação coletiva: esse inciso foi vetado, em consonância com o veto do art. 333 do CPC;
XIII — outros casos expressamente referidos em lei: a lei pode criar outros casos de cabimento de agravo de instrumento. São
exemplos o que pode ser interposto contra sentença declaratória de falência e contra as decisões proferidas em execução penal.
O rol, como já mencionado, é taxativo. Afora as hipóteses acima mencionadas, não cabe recurso.
Interposição: 
O agravo de instrumento é o único recurso interposto diretamente perante o órgão ad quem, para apreciação imediata. Como o processo ainda corre no órgão a quo, para que a questão possa ser levada ao órgão superior é preciso formar um instrumento, contendo cópias daquilo que é importante.
Ele será interposto por escrito diretamente no órgão ad quem, no prazo de quinze dias. 
A petição de interposição deve conter (CPC, art. 1.016): “I — os nomes das partes; II — a exposição do fato e do direito; III — as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão e o próprio pedido; IV — o nome e o endereço completo dos advogados, constantes do processo”.
É preciso que o agravante indique qual a decisão que pretende ver reformada e as razões.
Como o processo está em curso no órgão a quo, será preciso, se o processo não for eletrônico, que o agravante instrua o recurso com cópias de peças dos autos, para que o tribunal tenha condições de compreender o que se passa e de analisar a pretensão recursal.
Algumas peças são obrigatórias: se não juntadas, o recurso não será conhecido. Antes, porém, de indeferi-lo, compete ao relator, nos termos do art. 932, parágrafo único, conceder ao agravante prazo de cinco dias para que seja sanado o vício ou complementada a documentação exigível. Se o prazo transcorrer sem que o agravante cumpra o determinado, o agravo será indeferido. As peças obrigatórias são: cópia da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou a decisão agravada, da própria decisãoagravada, da certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que comprove a tempestividade e das procurações dos advogados do agravante e do agravado.
Processamento no tribunal: 
O agravo de instrumento será distribuído, sendo escolhido um relator, que deverá tomar as providências enumeradas no art. 932 do CPC, podendo até mesmo, em decisão monocrática, não conhecer do recurso, dar ou negar-lhe provimento. Da decisão monocrática do relator, caberá o agravo interno, previsto no art. 1.021 do CPC.
Cabe ainda ao relator decidir se defere ou não efeito suspensivo ou ativo (antecipação de tutela da pretensão recursal), também cabendo agravo interno dessa decisão. O relator deferirá esses efeitos quando for relevante a fundamentação e houver risco de lesão grave e de difícil reparação. É preciso ainda que haja requerimento do agravante, não cabendo ao relator concedê-lo de ofício.
Cumprirá ao relator determinar, ainda, que o agravado seja intimado para apresentar as
contrarrazões, no prazo de quinze dias. Ao fazê-lo, poderá juntar as peças que entenda relevantes para a apreciação do recurso. A intimação será feita na forma do art. 1.019, II do CPC.
Em seguida, pedirá dia para julgamento, em prazo não superior a um mês da intimação do agravado (CPC, art. 1.020). O agravo de instrumento é julgado por três juízes, por maioria de votos.
O AGRAVO INTERNO
É aquele que cabe contra as decisões monocráticas do relator.
Das decisões monocráticas do relator, quaisquer que sejam elas, tanto as relativas ao processamento quanto
ao julgamento do recurso, cabe agravo interno para o órgão colegiado.
Deve ser interposto no prazo de quinze dias, e o agravado será intimado para manifestar-se sobre o recurso no mesmo prazo. Em seguida, pode o relator exercer o juízo de retratação. Se não o fizer, o recurso será examinado pela mesma turma julgadora ou órgão colegiado a quem caberia o julgamento do recurso no qual foi proferida a decisão monocrática do relator, sendo vedado a ele limitar-se a reprodução dos fundamentos da decisão agravada, para julgar improcedente o agravo interno.
Se for considerado manifestamente inadmissível ou improcedente em votação unânime, o tribunal condenará o agravante ao pagamento de multa, que pode variar de 1% a 5% do valor corrigido da causa, que reverterá em favor do agravado.

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