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Rota5_Língua Portuguesa

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NEAD – Núcleo de Educação a Distância 
ROTAS DE APRENDIZAGEM 
Língua Portuguesa I | A estrutura da sentença | Aula 05 
 
Onde Chegar 
• Elencar os objetivos da Unidade Temática 
• Trabalhar em tópicos não numerados 
 
• Nesta Rota de Aprendizagem, vamos iniciar nossa prática com a análise sintática. 
Vamos iniciar tratando dos pressupostos da teoria gerativa e vamos demostrar a base da 
teoria x-barra, com um pequeno exemplo da estrutura arbórea. No entanto, fazemos 
nossa opção pela terminologia da gramática tradicional para a nossa prática. A prática 
nesta aula será com sujeito e predicado. 
• analisar, exemplificar, conceituar, refletir 
 
O que Aprender 
• A sintaxe e a competência linguística 
 Teoria X-Barra – uma ideia 
 A estrutura funcional da sentença 
 Sujeito e predicado 
AULA 
05 
A estrutura da sentença 
Sujeito e Predicado 
LÍNGUA PORTUGUESA I 
 
 
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ROTAS DE APRENDIZAGEM 
Língua Portuguesa I | A estrutura da sentença | Aula 05 
 
 A teoria gerativa preconizada pelo linguista Noam Chomsky e desenvolvida ao 
longo dos últimos cinquenta anos sofreu muitas mudanças, mas alguns pontos foram 
bem consistentes, como elementos conceituais. São esses pontos que vamos levar em 
conta, apesar de adotarmos para nossa prática de análise sintática a terminologia da 
gramática tradicional. Vamos trazer aqui algumas citações sobre esses pressupostos 
fundamentais. 
“O homem possui em seu aparato genético alguma coisa como uma faculdade da 
linguagem, alocada no cérebro humano, uma hipótese plausível que se presta a marcar 
a diferença fundamental entre os homens e os outros seres do planeta.” 
“... a faculdade da linguagem não é parte da inteligência como um todo, mas é específica, 
com um desenho especial para lidar com os elementos presentes nas línguas naturais e 
não outros quaisquer”. 
“... dentro da faculdade da linguagem, temos módulos diferenciados para lidar com 
diferentes tipos de informação linguística”. 
MIOTO ET AL., 1999 
“Chomsky escolhe a competência como objeto da linguística, excluindo do domínio da 
disciplina, consequentemente, todos os fatos do desempenho. Aqui, ele age do mesmo 
modo que Saussure, e a distinção competência/desempenho tem o mesmo papel 
homogeneizante que a distinção saussuriana langue/parole.” 
... no interior da competência, “a sintaxe é considerada nuclear, enquanto a semântica e 
a fonologia são periféricas”. 
BORGES NETO, 2004 
“Existe um conhecimento linguístico que se desenvolve independentemente dos 
ensinamentos escolares e outro que é aprendido na escola.” 
“Esse conhecimento permite às crianças construírem todas as sentenças possíveis de sua 
língua e somente elas.” 
“Esse conhecimento linguístico é adquirido somente por meio da participação da criança 
nas interações verbais entre os membros de sua comunidade linguística, sem que isso 
envolva qualquer estimulação específica ou qualquer correção por parte dos pais ou das 
pessoas com as quais elas interagem.” 
 
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Língua Portuguesa I | A estrutura da sentença | Aula 05 
 
“Alguns linguistas têm sugerido que esse conhecimento é adquirido por meio da 
memorização de listas das propriedades descritivas de construções de uma língua”. 
NEGRÃO ET AL., 2006 
“Muitos psicólogos, professores e pesquisadores da linguagem contestam a premissa de 
que as crianças adquirem a linguagem sem esforço. Argumentam que elas são ensinadas, 
sim, e que realmente aprendem a língua durante o processo.” 
“Para Loritz (1999), algo parece errado com a teoria gerativa, que não consegue 
enquadrar-se nas outras ciências.” 
“O problema para Loritz (1999) é que sabemos demais sobre o cérebro e suas 
anormalidades e não conseguimos ver como ele pode operar algo tão normal, mas tão 
grande como a linguagem.” 
LORITZ (1999) APUD GOMES (2015) 
 Como se pode ver pelos comentários contrários à posição gerativista nas 
citações de Negrão et al (2006) e de Gomes (2015), a visão de Chomsky sobre a aquisição 
da linguagem é controversa. Mas na minha opinião os argumentos de Chomsky são 
muito fortes, por isso adoto esses pressupostos para compreender a sintaxe e concebo 
uma gramática como conhecimento, ou seja, assumo a ideia da faculdade da linguagem 
como um construto genético exclusivo da espécie. 
Desenvolvimento 
Defendendo que um modelo para a sintaxe deve ser explicativo, não apenas 
descritivo (este mais um argumento para se adotar o modelo), Chomsky propõe uma 
série de teorias como o teoria x-barra, a teoria temática, a teoria da vinculação e outras. 
São teorias bastante complexas para uma disciplina com a carga horária que temos. 
Sendo assim, decidi apresentar apenas uma amostra de como funciona a teoria x-barra 
e a teoria temática. Nesta aula, vamos ver um pouquinho da teoria x-barra, que trata da 
estrutura da sentença. No entanto, vamos lidar na prática da estrutura da sentença com 
a metodologia e a terminologia da gramática tradicional mais adiante. 
A Teoria X-Barra 
Trata-se de um modelo de representação arbórea da sentença. É o módulo da 
gramática que representa o constituinte. Segundo Mioto et al. (1999), a teoria x-barra “é 
 
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necessária para explicitar a natureza do constituinte, as relações que se estabelecem 
dentro dele e o modo como os constituintes se hierarquizam para formar a sentença”. 
• Projeções – X X’ XP 
• Relação do núcleo com o seu complemento e com seu especificador. 
 
As Relações 
• A hierarquia é um princípio, a ordem é um parâmetro. 
• DOMINÂNCIA – nas linhas descendentes, o de cima domina o de baixo. 
• PATERNIDADE – o de cima, que domina o de baixo, é o pai. 
• IRMANDADE – são irmãos os constituintes que têm o mesmo pai. 
• PRECEDÊNCIA – o da esquerda sempre precede o da direita. 
• C- COMANDO – o que precede ou domina pode c-comandar. 
 
Núcleo 
• Representado pela variável X. 
• Todas as relações são estabelecidas direta ou indiretamente a partir do núcleo. 
 
 
Essa foi uma pequena demonstração de como as árvores se formam, até o nível do 
núcleo lexical. Existem ainda muitos elementos, mas a decisão de demostrar apenas esse 
 
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início da teria se deu porque vamos recorrer a alguns desses elementos durante nossos 
estudos sobre a sintaxe. Em uma aula futura, vamos também fazer uma demonstração 
de outra teoria do modelo gerativo, essa ligada à semântica, chamada de teoria temática, 
ou teoria dos papéis temáticos. 
Vamos agora iniciar nossas análises, na perspectiva tradicional da gramática, 
introduzindo os termos essenciais: o sujeito e o predicado, já solicitando a análise de 
algumas sentenças. Vamos sublinhar o sujeito, classificá-lo e destacar seu núcleo em cada 
uma das sentenças abaixo. 
1. A espécie humana é dotada de competência linguística. (sujeito simples – núcleo: 
espécie) – o sujeito possui apenas um núcleo. 
2. O sujeito e o predicado são os elementos essenciais da oração. (sujeito composto 
– núcleos: sujeito, predicado) – o sujeito possui dois núcleos. 
3. Somos todos dotados da faculdade da linguagem. (sujeito simples oculto – 
núcleo: nós) – conhecemos o sujeito pela flexão do verbo, pela concordância. 
4. Esqueceram um livro de sintaxe sobre minha mesa. (sujeito indeterminado) – 
não se sabe quem esqueceu. 
5. Precisa-se de um professor de sintaxe. (sujeito indeterminado) – não é 
informado sobre quem precisa. 
6. Não há uma resposta errada para a questão. (sujeito inexistente) – verbo haver 
no sentido de existir indica que a oração é sem sujeito. 
7. Ficou pensativa a aluna quando o professor de português declarou o resultado 
da prova. (1ª oração: sujeito simples – núcleo: aluna; 2ª oração: sujeitosimples 
– núcleo: professor). – o sujeito está invertido na oração principal, os dois 
sujeitos têm apenas um núcleo. 
Para definir o sujeito, faça a pergunta ao verbo colocando “QUEM” ou “O QUE” antes 
do verbo, por exemplo, “quem ficou pensativa?” e “quem declarou o resultado da 
prova?” para a sentença 7. Respostas: a aluna; o professor. 
Agora vamos destacar e classificar o predicado. 
1. As crianças adquirem uma língua de forma rápida e homogênea. (Predicado 
verbal) - 
 
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2. Os princípios linguísticos são geneticamente determinados. (Predicado nominal) 
3. O juiz considerou o réu inocente. (Predicado verbo nominal) 
Para definir o predicado, retire o sujeito. O que sobrar é o predicado da gramática 
tradicional. 
Vá mais longe 
• Capítulos Norteadores: Seção 2.2.1 – Sujeito e predicado (pp 40-41). GAVIOLI-
PRESTES, C. M.; LEGROSKI, M. C. Introdução à sintaxe e à semântica da língua 
portuguesa. Curitiba: Intersaberes, 2015. 
• -Capítulos 2 e 3 - LEMES, A.; BEM, I. V.; COSTA, T. M. S.; CORREA, V. L. Língua 
Portuguesa – elementos essenciais e acessórios para análise sintática. Curitiba: 
InterSaberes, 2013. 
• Caso vocês tenham interesse em conhecer como funciona a teoria x-barra, 
sugiro que assistam às aulas do Professor: Márcio Leitão/Tutora: Gitanna 
Bezerra 
 
• https://www.youtube.com/watch?v=8uXPSfa3q9o 
• https://www.youtube.com/watch?v=kEpF1lQZ114 
Agora é sua vez! 
Interação 
 A partir da controvérsia que apresentamos no início desta rota, vamos discutir a 
ideia de a faculdade da linguagem ser inata modular no cérebro/mente do ser humano. 
O que você acha? A linguagem é inata ou adquirida? O ser humano já nasce com um 
dispositivo de aquisição da linguagem ou aprende tudo depois do nascimento? Você 
tende mais para uma teoria inatista ou uma teoria empirista? Você vê a linguagem como 
um construto cognitivo? 
 
Atividade 
 
A partir do seguinte texto, faça perguntas aos predicados grifados (coluna 1) e numere 
os sujeitos (coluna 2). 
"As ilhas são lugares de solidão e isso nunca é tão nítido como quando partem os que 
apenas vieram de passagem e ficam no cais, a despedir-se, os que vão permanecer. Na 
hora da despedida, é quase sempre mais triste ficar do que partir." 
https://www.youtube.com/watch?v=8uXPSfa3q9o
https://www.youtube.com/watch?v=kEpF1lQZ114
 
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(1) são lugares de solidão ( ) isso 
(2) nunca é tão nítido ( ) ficar 
(3) partem ( ) As ilhas 
(4) vão permanecer ( ) os que vieram de passagem 
(5) é quase sempre mais triste ( ) que 
 
Resposta: 2 – 5 – 1 – 3 – 4 
 
Perguntas ao verbo 
1. O que são lugares de solidão? – As ilhas 
2. O que nunca é tão nítido? – isso 
3. Quem parte? – os que vieram de passagem 
4. Quem vai permanecer? – que (os que/aqueles que) 
5. O que é mais triste – ficar 
 
 
 
 
Referências 
• BORGES NETO, J. Ensaios de Filosofia da Linguagem. São Paulo: 
Parábola Editorial, 2004. 
• DIAS, L. S.; GOMES, M.L.C. Estudos Linguísticos: dos Problemas 
Estruturais aos ovos Campos de Pesquisa. Curitiba: Editora 
InterSaberes, 2015. 
• GAVIOLI-PRESTES, C. M.; LEGROSKI, M. C. Introdução à sintaxe e à 
semântica da língua portuguesa. Curitiba: InterSaberes, 2015. 
• GOMES, M. L. C. Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa. 
Curitiba: InterSaberes, 2015. 
• LEMES, A.; BEM, I. V.; COSTA, T. M. S.; CORREA, V. L. Língua Portuguesa 
– elementos essenciais e acessórios para análise sintática. Curitiba: 
InterSaberes, 2013. 
• MIOTO, Carlos; FIGUEIREDO-SILVA, M.C.; LOPES, R.E.V. Manual de 
Sintaxe. Florianópolis: Insular, 1999. 
• NEGRÃO, V. N.; SCHER, A. P.; VIOTTI, E. C. Sintaxe: explorando a 
estrutura da sentença. IN; FIORIN, J. L. Introdução à Linguística. II. 
Princípios de análise. São Paulo: Contexto, 2005.

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