Buscar

.639/03 foi produto da luta dos coletivos negros, movimentos negros e setores da sociedade que simpatizavam com a causa desde os anos de 1950. No e...

.639/03 foi produto da luta dos coletivos negros, movimentos negros e setores da sociedade que simpatizavam com a causa desde os anos de 1950. No entanto, esse processo ganha força, sobretudo, quando pesquisadores da área de educação advertem, na década de 1980, para a evasão dos alunos negros dos espaços educacionais, especialmente em virtude da lógica e analítica para entendermos a realidade vigente. Assim, os coletivos negros e os estudiosos ressignificam o termo raça, buscando dissociá-lo de uma perspectiva biológica, já superada. Segundo Guimarães (2003), esses conceitos: São discursos sobre as origens de um grupo, que usam termos que remetem à transmissão de traços fisionômicos, qualidades morais, intelectuais, psicológicas, etc., pelo sangue (conceito fundamental para entender raças e certas essências). (GUIMARÃES, 2003, p.96) É possível afirmar então que o conceito de "raça" é um resultado de concepções que fazem parte dos discursos sobre origem (WADE, 1977, apud GUIMARÃES, 2003). As sociedades humanas constroem tais discursos referentes às suas origens e o transmitir dessas ideias entre gerações. Este é um campo particular às identidades sociais, pois o seu estudo refere-se a essas narrativas sobre origem. Para Guimarães (2008, p.76-77), até a “cor é uma categoria racial, já que quando se classificam as pessoas como negros, mulatos ou pardos, é a ideia de raça que orienta essa forma de classificação”. As Diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais, elaboradas pelo MEC (2004, p.13), esclarecem esse ponto: É importante destacar que se entende por raça a construção social forjada nas tensas relações entre brancos e negros, muitas vezes simuladas como harmoniosas, nada tendo a ver com o conceito biológico de raça cunhado no século XVIII e hoje sobejamente superado. Cabe esclarecer que o termo raça é utilizado com frequência nas relações sociais brasileiras, para informar como determinadas características físicas, como cor de pele, tipo de cabelo, entre outras, influenciam, interferem e até mesmo determinam o destino e o lugar social dos sujeitos no interior da sociedade brasileira. Contudo, o termo foi ressignificado pelo Movimento Negro que, em várias situações, o utiliza com um sentido político e de valorização do legado deixado pelos africanos. (BRASIL, 2004). Segundo Munanga (2010), o fenômeno do racismo é complexo, múltiplo e diversificado em sua história, características e manifestações. O racismo vem a ser o ato de transformar diferenças em desigualdades, promovendo a discriminação social embasado na ideia de que há hierarquias humanas e que um grupo é superior a outro. O que motiva esse ato de preconceito no Brasil, geralmente, é o estranhamento desse outro pelas características fenotípicas, por exemplo, ter a pele negra, cabelos crespos, entre outros sinais atrelados a características físicas de um grupo étnico. Já o conceito de etnia, em suma, pode ser entendido como um grupo definido pela mesma origem, ancestral comum, território geográfico, semelhanças históricas, raciais, religiosas, linguísticas e/ou culturais. Cabe pontuar que identidade, em uma perspectiva sociológica, em especial com base na pós-modernidade, considerando Bauman (2005), define-se como autodeterminação de um grupo ou indivíduo. Segundo ele, as identidades comumente referem-se às comunidades como sendo as entidades que as definem. Desse modo, identidade se revela como invenção e não descoberta; é um esforço, uma construção. Refletir sobre possuir uma identidade não ocorre enquanto se acredita em um pertencimento, mas sim quando se pensa em uma ação a ser constantemente elaborada. Tal concepção emerge da tensão do pertencimento (BAUMAN, 2005). De encontro ao que foi dito, porém focado no conceito de identidade por um viés cultural, Stuart Hall (2006) apresenta o significado do que intitula "identidades culturais" como sendo vertente de nossas identidades que nascem a partir de nosso "pertencimento" relacionado a culturas étnicas, raciais, linguísticas, religiosas e, acima de tudo, nacionais. Hall (2006) compreende que as atuais circunstâncias sociais estão "fragmentando as paisagens culturais de classe, gênero, sexualidade, etnia, raça e nacionalidade, que, no passado, nos tinham fornecido sólidas localizações como indivíduos sociais" (p. 9). Tamanhas mudanças modificam as identidades individuais, persuadindo a imagem de um sujeito integrado que temos de nós próprios. A predominância de uma ideologia eurocêntrica, que impera desde a colonização até os dias atuais, corroborou para a afirmação de uma superioridade branca sobre os demais povos (africanos, indígenas, asiáticos), e somente por meio da mobilização social desses grupos foi possível a criação de políticas públicas reparatórias. Assim, no Brasil, essa supremacia branca atingiu tanto materialmente quanto simbolicamente os negros e os indígenas, pois embora no presente, essa superioridade não seja dada pela afirmação biológica, como foi feito no passado, as formas de hegemonia branca são mais sutis e não menos cruéis, pois vigoram no plano do privilégio cultural, que inclui estética, ideias e religião. Cabe ressaltar aqui que não se trata de desconsiderar as contribuições de origem europeia para o conhecimento repassado pelas escolas, mas sim proporcionar representatividade ao incluir os demais povos nas escolas de maneira justa e igualitária. Nisso que consiste o enegrecimento da educação (GONÇALVES e SILVA, 2010). Considerando que por si só o conhecimento é um forma de poder, os espaços onde os saberes se formam e são transmitidos acabam sendo também espaços de disputas de poder. Logo, o destaque à história e à cultura europeia e euro-brasileira, perpassando pelas escolhas de autores que produzem saberes, é um indício do racismo brasileiro, que, para além do senso comum, igualmente é produzido/reproduzido nas academias de ensino. A fim de combater o racismo no sistema educacional vigente e legitimar a história desses grupos, dando a voz aos oprimidos, garantindo-lhes o lugar de fala, foi promulgada a lei que defende o combate às disparidades étnico-raciais no sistema educacional e, assim, desmitificar concepções propagadas pelo senso comum que estereotipam e reduzem pejorativamente esses povos. Por exemplo: “todo índio é preguiçoso”; “índio é interesseiro”; “negros têm mais aptidões a trabalhos com força física”; “todo negro sabe sambar” etc. Um dos pontos fundamentais defendidos pelas diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais é a luta contra o mito da democracia racial. Para isso, o documento diz que as Políticas de reparações voltadas para a educação dos negros devem oferecer garantias a essa população de ingresso, permanência e sucesso na educação escolar, de valorização do patrimônio histórico-cultural afro-brasileiro, de aquisição das competências e dos conhecimentos tidos como indispensáveis para continuidade nos estudos, de condições para alcançar todos os requisitos tendo em vista a conclusão de cada um dos níveis de ensino, bem como para atuar como cidadãos responsáveis

Essa pergunta também está no material:

TCC - Thamires Dias da Silva - 2018
44 pág.

💡 1 Resposta

User badge image

Ed Verified user icon

Parece que sua pergunta está incompleta. Você poderia reformulá-la para que eu possa ajudar?

0
Dislike0

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

✏️ Responder

SetasNegritoItálicoSublinhadoTachadoCitaçãoCódigoLista numeradaLista com marcadoresSubscritoSobrescritoDiminuir recuoAumentar recuoCor da fonteCor de fundoAlinhamentoLimparInserir linkImagemFórmula

Para escrever sua resposta aqui, entre ou crie uma conta

User badge image

Outros materiais