Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Modalidades de usucapião A usucapião é uma forma de aquisição da propriedade. Alguns autores usam a denominação “prescrição aquisitiva” como sinônimo. A prescrição é neutralizar algum direito pelo transcurso do tempo. Prescrição aquisitiva: apesar da confluência entre as causas da prescrição e da usucapião, há discussão em torno da utilização do termo “prescrição aquisitiva” como sinônimo de usucapião. Há quem entenda que a usucapião é simplesmente um modo de aquisição da propriedade. Sendo a prescrição forma de neutralização de pretensões pela inércia do titular no exercício do direito subjetivo pelo decurso do tempo, apresenta ela força negativa, em contraposição à força positiva da usucapião. O ponto de convergência entre os dois modelos jurídicos é a produtividade de efeitos que o transcurso do tempo pode consolidar. Modalidades de usucapião de bens imóveis 1. Usucapião Ordinária/regular/comum (CC, art. 1.242): “adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos. Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico”. Justo título é qualquer título hábil a garantir à, em tese, levar a transferência do bem (ex.: contrato de compra e venda que nunca foi levado a registro porque nao foi pago o valor da transmissão). A boa-fé é a intenção da pessoa de, de fato, estar no bem de forma justa, como a pessoa que pagou o terreno. A redução de prazo do § único trata-se de posse qualificada pela função social. 2. Usucapião extraordinária (CC, art. 1.238): “aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis. Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo’. Diferente da ordinária, na extraordinária não há necessidade do justo título e boa-fé. 3. Usucapião especial rural/constitucional rural (CF, art. 191 c/c CC, art. 1.239): Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição. Requisitos: • não ser proprietário de imóvel rural ou urbano; • possua como sua, por cinco anos ininterruptos; • área de terra em zona rural não superior a cinquenta hectares; • tornar produtiva por seu trabalho; ou • de sua família, tendo nela sua moradia. Não há previsão de justo título e boa-fé. 4. Usucapião especial urbana/constitucional urbana (CF, art. 183 c/c CC, art. 1.240): Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. § 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. § 2º O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. O art. 9º da Lei nº 10.257/2001 dispõe que a pessoa só pode usar a modalidade 1 (uma) vez. Não há necessidade do justo título e boa-fé. Requisitos: • até 250m2; • imóvel urbano; • a pessoa não pode pedir mais de uma vez; 5. Usucapião urbana por abandono de lar/usucapião familiar (CC, art. 1.240-A, lei nº 12.424/11): Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex- companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. § 1º O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. Começa-se a contar a partir que configura o abandono de lar. 6. Usucapião especial urbana coletiva (Lei nº 10.257/2001 - Estatuto da Cidade, art. 10): os núcleos urbanos informais existentes sem oposição há mais de cinco anos e cuja área total dividida pelo número de possuidores seja inferior a duzentos e cinquenta metros quadrados por possuidor são suscetíveis de serem usucapidos coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural. Questão da usucapião dos bens públicos: (CF, art. 183, §3º c/c art. 191, §único) proíbe-se expressamente a usucapião de imóveis públicos, norma também prevista no CC, art. 112, sendo esse o caminho seguido pela doutrina e jurisprudência majoritárias. Apesar da literalidade da norma, há juristas que defendem tal possibilidade. Assim se posicionam por entender haver ofensa à função social da posse e da propriedade, que também se impõe ao Poder Público.
Compartilhar