“O que distingue particularmente o homem da sociedade contemporânea de seus antepassados é que ele adquiriu crescente consciência do tempo. Assim q...

“O que distingue particularmente o homem da sociedade contemporânea de seus antepassados é que ele adquiriu crescente consciência do tempo. Assim que acordamos, pensamos em geral em que horas serão. Ao longo de nossa rotina diária estamos continuamente preocupados com o tempo e não cessamos de consultar nossos relógios. Em outras épocas, a maioria das pessoas trabalhava arduamente, mas se preocupava menos com o tempo que nós. Até o advento da moderna civilização industrial, a vida das pessoas era muito menos conscientemente dominada pelo tempo do que passou a ser desde então. O desenvolvimento e o aperfeiçoamento contínuo do relógio mecânico e, mais recentemente, de relógios que trazemos conosco, teve profunda influência em nosso modo de viver. Hoje somos governados por horários e muito de nós carregamos agendas não para lembrar o que fizemos, mas para assegurarmos de que estamos no lugar certo, na hora certa. Temos uma necessidade sempre crescente de aderir a determinadas rotinas, de modo que as complexas operações de nossa sociedade possam ocorrer de maneira regular e efetiva. Tendemos até a comer não quando sentimos fome, mas quando o relógio indica que está na hora da refeição. Em consequência, embora haja diferenças entre a ordem objetiva do tempo físico e o tempo individual da experiência pessoal, somos compelidos cada vez mais a relacionar o nosso ‘agora’ pessoal ao cronograma determinado pelo nosso relógio e calendário.” WHITROW, G. J. O tempo na história: concepção do tempo da pré-história aos nossos dias. Rio de Janeiro: Zahar, 1993, p. 31. De acordo com o texto: a. O tempo do indivíduo tende a ser mais importante do que o do relógio e do calendário. b. A partir da era industrial, o tempo vem exercendo cada vez menos domínio na vida das pessoas. c. Os homens de diferentes tempos e lugares sempre dispuseram de uma aguçada consciência do tempo, como nas sociedades industriais e capitalistas. Podemos verificar isso nas antigas cidades mercado do Oriente Próximo e da Bacia do Mediterrâneo, onde as atividades econômicas eram completamente autônomas em relação ao entorno rural. d. Há uma tendência a submeter certas necessidades de nosso organismo, chamadas fisiológicas, ao ritmo do relógio. Isso é particularmente importante nas civilizações industriais e nas cidades que surgiram com a Revolução Industrial, em que as atividades humanas ocorrem em um ritmo de vida cada vez mais racionalizado, dominado pelo relógio, e não pela natureza. e. A crescente complexidade das sociedades tem liberado os homens da preocupação natural com o tempo, fazendo com que haja cada vez menos a necessidade de controlar as atividades humanas mais cotidianas pelo relógio.