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Premissa: O fenômeno da posse, à evidência, antecede o da propriedade. Antropólogos e arqueólogos ensinam que a propriedade privada somente surgiu ...

Premissa: O fenômeno da posse, à evidência, antecede o da propriedade. Antropólogos e arqueólogos ensinam que a propriedade privada somente surgiu nas sociedades agrícolas, que começaram a emergir por volta de 12 mil anos atrás. Antes, nas sociedades de bandos de caçadores-coletores desconhecia-se a propriedade, e até a posse tinha uma dimensão comunal. Embora estudada desde a Antiguidade (sobretudo em Roma), a posse somente no século 19, com Savigny e Ihering, mereceu teorizações que sistematizaram seus aspectos relevantes. De modo sucinto, essas percepções podem ser vistas assim: para Savigny, a posse resulta da cominação de dois elementos: "corpus" (o apoderamento da coisa) e "animus" (apoderar-se físico com intenção dono); para Ihering, a posse era mero exercício dos poderes da propriedade em relação a uma coisa. Caso: Túlio e Josiana, casados em comunhão universal de bens desde o ano de 1994, adquiriram, na época de seu casamento, o seguinte bem, situado na Cidade de Ijuí/RS: Um terreno urbano, com a área de cinco mil e quinhentos metros quadrados (5.500m²), com casa de construção mista, situada nesta cidade, lado oeste, na linha sete (7), confrontando: ao norte, onde tem cento e dez metros (110m), com uma rua projetada, em prolongamento da Rua 14 de Julho; ao sul, onde tem cento e dez metros (110m), com a quadra número quatorze-C (14-C), que ficou para o outorgante João de Deus; ao leste, onde tem cinqüenta metros (50m), com terrenos de Eduardo J.; e, ao oeste, onde tem cinqüenta metros (50m), com outra rua projetada, havida conforme transcrição anterior número 8.421 do livro 2-L, com registro no Cartório de Registros de Imóveis de Ijuí/RS sob n.º 567.878. Tal imóvel, adquirido em 06 de janeiro de 1994, foi comprado, por meio de um contrato verbal, de Luiz S., o qual era muito amigo do casal. Em vista da relação de confiança havida entre as partes e, principalmente, devido às dificuldades financeiras enfrentadas naquele momento pelos compradores, o bem não foi escriturado, tendo sido apenas emitido recibo de pagamento, situação esta que foi se perpetuando no tempo. Com o passar dos anos, Luiz S. acabou se mudando para outra cidade, vindo a perder completamente o contato com Túlio e Josiana que, mesmo querendo, não conseguiram transferir a propriedade do imóvel, situação que até hoje persiste. Em agosto de 2019, porém, de forma inesperada, Luiz S. voltou a residir na cidade de Ijuí, ocasião em que procurou o casal comprador. Em tal momento, Luiz exigiu a imediata desocupação do imóvel, alegando ser ele o real proprietário do bem. Indignados com as exigências e preocupados com o fato de não possuírem a escritura definitiva, Túlio e Josiana procuraram o seu escritório de advocacia. Em face dessa situação hipotética, na qualidade de advogado(a) contratado(a) por Túlio e Josiana aborde todas as questões processuais e de direito material necessárias ao deslinde da questão. Em texto único apresente a explicação do caso, bem como as possíveis soluções jurídicas (4,5) considerando a disciplina de Direitos Reais. Análise da premissa com o caso (1,0) Relação entre os sujeitos e seus efeitos (1,o) Diretos e possibilidade jurídicas (2,5)

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A premissa apresentada no texto é que o fenômeno da posse antecede o da propriedade, sendo que a propriedade privada surgiu apenas nas sociedades agrícolas, há cerca de 12 mil anos. Antes disso, nas sociedades de caçadores-coletores, a posse tinha uma dimensão comunal. No caso apresentado, Túlio e Josiana adquiriram um terreno urbano com casa de construção mista em 1994, por meio de um contrato verbal com Luiz S. O bem não foi escriturado, tendo sido apenas emitido recibo de pagamento. Com o passar dos anos, Luiz S. perdeu o contato com Túlio e Josiana e, em 2019, exigiu a desocupação do imóvel, alegando ser o real proprietário do bem. Nesse caso, é possível que Túlio e Josiana tenham direito à posse do imóvel, uma vez que o contrato verbal de compra e venda e o recibo de pagamento podem ser considerados como elementos que comprovam a posse do bem. No entanto, sem a escritura definitiva, não é possível afirmar que eles são os proprietários do imóvel. Uma possível solução jurídica seria ajuizar uma ação de usucapião, que é uma forma de aquisição da propriedade pela posse prolongada e ininterrupta do bem, desde que preenchidos os requisitos legais. Outra opção seria tentar regularizar a situação do imóvel por meio de uma escritura pública de compra e venda, caso seja possível localizar Luiz S. e obter sua concordância. Em relação aos sujeitos envolvidos, Túlio e Josiana são os possíveis detentores da posse do imóvel, enquanto Luiz S. alega ser o proprietário do bem. É importante destacar que a posse não é sinônimo de propriedade, mas pode ser um elemento que comprove a existência de um direito real sobre o bem. Em relação às questões processuais e de direito material, é necessário analisar as provas apresentadas pelas partes, bem como as normas jurídicas aplicáveis ao caso concreto, como o Código Civil e a Lei de Registros Públicos.

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