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Um resumo da interdependência complexa.

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Emily Rafany

(minha parte de um trabalho)

Em 1977, Keohane e Nye lançaram o livro “Poder e Interdependência: Política Mundial em transição”, dando bases para a teoria da interdependência complexa dentro do neoliberalismo. Eles construíram a teoria olhando a realidade dos anos 70 e tentaram extrair dela variáveis explicativas (conceitos claros e precisos) para compreender a mutação da política internacional.

A crise do petróleo de 73 evidenciou a incipiente situação de interdependência dos países. Era uma situação do sistema internacional que já não podia ser explicado pelo realismo, uma vez que já não era mais possível pensar o sistema internacional a partir simplesmente do ângulo da segurança. A economia internacional havia evoluído para uma etapa em que o poder passava a ser exercido mediante o uso dos mecanismos financeiros e comerciais, sem haver a necessidade do uso da força.

E, desse modo, chegaram ao seguinte questionamento: Quais as características dominantes da política internacional quando a interdependência, em particular econômica, é extensiva? E assim, três características principais foram elencadas: a importância de atores não-estatais, a ausência de uma hierarquia fixa de temas na agenda das relações interestatais e, por fim, a diminuição da efetividade do uso da força enquanto instrumento de política.

Interdependência significa dependência mútua, caracterizada por efeitos mútuos entre países e atores diferentes. Tais efeitos seriam resultado de transações internacionais, fluxos de capital, bens, pessoas e mensagens através de fronteiras. A dependência mútua não significa o equilíbrio entre as partes, o normal é situações desbalanceadas e assimétricas que garantam a um ator influenciar as ações dos demais. Desse modo, interdependência não significa que as relações serão harmoniosas e que os ganhos serão iguais. Ela pode facilitar a cooperação, mas não necessariamente ela vá ocorrer.

Essa interdependência é complexa pois não se resume a depender mutuamente, ela envolve custos para os atores que são sentidos e percebidos de formas diferentes.  Esses custos traduzidos trazem dois conceitos centrais: a sensibilidade e a vulnerabilidade. O fato de um Estado ser sensível a um determinado tema ou acontecimento, não quer dizer que ele seja vulnerável.  Ou seja, os conceitos são distintos. A sensibilidade diz respeito ao grau de afetação, de impacto, de uma ocorrência. A vulnerabilidade é sobre a capacidade de você se ajustar àquela situação, sua capacidade de resposta, de se adaptar à nova situação. A partir destas variáveis podemos afirmar que quem tem mais poder é quem é menos vulnerável. E esse poder é multitemático (tem a ver com os recursos de um ator, vem da assimetria).

A barganha e a negociação são ações importantes na interdependência, pois podem influenciar na relação de custos e benefícios, a depender dos valores e preferências dos atores. A guerra, assim como um ambiente pacífico, são resultados da negociação e da análise de custos e benefícios. Dessa forma os ganhos podem ser absolutos: não é um jogo de soma zero.

A abordagem da interdependência enfatizou a importância das organizações internacionais para criar condições favoráveis à cooperação, visto que são espaços nos quais atores se encontram para negociar. Para Keohane e Nye, embora a interdependência possa ser fonte de conflitos, por meio das organizações internacionais seria possível administrá-los.

Essas organizações agem como instrumento eficaz de negociação na barganha entre os países. Portanto, a Interdependência é caracterizada por uma disputa assimétrica entre os atores, uma arena de conflito e de cooperação, que obtém como resultados perdas e ganhos, em maior ou menor proporção. Geralmente, nesse jogo todos ganham, não há perdedores, de tal forma que se transformam em dependentes uns dos outros. (DI SENA JÚNIOR, 2003)

Por fim, cabe ressaltar as principais diferenças entre liberalismo e neoliberalismo. O neoliberalismo não aborda mais a paz e natureza humana e traz o conceito de poder, mas ainda contém a ideia de que o Estado não é uma caixa preta e o que acontece internamente importa.

Em 1977, Keohane e Nye lançaram o livro “Poder e Interdependência: Política Mundial em transição”, dando bases para a teoria da interdependência complexa dentro do neoliberalismo. Eles construíram a teoria olhando a realidade dos anos 70 e tentaram extrair dela variáveis explicativas (conceitos claros e precisos) para compreender a mutação da política internacional.

A crise do petróleo de 73 evidenciou a incipiente situação de interdependência dos países. Era uma situação do sistema internacional que já não podia ser explicado pelo realismo, uma vez que já não era mais possível pensar o sistema internacional a partir simplesmente do ângulo da segurança. A economia internacional havia evoluído para uma etapa em que o poder passava a ser exercido mediante o uso dos mecanismos financeiros e comerciais, sem haver a necessidade do uso da força.

E, desse modo, chegaram ao seguinte questionamento: Quais as características dominantes da política internacional quando a interdependência, em particular econômica, é extensiva? E assim, três características principais foram elencadas: a importância de atores não-estatais, a ausência de uma hierarquia fixa de temas na agenda das relações interestatais e, por fim, a diminuição da efetividade do uso da força enquanto instrumento de política.

Interdependência significa dependência mútua, caracterizada por efeitos mútuos entre países e atores diferentes. Tais efeitos seriam resultado de transações internacionais, fluxos de capital, bens, pessoas e mensagens através de fronteiras. A dependência mútua não significa o equilíbrio entre as partes, o normal é situações desbalanceadas e assimétricas que garantam a um ator influenciar as ações dos demais. Desse modo, interdependência não significa que as relações serão harmoniosas e que os ganhos serão iguais. Ela pode facilitar a cooperação, mas não necessariamente ela vá ocorrer.

Essa interdependência é complexa pois não se resume a depender mutuamente, ela envolve custos para os atores que são sentidos e percebidos de formas diferentes.  Esses custos traduzidos trazem dois conceitos centrais: a sensibilidade e a vulnerabilidade. O fato de um Estado ser sensível a um determinado tema ou acontecimento, não quer dizer que ele seja vulnerável.  Ou seja, os conceitos são distintos. A sensibilidade diz respeito ao grau de afetação, de impacto, de uma ocorrência. A vulnerabilidade é sobre a capacidade de você se ajustar àquela situação, sua capacidade de resposta, de se adaptar à nova situação. A partir destas variáveis podemos afirmar que quem tem mais poder é quem é menos vulnerável. E esse poder é multitemático (tem a ver com os recursos de um ator, vem da assimetria).

A barganha e a negociação são ações importantes na interdependência, pois podem influenciar na relação de custos e benefícios, a depender dos valores e preferências dos atores. A guerra, assim como um ambiente pacífico, são resultados da negociação e da análise de custos e benefícios. Dessa forma os ganhos podem ser absolutos: não é um jogo de soma zero.

A abordagem da interdependência enfatizou a importância das organizações internacionais para criar condições favoráveis à cooperação, visto que são espaços nos quais atores se encontram para negociar. Para Keohane e Nye, embora a interdependência possa ser fonte de conflitos, por meio das organizações internacionais seria possível administrá-los.

Essas organizações agem como instrumento eficaz de negociação na barganha entre os países. Portanto, a Interdependência é caracterizada por uma disputa assimétrica entre os atores, uma arena de conflito e de cooperação, que obtém como resultados perdas e ganhos, em maior ou menor proporção. Geralmente, nesse jogo todos ganham, não há perdedores, de tal forma que se transformam em dependentes uns dos outros. (DI SENA JÚNIOR, 2003)

Por fim, cabe ressaltar as principais diferenças entre liberalismo e neoliberalismo. O neoliberalismo não aborda mais a paz e natureza humana e traz o conceito de poder, mas ainda contém a ideia de que o Estado não é uma caixa preta e o que acontece internamente importa.

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