A regra adotada pelo ordenamento jurídico,é de que a norma não poderá retroagir,ou seja,a lei nova não será aplicada às situações constituídas sobre a vigência da lei revogada ou modificada (princípio da irretroatividade). Sim.Carlos Roberto Gonçalves em sua doutrina,afirma que a irretroatividade das leis não possui carácter absoluto,por razões de políticas legislativas,que por sua vez podem recomendar que em determinadas situações,a lei seja retroativa,atingindo os efeitos dos atos jurídicos praticados sob o império da norma antiga.Sim,tem um limite. No Art.5°,XXXVI da C.F,protege três situações afirmando que "a lei não prejudicará o direito adquirido,o ato jurídico perfeito e a coisa julgada".
Segundo Maria Helena Diniz, quando uma lei modifica ou regula, de forma diferente, a matéria versada pela lei anterior, seja em decorrência da ab-rogação (revogação total da lei anterior) ou pela derrogação (revogação parcial da lei anterior), podem surgir conflitos entre as novas disposições e as relações jurídicas já consolidadas sob a égide da velha norma revogada
Nesse diapasão, Carlos Roberto Gonçalves ensina que a doutrina reconhece três tipos de retroatividade:
Retroatividade máxima, também chamada de restitutória, que é aquela em que a lei nova ataca fatos pretéritos, ou seja, fatos já consumados sob a vigência da lei revogada, prejudicando assim o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
Retroatividade média, que é aquela em que a lei nova atinge efeitos pendentes de atos jurídicos verificados antes da nova lei, como por exemplo, um contrato, em que uma prestação esteja vencida, mas ainda não foi paga.
Retroatividade mínima, também chamada de temperada ou mitigada, na qual a lei nova alcança e atinge os efeitos futuros de situações passadas consolidadas sob a vigência da lei anterior, como por exemplo, uma prestação decorrente de um contrato que não venceu e ainda não foi paga. Inclusive, existem alguns autores que defendem que neste aspecto não seria nem caso de retroatividade. Com isso, não se verifica propriamente a retroatividade, o que ocorre é tão somente a aplicação imediata da lei nova, que por sua vez seria uma situação intermediária entre a retroatividade e a irretroatividade.
(fonte: Diniz, Maria Helena. “Conflito de leis.”3. ed. rev. – São Paulo: Saraiva, 1998, pag. 36.
Gonçalves, Carolos Roberto. “Direito Civil, volume I: parte geral.” 6 ed. ver. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008, pag. 61.)
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