O genero sendo tido como construção social que não deve ser imposto a crianças as mesmas devem ter direito de escolha como ser social, não tendo relacionamento com a sexualidade da mesma,
Primeiramente, o que é gênero? O conceito de gênero surgiu após muitos anos de luta feminista e de várias tentativas de explicações teóricas sobre a opressão das mulheres.
Segundo Miriam Grossi, os estudos de gênero são uma das consequências das lutas feministas (libertárias) dos anos 60. Nessa década a mulher aparece como indivíduo, um sujeito moral inconformado com o seu papel na sociedade e reivindicando uma posição política, ou seja, direitos sociais, educação, trabalho e respeito. Esses movimentos lutavam por uma vida justa e igualitária.
Faremos, abaixo, um breve resumo das teorias das principais antropólogas do século XX. Elas não foram as únicas a abordar o tema gênero, no entanto suas ideias foram as mais difundidas e utilizadas em outras teorias.
Joan Scott (1941)
Joan Scott foi influenciada pelas correntes pós-estruturalistas que se inspiraram no pensamento de Foucault e Derrida. Ela esquematizou uma nova forma de se pensar gênero, a partir de uma crítica a outras concepções, inclusive a do sexo/gênero, que, em sua opinião, eram incapazes de historicizar a categoria sexo e o corpo.
Assim, Scott reforça uma utilidade analítica para o conceito de gênero, para além de um mero instrumento descritivo, e chama a atenção para a necessidade de se pensar na linguagem, nos símbolos, nas instituições e sair do pensamento dual que recai no binômio homem/mulher, masculino/feminino.
Judith Butler (1956)
A autora fez uma crítica ao feminismo, contrapondo uma série de categorias - a princípio tão sólidas, tais como mulher e identidade. Butler expõe a ordem que prevê total coerência entre o sexo, gênero e o desejo/prática sexual em uma sociedade heteronormativa.
Nessa linha, Butler reconceitua gênero, compartilhando certas referências com Scott, e trazendo de vez o corpo e o sexo para o campo discursivo, questionando sua pretensa
materialidade.
Raewyn Connell (1944)
A socióloga Raewyn Connell deu ênfase também o papel das construções sociais e históricas. Connell traçou um caminho distinto para chegar a gênero. Ela chama a atenção para as formas como a sociedade lida com processos reprodutivos e diferenças entre os corpos e, logo, como os corpos são trazidos para as práticas sociais. Em suma, o que a sociedade faz com o corpo que lhe é dado.
Heleieth Saffioti (1934)
Heleieth Saffioti é brasileira e foi uma das mais importantes teóricas feministas do país, com reconhecimento internacional. Ela não inaugurou um novo conceito de gênero, mas certamente trouxe reflexões relevantes que impõem limites a certas escolas, fazendo inclusive um pedido: “feministas, usem menos gênero!”
Por ser uma autora de destaque, é válido nos debruçarmos sobre suas ressalvas. Com fim eminentemente militante, Saffioti alertou para os problemas políticos do conceito de gênero, o que ainda hoje dá nós na cabeça de todo feminista.
Podemos perceber, ao longo dos resumos, que o conceito de gênero foi abordado de formas muito diferentes no decorrer dos anos, mas a ideia de fluidez e da construção dos papéis de gênero continuaram muito presente até as teorias atuais, que desconstroem parte dessas crenças – assim como vários outros conceitos sociológicos.
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Aspectos Antropológicos e Sociológicos da Educação
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