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DEPRESSÃO Do onto de vista psicológico, é um transtorno de humor (conjunto de todos os nossos sentimentos) – humor deprimido/reduzido resultando num sensação de vazio. MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS (DSM-5) Para o diagnóstico da depressão maior ≥ 5 dos seguintes devem estar presentess quase todos os dias durante o mesmo período de 2 semanas, e um deles deve ser humor deprimido ou perda de interesse ou prazer: Humor deprimido durante a maior parte do dia; Diminuição acentuada do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades durante a maior parte do dia – anedonia (falta de prazer); Ganho ou perda ponderal significativo de peso (> 5%) ou diminuição ou aumento do apetite; Insônia (muitas vezes insônia de manutenção do sono) ou hipersonia; Fadiga ou perda de energia; Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada Capacidade diminuída de pensar, concentrar-se ou indecisão Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio, tentativa de suicídio ou um plano específico para cometer suicídio Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou outras áreas da vida. ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS DOENÇAS Predispõe a: doenças cardiovaculares; doenças neurodegenerativas; doenças de metabolismo (osteoporose, diabetes); Risco de suicídio. ETIOLOGIA Envolve fatores genéticos e fatores ambientais (como violência doméstica, infância difícil, doenças crônicas, luto, fins de relacionamentos). Antidepressivos Em 60% dos casos, o primeiro episódio de depressão é antecipado por um evento de estresse intenso – mas não é padrão para todos. ETIOPATOGENIA TEORIA MONOAMINÉRGICA – a depressão resulta de prejuízos funcionais na neurotransmissão das monoaminas (serotonina, noradrenalina e dopamina) no SNC há uma alteração que não permite o funcionamento. Dúvidas/questões acerca de alguns estudos: Se induzir a depleção (fizer algo que diminuia) da função das monoaminas, o indivíduo, em geral, não fica deprimido. Quando começa o tratamento com fármacos que melhoram a função das monoaminas, eles demoram, em geral, 14 dias para começar a ter efeito (já que o mecanismo de ação ocorre nas primeiras 24 horas). HIPÓTESE NEUROENDÓCRINA – RELAÇÃO DO ESTRESSE E DEPRESSÃO – o estresse, quando há ativação do sistema nervoso simpático, leva a produção de cortisol (hormônio associado ao estresse) o indivíduo com depressão possui o cortisol mais elevado do que o indíviduo que não tem. Essa teoria diz que pode desenvolver a depressão na presença de um estresse contínuo. O estresse pode estar ligado a um fator de crescimento os neurônios fisiologicamente precisam ser nutridos para seu funcionamento, e isso quem faz é o fator de crescimento BDNF (fator neurotrófico derivado do encéfalo) – em situações de estresse, a produção de BDNF é diminuída, resultando numa perda de neurônio, e em especial, seria os serotoninérgicos, noradrenérgicos e dopaminérgicos e em regiões do sistema límbico (responsável pelas emoções). Segundo as hipóteses, os antidepressivos poderiam restabelecer a produção de BDNF, o que restabeleceria os neurônios. POR QUE SOMENTE ALGUMAS PESSOAS DESENVOLVERIAM DEPRESSÃO QUANDO SUBMETIDAS AO MESMO ESTRESSE? 1. Fatores genéticos 2. Fatores ambientais, estressores na infância maior vulnerabilidade, relacionado a epigenética 3. Além de outros. Principalmente na nossa infância, quanto mais eventos de afeto e carinho, mais beneficia a estrutura cerebral, e quanto mais eventos negativos, estressores, traumáticos, mais prejudica essa estrutura. Existe outros fatores, partes de um todo, que estão envolvidos na depressão: Glutamato Inflamação Microbiota intestinal Endocanabinoides INIBIDORES DA RECAPTAÇÃO DE MONOAMINAS Inibindo a recaptação, tem-se mais monoaminas disponíveis por mais tempo na fenda sináptica, e com isso, restabelece a função diminuir a perda da função das monoaminas, melhorando o quadro. INIBIDORES “SELETIVOS” DA RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA (ISRS) Inibe o SERT (transportador de serotonina) Protótipo: Fluoxetina (Prozac®) Inibe a recaptação de NOR (noradrenalina) Antagonista do receptor 5-HT2C (serotonina) receptor que quando é ativado, diminui a liberação de dopamina e serotonina – já que é antagonista, vai aumentar a liberação desses neurotransmissores. Pode ter o efeito ativador – pode ser bom ou ruim bom para pessoas depressivas que estão fadigadas, porque há uma melhora na energia; por outro lado, indivíduos deprimidos que estão passando por momentos de angústia, insônia, não é tão bom. Fármaco antibulímico em altas doses. SERTRALINA (Tolrest®, Zoloft®) Inibe o SERT (transportador da serotonina) Inibe a recaptação de dopamina Agonista sigma-1 (de opioide) efeitos ansiolíticos e antipsicóticos PAROXETINA (Cebrilin®, Aropax®, Paxil®, Pondera®) Inibe SERT https://www.drogariasaopaulo.com.br/arquivos/500208---prozac-20mg-eli-lilly-30-capsulas.pdf https://www.drogariasaopaulo.com.br/arquivos/500208---prozac-20mg-eli-lilly-30-capsulas.pdf Inibe a recaptação de noredrenalina Menos ativadora: Ação anticolinérgicas Tratamento transtornos de ansiedade Inibição de NOS – enzima que produz o óxido nítrico (potente vasodilatador) pode levar a disfunção erétil, e, em tese, não altera a libido (porque em geral, a depressão já diminui esse desejo). ESCITALOPRAM (Lexapro®) Inibidor seletivo de recaptação de serotonina Mais bem tolerado Menor taxa de interações medicamentosas AGONISTA PARCIAL/ INIBIDOR DA RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA VILAZODONA (Viibryd®) Inibe SERT Agonista parcial do receptor 5-HT1A Aumenta a liberação de dopamina: potencializa ações antidepressivas Menor incidência de disfunção sexual INIBIDORES DA RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA E NORADRENALINA Inibição do NAT (transportador de noradrenalina), aumentando a dopamina no córtex pré-frontal Eficácia bem definida para diversas síndromes dolorosas Venlafaxina (Efexor®, Veniz®) Desvenlafaxina (Pristiq®) Duloxetina (Cymbalta®)*** Vantagens: além da ação antidepressiva bastante interessante, parece induz menos a perda da libido, podem ter efeitos benéficos em efeitos dolorosos, dores neuropáticas (dores neuronais). INIBIDORES DA RECAPTAÇÃO DE NORADRENALINA E DOPAMINA BUPROPIONA (Wellbutrin XL®) Ativadora Baixo potencial de dependência Útil para diminuir apetite/compulsão Parece não causar disfunção sexual (libido) ANTAGONISTA/ INIBIDOR DA RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA BUPROPIONA (Doranen®) É mais um hipnótico (+ISR) do que antidepressivo Dependendo da dose, pode ter efeitos diferentes: Doses baixas – 25 a 100mg – ação antihistamínica; Doses altas – 100 a 600mg – inibe a recaptação de serotonina, antagoniza o receptor 5-HT2A e 5-HT2C, mantém a atividade histamínica. QUETIAPINA (Seroquel®) Dose baixa – antagonista ao H1 – hipnótico; Dose intermediária – funciona como antidepressivo - antagoniza o receptor 5- HT2A e 5-HT2C e inibe a recaptação da noradrenalina; Dose alta – antipsicótico – antagoniza a recaptação da dopamina (principal neurotransmissor de surtos psicóticos e transtornos de esquizofrenia). ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS (ATC) CLOMIPRAMINA (Anafranil®) NORTRIPTILINA (Pametor®) IMIPRAMINA (Tofranil®) AMILTRIPTILINA (Tryptanol®) MECANISMO DE AÇÃO: Inibição da recaptação de 5-HT e noradrenalina Alguns são antagonistas do 5-HT2C O uso clínico deles é limitado pela grande variedade de efeitos adversosque causam antagonistam o receptor da histamina (causam sonolência e ganho de peso), antagonistam o receptor adrenérgico alfa1 (causa tontura, hipotensão, sonolência), antagonizam receptor colinérgico do tipo muscarínico (causam constipação, dilatação da pupila, boca seca, sonolência) e também bloqueiam canais de potássio (que podem causar arritmias cardíacas). Muito eficazes, porém pouco seletivos 2ª linha para depressão INIBIDORES DA MAO (IMAO) Inibe a enzima monoamina oxidase, favorece a neurotransmissão das monoaminas. 1ª geração (não-seletivos): fenelzina, pargilina, anfetamina Substratos da MAO-A: 5-HT, noradrenalina, dopamina e tiramina inibidores eletivos para MAO-A: MOCLOBEMIDA (Aurorix®) - antidepressivo Substratos da MAO-B: dopamina e tiramina inibidores seletivos para MAO- B: para tratamento de Doença de Parkinson Muitos efeitos adversos: SNC: insônia, excitabilidade; SNA: xerostomia, midríase, constipação, disfunção sexual; SCV: síndrome hipertensiva Muitas interações importantes: Medicamentosas – aumento da pressão arterial e síndrome serotoninérgica; Alimentos contendo tiramina – reação do queijo. A tiramina – consumida na dieta – quando consumida, pode processar ou metabolizar 400mg/dia, mas normalmente consegue consumir 40mg na dieta, o que permite que possa eliminar sem risco, porém a MAO está inibida, apenas 10mg de tiramina já são suficientes para elevar a pressão arterial a tiramina segue para o SN, se passando por noradrenalina, pegando o transportador da mesma que coloca a tiramina para o interior do neurônio, que vai na vesícula e expulsa a noradrenalina de dentro (que fisiologicamente só seria liberada com um estímulo), então a noradrenalina é liberada independente de estímulo, e é causadora de aumento de pressão arterial. Criaram teorias de que não poderiam consumir queijos ou vinhos porque faria mal atualmente sabe-se que existe a interação, porém não há a necessidade de se restringir de todos os tipos de queijos (evitar queijos envelhecidos – ricos em tiraminas), por exemplo. FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS FUNCIONAM? 50% de redução dos sintomas = resposta Remoção de quase todos os sintomas = remissão Remissão > 6 meses = recuperação Não há diferença clara de eficácia entre os antidepressivos! TRATAMENTOS NÃO FARMACOLÓGICOS Eletroconvulsoterapia – estimulações elétricas em determinadas regiões do SN que estimulam os neurônios: É o tratamento disponível mais eficaz Rápido efeito Limitações: necessidade de anestesia e estigma social Psicoterapia: Efeito sinérgico – além de somar, há uma potencialização interagem de forma a aumentar ou magnificar um ou mais dos seus efeitos, ou mesmo os seus efeitos secundários Acupuntura Exercício físico TRANSTORNO BIPOLAR DO HUMOR Episódios de depressão se alternam com episódios de mania (ou uma forma menos grave hipomania). Tem vários tipos: ter mais episódios de depressão e posteriormente de mania, ou oscilações entre os episódios. Às vezes, os episódios de mania não é fácil de observar – hipomania. EPISÓDIO MANÍACO: Humor elevado, expansivo Muito irritável; Autoestima elevada; Agitação; Dificuldade de se concentrar; Compulsão FÁRMACO ESTABILIZADOR DE HUMOR LÍTIO: Íon orgânico administrado por via oral na forma de carbonato de lítio Li2CO3 = Li + + CO-3 Controla a fase aguda da mania; Previne a recorrência da fase de depressão; Prevenção do suicídio em pacientes deprimidos. MECANISMOS DE AÇÃO: Ativa cascatas intracelulares AC/AMPc, PKC, GSK-3, BDNF, entre outros; Modula os neurotransmissores receptores de dopamina, NMDA e GABA Têm efeitos neuroprotetores EFEITOS DIVERSOS: Náuseas, vômitos e diarreia Ganho de peso Queda de cabelo Tremores Prejuízos na cognição Efeitos sobre tireoide e rins Durante a gestação: risco de anomalias congênitas Tem um baixo índice terapêutico OUTROS ESTABILIZADORES DO HUMOR ANTICONVULSIVANTES: Carbamazepina Ácido valproico Lamotrigina ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS – para mania aguda emergência (por serem mais seguros) ANSIOLÍTICOS – off label ÁCIDOS GRAXOS ÔMEGA-3: teste EPA DHA ASSOCIAÇÕES: Medicamentos indicados no tratamento do episódio maníaco: ESTABILIZADOR ANTIPSICÓTICO Nível 1 Carbonato de lítio Risperidona Nível 2 Ácido valproico Olanzapina Nível 3 Carbamazepina Haloperidol ou quetiapina Nível 4 Clozapina Medicamentos indicados no tratamento do episódio depressivo: Nível 1 Carbonato de lítio Nível 2 Quetiapina Nível 3 Lamotrigina Nível 4 Clozanpina associada a fluoxetina, carbonato de lítio associado a fluoxetina ou ácido valproico associado a fluoxetina MANUTENÇÃO: Carbonato de lítio ainda é o de escolha; Mas o ideal é a continuação direta do tratamento eficaz para os episódios; Antidepressivos devem ser suspensos sempre que possível; Buscar monoterapia (embora difícil na prática) – com um único medicamento.
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