Bom galera, é visto no comezinho da introdução do direito das obrigações, dois aspectos, o aspecto do direito REAL e o direito PESSOAL.
Considerando o caso a seguir:
Na aquisição de um veiculo, via contrato de financiamento, com numero de parcelas de 24 vzs, João, adquirente e devedor, tendo do outro lado, veiculos S/A, administradora e credora. João vem cessar o pagamento das parcelas nos autos da 22° prestação, vem quebrar um tipo obrigacional, sendo ele? João possui o Direito Real sobre o veículo que esta adquirindo, mesmo sem sua quitação? A veiculos S/A poderá exercer algum tipo de Direito Pessoal contra João?
Aguardo Respostas meus caros Civilistas =)
Se for leasing ou alienação fiduciária, João possui a posse direta, e a veículos s/a a posse indireta (propriedade/direito real).
Apesar de a interrupção do pagamento caracterizar inadimplemento, podendo ensejar à resolução do contrato, há a interpretação do STJ de se aplicar a teoria do substancial adimplemento, nos casos onde quase todo o contrato foi adimplido, devendo o credor se utilizar de ação de perdas e danos ou execução, ao invés de reintegração de posse.
"DIREITO CIVIL. CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL PARA AQUISIÇÃO DE VEÍCULO (LEASING). PAGAMENTO DE TRINTA E UMA DAS TRINTA E SEIS PARCELAS DEVIDAS. RESOLUÇÃO DO CONTRATO. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. DESCABIMENTO. MEDIDAS DESPROPORCIONAIS DIANTE DO DÉBITO REMANESCENTE. APLICAÇÃO DA TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL. 1. É pela lente das cláusulas gerais previstas no Código Civil de 2002, sobretudo a da boa-fé objetiva e da função social, que deve ser lido o art. 475, segundo o qual "[a] parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos". 2. Nessa linha de entendimento, a teoria do substancial adimplemento visa a impedir o uso desequilibrado do direito de resolução por parte do credor, preterindo desfazimentos desnecessários em prol da preservação da avença, com vistas à realização dos princípios da boa-fé e da função social do contrato. 3. No caso em apreço, é de se aplicar a da teoria do adimplemento substancial dos contratos, porquanto o réu pagou: "31 das 36 prestações contratadas, 86% da obrigação total (contraprestação e VRG parcelado) e mais R$ 10.500,44 de valor residual garantido". O mencionado descumprimento contratual é inapto a ensejar a reintegração de posse pretendida e, consequentemente, a resolução do contrato de arrendamento mercantil, medidas desproporcionais diante do substancial adimplemento da avença. 4. Não se está a afirmar que a dívida não paga desaparece, o que seria um convite a toda sorte de fraudes. Apenas se afirma que o meio de realização do crédito por que optou a instituição financeira não se mostra consentâneo com a extensão do inadimplemento e, de resto, com os ventos do Código Civil de 2002. Pode, certamente, o credor valer-se de meios menos gravosos e proporcionalmente mais adequados à persecução do crédito remanescente, como, por exemplo, a execução do título. 5. Recurso especial não conhecido."
REsp 1051270 / RS
RECURSO ESPECIAL
2008/0089345-5
Muito Bom Guilherme. Parabéns, você leva minha aprovação. Mas vamos dar uma complicada, no caso de Joao, citado acima, ele não ópta pelo leasing, sendo apenas um contrato de compra e venda, comum entre duas partes civis. Onde ele se compromete em saldar suas obrigações, dividindo o veiculo em 36 vzs, mas não ópta pelo financiamento. Aplicar-se-á sua mesma teoria?
Lembrando que é um contrato inter partes, sem involvimento direto com o Estado.
^^
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Direito Civil II
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