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NÃO ESTAMOS TODOS NO MESMO BARCO: REFLEXÕES FEMINISTAS ACERCA DA PANDEMIA DO NOVO CORONAVÍRUS A intensa jornada que a maioria das mulheres, sobretu...

NÃO ESTAMOS TODOS NO MESMO BARCO: REFLEXÕES FEMINISTAS ACERCA DA PANDEMIA DO NOVO CORONAVÍRUS
A intensa jornada que a maioria das mulheres, sobretudo as mais pobres, enfrentam dia após dia com uma escassa rede de apoio, escancara as relações de gênero estabelecidas no âmbito doméstico, que apesar de já existirem antes da pandemia, tem ficado pior com ela. Isso, porque as medidas de isolamento social - necessárias para a contenção da Covid-19 - ampliam a desigualdade de gênero e colocam em destaque toda a sobrecarga emocional, física e psíquica que impacta a vida das mulheres de muitas formas. Logo, é uma armadilha pensarmos que o fato de algumas estarem trabalhando remotamente ameniza o cansaço, pois ainda que tenham um cônjuge também em confinamento, podendo, portanto dividir as tarefas igualmente, isso não ocorre na maioria das famílias, sendo o fato de ser mulher, por si só, um fator de risco para o adoecimento.
Nesse sentido, enquanto mulheres, temos o objetivo de compartilhar nossas reflexões sobre a pandemia a partir dos debates feministas interseccionais, nos ajudando a pensar o caráter multifacetado dos sistemas de opressão, que envolvem questões além do gênero, como raça e classe, por exemplo. De acordo com a pesquisa brasileira “Retratos das Desigualdades de Gênero e Raça” do IPEA, que levantou dados de 1995 até 2015, são as mulheres negras que representam a maioria das desempregadas e trabalhadoras informais, além de terem menos acesso à educação e receberem os menores salários. Outro estudo chamado “Mulheres e Saneamento”, realizado pela BRK Ambiental e Instituto Trata Brasil divulgado em 2019, aponta que 67,8% das 12 milhões de mulheres com acesso irregular à água tratada são pardas e negras. Dessa forma, entendemos que num país como o nosso, capitalista e socialmente hierarquizado, sexista e racista, na qual a base da pirâmide é ocupada pelas mulheres negras, que são duplamente oprimidas, fica claro que é esse o grupo que mais vivenciará os impactos econômicos da pandemia.
Para as mães solo, que em sua maioria são negras (61 %, segundo o IBGE), isto é, aquelas que não podem contar com o pai da criança na criação dos filhos, a situação é ainda mais complexa; uma vez que com as creches e escolas fechadas, estão literalmente sozinhas na maioria dos casos, sobretudo as que não puderam optar pelo “home office”. E agora? Com quem deixar seus filhos? E no caso das mulheres que perderam seus empregos devido a pandemia? Como escapar da fome e ainda seguir as recomendações de higiene para evitar o contágio do coronavírus? Todas conseguiram acesso ao auxílio emergencial? 600 reais é o suficiente para sustentar uma família? Enquanto as famílias pobres estão aglomeradas nas filas dos bancos esperando o auxílio do governo para terem o que comer, nos deparamos frequentemente com frases como: “todos estamos no mesmo barco”, fazendo referência ao risco que em teoria, todos nós estaríamos expostos indistintamente. No entanto, tais discursos ignoram todos os privilégios existentes numa sociedade capitalista como a nossa, pois não consideram os desdobramentos do vírus para os grupos mais vulneráveis.
Nesse sentido, como não se incomodar frente a esse discurso como se todos nós partíssemos do mesmo lugar? É preciso que nos inquietemos, agora mais do que nunca, pois em situações extremas como uma pandemia, é quando a desigualdade se mostra de maneira mais avassaladora, intensificando e ratificando o desamparo e a fome. Sendo assim, precisamos

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ebook_expressoes aap4
748 pág.

Gestão Hospitalar

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