AGRAVO DE INSTRUMENTO - 10 09

Prévia do material em texto

1 
AGRAVO DE INSTRUMENTO 
Aula 05 – 10/09 
 
1. Conceito 
 
O Agravo de Instrumento é o recurso cabível em face das decisões 
interlocutórias, seja em sede de processo de conhecimento, seja em face de 
decisões proferidas na fase de cumprimento de sentença ou execução. 
 
Encontra-se previsto entre os artigos 1.015 e 1.020 do Código de Processo Civil. 
 
2. Cabimento 
 
Não são todas as decisões interlocutórias que são passíveis de impugnação 
por meio de Agravo de Instrumento, sendo cabível apenas para aquelas 
previstas no rol do artigo 1.015 do Código de Processo Civil. 
 
A parte não perde o direito de recorrer das decisões não previstas no referido 
rol, apenas deverá fazê-lo por meio de recurso de apelação, apenas após a 
prolação de sentença, como preliminar. 
 
Apesar da regra de interposição somente em face de decisões interlocutórias, 
existem casos de sentença que serão atacadas por meio de agravo de 
instrumento, sendo a sentença parcial – quando o juiz julga apenas um dos 
pedidos; decisão que decreta a falência; 
 
3. Decisões Agraváveis 
 
Como indicado apenas as decisões previstas expressamente no rol do artigo 
1.015 do Código de Processo Civil poderão ser impugnadas por meio de 
Agravo de Instrumento, mas comporta interpretação extensiva limitada: 
 
 
 
2 
 
 
I - tutelas provisórias; 
 
A primeira hipótese de cabimento de Agravo de Instrumento é das decisões 
que versem sobre tutela provisória. Assim, não importa se a decisão concede 
ou revoga a tutela provisória, essa será recorrível por meio de Agravo. 
 
Todavia, existem ocasiões que a tutela provisória é analisada somente no 
momento da sentença, de modo que nesse caso o recurso cabível será a 
Apelação. 
 
II - mérito do processo; 
 
As decisões interlocutórias que versem sobre o mérito do processo também 
serão recorríveis por meio de Agravo de Instrumento, todavia, essas nem 
sempre são de fácil constatação. 
 
O mérito do processo não mais é do que os pedidos postos à julgamento, 
desse modo, todo decisão interlocutória que amplie, rejeite ou acolha 
pedido, é uma decisão meritória. 
 
É o caso, por exemplo, das sentenças parciais de mérito – quando o juiz julga 
apenas um dos pedidos (art. 356 do CPC). 
 
Também deve ser entendida como decisão de mérito qualquer decisão que 
imponha multa à uma das partes, pois, nesse caso, ela amplia o mérito do 
processo. 
 
O mesmo se dá, por exemplo, quando a decisão que indefere uma ou mais 
provas, mas não todas, na ação de produção antecipada de provas 
 
 
 
3 
 
III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem; 
 
Nesse caso, é importante considerar que a toda decisão que diga respeito à 
convecção de arbitragem é recorrível, mas nem sempre por Agravo de 
Instrumento. 
 
Quando estivermos diante de uma decisão que acolha a alegação, 
extinguindo o processo (art. 485, VII, do CPC) o recurso cabível será a 
Apelação, quando estivermos diante de uma decisão que rejeite a alegação 
de arbitragem, o recurso cabível será o Agravo de Instrumento. 
 
Tal hipótese de cabimento de Agravo de Instrumento, nada mais é, do que 
uma decisão que diga sobe COMPETÊNCIA, de modo que o Superior Tribunal 
de Justiça firmou o entendimento de que, por analogia e interpretação 
sistêmica do Código de Processo Civil, toda decisão que verse sobre 
competência pode ser agravável. 
 
Do mesmo modo, como a convenção de arbitragem é um negócio 
processual, o entendimento firmado é que toda decisão que verse sobre 
eficácia de um negócio processual pode ser recorrida por meio de Agravo de 
Instrumento. É o caso, por exemplo, sobre a decisão que nega ou acolhe o 
acordo de eleição de foro, ou acordo sobre provas. 
 
IV - incidente de desconsideração da personalidade 
jurídica; 
 
O pedido de desconsideração da personalidade jurídica pode ser realizado 
por meio de incidente ou na própria petição inicial, se for realizado por meio 
de incidente, a decisão que o julgar será recorrida por meio de Agravo. 
 
 
 
 
4 
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou 
acolhimento do pedido de sua revogação; 
 
Interessante destacar que apenas é recorrível a decisão que rejeita ou revoga 
o benefício, de modo que a decisão que conceder o benefício não é 
recorrível. 
 
Nesse caso, o Agravo de Instrumento terá efeito suspensivo automático, não 
sendo necessário o recolhimento das custas processuais. 
 
 
VI - exibição ou posse de documento ou coisa; 
O pedido de exibição ou posse de documento pode ser realizado em face 
da parte contrária ou de terceiros, e esta regulamentado no art. 396 ao 400 
do CPC. 
 
Realizado o pedido em face da parte contrária, será instaurado um incidente 
processual, quando requerido em face de terceiro (pessoa que não faz parte 
do processo), será instaurado um incidente processual, de modo caberá 
recurso de apelação. 
 
VII - exclusão de litisconsorte; 
 
Destaca-se que apenas a decisão que exclui o litisconsorte é agravável, 
quando a decisão inclui ou acata pedido de inclusão de litisconsorte, essa 
não será recorrível. 
 
VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio; 
 
 
 
 
5 
A limitação do litisconsórcio pode se dar de ofício ou a requerimento da parte, 
quando a existência de inúmeras pessoas no polo da ação possa dificultar a 
defesa ou o andamento do processo. 
 
Tal decisão será recorrida por meio de agravo, porquanto não acarreta a 
exclusão do litisconsórcio, mas sim o desmembramento do processo. 
 
IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros; 
 
Ponto importante a ser lembrado é que não é possível o agravo de 
instrumento em face de qualquer decisão que admita ou não a intervenção 
de terceiros, isso porque a decisão quanto o Amicus Curiae ( art.138 do CPC) 
não é recorrível. 
 
X - concessão, modificação ou revogação do efeito 
suspensivo aos embargos à execução; 
 
Via de regra os embargos à execução não possuem efeito suspensivo, mas, 
uma vez requerido, a decisão que resolver o pedido ou que revogar o efeito, 
será interlocutória. 
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, 
§ 1º ; 
 
Apenas a decisão sobre redistribuição do ônus da prova é recorrível por meio 
de Agravo de Instrumento, qualquer outra decisão que diga respeito à provas 
não será, por exemplo quando o juiz indefere um meio de prova. 
 
XIII - outros casos expressamente referidos em lei. 
 
 
 
 
 
 
6 
4. Prazo 
 
 O prazo para interposição do Agravo de Instrumento é de 15 (quinze) 
dias, seguindo a regra de unificação dos prazos recursais. 
 
5. Peculiaridades 
 
Necessidade de instrumento – O agravo de instrumento é o único 
recurso que não será interposto no juízo que proferiu a decisão para posterior 
remessa ao juízo julgador. 
 
Isso porque, como é realizado em face de decisões interlocutórias, a 
parte que interpor o Agravo de Instrumento irá fazê-lo diretamente no Tribunal 
de Justiça, juntando cópias do processo a quo, daí porque o nome 
“instrumento”. 
 
O instrumento, nada mais é do que a juntada de cópias do processo, 
sendo: 
 
 I - obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da 
contestação, da petição que ensejou a decisão agravada, da 
própria decisão agravada, da certidão da respectiva 
intimação ou outro documento oficial que comprove a 
tempestividade e das procurações outorgadas aos advogados 
do agravante e do agravado; 
 
II - com declaração de inexistência de qualquer dos 
documentos referidos no inciso I, feita pelo advogado do 
agravante, sob pena de sua responsabilidade pessoal; 
 
 
 
 
7 
III - facultativamente, com outras peças que o agravante 
reputar úteis. 
 
Meios de interposição: Como o Agravo de Instrumento é interposto 
diretamente no tribunal, é possível a sua interposição por meio dos correios, 
fac-simile ou diretamente no tribunal. 
 
Comunicação da interposição ao juízo a quo: comoa interposição do 
Agravo de Instrumento é feita diretamente no Tribunal, com a continuidade 
dos andamentos do processo, após a interposição do recurso, a parte que 
recorreu deve comunicar ao juízo a quo da interposição, no prazo de 3 (três) 
dias do protocolo do recurso. 
 
Efeitos: o Agravo de Instrumento não possui efeito suspensivo natural, de 
modo que a decisão recorrida, via de regra, continuará tendo seus efeitos até 
sua revogação (ao contrário, por exemplo, do recurso de Apelação), todavia 
é possível a concessão de tutela de urgência recursal. 
 
Processo digital: quanto o processo donde provir a decisão recorrida 
tramitar de forma digital, a parte que recorrer fica dispensada de juntar as 
cópias do processo no Agravo de Instrumento, assim como da comunicação 
ao juízo a quo. 
 
Agravo de instrumento e sentença posterior: realizado o agravo de 
instrumento esse será verificado pelo Tribunal, todavia, caso não seja recebido 
com efeito suspensivo, poderá o juízo tomar a continuidade do processo, 
inclusive proferindo sentença. 
 
Caso isso ocorra, o agravo de instrumento ficará prejudicado. 
 
 
 
 
 
8 
6. Procedimento 
 
O agravo de instrumento será interposto diretamente no tribunal de 
justiça, de modo que ao ser recebido haverá a distribuição a um 
desembargador relator, a quem competirá a análise formal do recurso (prazo, 
tempestividade, preparo, peças obrigatórias, etc). 
 
Caso exista vício sanável, esse intimará a parte a corrigi-lo no prazo de 
5 (cinco) dias, caso exista vício insanável esse poderá ser rejeitado 
monocraticamente. 
 
Uma vez recebido o agravo de instrumento o relator intimará a parte 
contrária para que apresente contraminuta (resposta) no prazo de 15 (quinze) 
dias, de modo que o agravo deverá ser julgado em prazo não superior a 30 
dias da intimação. 
 
 
Caso – exame 119 OAB/SP 
 
 XXII EXAME DE ORDEM UNIFICADO (2017.1) Definitivo 
FGV - Prova aplicada em 28/05/2017 
 
Peça Profissional 
 
 
A editora Cruzeiro lançou uma biografia da cantora Jaqueline, que fez grande 
sucesso nas décadas de 1980 e 1990, e, por conta do consumo exagerado de 
drogas, dentre outros excessos, acabou por se afastar da vida artística, 
vivendo reclusa em uma chácara no interior de Minas Gerais, há quase vinte 
anos. 
 
 
 
9 
Poucos dias após o início da venda dos livros, e alguns dias antes de um 
evento nacional organizado para sua divulgação, por meio de oficial de 
justiça, a editora foi citada para responder a uma ação de indenização por 
danos morais cumulada com obrigação de fazer, ajuizada por Jaqueline. No 
mesmo mandado, a editora foi intimada a cumprir decisão do Juízo da 1ª 
Vara Cível da Comarca da Capital do Estado de São Paulo, que deferiu a 
antecipação de tutela para condenar a ré a não mais vender exemplares da 
biografia, bem a recolher todos aqueles que já tivessem sido remetidos a 
pontos de venda e ainda não tivessem sido comprados, no prazo de setenta 
e duas horas, sob pena de multa diária de cinquenta mil reais. 
A decisão acolheu os fundamentos da petição inicial, no sentido de que a 
obra revela fatos da imagem e da vida privada da cantora sem que tenha 
havido sua autorização prévia, o que gera lesão à sua personalidade e dano 
moral, nos termos dos artigos 20 e 21 do Código Civil, e que, sem a imediata 
interrupção da divulgação da biografia, essa lesão se ampliaria e se 
consumaria de forma definitiva, revelando o perigo de dano irreparável e o 
risco ao resultado útil do processo. 
A editora procura você como advogado(a), informando que foi intimada da 
decisão há três dias (mas o mandado somente foi juntado aos autos no dia 
de hoje) e que pretende dela recorrer, pois entende que não se justifica a 
censura à sua atividade, por tratar-se de informações verdadeiras sobre a vida 
de uma celebridade, e afirma que o recolhimento dos livros lhe causará 
significativos prejuízos, especialmente com o cancelamento do evento de 
divulgação programado para ser realizado em trinta dias. 
 
Na qualidade de advogado(a) da editora Cruzeiro, elabore o recurso cabível 
voltado a impugnar a decisão que deferiu a antecipação da tutela descrita 
no enunciado, afastados embargos de declaração. (Valor: 5,00) 
 
 
 
 
 
10 
Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser 
utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do 
dispositivo legal não confere pontuação 
 
 
 
XIV Exame de Ordem 2ª Fase - Direito Civil 
 
Enunciado: Sofia era casada no regime da separação de bens com 
Ricardo há 30 anos, quando se divorciaram. Sofia era dona de casa e 
estava se recuperando de uma doença grave quando do divórcio. 
Ricardo, contudo, se negava a prover, consensualmente, alimentos a Sofia, 
alegando que ela tem curso superior e pode trabalhar para se sustentar. 
Sofia afirma que tem 55 anos, está doente e nunca exerceu a profissão, 
pois Ricardo mantinha sua necessidade material. Diante desse quadro, 
Sofia procura auxílio jurídico e seu advogado ajuíza ação de alimentos. A 
este respeito, responda aos itens a seguir. 
 
A) Sofia faz jus a alimentos a serem prestados por Ricardo? (Valor: 
0,60) 
 
B) Negado o pedido de alimentos provisórios, qual o recurso cabível? 
(Valor: 0,65)