Tanto de meu estado me acho incerto,
Que em vivo ardor tremendo estou de frio;
Sem causa, juntamente choro e rio;
O mundo todo abarco e nada aperto.
É tudo quanto sinto um desconcerto;
Da alma um fogo me sai, da vista um rio;
Agora espero, agora desconfio,
Agora desvario, agora acerto.
Estando em terra, chego ao Céu voando;
Numa hora acho mil anos, e é de jeito
Que em mil anos não posso achar uma hora.
Se me pergunta alguém porque assim ando,
Respondo que não sei; porém suspeito
Que só porque vos vi, minha Senhora.
Assinale a única alternativa INCORRETA:
Escolha uma opção:
a.
O emprego de antíteses como ardor/frio, choro/rio e terra/Céu, por exemplo, indicam que, para o poeta, o amor consiste num sentimento vago, inconceituável e contraditório.
b.
O poema é um exemplo da poesia religiosa de Camões, já que é dedicado à Virgem Maria, conforme pode-se comprovar no segundo terceto: o eu lírico roga a Nossa Senhora que lhe ajude a suportar a confusão em que vive.
c.
O último verso do poema apresenta a “chave de ouro”, como é comum acontecer nos sonetos. A “chave de ouro” oferece o desfecho do pensamento que foi desenvolvido ao longo de todo o poema, e, ao mesmo tempo, esclarece o sentido de toda a composição.
d.
Um dos temas desenvolvidos no poema é o desconcerto do eu lírico diante de um mundo, que lhe parece contraditório, paradoxal, confuso.
e.
Um dos temas desenvolvidos no poema é a busca por compreender os efeitos e as sentimentos relacionados ao relacionamento amoroso.
A alternativa incorreta é a letra b. O poema não é um exemplo da poesia religiosa de Camões, já que não apresenta elementos religiosos ou referências explícitas à Virgem Maria. O poema é um soneto amoroso, que apresenta o eu lírico em um estado de confusão e desconcerto diante dos sentimentos contraditórios que experimenta em relação à amada.
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