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Nesse sentido, como não se incomodar frente a esse discurso como se todos nós partíssemos do mesmo lugar? É preciso que nos inquietemos, agora mais...

Nesse sentido, como não se incomodar frente a esse discurso como se todos nós partíssemos do mesmo lugar? É preciso que nos inquietemos, agora mais do que nunca, pois em situações extremas como uma pandemia, é quando a desigualdade se mostra de maneira mais avassaladora, intensificando e ratificando o desamparo e a fome. Sendo assim, precisamos refletir sobre o nosso privilégio e desconstruir a ideia da existência de um “vírus democrático” o mais rápido possível, pois enquanto nós estamos em casa nos protegendo, lavando as mãos e com acesso à internet, há quem não tem moradia e água potável para se proteger; há quem segue trabalhando para assegurar seu sustento e há ainda mulheres sendo agredidas e mortas pelos seus companheiros… Então, ficar em casa com segurança é um privilégio de classe, raça e gênero. Partindo dessa perspectiva, também temos que falar do aumento da violência doméstica em tempos de confinamento, uma vez que muitas mulheres estão “presas” em casa com os seus agressores, potencializando o medo da denúncia e dificultando o acesso a redes de apoio, muitas vezes associado ao fato de não saber quais serviços de saúde e assistência estão funcionando nesse momento. No entanto, não podemos cair na armadilha de atribuir uma relação direta de causalidade entre isolamento e violência, pois ao fazermos isso, estamos esvaziando toda uma análise sócio-histórica das questões que permeiam a violência de gênero, ainda que objetivo aqui não seja nos aprofundarmos em tais questões. Nesse sentido, é importante não naturalizarmos discursos que se refiram aos atos violentos como uma resposta natural para os momentos de crise. Violência não é briga, é crime. Com base nas reflexões e inquietações compartilhadas aqui, destacamos a importância da sororidade e do quanto precisamos apoiar umas às outras sempre, e agora, mais ainda. Dentre várias iniciativas nesse viés, o que traz um acalento ao nosso coração no meio do caos, podemos citar algumas: “Compre das Mães” (Rede Maternativa), cujo foco é apoiar o trabalho de micro e pequenas empreendedoras que são mães; Mães de Favela (Cufa), com a criação de um fundo monetário emergencial para mães em situação de vulnerabilidade e o programa de enfermagem obstetrícia “Fale com a parteira” que, via whatsapp, orienta gestantes e puérperas gratuitamente. Toda essa movimentação traz amparo, afeto e estimula resiliência. Entendemos, portanto, que a pandemia também precisa ser uma questão feminista, pois não há como pensar quaisquer estratégias de enfrentamento ao coronavírus sem os devidos recortes de gênero, raça e classe, afinal de contas, não estamos todos no mesmo barco.

Essa pergunta também está no material:

ebook_expressoes aap4
748 pág.

Gestão Hospitalar

💡 1 Resposta

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O texto apresenta uma reflexão sobre a desigualdade social e de gênero que se intensifica em situações extremas, como a pandemia, e como é importante refletir sobre o nosso privilégio e desconstruir a ideia de que todos partem do mesmo lugar. É destacada a importância da sororidade e do apoio mútuo, especialmente em iniciativas que visam ajudar mulheres em situação de vulnerabilidade, como o programa "Compre das Mães" e o "Mães de Favela". O texto também aborda o aumento da violência doméstica em tempos de confinamento, mas ressalta que não se deve naturalizar a violência como uma resposta natural para momentos de crise.

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