resumo ALGUNS EXEMPLOS DE VELHICES Quando o velho não é vítima de condições econômicas e fisiológicas que o reduzem ao estado de sub-homem, permanece, ao longo das alterações da senescência, o indivíduo que foi: sua última idade depende em grande parte de sua maturidade. A atitude aberta de Voltaire valeu-lhe, apesar de cruéis deficiências, uma bela velhice, enquanto Chateaubriand se reservou um fim soturno. Martirizados os dois na carne, Swift, o misantropo, e Whitman, o amante da vida, reagiram de maneiras muito diferentes: os furores do primeiro agravaram seus males, e o otimismo do segundo o ajudou a superar suas provações. Entretanto não há — longe disso — justiça imanente. A doença e o contexto social podem arruinar o fim de uma existência ativa e generosa. As opções anteriores e os acidentes presentes interferem para dar a cada velhice o seu aspecto. Dar-nos-emos conta disso examinando alguns casos individuais. É muito raro, mas pode acontecer que a velhice seja considerada o coroamento de uma existência. Foi o caso, como vimos, de Cornaro, de Fontenelle, que a tinham preparado durante toda a vida prudente e comedida que levaram. É, com o maior brilho, o caso de Victor Hugo, que, jovem ainda, concedera aos velhos um lugar de honra em sua obra. Seu exemplo faria pensar que, conscientemente ou não, preparamos para nós, no começo da vida, certa velhice; casualidades, em particular acidentes biológicos, podem desfigurála, mas, no que depende do indivíduo, ele a definiu por sua maneira de viver. Vimos que o ódio aos homens que inspirou a Swift a sinistra evocação dos Struddburg o levou a se tornar, ele mesmo, em seus últimos anos de vida, uma espécie de Struddburg. Em Booz, Eviradnus, Jean Valjean, Hugo desenhou a figura do patriarca que sonhava tornar-se: ele se tornou esse patriarca. Sabe-se que escrevera, aos 14 anos: “Quero ser Chateaubriand ou nada.” Na verdade, era com a glória de Napoleão que ele sonhava. O prefácio de Marion Delorme o confirma. Escreve ele, nesse prefácio: “Por que não viria agora um