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Em geral, entendem o aspecto da comunicação de atributos. As ações são da pessoa divino-humana, mas não de uma energeia (operação), que aponta para...

Em geral, entendem o aspecto da comunicação de atributos. As ações são da pessoa divino-humana, mas não de uma energeia (operação), que aponta para uma única vontade. Essa posição, chamada monotelita, era defendida pelo imperador bizantino 46 A UNIÃO DAS NATUREZAS DO REDENTOR Heráclito (610-41). Na tentativa de reconciliar os adeptos de Calcedônia com os monofisitas, Heráclito emitiu um decreto, em 630, dizendo que, conquanto Cristo tivesse duas naturezas, em Jesus havia somente uma vontade. A controvérsia monotelita durou de 633 a 680. O imperador Heráclito havia proposto uma fórmula com transigência de apenas uma energia divina-humana (mia theandrike energeia), mas recebeu a oposição do Sexto Concílio Ecumênico, onde a heresia monotelita foi condenada. O mesmo concílio condenou o papa Honório I (625-638) como um herege monotelita, e seus sucessores confirmaram sua decisão. O monotelismo continuou entre os maronitas, no Monte Líbano.85 2. OS ACRÉSCIMOS DE CONSTANTINOPLA À DECLARAÇÃO DE CALCEDÔNIA Nesse Concílio de Constantinopla (680), foi reafirmada e aumentada a Declaração de Calcedônia, enfatizando as duas vontades (qelh/mata) distintas e inseparáveis de Cristo, assim como duas naturezas, estando a vontade humana e a vontade divina operando harmoniosamente, sendo a vontade humana submissa à vontade divina.86 O acréscimo que o Sexto Concílio de Constantinopla fez ao de Calcedônia teve a seguinte redação: E nós, igualmente, pregamos duas vontades naturais [du/o fisika\j qelh/seij = naturales voluntates]nele [Jesus Cristo], e duas opera- ções naturais [du/o fisika\j e)nergei/aj = duas naturales operatio- nes] indivisíveis, inconvertíveis, inseparáveis, sem mistura, de acor- do com a doutrina dos santos Pais; e as duas vontades naturais não [são] contrárias [longe disso], como os heréticos ímpios asseveram, mas sua vontade humana segue a vontade divina, e não é resistente ou relutante, mas antes sujeita à sua vontade divina e onipotente. Porque era próprio que a vontade da carne devesse ser movida, mas que fosse sujeita à vontade divina, de acordo com o mui sábio Atanásio.87 a. Duas vontades naturais no Redentor Essa expressão, duas vontades naturais [du/o fisika\j qelh/seij = naturales voluntates], que aparece no acréscimo feito por Constantinopla, em 680, deve ser devidamente entendida. Se a palavra vontade não significa a faculdade em si, mas a decisão tomada pela vontade (a vontade desejada, não a vontade que deseja), então é verdadeiro 85. Ver Philip Schaff, Creeds of Christendom, vol. II (Grand Rapids: Baker, 6ª. ed., 1990), 73. 86. Ibid., 72-73. 87. Schaff, Creeds of Christendom, II, 72. 47ERROS E ACERTOS SOBRE A UNIO PERSONALIS NA HISTÓRIA DA IGREJA que as duas vontades sempre agem harmoniosamente: há duas vontades que dese- jam, e há dois atos, que são o resultado da decisão tomada.88 Todavia, os monotelitas ensinam que há somente uma faculdade que deseja e um resultado de uma decisão tomada,89 porque há somente um elemento pessoal com uma natureza desejando e causando o surgimento de um ato. Os duotelitas [da ortodoxia cristã] ensinam que há duo thelemata (duas vontades), embora haja uma só pessoa. A palavra vontade (thelema) é também usada para significar não uma decisão da vontade, mas uma mera veleidade ou desejo, voluntas ut natura (thele- sis) em oposição a voluntas ut ratio (boulesis). Essa vontade conforme a natureza e vontade conforme a razão são dois movimentos da mesma faculdade chamada vontade. Ambos os movimentos existem na Pessoa de Jesus Cristo, segundo a natureza divina e segundo a natureza humana, ambos sendo movimentos perfeitos, e o movimento da vontade humana de Jesus Cristo é sem a imperfeição induzida pelo pecado original ou pelo pecado atual. Além disso, a palavra vontade também tem a conotação de apetite. O apetite é parte integral da natureza humana, e, por- tanto, existe na perfeita natureza humana de Jesus Cristo. Todavia, os monotelitas viram corretamente a vontade divina como o princípio governante supremo. Afinal de contas, como também crêem os da ortodoxia histó- rica, o controle da personalidade do Redentor é dependente de sua natureza divina, portanto, com vontade divina. A vontade humana de Cristo sempre esteve submis- sa à vontade divina, o que, para os monotelitas, parece inútil, porque para eles, então, não há uma vontade livre de Cristo, mas sim uma vontade agindo apenas como instrumento da divindade, sendo irracional – uma máquina, da qual a Divin- dade é o poder motivador.90 Portanto, a doutrina das duas vontades passou a ser a doutrina da ortodoxia cristã. Se abrirmos mão dela, teremos que abrir mão da dou- trina das duas naturezas. Nesse caso, o Cristianismo haveria de criar um Redentor que não é divino nem humano – mas um ser que é produto da mistura das duas naturezas, possuindo, portanto, uma só vontade. b. Duas operações naturais no Redentor A expressão de Constantinopla sobre as duas operações naturais (du/o fisika\j e)nergei/aj = duas naturales operationes) também precisa ser devidamente distin- guida. 88. Veja o artigo “Monothelitism and Monothelites”, na Enciclopédia Traditional Catholic. Net, no artigo que trata sobre as Duas Vontades e as Duas operações, uma espécie de comentário das decisões de Constantinopla em 680. http://www.traditionalcatholic.net/Tradition/Encyclopedia/Monothelitism.html, acessado em abril de 2004. 89. Em geral, os monotelitas confundiam a vontade com a decisão da faculdade. Eles argumentavam que duas vontades devem significar vontades contrárias, o que mostra que eles não podiam conceber as duas vontades distintas como tendo o mesmo objeto (ver artigo de Internet da nota anterior). 90. Ibid. 48 A UNIÃO DAS NATUREZAS DO REDENTOR A palavra grega energéias (energia, atividade, operação) aparece conjunta- mente com vontade. Em Cristo temos duas energéias (operações), por causa de suas duas naturezas. Essa palavra não deve ser entendida na definição de Constan- tinopla como sinônima de potentia, dynamis (que é o sentido aristotélico); nem ela deve também ser entendida simplesmente como ação, mas como a faculdade da ação, incluindo o ato dessa faculdade. As ações de Deus são inumeráveis na criação e na providência, mas sua ener- geia é uma, porque ele tem uma natureza, que é comum às três Pessoas. Todavia, as ações do Filho encarnado procedem de duas energeiai, porque ele tem duas naturezas. Todas as ações são de uma Pessoa, mas essa pessoa do Redentor age sempre de acordo com cada uma de suas duas naturezas. “Os monofisitas estão muitos certos em dizer que todas as ações, hu- mana e divina, do Filho encarnado devem ser atribuídas a um único agente (a Pessoa), que é o Deus-homem, mas [os monofisitas] estão errados em inferir que, conseqüentemente, suas ações, tanto humanas como divinas, devem ser chamadas ‘theandric’ ou ‘divino-humanas’, e devem proceder de uma única energeia divino-humana.”91 As duas operações (energeiai) no Redentor o levam a praticar ações que poderi- am ser vistas de modo distinto. Três personagens da história eclesiástica, Sofrônio,92 Máximo93 e João Damasceno,94 mostraram que as duas energeiai (operações) produ- zem três classes de ações, visto que as ações são complexas, e visto que algumas delas, portanto, mostram as duas operações misturadas, mas não confusas. 1. Ações divinas exercidas pelo Deus Filho em comum com o Pai e o Espírito Santo (e.g. manutenção do universo), nas quais a natureza humana não toma parte alguma, e essas ações não podem ser chamadas de divino-humanas, porque elas são puramente divinas. É verdade que é correto dizer que uma Criança [Jesus Cristo, que era o rei nascido em Belém da Judéia,] governava o universo, se eu olho esse assunto através da doutrina da communicatio idiomatum, onde a ação de uma das naturezas é atribuída à Pessoa completa, mas não posso, em sã

Essa pergunta também está no material:

Coleção fé evangélica - Heber Carlos de Campos - A união das naturezas do Redentor 672
672 pág.

Teologia Universidade Estácio de SáUniversidade Estácio de Sá

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