(D.I- 12) É de fundamental importância para profissionais e estudantes do Direito do Trabalho saber diferenciar prescrição e decadência. A correta compreensão desses conceitos permite uma atuação adequada na defesa dos direitos dos trabalhadores e na busca por reparação de irregularidades.
Imagine a seguinte situação hipotética:João foi contratado como auxiliar administrativo por uma empresa
em 2013. Durante o periodo de seu contrato, ele realizou várias horas
extras não remuneradas, totalizando um acúmulo significativo de horas
trabalhadas além da jornada regular. A rescisão do contrato de trabalho
de João ocorreu em dezembro de 2018.
Em dezembro de 2019, João decidiu
ingressar com uma ação trabalhista
para reivindicar o pagamento das
horas extras não remuneradas e
procurou você.
Para uma análise do caso, considere as seguintes aspectos
e questionamentos:
Existe alguma cláusula contratual mencionada no caso hipotético que estabeleça
um prazo especifico para a reclamação de irregularidades ou violações de
direitos trabalhistas como horas extras?
Qual é o prazo prescricional aplicável às ações trabalhistas considerando a data
de rescisão do contrato de trabalho de João?
Se for possivel, por qual periodo retroativo João poderá reivindicar seu direito
ao pagamento de horas extras.Com base nos questionamentos acima, elabore um breve parecer, identificando se o direito de João pleitear as horas extras é possível, se está prescrito ou se houve decadência de seu direito de ação. Justifique a sua resposta e cite as bases legais.
A prescrição, segundo o artigo 189 do Código Civil, é a extinção da pretensão (ação judicial para assegurar um direito) pelo tempo. O texto do mencionado artigo descreve que quando um direito é violado, nasce uma pretensão, ou seja, o direito de ingressar com uma ação para assegurar o direito violado. Essa pretensão é extinta pela prescrição, após a passagem do prazo, definido em lei. Caso a pessoa não apresente a ação à Justiça dentro do prazo, ela perde a oportunidade de ingressar com a ação judicial.
A decadência refere-se à perda do direito em si, pela falta de atitude do titular, durante o prazo, previsto em lei. Quando ocorre a decadência, a pessoa não tem mais o direito. Veja o que diz a Lei:
Da Prescrição
Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.
Art. 190. A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão.
Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição.
Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes.
Art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita.
Art. 195. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente.
Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor.
Da Decadência
Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição.
Art. 208. Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I.
Art. 209. É nula a renúncia à decadência fixada em lei.
Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida por lei.
Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação.
Sendo assim, a CLT, em seu artigo 11, trata do prazo prescricional aplicável ao Direito do Trabalho. Neste artigo está definido que prescreve em 5 anos a pretensão de se obter algum direito decorrente às relações de trabalho (prescrição quinquenal), limitados a 2 anos após o término do contrato de trabalho (prescrição bienal).
Portanto, conforme descrito acima, João ao decidir ingressar com a ação trabalhista 01 ano após o término do contrato, está dentro do período permitido por lei, tendo direito a receber as horas extras por um período quinquenal, ou seja, referente aos últimos 15 anos (no caso em questão, a partir da sua contratação em 2013).
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