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Por posse com animus domini entende-se aquela exercida a título de proprietário, com o ânimo de ter a coisa para si (animus rem sibi habendi), ou s...

Por posse com animus domini entende-se aquela exercida a título de proprietário, com o ânimo de ter a coisa para si (animus rem sibi habendi), ou seja, com o propósito de possuir a coisa como se esta lhe pertencesse, excluindo o domínio do antigo titular. Exclui-se, portanto, a possibilidade de usucapião pelos meros detentores (art. 1.198) e pelos possuidores que exercem, temporariamente, a posse direta sobre o bem por força de obrigação ou direito (art. 1.197) – que é o caso do locatário, do comodatário, do usufrutuário e do credor pignoratício. Já quanto à característica da continuidade, esta consiste na posse exercida de forma ininterrupta, ou seja, há a prática de atos possessórios sucessivos e regulares, inexistindo momentos em que fique configurado desleixo ou abandono pelo possuidor. Assim, não pode a posse ser exercida por etapas, de forma intermitente, exceto se vierem a ocorrer interrupções inevitáveis e temporárias, advindas de acontecimentos fortuitos – p. ex., inundações, epidemias – que impeçam a atuação possessória. Por posse pública entende-se aquela exercida de forma visível a todos, imprescindivelmente por aqueles em desfavor dos quais será pleiteado o usucapião. A atividade possessória deve ser manifestada “por sinais exteriores que possam chamar a atenção de todos que a queiram ver e conhecer, de modo a sabê-la não oculta”. Em oposição à publicidade, há a posse clandestina, que é a furtiva, a praticada às escondidas do primitivo possuidor, o qual, devido ao ocultamento, fica impossibilitado de defender a sua posse. Quanto ao que significa posse pacífica, entende-se a ausência de violência. Posse violenta é aquela obtida pela força, pela violência física ou moral (vis compulsiva), já que a lei não faz qualquer distinção. Ressalte-se que a violência aqui tratada diz respeito àquela efetuada para adquirir a posse, uma vez ser totalmente possível a utilização da força para a sua conservação, conforme preceitua o §1º, do art. 1.210, do Código Civil, in verbis: “O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse”. Para que a posse seja apta a configurar usucapião, também deve ser exercida sem oposição. Por retirar da posse as características de ser mansa e pacífica, a impugnação deve ser feita por quem tenha legítimo interesse para tanto, como é o caso do proprietário em desfavor do qual se visa usucapir, desde que o mesmo logre êxito em sua pretensão. “Em contrapartida, não será suficiente, para obstar o usucapião, a oposição indevidamente levantada contra a posse do usucapiente, por quem não detém legitimidade jurídica para tanto”. Ademais, a oposição exige medida efetiva na área judicial, que seja procedente, ou seja, que reconheça o direito de quem se opõe. Assim, a mera interpelação judicial cessa a contagem do prazo para usucapião desde que, após o prazo nela fixado, imediatamente for ajuizada a ação adequada, sob pena de perda dos efeitos da mora com aquela obtida. “Respeitando-se esse procedimento, a sentença não retroagirá apenas à data do ajuizamento da ação, e sim à da própria interpelação”. Outrossim, a posse inequívoca é verificada quando inexiste qualquer dúvida ou suspeita sobre sua ocorrência, exteriorizada por atos possessórios pelos quais se consiga verificar presentes todos os requisitos exigidos para a aquisição da propriedade por usucapião. “Afirma-se que a posse é equívoca quando não oferece, com caráter suficiente de certeza, todas as qualidades necessárias para constituir posse útil para o usucapião. Do momento em que ela não é clara e incontestadamente contínua, pacífica e pública, é equívoca”. Por derradeiro, a posse útil para configurar usucapião deve ser atual, ou seja, deve o usucapiente mantê-la consigo, pois, caso venha a perdê-la, deixará de existir um dos requisitos essenciais ao usucapião, na medida em que a perda da posse acarreta a inutilização do tempo anteriormente vencido. Contudo, “se o possuidor perdeu a posse, após ter preenchido todos os requisitos para a prescrição aquisitiva, poderá mover a ação de usucapião, citando também o possuidor atual”. Nesse sentido, é o estabelecido na Súmula nº 263 do Supremo Tribunal Federal, in verbis: “O possuidor deve ser citado, pessoalmente, para a ação de usucapião”. Portanto, todos os qualificativos supra analisados devem estar presentes para que seja constituída posse útil para a aquisição da propriedade por usucapião, ou seja, posse ad usucapionem.

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O texto apresenta uma explicação sobre o conceito de posse com animus domini, que é aquela exercida com o propósito de possuir a coisa como se esta lhe pertencesse, excluindo o domínio do antigo titular. Além disso, o texto também aborda as características da continuidade, publicidade, pacificidade, inequívoca e atual da posse, que são requisitos essenciais para a configuração da usucapião. O texto ainda destaca que a posse deve ser exercida sem oposição e que a perda da posse acarreta a inutilização do tempo anteriormente vencido. Por fim, é mencionado que o possuidor deve ser citado pessoalmente para a ação de usucapião.

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