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2. QUAL A VISÃO DE SÃO THOMAZ DE AQUINO SOBRE O JUSNATURALISMO E O POSITIVISMO JURÍDICO? QUAL A CONCEPÇÃO POR ELE ADOTADA?

💡 4 Respostas

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Direito Uninassau

O desenvolvimento do conceito de justiça por São Tomás de Aquino, em concordâncias parciais ou totais com outros filósofos, precedentes ou posteriores, influenciou nas teorias de direito natural (em latim lex naturalis) ou jusnaturalismo, que passou ser uma teoria que postula a existência de um direito cujo conteúdo é estabelecido pela própria natureza da realidade.

O jusnaturalismo, por vezes contrasta ao juspositivismo (direito positivo). Assim, para os que defendem o direito natural, o direito positivo não pode ser conhecido sem inferências ao direito natural.

Essa teoria do direito natural ou jusnaturalismo que abrange grande parte da filosofia de Tomás de Aquino e outros filósofos, dentre eles Francisco Suárez, Richard Hooker, Thomas Hobbes, Hugo Grócio, Samuel Von Pufendorf e John Locke, promoveu profunda influência no movimento do racionalismo jurídico do século XVIII, ocasião em surgem as noções de “direitos fundamentais” e o desenvolvimento da common law inglesa.

Tomás de Aquino, além de filósofo foi um teólogo que influenciou e continua influenciando de forma espetacular o cristianismo. Nesse sentido, por ter sido um filósofo com bases racionalistas herdadas de Aristóteles, não fechou os olhos para a transcendência da racionalidade, no conhecimento metafísico ou, melhor dizendo, no conhecimento e nas experiências com Deus.

A filosofia grega deu ênfase a distinção entre “natureza” (physis) e o “direito”, “costume” ou “convenção” (nomos), por isso para o gregos a natureza era única em qualquer lugar, enquanto que o direito poderia mudar de acordo com o lugar, assim, afirmar a existência do “direito da natureza”, para os gregos parecia um paradoxo. Nessa temática, Sócrates, e posteriormente seus herdeiros filosóficos, Platão e Aristóteles propuseram uma justiça natural ou um direito natural (latim: ius naturales), no entanto, Aristóteles é considerado o pai do direito natural, que passou influenciar de grande monta a Tomás de Aquino.

Aristóteles chegou afirmar que justiça natural é uma espécie de justiça política (justiça distributiva e corretiva) que ao se tornar lei seria chamada de “direito natural”.

Aristóteles nessa discussão do direito natural, através da “Retórica” apresenta que além das leis particulares que cada povo estabelece a si próprio, há uma lei “comum” conforme a natureza, não que necessariamente tal lei comum realmente exista, mas que deveria ser considerada.

Estas teorias tiveram grande influência sobre os juristas romanos e foram bases centrais para o futuro da teoria do direito.

Cícero, em sua obra De Republica, afirmou que “há uma lei verdadeira, norma racional, conforme à natureza, inscrita em todos os corações, constante e eterna, a mesma em Roma e em Atenas; tem Deus por autor; não pode, por isso, ser revogada nem pelo senado nem pelo povo; e o homem não a pode violar sem negar a si mesmo e à sua natureza, e receber o maior castigo”.[1]

Na visão teológica a teoria do direito natural passou ter significado através dos esforços de Agostinho de Hipona, que igualou o direito natural ao estado do homem antes da “queda”, o que lhe impede uma vida conforme a natureza, assim, os homens precisariam procurar a salvação por meio da lei divina e da graça. Os elementos bons existentes na natureza humana não foram erradicados, porém se tornaram vulneráveis e facilmente frustrados pelas más predisposições.[2]

Tomás de Aquino enfatizou que o homem pode aproximar-se do direito natural através de seu estado independente, com base na perfeição de sua razão, apesar de mesmo assim não conseguir compreender completamente o direito eterno. Nesse sentido as leis humanas deveriam ser medidas com base no direito natural. Assim, o direito natural passou ser uma forma, além de avaliar a validade moral das leis, de determinar a intenção das leis.

Poderíamos dizer, com Aristóteles e São Tomás, que o Direito natural está para o Direito positivo, assim como os princípios da razão estão para a ordem especulativa.[3]

Thomas Hobbes deu novo rumo ao conceito do direito natural, nos tratados “Leviatã” e “De Cive”, em que direito natural seria um preceito ou regra geral, descoberto pela razão, pelo qual a um homem é proibido fazer aquilo que é ruinoso para com a sua vida ou que lhe tira os meios de preservá-la; e de omitir aquilo que ele pensa que pode melhor preservá-la.

Thomas Hobbes, apesar de um defensor do direito natural, considerava que a sociedade não poderia se sustentar apenas no direito natural, o que culminaria em guerra de todos contra todos, portanto, a necessidade da criação de um direito positivo ou um contrato social, garantido por um poder centralizado que estabeleceria regras de convívio pacífico. Essa crítica de Thomas Hobbes da impossibilidade de uma sociedade se sustentar apenas com o direito natural foi a base dos seguidores do positivismo jurídico.

Com base nessa visão geral da história que norteou o direito natural, o presente estudo em como base principal visualizar o processo de formação do conceito de justiça por São Tomás de Aquino, para que fique compreensível e conclusivo o que norteou a teoria do direito natural.

Apesar do avanço que Tomás de Aquino deu a Teoria do Direito Natural em razão de sua visão de justiça, não podemos esquecer que antes da Idade Média o Apóstolo Paulo, na sua Epístola aos Romanos[4], afirma a existência de um “direito natural” quando diz que há uma lei escrita no coração do homem, e por isso até os gentios que desconhecem a lei são capazes de proceder “por natureza de conformidade com a lei”. Há nesse texto uma base de senso moral inato no homem, que o conduz ao bem, ainda que sem conhecer a lei escrita.

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Andre Smaira

Jusnaturalismo é o direito Natural onde todos os princípios, normas e direitos universal, imutável e independente da vontade humana.


Thomaz de Aquino afirma que os princípios morais são imutáveis e eternos do Direito Natural. Dessa forma, o Direito positivo deve surgir dos princípios. Senão, será considerado não justo, porque não condiz com a natureza humana.


Dessa forma, o direito natural deve surgir dos princípios morais.

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Andre Smaira

Jusnaturalismo é o direito Natural onde todos os princípios, normas e direitos universal, imutável e independente da vontade humana.


Thomaz de Aquino afirma que os princípios morais são imutáveis e eternos do Direito Natural. Dessa forma, o Direito positivo deve surgir dos princípios. Senão, será considerado não justo, porque não condiz com a natureza humana.


Dessa forma, o direito natural deve surgir dos princípios morais.

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