O poema de Cora Coralina retrata a beleza e a poesia encontradas nos becos da sua terra. A autora expressa seu amor pela paisagem triste, ausente e suja, valorizando a atmosfera sombria e a umidade andrajosa. Ela destaca o lodo negro, esverdeado e escorregadio, assim como a réstia de sol que desce fugidia ao meio-dia, espalhando poeira dourada sobre o lixo pobre, como uma sandália velha jogada no monturo. A poetisa também aprecia a serenidade do fio de água que desce lentamente dos quintais secretos e desaparece rapidamente na brecha de um velho cano. Ela encontra beleza na delicada avenca que renasce nas rachaduras dos muros e na plantinha desvalida de caule mole que se defende, viceja e floresce sob a proteção da sombra.
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