Quais são os testes de força

Os testes laboratoriais são reconhecidos por seus resultados confiáveis e reprodutíveis. Isto significa que quando avaliamos um atleta num dinamômetro de força, podemos confiar que a força/torque será avaliada, e que os resultados podem ser comparados àqueles coletados em outras populações e/ou lugares, desde que respeitem procedimentos padronizados no momento da coleta dos dados. São exemplos famosos de testes/equipamentos laboratoriais a espirometria e seus diversos protocolos para mensuração do VO2max, os dinamômetros isocinéticos (Biodex, Cybex) e as plataformas de força. Os dados provenientes destes testes/equipamentos são gerados em unidades reconhecidas como watts, Newton, kg, litros, etc... Esta padronização, confiança e reprodutibilidade caracterizam a grande validade interna destes testes.

Contudo, nem todos os técnicos e atletas têm acesso a equipamentos sofisticados e avaliações laboratoriais, tornando importante o desenvolvimento e a investigação de testes de campo para a avaliação de capacidades físicas.

Os chamados testes de campo são aqueles realizados em condições específicas à prática esportiva. Por exemplo, testes de velocidade/resistência realizados por futebolistas de chuteira, na grama. Ou para jogadores de basquete/handebol/futsal usando tênis apropriado, na quadra. Os exemplos são muitos, e em diversas modalidades! Nas lutas, existem protocolos específicos para estimar capacidade aeróbia/anaeróbia no Judo, Taekwondo e Jiu Jitsu, por exemplo. Nestes casos, os testes contam com a vestimenta específica da modalidade e, por vezes, até com outro participante, a fim de reproduzir golpes específicos. Por possuírem esta especificidade entre o teste e a modalidade em si considera-se que tais protocolos de avaliação possuem grande validade externa. Seus resultados geram aplicabilidade prática geralmente maior do que os resultados dos testes laboratoriais. Porém, estes testes geralmente são conduzidos em condições não tão rigorosamente controladas (como o clima, o terreno), com materiais mais simples (como cronômetro, fita métrica) e tem seus resultados expressos em unidades como número de repetições, tempo, altura, entre outros.

Provavelmente, um dos testes de campo mais conhecidos e reproduzidos é o teste de Cooper (1968). Neste estudo clássico, 115 oficiais da força aérea americana (de 17 a 52 anos) foram avaliados basicamente em dois momentos: percorrendo a maior distância possível durante 12 min numa pista e durante um teste em esteira para determinação do consumo máximo de oxigênio. Foi encontrada correlação positiva entre as duas variáveis, ou seja, quem corria maiores distâncias em pista durante 12 min apresentava maiores valores de consumo de oxigênio utilizando-se da espirometria em laboratório.

Bruno Balke, em 1963, publicou um artigo que praticamente fundamentou o teste de Cooper 5 anos depois. Ele afirmou que testes de campo devem englobar um exercício físico familiar ao praticante, avaliando dados mensuráveis que possam gerar informações significantes. Portanto, sabe-se que a maior especificidade de um teste (como os de campo), remete a uma grande validade externa, porém a quantificação da variável a ser avaliada nem sempre é representativa, ou seja, a validade interna pode não ser relevante!

Atualmente, existe o esforço dos cientistas do exercício em gerar dados válidos e confiáveis e coletados em situações cada vez mais específicas da modalidade. Como exemplo, podemos citar o uso de sensores para determinar com exatidão a velocidade de um futebolista no campo, de chuteira. Ou mesmo o uso de espirometria em atletas de Judô/Taekwondo/Jiu Jitsu para determinar o consumo de oxigênio de diferentes técnicas ou em uma simulação de combate.