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Análise da eficácia da Lei Maria da Penha

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Faculdade de Direito de Conselheiro Lafaiete 
 
 
 
 
ANÁLISE DISCURSIVA DA EFICÁCIA SOBRE A 
MEDIDA PROTETIVA DA LEI MARIA DA PENHA 
 
 
 
Yara Gomes da Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conselheiro Lafaiete 
2019 
2 
 
Yara Gomes da Silva 
 
 
 
 
ANÁLISE DISCURSIVA DA EFICÁCIA SOBRE A 
MEDIDA PROTETIVA DA LEI MARIA DA PENHA 
 
 
 
 
Monografia apresentada à Faculdade 
de Direito de Conselheiro Lafaiete 
como requisito parcial para obtenção 
do título de Bacharel em Direito. 
Orientador (a): Álisson Thiago de 
Assis Campos 
 
 
 
 
 
 
 
Conselheiro Lafaiete 
2019 
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DECLARAÇÃO 
Aprovação e Responsabilidades 
À Subcoordenação de Monografia. 
 
O Professor Álisson Thiago de Assis Campos, Orientador da estudante Yara 
Gomes da Silva na elaboração de Monografia intitulada Analise Discursiva da eficácia sobre 
a Medida Protetiva da Lei Maria da Penha, após acompanhar os trabalhos desenvolvidos pela 
discente e fazendo as correções necessárias, declara este Trabalho adequado para depósito 
definitivo e que o a acadêmica está apta para defendê-lo ante Banca Examinadora. Para tal, 
declara, também, ter pleno conhecimento das obrigações presentes no Regulamento do 
Trabalho de Curso vigente na FDCL. A acadêmica declara, para fins de direito, que assume 
toda e qualquer responsabilidade pelo aporte ideológico contido neste Trabalho, isentando, 
totalmente, a Faculdade de Direito de Conselheiro Lafaiete, a Subcoordenação de 
Monografia, o Professor Orientador e os membros da Banca Examinadora. 
 
 
 
Conselheiro Lafaiete, ____ de ________ de 201___. 
 
 
 
 
 
________________________________________ 
Orientador (a) 
 
________________________________________ 
Acadêmico (a) 
4 
 
AGRADECIMENTOS 
Agradeço primeiramente a Deus pelo dom da vida e por ter me dado forças 
nessa caminhada; Aos meus pais por toda educação, ensinamento e principalmente 
por todo o incentivo; A minha irmã e meu cunhado, por toda cumplicidade, 
companheirismo e auxilio; Ao meu grande amigo Jean por ter dividido comigo essa 
história desde a primeira semana de aula, e aos demais amigos pelas palavras, apoio 
e amizade; A Defensoria Pública por ter contribuído com meu aprendizado através do 
estágio; Aos professores por contribuírem e nos permitirem a chegar até aqui; Em 
especial ao meu orientador Alisson que teve muita paciência, dedicação e por ser um 
excelente professor e profissional, a qual posso me espelhar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
RESUMO 
 
 
O presente trabalho de conclusão de curso tem por objetivo analisar a 
eficácia das medidas protetivas positivadas na Lei 11.340/06, que é a Lei Maria da 
Penha, em relação à violência no âmbito doméstico e familiar. A escolha do tema 
discorrido surgiu pelo interesse em averiguar o motivo de haver diversos dispositivos 
que protegem a mulher e estes não serem suficiente para coibir tanta atrocidade. 
Relata-se momentaneamente a violência de gênero e seu contexto histórico social. 
Relata ainda, através de dados que esse problema ocorre mundialmente. É analisado 
também todos os tipos de violência que existem que são a violência física, psicológica, 
sexual, moral e patrimonial. Logo após, há uma breve narração da criação da lei e as 
suas medidas que são contra o agressor e a favor da vitima. Por fim, as considerações 
referentes à ineficácia das medidas protetivas por parte da vitima. 
 
Palavra-chave: Violência domestica e familiar. Gênero. Maria da Penha. Proteção. 
Eficácia. Medidas Protetivas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Sumário 
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 7 
1 A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: ................................................................................ 9 
1.1 - O que é a violência de gênero? .................................................................................. 9 
1.2 A violência no contexto histórico social e seus fatores .............................. 9 
1.3 - A violência de gênero em alguns países ................................................... 11 
1.4 - Os tipos de violência ................................................................................... 13 
1.4.2 A violência psicológica............................................................................... 15 
1.4.3 - A violência sexual ..................................................................................... 16 
1.4.4 - A violência moral ...................................................................................... 16 
1.4.5 - A violência patrimonial ............................................................................. 17 
2 A LEI MARIA DA PENHA – LEI 11.340/06 ...................................................................... 17 
2.1 - Breve origem e histórico da Lei .................................................................. 18 
2.2 Das Medidas Protetivas de Urgência ........................................................... 20 
2.2.1 Procedimento para obter a medida ........................................................... 21 
2.2.2 Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o Agressor .............. 21 
2.2.3 Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida ..................................... 23 
3 EFICÁCIA DAS MEDIDAS PROTETIVAS........................................................................ 25 
3.1 Ineficácia das Medidas Protetivas em via de “mão dupla” antes da Lei 
13.641/2018 ........................................................................................................... 25 
3.2 Ineficácia por parte apenas da vítima .......................................................... 28 
3.2.1 A ausência da denuncia ............................................................................. 28 
3.2.2 A persistência em perdoar ......................................................................... 29 
3.2.3 A retirada da medida protetiva ................................................................... 30 
CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 32 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 34 
 
7 
 
 INTRODUÇÃO 
 
O machismo está presente na sociedade desde a era das cavernas, há 
aproximadamente 2.000 a.C. pela figura do homem ser mais forte, a mulher era vista 
apenas como um complemento, cuidando da casa, marido e filhos. 
Diariamente nos deparamos com notícias relacionadas a violência contra a 
mulher e de fato, essas ocorrências evidentemente só comprovam que o machismo 
ainda está presente em nossa sociedade, e até meados dos anos 80 a mulher não 
tinha nenhuma proteção firmada por parte do Estado, até que na Constituição Federal 
de 1988 foi reconhecido que não deveria haver distinção entre homens e mulheres, 
no intuito de acabar com a discriminação e serem tratados igualmente, mas mesmo 
assim não foi suficiente. 
Então tudo começou com a história de uma mulher que sofria diversas 
agressões e que um certo dia, seu marido lhe desferiu um tiro enquanto ela dormia, 
fato que à deixou paraplégica, e não satisfeito, ele ainda realizou uma nova tentativa 
de homicídio enquanto ela tomava banho, até que ela se cansou e resolveu denuncia-
lo, fato também que não deu em nada. Com muito custo, e com a ajuda de ONG’s a 
mulher conseguiu levar seu caso para a Comissão Interamericana de Direitos 
Humanos (OEA) e só assim que ela conseguiu chamar a atenção do Estado, sendo 
ele condenado pela omissão em decorrência da violência doméstica. 
E em setembro de 2006, que então foi criado a Lei 11.340/06, e em 
homenagem à aquela mulher, ficouconhecida como a Lei Maria da Penha, que visa 
proteger a mulher contra a violência doméstica e familiar, e não é apenas a violência 
física, como também a violência moral, psicológica, patrimonial e sexual. Juntamente 
com essa lei, mais precisamente no artigo 22, assim que a mulher sofre as agressões, 
ela tem uma proteção, as medidas protetivas, seu intuito é afastar o agressor e cessar 
a violência. 
Como fonte de pesquisa foram consultados os autores Lia Zanotta 
Machado, José Carlos Miranda Ney Júnior, Heleieth Saffiot, além de documentos e 
artigos científicos. 
O trabalho está dividido em três capítulos. No primeiro, o tema abordado é 
a violência contra a mulher e as formas com que essa violência é executada. No 
segundo capitulo o tema abordado é sobre a lei maria da penha, sua origem, os 
8 
 
procedimentos para aplicação e as formas como é aplicada. No terceiro e último 
capitulo é exposto a eficácia das medidas protetivas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
1 A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: 
1.1 - O que é a violência de gênero? 
 
A definição mais clara que podemos ter da palavra violência consiste no 
uso da força para obrigar outra pessoa a fazer alguma coisa que não está com vontade 
e impedi-la de manifestar seu desejo de vontade (TELES e MELO, 2002). Neste 
contexto iremos abordar a violência ocorrida por motivo do preconceito de gênero, 
mas antes disso devemos entender o termo gênero, que é bastante amplo e pode ter 
diversos sentidos, sendo assim, vamos esclarecer, através de Lia Zanotta Machado, 
que define de gênero como: 
[...] uma categoria engendrada para se referir ao caráter fundante da 
construção cultural das diferenças sexuais, a tal ponto que as definições sociais 
das diferenças sexuais é que são interpretadas a partir das definições culturais 
de gênero. Gênero é assim uma categoria classificatória que, em princípio, 
pode metodologicamente ser o ponto de partida para desvendar as mais 
diferentes e diversas formas de as sociedades estabelecerem as relações 
sociais entre os sexos e circunscreverem cosmologicamente a pertinência da 
classificação de gênero. Este conceito pretende indagar metodologicamente 
sobre as formas simbólicas e culturais do engendramento social das relações 
sociais de sexo e de todas as formas em que a classificação do que se entende 
por masculino e feminino é pertinente e faz efeito sobre as mais diversas 
dimensões das diferentes sociedades e culturas. 
 
Ou seja, trata-se de aspectos sociais com os aspectos biológicos nestas 
duas categorias através da cultura relacionadas ao sexo. 
A violência de gênero é a agressão que ocorre entre um sexo geralmente 
masculino contra o sexo oposto, que é o feminino. 
Segundo as pesquisas de Carmen Hein (2019), para Maria Filomena, essa 
denominação se deu por conta de um movimento feminista que abordavam sobre 
conflitos e violência na relação entre homens e mulheres como resultante de uma 
estrutura de dominação por parte do homem. 
Sendo assim, para Teles e Melo (2002, p.15) o termo violência de gênero 
pode ser entendido como uma maneira de localizar o que causa esse fato, que seria 
as desigualdades sociais e econômicas entre mulheres e homens, que se deve a 
discriminação histórica contra mulheres. 
 
1.2 A violência no contexto histórico social e seus fatores 
 
10 
 
A problemática envolvendo a violência de gênero ocorre porque ainda 
estamos em uma sociedade patriarcal que advém das causas sociais e que estão 
associadas a cultura da sociedade, e com expressões machistas que acaba 
abrangendo grandes grupos de vítima que são sempre do sexo feminino e que 
geralmente são compostos por quatro classes. 
O primeiro grande grupo se dá por mulheres adultas que sofrem violência 
doméstica propriamente dita, por parte do parceiro ou ex-parceiro, existe também um 
segundo grupo que é composto por crianças e adolescentes que sofrem violências 
sexuais praticados dentro da própria casa pelo pai, tio, avô, o terceiro grupo mulheres 
no seu âmbito profissional que são condutas abusivas pelo subordinado em face da 
chefia e por fim existe um quarto grupo quem vem crescendo e que é formado por 
mulheres idosas que sofrem violência física, psicológica e patrimonial praticada pelo 
próprio filho, muitas vezes usuário e dependente de drogas. 
Esse pensamento advém dos séculos passados pela ideia do fator entre 
homem v.s. mulher, onde prevalece maior a do primeiro, por ele ser dotado de maior 
força física, e que esta seja também superior em todos os demais aspectos da vida. 
A liberdade da mulher perante a sociedade, mesmo em pleno século XXI, ainda se 
encontra com dificuldades em razão dos grupos conservadores. (BARBOSA, 2016) 
E é o que podemos afirmar, segundo Safiotti: 
A resignação, ingrediente importante da educação feminina, não significa 
senão a aceitação do sofrimento enquanto destino de mulher. Assim, se o 
companheiro tem aventuras amorosas ou uma relação amorosa estável fora 
do casamento, cabe à esposa resigna-se. Não deve ela, segundo ideologia 
dominante, revidar na mesma moeda. A esposa na medida em que se mantém 
fiel ao marido, ainda que este lhe seja infiel, recebe aprovação social. 
(SAFIOTTI, 1987, p.35) 
 
Podemos perceber que são realidades totalmente distintas e que devem ter 
certa atenção e é necessário ter boa estratégia pelo fato de ser muito difícil 
conscientizar uma mulher sobre a necessidade de romper com o silencio de um 
relacionamento abusivo e buscar ajuda, vez que mesmo sabendo que corre perigo, 
ela ainda tem a tendência de suportar por um longo período a violência dentro de casa 
até que consiga pedir ajuda e essa realidade não é somente no nosso país e sim 
mundial. 
No geral as mulheres tendem a sofrer vários episódios de violência por 
vários fatores, entra ai muitas vezes à dificuldade da própria compreensão dela como 
sendo vítima, de visualizar aquele relacionamento abusivo, o temor de serem 
11 
 
incompreendidas às vezes por parte da própria família, e o medo e a vergonha de 
expor sua vida pessoal para demais pessoas, a dependência emocional também é 
fato, pelas mulheres ainda crescerem culturalmente pensando que a manutenção da 
família ainda é um encargo unicamente da mulher e é muito difícil para elas romperem 
com esse projeto de vida, de família unida, filhos próximos do pai. 
Outro fator é a mudança de pensamento da vítima em ver o autor da 
violência sendo processado criminalmente, onde as mulheres que denunciam tendem, 
em via de regra, se retratar, a voltar atrás dizendo que ela não quer mais, que ela já 
resolveu e que não necessita mais de ser protegida pela justiça. 
 
1.3 - A violência de gênero em alguns países 
 
Através de pesquisas, Damásio de Jesus (2015, p.21) obteve informações 
a respeito da violência contra mulheres em diversos países do mundo. Na Argentina 
há alguns institutos que acolhem esses casos, como o Centro de Atenção a Vítima da 
Cidade de Córdoba, que atende mais ou menos 5.000 pessoas vítimas de violência 
conjugal e abuso sexual e a média de casos de violência doméstica anual chegam há 
aproximadamente 3.500 casos, atendidos pelo Centro Municipal de La Mujer de 
Vicente López de Buenos Aires. 
 
Serviços telefônicos de ajuda: os serviços telefônicos para mulheres vítimas 
de violência familiar da cidade de Buenos Aires é a importante alternativa de 
atenção especializada e personalizada, que oferece orientação e 
assessoramento às denunciantes, tomando como base as chamadas, 
verifica-se que os casos relatados com maior frequência envolvem abuso e 
maus tratos de crianças, que geralmente ocorre no âmbito familiar; em 80% 
dos casos os agressores são os pais ou padrastos, e no restante a mãe ou 
outro membro da família. (JESUS, 2015, p. 22) 
 
 No Chile, Damásio de Jesus (2015, p.24) obteve os dados por parte do 
Serviço de Violência Intrafamiliar (SERNAM) de que 50% das mulheres do paíssofrem 
com agressão. Um estudo também revelou que 20,5% de 417 mulheres entrevistadas 
em Talcahuano reconheceram sofrer violência de seus parceiros, o que significa que 
a cada cinco mulheres, somente uma confessa que sofreu violência. 
Já na Costa Rica, conforme Jesus (2015, p. 29), segundo dados da 
pesquisa realizada coma população urbana do Centro Nacional para o 
Desenvolvimento da Mulher e da Família, 36,3% tem conhecimento de que o homem 
12 
 
agride com frequência sua companheira e que 21,4% relatam que 21,4% dos homens 
obrigam sua mulher a manter relações sexuais. 
 
O universo da pesquisa correspondeu a 1.358 das mulheres da Área 
Metropolitana e 1.383 da L a Araucanía, e números similares nas restantes 
regiões de sondagem, residentes em áreas urbanas e rurais, com idades 
entre 15 e 49 anos, casadas ou em convivência com parceiro no momento da 
entrevista. De acordo com os resultados, as manifestações e a frequência da 
violência física leve (bofetada, lançamento de objetos, empurrões e puxões 
de cabelo) atingiram 75% em média das entrevistadas. (JESUS, 2015, p. 29). 
 
Enquanto isso no Equador, de acordo com Damásio de Jesus (2015 p. 33) 
a situação do país é tão crítica que foi necessário criar delegacias totalmente 
direcionadas para mulheres, uma vez que a cerca de 500 acusações diárias por 
violência, 97% das vítimas eram mulheres e meninas. Por esse fato que foram criadas 
diversas instituições, como Casa de Refúgio CEPAM, Hostel San Juan de Dios, Casa 
Mulheres Junior, Juventude Talita Cumi, dentre outras. 
Conforme Jesus (2015 p. 36), no país de Honduras, 39,11% dos casos 
ocorre na casa das vítimas, 14,53% na casa dos agressores, 6,7%no trabalho e 18, 
99% dos casos ocorrem em lugares não especificados, sendo que, através de meios 
de comunicações, a média mensal do país é de três mulheres assassinadas pelo 
marido, namorado ou companheiro. 
 
Pesquisas sobre as mulheres vítimas de violência doméstica: uma pesquisa 
sobre a saúde reprodutiva e a violência contra as mulheres realizadas na área 
metropolitana de Monterrey, em Nuevo Leon, pelo Conselho Nacional de 
População em 1995 e 1996,observa que, em uma amostra de 1.064 mulheres 
maior de 15 anos de idade, 46,1% disseram que haviam sido ou estavam 
sendo sujeitadas a alguma forma de violência psicológica, física e/ou sexual 
por um parceiro íntimo e 39,3% disseram que a violência era alta ou muita 
elevada. (JESUS, 2015, p. 36) 
 
Já no Peru, na época das pesquisas, de acordo com Jesus (2015, p.38), 
existiam quatro delegacias para mulheres e a cada seção delas, eram pra 
atendimentos a mulheres e a família. Há um estudo qualitativo que em 1995, a cada 
dez mulheres, seis delas eram espancadas, e a maior taxa desses abusos ocorriam 
dentro de relacionamentos. No âmbito familiar, 60% dos casos, a pessoa mais 
agredida é a mulher e desses casos, 76% deles são agressões físicas. 
Um recente relatório aponta que, entre 1993 e 1994, mais de 600 mil pessoas 
dos Andes e da zona rural tiveram de fugir de suas casas por causa da 
violência. Os dados recolhidos pelo Gabinete de Deslocados de Lima indicam 
que cerca de 430 mil pessoas ainda hoje estariam nessa condição. O mesmo 
relatório chama a atenção para as mulheres deslocadas e, especialmente, 
13 
 
aquelas que decidiram voltar a seus lugares de origem, pois o percentual é 
de 33% e das chefes do lar viúvas pe de 26%. (JESUS, 2015, p. 39) 
 
Em Porto Rico, entre janeiro de 1990 a 30 de abril de 1999, houve o relato 
de 164.657 casos de violência domestica e somente 23.259 receberam ordem de 
proteção e de 11.450 mulheres com menos de 20 anos foram a polícia porto-riquenha 
para denunciar a violência domestica nos anos de 1990 até 1996, e isso representa 
somente 10% de mulheres lesadas em eventos de violência doméstica. (JESUS, 
2015, p. 40) 
 
Maus-tratos conjugais: nos resultados da pesquisa de Porto Rico consta que, 
de todas as mulheres entrevistadas entre 15 e 49 anos (as que tem ou tiveram 
parceiros), 48,19% relataram ter sido abusadas. Deste percentual, 16% das 
mulheres já foram casadas ou companheiras – e que tinham entre 25 e 34 
anos – relataram ter sido empurradas, espancadas ou insultadas; 34% das 
mulheres entre 15 e 24 anos e 48% das que estão entre 35 e 49 anos 
relataram algo semelhante. (JESUS, 2015, p. 40) 
 
E por fim tem o Brasil, que ao realizar pesquisas no ano de 2001, com 
aproximadamente 1.800 mulheres na fase adulta, 62% disseram que foram obrigadas 
a terem relações sexuais contra a sua vontade, outras 7% alegaram ter sofrido 
agressões físicas e 32% falaram que eram submetidas a imposições por parte do seu 
marido, noivo ou companheiro. (JESUS, 2015, p. 23) 
 
1.4 - Os tipos de violência 
 
Apesar da violência não ser nenhuma novidade para nós seres humanos, 
ela tem se tornado mais presente em nossas vidas quando o assunto é o gênero 
mulher, vez que, sempre que abrimos o noticiário, nos deparamos uma fatalidade que 
é a violência contra a mulher no âmbito global onde tal fato ocorre dentro de casa, na 
rua, no trabalho, dentre outros lugares, pelo fato da mulher ser perseguida em razão 
do seu sexo e por ser considerada frágil mediante a figura masculina. São diversas a 
violência contra a mulher e não é somente física, ela pode ser classificada como 
violência psicológica, sexual, moral, abuso emocional. 
 
1.4.1 - A violência física 
 
A violência física é uma das principais e que são caracteriza pelas lesões 
corporal sendo a maioria de forma grave e podendo chegar até ao homicídio. Teles e 
14 
 
Melo (2002) menciona que, de acordo com o art. 129 do Código Penal, só é 
considerada grave a lesão que afasta a pessoa por 30 dias de suas atividades 
habituais, mas que geralmente ao efetuar um espancamento contra a mulher, pode 
causar seu afastamento por aproximadamente 20 dias de suas atividades e que nesse 
caso, é considerado lesão de forma leve, sendo enquadrado em crime de menor 
potencial ofensivo, o que nos traz uma enorme indignação. 
No caso do homicídio, em meados de 1970, as feministas começaram a 
utilizar do termo feminicídio para relacionar a morte de mulheres e decorrência de 
gênero o fato é que, esse contexto geralmente ocorre quando o homem não consegue 
mais ter domínio sobre a mulher no geral, que é o domínio do seu corpo, sua mente e 
de suas vontades (Teles e Melo, 2002). E em 9 de março de 2015, o Código Penal 
teve uma alteração incluindo no parágrafo 2º, o inciso VI em relação ao feminicídio, 
que é: 
Art. 121. Matar alguém: 
Homicídio qualificado 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino (BRASIL, Lei 
nº 2.848, de 07 de dezembro de 1940) 
 
Desta maneira, o Código Penal esclarece que não é todo homicídio contra 
a mulher que se classifica como feminicídio, mas somente aqueles que, são realizados 
por motivo de gênero. (CAMARIGO, 2016) 
Através de pesquisas, Teles e Melo (2002) relatou que em São Paulo é o 
Estado que mais ocorre o homicídio de mulheres, sendo que a cada 24 horas, uma 
mulher é assassinada, e para reafirmar informação trazemos abaixo um gráfico do 
ano de 2017 demonstrando os dados de feminicídios ocorridos no país. 
 
15 
 
 
Fonte: Secretaria de Segurança Pública de SP (2017) 
 
1.4.2 A violência psicológica 
 
Em relação à violência psicológica, José Carlos Miranda Nery Júnior 
conceitua como: 
Qualquer ação ou omissão destinada a controlar ações, 
comportamentos, crenças e decisões de uma pessoa, por meio de 
intimidação, manipulação, ameaça, humilhação, isolamento ou 
qualquer outra conduta que implique prejuízo à sua saúde psicológica. 
É muito comum nesses casos, a pessoa ter a sua autoestima ou 
sensação de segurança atingida por agressões verbais, ameaças, 
insultos e humilhações. Essa violência acontece também quando, por 
exemplo, a pessoa é proibida de trabalhar, estudar, sair de casa ou 
viajar, de falar com amigos e familiares,ou então quando alguém 
destrói seus documentos ou outros pertences pessoais. (NERY 
JUNIOR, 2011, p. 19) 
 
Portanto, essa violência psicológica é uma das mais difíceis de ser 
detectada, e um dos exemplos que podemos citar é a ameaça, a qual produz muitas 
vezes um efeito mais silencioso segundo por não ser alvo da mesma atenção por parte 
da sociedade ou mesmo da própria vítima (SCHWAB; MEIRELES, 2017) e perverso 
podendo destruir a vontade e a autonomia da outra pessoa e nesse contexto, cria-se 
16 
 
uma espécie de constrangimento e faz com que a vítima fique incapaz de sair de tal 
situação. (TELES E MELO, 2002, p.47) 
 
1.4.3 - A violência sexual 
 
Já a violência sexual, que é um dos casos menos denunciado, é o ato 
praticado contra a mulher sem sua vontade e seu consentimento e pode ocorrer tanto 
dentro, quanto fora de casa. 
O ato da relação sexual deve ser de maneira consentida pela mulher, mas 
nesses casos, o autor da agressão usa do ato sexual para dominar a vítima no 
momento do estupro para manifestar seus sentimentos de poder e vingança. (TELES 
E MELO, 2002) 
Teles e Melo (2002 p.41) menciona que segundo o dicionário, estupro é 
“crime que consiste em constranger mulher, de qualquer idade ou condição, a 
conjunção carnal, por meio de violência...” As referidas autoras enfatizam que aos 
olhos da justiça, as leis brasileiras restringem o crime de estupro cometido contra 
mulher. 
 
1.4.4 - A violência moral 
 
A violência não é praticada somente de maneira física, sendo assim, temos 
também a pratica da violência moral, que é quando se pratica uma conduta contra a 
honra da pessoa e que esta se configure como calunia, injuria e difamação por motivo 
de gênero e para entender melhor, o CP trata de cada crime em um artigo, sendo: 
 
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como 
crime: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. (BRASIL, Lei nº2.848, de 07 
de dezembro de 1940) 
 
Portanto, comete o crime de calúnia a pessoa que ofende a honra da 
pessoa, sendo esta mulher, já o crime difamação ataca a honra objetiva da mulher 
que é a sua reputação perante a sociedade e por fim comete o crime de injúria a partir 
do momento em que ofende a honra subjetiva, que trata das qualidades da mulher. 
17 
 
 
1.4.5 - A violência patrimonial 
 
Por fim, vamos falar da violência patrimonial que também se encontra na 
legislação penal e é conhecido como furto simples. O CP em seu art. 155 nos traz que 
comete o crime de furto quem, “subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel”. 
Sendo assim, este ocorre quando há a subtração dos objetos da mulher pelo 
companheiro ou ex-companheiro. 
Podemos encontrar também sua definição no art. 7º, inciso IV da Lei 
11.340/06 que iremos analisar no próximo capítulo, que diz: 
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure 
retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos 
de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos 
econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades. 
(BRASIL, Lei 11.340/06, de 7 de agosto de 2016) 
 
Desta maneira, podemos observar que também configura a violência 
patrimonial, quando o companheiro “retém” ou “destrói” os bens adquiridos pela 
mulher. Além do mais, ocorre o agravamento da pena, nos casos em que as condutas 
citadas acima são praticadas pelo indivíduo que tem relação familiar ou afetiva. (DIAS, 
2015, p. 77) 
2 A LEI MARIA DA PENHA – LEI 11.340/06 
 
Através de diversos casos de violência contra a mulher, foi criado a Lei 
11.340/06 com a finalidade de não só reduzir os casos, como também punir o autor 
das agressões. Dessa maneira, a vítima adquire meios de proteção por parte dos 
órgãos da justiça com caráter repressivo, e principalmente preventivo e assistencial, 
e por parte do sujeito passivo, o legislador criou restrições. (DIAS, 2015, p.11) 
Mais abaixo, iremos analisar uma história de vida que foi cercada por 
diversas agressões e intimidações que ocorreram na esfera familiar, denominada 
violência doméstica, que levou também a referida lei a ter esse nome, e que não 
poderia ser diferente a homenagem, visto que ela lutou incansavelmente em busca 
não somente dos seus direitos como de todas as mulheres brasileiras, mais 
precisamente no ano de 1983. (DIAS, 2015, p.21) 
 
18 
 
2.1 - Breve origem e histórico da Lei 
 
A Lei, que é mais conhecida como a Lei Maria da Penha, se inspirou na 
história de uma mulher que conheceu um colombiano muito simpático com quem se 
casou, porém ao obter sua naturalização, o colombiano começou a agir de uma 
maneira violenta, uma pessoa altamente agressiva, dominadora e que um certo dia o 
colombiano lhe desferiu um tiro nas costas enquanto dormia, após uma simulação de 
assalto e com esse tiro, ela ficou paraplégica e está na cadeira de rodas até hoje. 
Meses depois ele ainda tentou matá-la, empurrando-a da cadeira de rodas e tentou 
eletrocutá-la no chuveiro (SILVA E BARBOSA, 2018, p.61). 
Através da atitude de outras mulheres vítimas de violência doméstica e 
depois de todas essas tentativas, Maria da Penha resolveu denunciar e já em junho 
de 1983 começou as investigações, mas somente em setembro do ano seguinte que 
o Ministério Público fez a denúncia e só teve o primeiro julgamento oito anos depois, 
em 1991, onde seus advogados conseguiram anular, já no segundo julgamento, o réu 
foi condenado a dez anos e seis meses, mas recorreu e ficou preso somente 2 anos. 
(SILVA E BARBOSA, 2018, p.61) 
Passaram-se quinze anos e o país nada havia feito, não havia tido 
nenhuma posição da justiça brasileira no caso, até que certo ano Maria da Penha 
resolveu escrever um livro e conseguiu contato com duas ONG’s não governamentais, 
qual seja: a CEJIL e o CLADEM, onde juntas enviaram uma denúncia contra o Brasil 
para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA e assim o Brasil foi 
recomendado que criassem uma lei especifica para protegerem as mulheres em casos 
de violência doméstica. (SILVA E BARBOSA, 2018, p.61) 
O estado brasileiro consumiu quase dezoito anos para finalizar um conjunto 
de leis que tendem, direta ou indiretamente, para o combate de fenômeno da 
violência no meio familiar e com isso gerou, como os acesos debates acerca 
do tema tem demonstrado, discursos de política jurídica e de política criminal 
não uniformes. (GUIMARAES E MOREIRA, 2009, p.20) 
 
Segundo Guimaraes e Moreira (2009, p.20), está no parágrafo 8º do art. 
226 da Constituição o ápice do mundo jurídico que criou mecanismos para combater 
a violência doméstica e familiar onde além dos tratados internacionais ratificados pela 
República Federativa do Brasil que estão elencados as garantias constitucionais dos 
direitos humanos, porém, a Constituição não é totalmente clara e relação ao combate 
a violência, somente determina a obrigação de criar leis para combater tal violência. 
19 
 
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. §8º 
O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que 
a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas 
relações. (BRASIL. Constituição (1988). 20 ed. São Paulo: Saraiva 
Compacto, 2018) 
Ademais, o artigo constitucional citado acima, não está direcionado 
totalmente a violência doméstica contra a mulher, pelo fato dela somente assumir o 
compromisso de proteger a família combatendo a violência no âmbito familiar, sem 
fazer qualquer diferenciação ao gênero, mas a lei em si, é explicitamente para a 
proteção da mulher. (GUIMARAES E MOREIRA, 2009, p.29) 
E em 7 de agosto de 2006 foi sancionada a Lei 11.340/06,que conforme o 
art. 1°, essa lei foi criada com o intuito de coibir e prevenir a complexa prática de 
violência doméstica e familiar, independentemente de qualquer classe social. 
Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica 
e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição 
Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência 
contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e 
Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionais 
ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos 
Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece 
medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência 
doméstica e familiar. (BRASIL, Lei 11.340/06, de 7 de agosto de 2016) 
 
De acordo com Guimaraes e Moreira (2009, p.28), ao interpretar o primeiro 
artigo da referida lei, pode-se observar que há uma grande extensão, vez que os 
termos “doméstica” e “familiar”, não restringindo somente as pessoas que vivem em 
um mesmo espaço, mas também as pessoas que estão tecnicamente ligadas à um 
grupo familiar. 
Sendo assim, o art. 5º da Lei reafirma dizendo que: 
 
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar 
contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause 
morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou 
patrimonial: 
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de 
convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as 
esporadicamente agregadas. (BRASIL, Lei 11.340/06, de 7 de agosto de 
2016) 
 
Diversas pessoas pensam que, ao dizer que a lei protege a violência doméstica, 
abrangem também o sexo masculino, porém, somente o agressor que não será 
necessariamente o homem, conforme parágrafo único do art. 5º da referida lei, já a vítima, 
devera sempre ser a mulher. (GUIMARAES E MOREIRA, 2009, p.28) 
Se um homem for vítima de violência doméstica por parte de sua esposa, por 
exemplo, a Lei Maria da Penha não será aplicada, podendo, dependendo do 
caso, a mulher ser submetida a julgamento pelos juizados especiais criminais 
e até esmo receber como reprimenda uma pena de ‘cesta básica”. O mesmo 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art226%C2%A78
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art226%C2%A78
20 
 
não ocorrerá se este mesmo homem for autor de violência contra a sua 
esposa, devendo ser ele submetido à Lei Maria da Penha, não podendo, 
portanto, gozar dos mesmos benefícios que sua companheira gozaria caso 
ela fosse a agressora, e não a vítima. (MILLAN, 2006, p. 77) 
 
Em relação a política criminal da lei, esta torna mais agravosa quando se configura 
a violência contra a mulher, pelo faro do agressor não ser beneficiado com o pagamento da 
pena em “cestas básicas ou outra prestação pecuniária”, podendo até ser agravado a pena 
conforme o art. 61, ll, alínea f do CP (GUIMARAES E MOREIRA, 2009, p.32), que diz: 
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não 
constituem ou qualificam o crime: 
II - ter o agente cometido o crime: 
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de 
coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma 
da lei específica; (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) (BRASIL, Lei 
nº2.848, de 07 de dezembro de 1940) 
 
Agora já no caso de crime que acarreta a lesão corporal, há uma alteração no 
aumento de pena de acordo com o art. 129, §9 do CP: 
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: 
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge 
ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, 
prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de 
hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei 
nº 11.340, de 2006) (BRASIL, Lei nº 2.848, de 07 de dezembro de 1940) 
 
Sendo assim, é de suma importância diferenciar a punição do agressor da 
violência cometida, as consequências que trarão e por fim as medidas que coíbem a violência 
ou que impedem que estas perpetuem. (JUNIOR E RAFAEL, 2007, p.6) 
No que tange a proteção a mulher, de acordo com o art. 11 há uma operação 
recente a realizada pela polícia para a sua proteção e um deles está no inciso V que se deu 
por uma nova redação da Lei 13.894/2019, que diz: 
Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e 
familiar, a autoridade policial deverá, entre outras providências: 
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços 
disponíveis, inclusive os de assistência judiciária para o eventual ajuizamento 
perante o juízo competente da ação de separação judicial. (BRASIL, Lei 
11.340/06, de 7 de agosto de 2016) 
 
2.2 Das Medidas Protetivas de Urgência 
 
Quando a mulher sofre de violência doméstica ou familiar, há um 
procedimento diferenciado ao qual é garantido uma medida jurisdicional que tem o 
objetivo de impedir o ilícito, a sua repetição ou a sua continuação, que é chamada de 
21 
 
Medida Protetiva de Urgência, expressamente entre os artigos 18 a 24 da Lei. 
(IBDFAM, 2008, p.6) 
Uma das grandes novidades da Lei Maria da Penha é admitir que medidas 
protetivas de urgência do âmbito do Direito das Famílias sejam requeridas 
pela vítima perante autoridade policial. [...] Requerida a aplicação de 
quaisquer dessas medidas protetivas, a autoridade policial deverá formar 
expediente a ser encaminhado ao juiz (art. 12, III). Quer por falta de expressa 
determinação legal, quer por se revelar esta exigência incabível, não há como 
se exigir que as medidas protetivas sejam pleiteadas por meio de procurador 
ou defensor. Mesmo que a Lei garanta à mulher em situação de violência 
acesso aos serviços da Defensoria Pública ou da Assistência Judiciária 
Gratuita em sede policial (art. 28), não condiciona o pedido de tutela de 
urgência à representação por advogado. (SILVA E BARBOSA, 2018, p.63) 
 
Elas têm esse nome pelo fato da urgência da situação, que é a proteção 
imediata da vítima. 
2.2.1 Procedimento para obter a medida 
 
A vítima que sofrer a violência, depois de feito o boletim de ocorrência, a 
mesma poderá formular diretamente a autoridade policial a medida protetiva, que 
deverá remeter o expediente para o juiz no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, 
juntamente com o pedido da vítima, para esta obter a medida protetiva de urgência. 
O pedido de concessão de medidas protetivas de urgência pode ser 
formulado diretamente pela ofendida, que, para tanto, tem capacidade 
postulatória. Não é necessário, portanto, que esteja acompanhada de 
advogado ou defensor público. (IBDFAM, 2008, p.10) 
 
Porém, de acordo com o art. 27 da lei, a mulher ofendida, para os demais 
atos processuais deverá estar acompanhada de advogado, e caso não tenha 
condições, ela terá a garantia de ser assistida pela Defensoria Pública ou de 
Assistência Judiciaria Gratuita. 
E no primeiro artigo que fala sobre tais medidas, diz que ao receber o 
expediente, o juiz também terá o prazo de 48 (quarenta e oito) horas para analisar o 
pedido, conceder, e se necessário, comunicar ao Ministério Público as providencias 
cabíveis. 
 
2.2.2 Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o Agressor 
 
O art. 22 da lei nos traz as restrições que o agressor terá no caso do 
deferimento da medida protetiva para a vítima, que é: 
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a 
mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, 
22 
 
em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de 
urgência, entre outras: 
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao 
órgão competente, nos termos da Leinº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; 
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; 
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: 
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando 
o limite mínimo de distância entre estes e o agressor; 
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio 
de comunicação; 
c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade 
física e psicológica da ofendida; 
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a 
equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar; 
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios. (BRASIL, Lei 
11.340/06, de 7 de agosto de 2016) 
 
A posição de Silva e Barbosa, em relação ao artigo acima: 
Nesse sentido, o que a Seção aborda é a intenção de se distanciar da mulher 
agredida física, psicológica, moral, sexual ou patrimonialmente, as 
possibilidades de que perdurem ou repitam-se situações de violência contra 
ela, seus familiares ou testemunhas da agressão. Faz-se importante destacar 
a ressalva de que o agressor doméstico considerado por este 
dispositivo legal não se restringe à figura de um homem, mas pode incidir 
sobre outras mulheres ou pessoas que possuam vinculação doméstica e ou 
familiar com a vítima. (BARBOSA, 2016) 
 
Segundo revista do IBDFAM (2008, ed. 4, p.11), em relação ao inciso I, se 
o agressor portar arma de fogo e não tiver o registro desta, só irá configurar como ato 
ilícito, agora se o autor do delito obtiver posse ou porte de arma de fogo, será 
determinado que efetue a busca e apreensão do objeto ou até multa, e essa restrição 
se dá por prever uma provável situação futura, que é o caso do homicídio. 
E de acordo com a revista do IBDFAM (2008, ed. 4, p.12), quando a 
atividade do agressor fizer uso de armamento, ao deferir a medida protetiva, o juiz 
deverá comunicar ao órgão, corporação ou instituição que ele faça parte, informando 
que há contra este uma medida protetiva, sendo de competência do seu superior a 
providencia necessária, já quando o agressor só tem a licença no SINARM, o juiz fará 
a mesma comunicação ao órgão e a Policia Federal para que também proceda com 
as providencias necessárias. 
Dando prosseguimento, o inciso II prevê o afastamento imediato do autor 
da agressão tanto do lar em que o casal convive, como da própria vítima, sendo 
estendido para qualquer familiar desta. Essa medida visa proteger a vítima de uma 
maneira mais rápida para evitar outro desfecho, uma vez que, é de conhecimento que 
a tramitação de um processo até a sentença é mais demorado. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.826.htm
23 
 
Para os autores da revista do IBDFAM (2008, ed. 4, p.13) há que se falar 
da diferenciação entre o afastamento da vítima e a separação de corpos que poderá 
ser determinada pelo juiz de acordo com o art. 23, inciso VI. 
Carlos Alberto de Oliveira, conquanto analisando a questão num outro 
cenário (art. 888, VI, CPC), afirma que seriam providencias inconfundíveis, 
na medida em que a separação de corpos teria eficácia meramente jurídica, 
utilizável para fins de cômputo do prazo para exercício do direito potestativo 
ao divórcio, enquanto a medida provisional do art. 888, VI, CPC, teria eficácia 
material, representando o afastamento de fato dos cônjuges19.(IBDFAM 
2008, ed. 4, p.13) 
 
Sendo assim, vale ressaltar que, ambos não podem ser considerados como 
a dissolução da união estável, a separação ou até mesmo o divórcio do casal, devendo 
este ser solicitado pela vítima de maneira judicial ou extrajudicial. (IBDFAM, 2008, ed. 
4, p.14) 
Por fim, no ultimo inciso do artigo, seguido das alíneas, discorrem as 
determinadas condutas que são proibidas em desfavor do agressor e um deles é a 
restrição dele de frequentar os mesmos lugares que a ofendida. Isto posto, quando da 
relação advir criança menor, o juiz irá restringir também as visitas ao menor impondo 
ao autor alimentos provisionais e provisórios, porém deverá ser de maneira delicada 
e temporária (IBDFAM, 2008, ed. 4, p.14) pelo fato do ECA ter consagrado que todo 
menor tem o direito de conviver tanto com o genitor, quanto com a genitora, quando 
estes estão separados, podendo ocorrer alienação parental quando um deles não tem 
o convívio com a criança (SALES, 2013). 
 
2.2.3 Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida 
 
Nesta parte do trabalho, iremos abordar as medidas que o juiz poderá 
tomar em favor da vitima que são encontrados nos arts. 23 e 24 da Lei: 
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas: 
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou 
comunitário de proteção ou de atendimento; 
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao 
respectivo domicílio, após afastamento do agressor; 
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos 
relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos; 
IV - determinar a separação de corpos. 
V - determinar a matrícula dos dependentes da ofendida em instituição de 
educação básica mais próxima do seu domicílio, ou a transferência deles para 
essa instituição, independentemente da existência de vaga. (BRASIL, Lei 
11.340/06, de 7 de agosto de 2016) 
 
No primeiro artigo, em seu primeiro inciso, o legislador preocupou em tratar-
se da proteção somente da vítima. Em suma é necessária à criação desses programas 
24 
 
para a proteção da vítima, vez que após as agressões, a mulher fica vulnerável e 
necessita de proteção. A diligencia poderá ser tomada de forma jurisdicional e será 
solicitada pelo magistrado ou autoridade policial, ou até mesmo pelo Ministério 
Público, já as demais medidas desse artigo estão ligadas ao âmbito familiar. (SILVA 
E BARBOSA, 2018, p.66) 
 
 
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou 
daqueles de propriedade particular da mulher, o juiz poderá determinar, 
liminarmente, as seguintes medidas, entre outras: 
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida; 
II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, 
venda e locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização 
judicial; 
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor; 
IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e 
danos materiais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar 
contra a ofendida. 
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins 
previstos nos incisos II e III deste artigo. (BRASIL, Lei 11.340/06, de 7 de 
agosto de 2016) 
 
Em relação ao art. 24, o legislador não se preocupou somente com a vítima, 
como também seus bens patrimoniais tanto do casal, como também dos bens 
particulares da vítima. O seu primeiro inciso está relacionado com a violência 
patrimonial discorrida no capítulo anterior, na qual o agressor “furta” sua companheira, 
devendo o primeiro ressarcir a vítima lesada, porem quando houver dúvida em relação 
ao proprietário do bem, o juiz poderá aplicar regras do CPC, até mesmo nomeando 
um depositário. (IBDFAM, 2008, ed. 4, p.18) 
No caso da proibição de celebrar contrato de compra e venda, este não é 
tão necessário, vez que o agressor, quando casado, necessitará do consentimento da 
vítima, sendo assim, abrangem mais os casos de união estável. Agora se tratando e 
procuração outorgada em favor do agressor, o juiz poderá suspender seus efeitos 
para que determinados atos não contrariem as vontades da mulher. Mas cabe 
ressaltar que esses atos devem ser delicadamente observados para que não 
prejudiquem terceiros interessados de boa-fé. (IBDFAM, 2008, ed. 4, p.19) 
Neste sentido, Guimarães e Moreira (2009, p.94) ainda afirma: 
Em termos esquemáticos, podemos dizer que se referem ao atendimento 
emergencial destinado a quem sofre a violência doméstica, tanto para 
salvaguardaremsua integridade física, psicológica e patrimonial; como para 
imporem injunções contra o agressor visando os objetivos antes 
mencionados, Destinam-se, portanto, aos primeiros cuidados de que a vítima 
de violência doméstica necessita, ai incluindo-se as estratégias de 
neutralização do agressor. (GUIMARÃES; MOREIRA, 2009, p. 94) 
 
25 
 
De acordo com as pesquisas de Barbosa e Silva, como aponta Caroline de 
Brito Silva, todas as medidas que se referem aos artigos citados anteriormente, eles 
devem ser solicitados pela vítima à autoridade policial, pelo fato dela ser a pessoa 
legitimada, não cabendo ser deferidos de oficio pelo juiz. (SILVA E BARBOSA, 2018, 
p.66) 
3 EFICÁCIA DAS MEDIDAS PROTETIVAS 
Ainda após a criação da lei, existem casos que decorrem da violência 
contra a mulher, mostrando que essa luta persiste nos dias de hoje, conseguindo 
comprovar, fato este, com poucas pesquisas sobre o assunto. Podemos observar que, 
mesmo tendo diversos meios para controlar esse ciclo, o número de mulheres que 
ainda vem sofrendo com a violência em decorrência do gênero é bastante significativa. 
A lei Maria da Penha, como já dito no capítulo anterior, foi criada no intuito 
de coibir e prevenir a violência doméstica e familiar através das medidas protetivas, 
todavia, há algumas falhas que fazem com que seja difícil de colocar tais medidas em 
prática e um dos fatores que podemos observar decorrem por parte da vítima, por 
medo de denunciar as agressões, da cultura social do machismo, e por fim havia 
responsabilidade também por parte do legislador ao elaborar o texto, ademais, esse 
último teve uma alteração através da Lei 13.641/2018. 
3.1 Ineficácia das Medidas Protetivas em via de “mão dupla” antes da Lei 
13.641/2018 
Antes de entrar em vigor a Lei 13.641/18, o fato de o agressor descumprir 
determinada medida protetiva e ter à possibilidade de ser decretado a sua prisão, foi 
bastante discutido entre doutrinas e jurisprudências, pois ambos tinham conceitos 
diversos, em pese que, o descumprimento da medida protetiva seria ou não 
configurado crime de desobediência. (MANEGHIN, 2013, p.80) 
De acordo com os relatos de Maneghin (2013, p.81), mesmo estando 
efetivado na lei a prisão preventiva, haviam três correntes distintas relacionados ao 
fato. Uma delas seria, se o autor das agressões fosse pego descumprindo a medida 
protetiva, no momento que fosse conduzido para a delegacia, às autoridades policiais 
apenas fariam um boletim de ocorrência, de maneira que agressor saísse ileso, e só 
posteriormente que a polícia iria representar ao Ministério Público e ao Juiz, para só 
aí analisarem se seria acolhido ou não a privação dele. Já a segunda só acarretaria a 
prisão preventiva caso estivessem presentes os requisitos dos arts. 312 e 313, VI do 
26 
 
Código de Processo Penal, e por fim a última corrente e uma das mais severas, que 
seria possível a prisão em flagrante e consequentemente proibindo os benefícios 
penais, devido a não aplicação a Lei dos Juizados Especiais criminais nos casos de 
violência doméstica. 
Maneghin (2013, p.86), ao analisar as correntes tinha que a primeira seria 
totalmente inconstitucional pelo fato de não tornar a medida eficaz, fazendo com que 
o seu descumprimento não acarretaria a violação da medida e que de todas, a terceira 
seria a que mais se aproximaria com a disposição do art. 226, §8 da CF. Desta 
maneira, caberia tão somente ao aplicador no caso concreto, ao julgar um fato, 
interpretar as três correntes e prevalecer a que mais condiz com seu entendimento. 
Podemos ter em mente que ao conceder a medida para a vítima, acabaria 
alertando o agressor, e este sabendo que não seria preso de imediato, ficaria mais 
agressivo e tentaria algo mais grave, como é o caso que ocorreu na cidade de São 
Pedro do Turvo (SP) em que uma mulher foi morta pelo marido onde ela registrou 
boletim de ocorrência por violência doméstica uma semana antes do crime e chegou 
a solicitar um pedido de medida protetiva de urgência, mas foi impedida de dar 
continuidade por causa de sua morte. 
Problema este relatado acima que ensejou diversos casos de homicídio, 
sendo assim, a lei teve uma alteração onde ficou firmado que caso o agressor 
descumprisse medida protetiva de urgência, este estaria praticando crime de 
desobediência. 
Analisando a nova obrigação do Estado em caso de descumprimento, o art. 
24, A, da Lei diz que: 
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de 
urgência previstas nesta Lei: 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. (BRASIL, Lei 
11.340/06, de 7 de agosto de 2016) 
Após o momento que a lei entrou em vigor, Carlos Eduardo Rios do 
Amaral se posicionou, dizendo: 
Logo de início, pode se dizer que a Lei 13.641/18 interrompeu o ciclo de 
uma jurisprudência que se desenvolvia no sentido da atipicidade do 
descumprimento da medida protetiva de urgência prevista na Lei Maria da 
Penha. Para essa corrente, até então formada, o inadimplemento da medida 
https://app.vlex.com/vid/707483781
27 
 
protetiva de urgência deveria gerar como consequência a imposição de 
multa (astreintes) e a prisão preventiva do agressor. 
Para firmar a efetivação do novo dispositivo, o Tribunal de Justiça do 
Estado de Minas Gerais e outros órgãos de segunda instancia já julgou improcedência 
do agressor de ter sua liberdade pela desobediência, conforme se extrai do seguinte 
acórdão: 
 
EMENTA: HABEAS CORPUS - VIOLÊNCIA DOMÉSTICA - AMEAÇA - 
DESCUPRIMENTO DE MEDIDAS PROTETIVAS - NEGATIVA DE AUTORIA 
- IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE EM SEDE DE HABEAS CORPUS. 
- Tese relativa à negativa de autoria por parte do paciente envolve 
revolvimento pormenorizado do acervo probatório dos autos e dilação 
probatória, pelo que se torna inviável a sua análise na via estreita do habeas 
corpus. 
LIBERDADE PROVISÓRIA - NÃO CABIMENTO - DECRETO PREVENTIVO 
FUNDAMENTADO - CIRCUNSTÂNCIAS DO DELITO - PERICULOSIDADE 
DO AGENTE - GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA E DA INTEGRIDADE DA 
VÍTIMA - CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS - IRRELEVÂNCIA. 
- É de se considerar suficientemente fundamentada a decisão que, invocando 
elementos concretos dos autos, decreta a custódia cautelar do paciente para 
resguardo da ordem pública e da integridade física da vítima. 
- As condições pessoais do paciente, se favoráveis, não lhe garantem o 
direito à liberdade provisória, devendo ser analisada casuisticamente a 
necessidade de manutenção da prisão cautelar. 
EXCESSO DE PRAZO - NÃO CONFIGURAÇÃO - COMPLEXIDADE DO 
FEITO - INSTAURAÇÃO DE INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL. 
- Os prazos legais destinados á consecução de cada ato processual, bem 
como o prazo total para o encerramento da instrução criminal, não são 
absolutamente rígidos, não tendo a sua superação, por si só, o condão de 
ensejar o imediato e automático reconhecimento de constrangimento ilegal 
por excesso de prazo para encerramento da instrução 
criminal. (TJMG - Habeas Corpus Criminal 1.0000.19.031809-7/000, 
Relator(a): Des.(a) Júlio Cezar Guttierrez , 4ª CÂMARA CRIMINAL, 
julgamento em 08/05/2019, publicação da súmula em 10/05/2019) 
 
Vale citar outro acordão do egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São 
Paulo: 
HABEAS CORPUS – Descumprimento de Medida Protetiva – 
Lei 13.641/2018 – Presença de pressupostos legais que autorizam a 
manutenção do Paciente no cárcere – Ordem denegada. (TJSP; Habeas 
Corpus 2031703-85.2018.8.26.0000; Relator (a): Alberto Anderson Filho; 
Órgão Julgador: 7ª Câmara de Direito Criminal; Foro de Osasco - 3ª Vara 
Criminal; Data do Julgamento: 18/04/2018; Data de Registro: 27/04/2018) 
 
 
Como podemos observar, desde a criação da Lei 11.340/06, o legislador 
tem evoluído ao alterar o texto observando os acontecimentos no intuito de preservar 
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a integridade da vítima e afunilar o descumprimento das medidas, porém a vitima 
continua sendo inerte e não tomando atitudes para a eficácia da lei. 
 
3.2 Ineficácia porparte apenas da vítima 
 
O objetivo das medidas protetivas é criar uma extensa rede de proteção 
para a mulher, conquanto, há um obstáculo que impede com que o Estado exerça seu 
papel. O fato da mulher tomar iniciativa assim que começa o ciclo de agressões, 
denunciar e dar prosseguimento no processo, facilita mais a ação das autoridades 
policiais e judiciarias na eficácia das medidas, entretanto, não é o que geralmente 
ocorre. 
Assim, podemos ter ideia que a própria vítima não contribui com a aplicação 
da lei, pois a maioria das atitudes dela estão profundamente ligadas, e é evidente que 
a falta da sua cooperação impossibilita a atuação dos órgãos estatais bem como a 
diminuição dos crimes. 
3.2.1 A ausência da denuncia 
Após a série de violências, as mulheres se sentem insuficientes e a falta da 
denúncia decorre por diversos motivos como a dependência financeira, amorosa, mas 
um dos principais motivos decorre do medo de não acreditarem na sua palavra. O 
perfil dos agressores, na maioria das vezes são cidadãos comuns, que trabalham, tem 
uma vida social e que, sequer possuem antecedentes criminais, fazendo com que as 
pessoas a sua volta duvidassem das agressões como familiares, igrejas, grupos 
sociais, dentre outros. 
 De acordo com delegada Fernanda Fernandes, que atua diariamente no 
combate a este tipo de crime na Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM) 
de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense "até as pessoas que convivem 
com o agressor não acreditam que ele tenha praticado esse tipo de delito”. 
(RODRIGUES E TEIXEIRA, 2019) 
Toda mulher que sofre agressão no âmbito familiar não só tem, como deve 
denunciar, e essa denúncia precisa acontecer desde a primeira importunação do 
agressor, pelo fato de, na maioria das vezes essa violência advir de maneira 
progressiva, onde começa com a violência moral, que são as ofensas e xingamentos, 
até a violência psicológica com as ameaças e chegando ao pior deles, que é a 
29 
 
agressão física, quando atinge esse patamar, é o limite do agressor que não vê outro 
maneira a não ser levar a violência até o final, o homicídio. 
O feminicídio tem características peculiares. Em muitos casos, por temerem 
a violência mais grave, as vítimas sequer registram a ocorrência. Então, elas 
não têm nenhuma ocorrência em seu nome, exceto a da sua morte ou 
tentativa de sua morte”, ressalta a delegada. (BORBA, 2019) 
O grande histórico da violência contra a mulher, mesmo após a Lei Maria 
da Penha, ainda nos preocupa pelos números até o presente serem estarrecedores. 
O fato de a mulher denunciar é de suma importância, pois geralmente a sociedade 
responsabiliza unicamente o Estado por esse número só aumentar, mas só com a 
denúncia que as autoridades policiais e a justiça irão tomar conhecimento da violência 
e consequentemente tomarão as medidas cabíveis. 
O índice de mulheres que não denunciam a agressão, contudo, pode ser 
ainda maior, diz Samira Bueno, diretora executiva do FBSP, já que o 
percentual de 52% consideradas o piso da margem de erro nas projeções, de 
três pontos percentuais. (ZEREMBA, 2019) 
Sendo assim, fica claro que a falta da denúncia realmente é um dos 
grandes desafios para a o real funcionamento da Lei. 
3.2.2 A persistência em perdoar 
Muitos fatores que dificultam a sua decisão estão presentes no cotidiano 
da vítima, que suporta todas as humilhações e agressões, perdoando-o 
constantemente. 
O prazer do agressor ao dominar a mulher, separando-a do mundo externo 
e de seus familiares, é suprir suas necessidades psíquicas, fazendo uma lavagem 
cerebral e criando pensamentos distorcidos para que esta acredite que suas atitudes 
sempre estão erradas e não as do autor da violência. 
Geralmente a mulher consegue reagir nos primeiros momentos, quando as 
agressões ainda estão no início, já que quando elas persistem, a mulher já não tem 
forças para reagir, vez que sua autoestima está baixa, prevalecendo seu silêncio. 
Neste contexto, a vítima sempre acha que vai passar e que ele mudará seu 
comportamento, encontrando diversas maneiras de perdoá-lo. 
Cleusa destaca que, por outro lado, algumas mulheres fazem a denúncia, 
recebem medidas protetivas, mas acabam perdoando os companheiros, seja 
por acreditar na reconciliação ou por medo do agressor. “Essas histórias 
raramente acabam bem”, frisa. (BORBA, 2019) 
30 
 
Mesmo diante de todas as situações, a mulher visa priorizar a família, 
desejando manter o laço afetivo com o companheiro/marido e seus filhos. 
As relações familiares, em sua grande maioria, têm origem em um elo de 
afetividade. Surgem de um enlaçamento amoroso. A essa realidade evidente 
por si só cabe questionar, afinal, por que as relações afetivas migram para a 
violência em números tão chocantes e surpreendentes? O mais intrigante é 
que nem sempre é por necessidade de sustento ou por não terem condições 
de prover sozinha a própria existência que as mulheres se submetem, calam 
e não denunciam as agressões de que são vítimas. (JACINTO, 2010) 
Concluímos então que, a persistência em perdoar consiste no emocional 
abalado da vítima em suportar tanta brutalidade que se torna um ciclo vicioso, onde a 
mesma se acostuma com o fato e esquece que é vítima. 
3.2.3 A retirada da medida protetiva 
Segundo Maneghin (2013, p.78), o método de a mulher fazer a denúncia e 
a solicitação da medida protetiva foi extremamente facilitada pelo legislador, pelo fato 
dela poder realizar todos esses atos perante a autoridade policial ou no Ministério 
Público, sem ter a necessidade de constituir um advogado para tal, até porque poderia 
dificultar para aquela vítima de classe baixa, que não teria suporte para arcar com os 
custos do processo. 
Porém, mesmo a mulher tendo essa prerrogativa, muitos processos não 
dão prosseguimento pelo fato de a vítima não ter o interesse de representar contra o 
agressor pela mudança de seu comportamento e até retirar a medida protetiva, onde 
este diz que não irá cometer o erro novamente, desejando retomar a vida conjugal e 
a convivência em família. 
Um fato recente que ocorreu na Várzea Grande, no estado do Mato Grosso 
onde a vítima Luciana Aparecida da Silveira, de 32 anos que foi morta em julho pelo 
ex-companheiro. Nota-se que não houve falha na aplicação da lei e sim na atitude da 
vítima em acreditar na conversa do autor da agressão, imaginando que este mudaria 
suas atitudes. 
Segundo o delegado Cláudio Alvares Sant’ana, da Delegacia de Defesa da 
Mulher, Luciana – que possuía três medidas protetivas contra o homem – foi 
ouvida no último mês de junho, onde pediu – de forma espontânea – a retirada 
das medidas protetivas contra Daniel. (JUSTIÇA AO MINUTO, 2017) 
Dessa forma, a mulher ao denunciar, presume-se que, para ela ter tomado 
essa iniciativa, ela já havia sofrido diversas agressões anteriormente, e a retirada da 
31 
 
medida protetiva só irá retroceder o processo e facilitar para que o agressor dê 
continuidade as agressões. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CONCLUSÃO 
 
No processo da elaboração do trabalho, buscou-se de forma prática 
demonstrar a importância da Lei 11.340/06 como uma ferramenta para proteger e 
reduzir os casos de violência doméstica e familiar, em particular, a figura da mulher, 
que vem lutando para ter o seu lugar na sociedade dia após dia em uma esfera 
extremamente machista e evitando um retrocesso social e constitucional. 
A quantidade de vítimas que são agredidas pelo seu companheiro é 
assustador, e a maioria desses casos termina em homicídio, mais conhecido como 
feminicídio, onde a mulher é morta apenas por ser mulher. A cada dia que se passa, 
a legislação é inovada, e uma dessas melhorias é acolher a violência morais e 
psicológicos como meios que também agridem a mulher, causando até problemas 
irreversíveis. 
O instrumento primordial da lei são as medidas protetivas que tem a 
finalidade justamente de protegera vítima e romper com as agressões, dessa 
maneira, o autor da violência é afastado do lar conjugal ou até mesmo de se aproximar 
da vítima e do seu círculo social, para que tal ocorrência não se agrave, isto é, ocorra 
um homicídio. Destarte, após treze anos da lei, ainda há que se preocupar com a 
integridade da mulher. 
Para investigar o motivo dessa eventualidade, seria necessário analisar 
tanto o modo com que a legislação estava sendo aplicada, quanto o comportamento 
da vítima das agressões. 
Então, por conseguinte, no meio da discussão sobre a eficácia das medidas 
protetivas, observou-se que havia uma brecha na norma onde os juristas e 
doutrinadores julgavam de maneira divergente o descumprimento da restrição, sendo 
considerado até como crime atípico. Ademais, uma lei criada recentemente alterou a 
lei tipificando crime de desobediência àquele que não respeitasse o limite imposto 
pelas autoridades. 
Como já dito, a lei foi criada pouco mais de uma década, e no decorrer da 
sua vigência, ela sofreu algumas alterações no intuito de dar mais segurança à mulher 
e diminuir ainda mais a possibilidade de o agressor dedar continuidade a violência. 
Sendo assim, concluiu-se não há o que se falar da ineficácia das medidas 
protetivas da Lei Maria da Penha, pois a maioria das falhas se dá em decorrência da 
33 
 
própria vítima, que é negligente em omitir o fato e desistir do processo quando está 
amparada pelas medidas protetivas. 
 
 
 
 
34 
 
REFERÊNCIAS 
 
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Criminal. Relator (a): Alberto Anderson Filho; Órgão Julgador:; Data do Julgamento: 
18/04/2018. 
 
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http://www.24brasil.com/geral/violencia-contra-a-mulher-sao-paulo-registra-um-feminicidio-a-cada-4-dias/202979-noticias

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