TEMA 1 – DIREITOS SOCIAIS: DIREITO À MORADIA
O direito à moradia traduz uma necessidade básica do homem, sendo inafastável para uma vida plena. Co...
TEMA 1 – DIREITOS SOCIAIS: DIREITO À MORADIA
O direito à moradia traduz uma necessidade básica do homem, sendo inafastável para uma vida plena. Como bem ensina Nolasco (2008, p. 87) “a casa é o asilo inviolável do cidadão, a base de sua indivisibilidade, é, acima de tudo, como apregoou Edwark Coke, no século XVI: ‘a casa de um homem é o seu castelo’”.
Relembrando o que discutimos quando tratamos da interdependência dos direitos sociais, o direito à moradia está intimamente ligado aos demais direitos sociais: inegável que um lugar para permanecer e desenvolver-se está ligado aos anseios do indivíduo, pois para alcançar as necessidades básicas da vida, como trabalhar, educar-se, descansar, ter lazer, faz-se necessário um lugar fixo e amplamente reconhecido por todos (Souza, 2004).
Quando se escreve no artigo 6º da Constituição, que trata dos direitos sociais, que todos os brasileiros têm direito à moradia, isso significa que a partir da entrada em vigor desta emenda o Estado brasileiro está obrigado a traçar, conceber, implementar e executar políticas públicas que tornem a moradia um direito mínimo de cada brasileiro.
Anota-se ainda os ensinamentos de Flavio Pansieri (2008, p.112):
O direito a uma moradia adequada significa dispor de um lugar onde se possa asilar, caso o deseje, com espaço adequado, segurança, iluminação, ventilação, infraestrutura básica, uma situação adequada em relação ao trabalho e o acesso aos serviços básicos, todos a um custo razoável.
A inseparável relação da dignidade humana e do direito à moradia origina-se do direito a condições materiais mínimas para uma vivência ampla:
Com efeito, sem um lugar adequado para proteger a si próprio e a sua família contra intempéries, sem um lugar para gozar de sua intimidade e privacidade, enfim, de um espaço essencial para viver com um mínimo de saúde e bem-estar, certamente a pessoa não terá assegurada a sua dignidade, aliás, a depender das circunstancias, por vezes não terá sequer assegurado o direito a própria existência física, e, portanto, o seu direito a vida. Não é por outra razão que o direito à moradia, também entre nós- e de modo incensurável- tem sido incluído até mesmo no elenco dos assim designados direitos de subsistência, como expressão mínima do próprio direito à vida (Sarlet, 2008, p. 45).
Vale anotar que o direito à moradia também encontra amparo na legislação internacional, especialmente no Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais de 1966, ratificado pelo Brasil em 1992, cujo art. 11 determina que os “Estados signatários do presente pacto reconhecem o direito de toda pessoa a um nível de vida adequado para si e para sua família, inclusive alimentação, vestimenta e moradia adequadas, assim como uma melhoria contínua de suas condições de vida” (Inácio, 2002, p. 45).
Não obstante, com a crescente globalização e o exponencial aumento populacional, foram reduzidos os espaços que comportam o pleno exercício desse direito, acarretando segregação social em relação aos menos favorecidos:
Se em seu estado natural o homem, na imensidão do orbe, encontrava um ponto para estabelecer-se e a abundância de material para a sua edificação, o incremento da população e a carência de espaços livres foram comprimindo a potencialidade de exercíc
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