Recurso de revista. Adicional de insalubridade. Configuração. I. O tribunal regional manteve a sentença em que se condenou a reclamada ao pagamento...

Recurso de revista. Adicional de insalubridade. Configuração. I. O tribunal regional manteve a sentença em que se condenou a reclamada ao pagamento de adicional de insalubridade, em grau médio, por todo o período em que perdurou o contrato de trabalho, com base na constatação da presença de dois agentes insalubres: (a) frio, por a reclamante realizar trabalho em câmaras frigoríficas (anexo 9 da nr-15 da Portaria 3.214/78); e (b) agentes químicos, mais especificamente pelo contato da reclamante com álcalis cáusticos (anexo 9 da nr-15 da Portaria 3.214/78). II. Com relação ao adicional de insalubridade deferido pelo fato de haver trabalho realizado em câmaras frigoríficas, o recurso de revista não merece conhecimento. Não se constata violação do art. 189 da CLT, pois a corte regional reconheceu o direito ao adicional de insalubridade com base em laudo pericial em que se constatou que o trabalho realizado pela reclamante impunha condições nocivas à sua saúde. Não se configura a alegada violação do art. 190 da CLT, tendo em vista que o tribunal regional consignou expressamente que o reconhecimento de que a reclamante estava exposta ao frio ao realizar trabalho em câmara frigorífica encontra amparo no anexo 9 da NR-15 da Portaria 3.214/78. Não há ofensa ao art. 5º, II, da CF/88. A corte regional não emitiu pronunciamento explícito sobre a matéria tratada no referido dispositivo constitucional, motivo por que não há que se falar em ofensa a seus termos (óbice da Súmula nº 297 desta corte). Não se visualiza contrariedade à orientação jurisprudencial nº 4, I, da SBDI-I desta corte, pois a corte regional deferiu o pedido pelo fato de a insalubridade ter sido constatada por prova pericial, assim como diante do previsto no anexo 9 da NR-15 da Portaria 3.214/78. A indicação de ofensa à Portaria 3.311/89 do Ministério do Trabalho e emprego (MTE) não induz ao conhecimento do recurso de revista. Referida portaria não disciplina a caracterização da insalubridade e, portanto, não complementa a legislação trabalhista no tocante a esse tema (art. 200 da CLT), motivo pelo qual não há como enquadra-la na hipótese prevista no art. 896, c, da CLT. Quanto à alegada contrariedade à Súmula nº 460 do STF, ressalte-se que a indicação de contrariedade a Súmula do Supremo Tribunal Federal não consiste em hipótese de admissibilidade de recurso de revista, nos termos do art. 896 da CLT. Os arestos apresentados no recurso de revista não servem para demonstração de dissenso jurisprudencial. III. Tendo em vista o não conhecimento do recurso de revista quanto a um dos fundamentos da decisão (trabalho em câmara frigorífica), que por si só é suficiente para a manutenção do acórdão no tocante à percepção de adicional de insalubridade, faz-se desnecessária a análise dos argumentos da reclamada em relação à insalubridade em razão de exposição a agente químico. Recurso de revista de que não se conhece. Adicional de insalubridade. Base de cálculo. Vinculação ao salário mínimo. I. O tribunal regional confirmou a utilização do salário normativo como base de cálculo para o adicional de insalubridade deferido na sentença. II. Na reclamação nº 6.266/STF, o ministro Gilmar Mendes esclareceu que o adicional de insalubridade deve continuar sendo calculado com base no salário mínimo, enquanto não superada a questão da não recepção da vinculação por meio de Lei ou de ajuste coletivo. Assim, comporta ofensa ao art. 192 da CLT decisão em que se elege o salário normativo do empregado como base de cálculo do adicional de insalubridade, pois não há Lei nova nem notícia de norma coletiva aplicável ao caso dos autos que assim determine o cálculo do adicional de insalubridade. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento.