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Rota4_ Língua Portuguesa

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NEAD – Núcleo de Educação a Distância 
ROTAS DE APRENDIZAGEM 
Língua Portuguesa I | A Sintaxe | Aula 04 
Onde Chegar 
• Elencar os objetivos da Unidade Temática 
• Trabalhar em tópicos não numerados 
 
• Nesta Unidade de Aprendizagem, vamos iniciar nosso trabalho com a sintaxe. Como o 
objetivo maior desta disciplina é entender como se estrutura a sentença na língua 
portuguesa, a sintaxe vai tomar a maior parte do tempo. Nesta aula, vamos rever o 
conceito de categoria gramatical, que nada mais é do que a classe de palavras vista na 
aula anterior, e vamos introduzir o conceito de constituinte gramatical. Vamos buscar 
compreender que o constituinte é o elemento mínimo da sintaxe, que o constituinte é 
na verdade o sintagma. Para bem absorver a que se refere o constituinte sintático dentro 
da sentença, vamos antecipar um elemento da semântica, que vai ser trabalhado mais 
adiante em nossa disciplina. Vamos analisar a ambiguidade dentro da sentença. 
• Conceituar, exemplificar, definir, refletir, analisar. 
 
O que Aprender 
• Categoria gramatical; 
• Constituinte sintático; 
AULA 
04 
A Sintaxe 
Foco na Sentença 
LÍNGUA PORTUGUESA I 
 
 
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Língua Portuguesa I | A Sintaxe | Aula 04 
• Ambiguidade estrutural. 
 
Nas aulas anteriores, discutimos sobre as formas de definir a palavra em suas 
variadas classes. Vimos que podemos definir um substantivo, por exemplo, a partir de 
um critério semântico, ou seja, conceber o substantivo como a palavra que dá nome às 
coisas, por isso também o substantivo é chamado nome. Também se conceitua esse 
nome como uma palavra que se flexiona em gênero e número, num critério morfológico, 
ou a palavra que pode exercer função de núcleo do sujeito, do objeto, do predicativo ou 
do complemento nominal, num critério sintático. Essa última forma de conceituar as 
palavras vai ser a mais importante para nosso aprendizado sobre o constituinte. 
Podemos tomar como conceito de constituinte: uma unidade sintática 
construída hierarquicamente composta por um núcleo, possivelmente acompanhado de 
um conjunto de itens que com ele desempenha determinada função. Um constituinte 
recebe o nome de sintagma (MIOTO ET AL., 1999). 
Para entender como determinamos o constituinte dentro da sentença, vamos 
utilizar sentenças com ambiguidade estrutural. Observe as seguintes: 
1. O Pedro viu a menina com o binóculo. 
2. O bêbado atacou a mulher com a bengala. 
3. O professor entrou na sala de muletas. 
 
Você consegue distinguir onde está a ambiguidade em cada uma dessas 
sentenças? Na sentença 1 podemos compreender que Pedro viu uma menina, que estava 
segurando um binóculo, ou em uma outra análise ele pode ter visto a menina com a ajuda 
de um binóculo. Na sentença 2, a bengala pode ter sido a arma usada pelo bêbado para 
atacar a mulher ou poderia ser o bastão usado pela mulher para poder caminhar. Da 
mesma forma, na sentença 3, o professor poderia estar usando muletas ao entrar na sala, 
uma sala de aula ou de reunião por exemplo, ou poderia ter entrado numa sala em que 
se guardam muletas. Muito bem, como fazer então para retirar essas ambiguidades? 
Determinando os constituintes! E como podemos fazer isso? Existem muitas formas de 
desfazer a ambiguidade. Vamos ver três possibilidades. Vamos analisar essas três formas 
com o exemplo da sentença 1. A primeira é a topicalização. 
 
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Língua Portuguesa I | A Sintaxe | Aula 04 
Topicalizar: 
passar para a posição do tópico ou da parte do enunciado sobre a qual o resto do 
enunciado fornece informação ou que o resto do enunciado comenta ou questiona. 
 
"topicalizado", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-
2020, https://dicionario.priberam.org/topicalizado [consultado em 08-06-2020]. 
O Pedro viu a menina com o binóculo. 
TOPICALIZAÇÃO: Com o binóculo, o Pedro viu a menina. 
 A menina com o binóculo, o Pedro viu. 
 Vemos aí que a topicalização, ou seja, a antecipação de um elemento como 
tópico é possível com o constituinte completo. Na primeira, topicalizamos o constituinte 
“com o binóculo”, indicando que esse foi o instrumento com o qual Pedro viu a menina. 
Na segunda, o constituinte era “a menina com o binóculo”, indicando que esse foi o 
objeto da visão do Pedro. Existem ainda dois outros testes que se pode fazer: a clivagem 
e a interrogativa. 
Clivagem: encaixe de uma oração relativa no lugar de um sintagma (p.ex.: Ele gosta de 
poesia muda para É de poesia que ele gosta). Encaixa-se a sentença usando: É 
(constituinte) que (resto da sentença). 
CLIVAGEM: É com o binóculo que o Pedro viu a menina. 
 É a menina com o binóculo que o Pedro viu. 
 Podemos também usar uma expressão interrogativa retirando um constituinte 
completo que servirá como resposta. Vejam as possibilidades. 
 INTERROGATIVA: Quem o Pedro viu com o binóculo? – A menina. 
 Quem o Pedro viu? – A menina com o binóculo. 
 Agora é sua vez! Faça esses três testes com as outras duas sentenças. 
2. O bêbado bateu na mulher com a bengala. 
3. O professor entrou na sala de muletas. 
 
https://dicionario.priberam.org/topicalizado
 
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Desenvolvimento 
Vamos discutir um pouco mais sobre constituintes, mas agora vamos chamá-los de 
sintagmas. Como já vimos, o sintagma é a unidade mínima da sintaxe, e a junção de sintagmas 
forma a sentença, que é a unidade máxima. Vamos trabalhar, então, com uma sentença e 
destrinchá-la em sintagmas. 
Vamos analisar a seguinte sentença: 
A menina deu uma flor para aquela professora. 
Vemos nessa sentença 10 palavras. Dessas, quatro são formas livres, aquelas que 
sozinhas apresentam possibilidade comunicativa e carregam o sentido. São elas: 
menina – deu – flor – professora 
Temos aí três substantivos e um verbo. 
As demais palavras fazem parte das chamadas formas presas, que estão sempre 
ligadas às formas livres. São elas: 
A – uma – para – aquela 
Essas palavras são classificadas como artigo, preposição e pronome. É importante 
afirmarmos aqui que a linguística gerativa, a qual nos baseamos para melhor compreender a 
estrutura da sentença, os artigos e os pronomes são chamados de determinantes. Os 
determinantes são palavras que acompanham o nome (núcleo) para formar o sintagma. 
Sendo assim, são sintagmas nominais em nossa sentença: 
A menina – uma flor – a professora 
Resta então o sintagma verbal que tem como núcleo o verbo – deu. Consideramos 
como sintagma verbal todo o trecho: 
deu uma flor para a professora. 
Então, temos sintagmas dentro de sintagmas. Vamos compreender melhor isso 
quando estudarmos as funções sintáticas nas próximas aulas. Mas podemos adiantar que se 
trata daqueles elementos pertencentes à sintaxe que mencionamos nas aulas anteriores: 
sujeito, predicado, objeto direto etc., na terminologia da gramática tradicional. Apesar da 
perspectiva gerativa que assumimos, vamos adotar a terminologia da gramática tradicional 
para as funções sintáticas. No exemplo, esse sintagma se constitui no predicado verbal. 
 
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Concluímos esta aula com a ideia da competência linguística do falante na gramática 
gerativa: 
• Qualquer ser humano sabe como os itens lexicais de sua língua se estruturam para 
formar expressões mais e mais complexas, até chegar ao nível da sentença; 
• O léxico (dicionário mental) é composto pelo conjunto de itens lexicais (palavras) e 
temos a intuição de como podemos agrupar esses itens de acordo com as 
propriedades gramaticais que eles compartilham; 
• Durante a aquisição da língua materna, a criança selecionará, a partir dos dados, a 
que é exposta (input) aforma de categorização dos itens lexicais; 
• Muito cedo ela será capaz de identificar que um item lexical como mesa é diferente 
de um item lexical como cair; 
• Ela logo diz caiu, mas nunca diz mesou. 
Vá mais Longe 
Capítulos Norteadores 
Seção 2.1 – Estrutura sintagmática da sentença (pp 37-39). GAVIOLI-PRESTES, C. M.; 
LEGROSKI, M. C. Introdução à sintaxe e à semântica da língua portuguesa. Curitiba: 
Intersaberes, 2015. 
- Seção 3.4 – Sintaxe; 3.4.1 – Categorias gramaticais; 3.4.2 – Constituintes sintáticos (pp 
70-74). DIAS, Luzia S.; GOMES, Maria Lúcia de C. Estudos Linguísticos: dos 
problemas estruturais aos novos campos de pesquisa. IBPEX: Curitiba, 2008. 
 
Agora é sua Vez! 
Interação 
A partir da leitura da seção 2.2 (pp. 45-49), do Capítulo 2, de DIAS, Luzia S.; GOMES, Maria 
Lúcia de C. Estudos Linguísticos: dos problemas estruturais aos novos campos de 
pesquisa. IBPEX: Curitiba, 2008, vamos discutir sobre a dicotomia 
competência/desempenho, segundo a proposta da gramática gerativa. 
 
O Gerativismo de Chomsky defende que a linguagem é uma capacidade inata do ser 
humano para falar e compreender sua língua. Essa capacidade se dá por um dispositivo 
inato, uma capacidade biológica. Chomsky nos apresenta a distinção entre 
competência e desempenho. 
 
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Língua Portuguesa I | A Sintaxe | Aula 04 
A competência é a nossa capacidade de produzir sentenças, um saber que está em um 
módulo da nossa mente, um dispositivo inato. 
O Desempenho faz parte das escolhas que fazemos para nossa fala, o emprego 
concreto que o ser humano faz da sua língua. Ou seja, a performance resulta da 
competência do falante associada a outros fatores como questões biológicas e 
culturais, e, também, os contextos sociais em que o falante se encontra. 
 
Atividade 
 
Escolha a alternativa em que o trecho grifado não seja um constituinte sintático na 
sentença: 
 
a) Fumar é prejudicial à saúde. 
b) A democracia nunca deveria ser ameaçada. 
c) Nunca é tarde para nos despir de nossos preconceitos. 
d) Respeitar a natureza é um dever de todo cidadão. 
 
Resposta: d. 
 
Os constituintes sintáticos se constituem em blocos dentro da sentença. Esses blocos vão 
exercer funções sintáticas. Por enquanto podemos pensar que cada constituinte vai 
responder a uma pergunta possível. Podemos fazer as seguintes perguntas para os 
constituintes corretos na questão: 
 
a) A que fumar é prejudicial? – à saúde 
b) O que nunca deveria ser ameaçada? – a democracia 
c) Do que nunca é tarde para nos despir? – de nossos preconceitos 
d) Não é possível construir uma pergunta para uma resposta como “natureza é”, 
portanto está é a resposta correta para a questão. 
 
REFERÊNCIAS 
DIAS, Luzia S.; GOMES, Maria Lúcia de C. Estudos Linguísticos: dos problemas 
estruturais aos novos campos de pesquisa. IBPEX: Curitiba, 2008. 
GAVIOLI-PRESTES, C. M.; LEGROSKI, M. C. Introdução à sintaxe e à semântica 
da língua portuguesa. Curitiba: Intersaberes, 2015. 
MIOTO, Carlos; FIGUEIREDO-SILVA, M.C.; LOPES, R.E.V. Manual de Sintaxe. 
Florianópolis: Insular, 1999.

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