Com base nas discussões propostas pela Nova Sociologia da Educação (NSE), inaugurada por Michael Young nos anos 1970, e nas análises de Moreira (1990), é possível compreender o currículo não mais como uma estrutura neutra, técnica ou meramente pedagógica, mas como uma construção social impregnada de significações políticas, ideológicas e culturais. Nesse sentido, o currículo passa a ser entendido como uma arena simbólica de disputa de hegemonias e um instrumento de produção e reprodução de identidades, saberes e hierarquias. Tendo em vista esse novo paradigma interpretativo, assinale a alternativa que melhor expressa a natureza complexa, multifacetada e historicamente situada do currículo, conforme os aportes teóricos da NSE: A) O currículo, na perspectiva crítica delineada pela NSE, é reconhecido como um artefato sociopolítico cuja elaboração está intrinsecamente vinculada à correlação de forças presentes no tecido social. Assim, ele deixa de ser concebido como um simples repositório de conteúdos prescritos e passa a ser interpretado como um mecanismo sofisticado de construção de sentidos, responsável por legitimar determinadas formas de conhecimento em detrimento de outras, refletindo a luta por autoridade cultural e por posicionamentos epistêmicos dominantes. B) A leitura tradicional do currículo como instrumento técnico de seleção e ordenação lógica do saber científico permanece como a mais eficaz na promoção da neutralidade pedagógica. C) A NSE, embora proponha críticas relevantes, não compromete a função principal do currículo, que é assegurar a universalidade dos conteúdos curriculares de modo uniforme, independentemente dos contextos sociais, econômicos ou culturais dos sujeitos envolvidos no processo educativo. A NSE reforça uma visão instrumental do currículo enquanto ferramenta de gerenciamento racional do conhecimento, sugerindo que sua estrutura deve ser centralizada na meritocracia, na eficiência pedagógica e na adequação aos padrões científicos clássicos. Dessa forma, a elaboração curricular deve desconsiderar disputas ideológicas, privilegiando o saber objetivo, neutro e universal como único critério legítimo de inclusão educacional. D) Na abordagem da Nova Sociologia da Educação, o currículo é concebido exclusivamente como um documento normativo, cuja função precípua é assegurar a coesão pedagógica entre as diferentes unidades escolares. A sua formulação deve partir de princípios generalistas e apolíticos, evitando tensionamentos culturais e afastando-se de posicionamentos que questionem a centralidade dos saberes eurocêntricos e a lógica tradicional de ensino-aprendizagem.
Ed
há 2 meses
Vamos analisar as alternativas apresentadas em relação à Nova Sociologia da Educação (NSE) e sua visão sobre o currículo: A) Esta alternativa reconhece o currículo como um artefato sociopolítico, enfatizando sua construção social e a luta por hegemonias culturais. Isso está alinhado com os princípios da NSE, que vê o currículo como um espaço de disputa de significados e identidades. B) Esta opção defende uma visão tradicional do currículo como neutro e técnico, o que contraria os princípios da NSE, que critica essa perspectiva. C) Esta alternativa sugere que a NSE não compromete a função universal do currículo e reforça uma visão instrumental, o que também vai contra a crítica da NSE à neutralidade e à universalidade do currículo. D) Esta opção apresenta o currículo como um documento normativo apolítico, o que não se alinha com a visão da NSE, que enfatiza a complexidade e a politicidade do currículo. Diante dessa análise, a alternativa que melhor expressa a natureza complexa, multifacetada e historicamente situada do currículo, conforme os aportes teóricos da NSE, é: A) O currículo, na perspectiva crítica delineada pela NSE, é reconhecido como um artefato sociopolítico cuja elaboração está intrinsecamente vinculada à correlação de forças presentes no tecido social.
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