á, no entanto, umas poucas certezas de que a pesquisa acumulada oferece em relação ao tema:
1. a influência da mídia assim como a decisão do voto são processos de longo prazo. Vale a observação feita por Paul Lazarsfeld em 1953: “As eleições decidem-se pelos acontecimentos que têm lugar em todo o período compreendido entre as eleições e não pela campanha”.
2. a influência da mídia varia de acordo com suas próprias características, assim como com os padrões de seu “consumo”. Vale dizer: numa sociedade como a brasileira, sem tradição de leitura e com baixa circulação da mídia impressa (jornais e revistas), a influência desta será menor do que aquela da mídia eletrônica (rádio e televisão).
Há uma polêmica não resolvida em relação ao poder dos jornais de “pautar” a mídia eletrônica, inclusive pelo fato de que alguns de seus principais “formadores de opinião” são multimídia e circulam entre diferentes veículos dos mesmos grupos empresariais. Aqui, a melhor maneira de resolver a questão é examinar caso a caso.
3. a influência da mídia será menor quanto maior for a pluralidade e a diversidade da informação política disponível. É por isso que o surgimento da internet e sua incrível penetração nas chamadas classes C e D está provocando uma ruptura com os paradigmas tradicionais de formação de opinião que prevaleceram em nosso país durante as últimas décadas.
4. a influência da mídia aumenta na mesma medida em que o mandato em disputa “se distancia” do dia-adia do eleitor. Vale dizer: a influência na decisão do voto será maior em uma eleição para presidente da República do que para vereador ou prefeito; será maior na eleição para senador do que na de deputado estadual. Isto porque “a distância” faz diminuir a possibilidade do eleitor conhecer diretamente – sem a “mediação” da mídia – os atributos do candidato.
5. a influência da mídia diminui na medida em que aumentam os índices de escolaridade e a organização política da sociedade civil. Os dados revelam que, desde as eleições presidenciais de 1989 até as eleições de 2006, essas alterações, tanto num quanto no outro, foram extrema-mente significativas no Brasil.
Se por um lado há poucas certezas, por outro, é interessante observar que a preocupação com a influência da mídia nos resultados eleitorais é recorrente nas democracias. É o que ocorre agora, por exemplo, nos EUA. Lá o candidato Republicano reclama, com razão, do grande desequilíbrio existente a favor do Democrata.
Não se trata, portanto, de uma preocupação brasileira, justificada, aliás, tento em vista o histórico de comprometimento da mídia com grupos políticos.
Com relação às eleições municipais deste ano, sabe-se que não tem havido isenção nem imparcialidade na Folha, Estadão, Globo e JB. É o que revela o acompanhamento feito pelo Doxa do Iuperj. Nada de novo. O que não se sabe, todavia, é qual será exatamente a influência da ausência de isenção e imparcialidade nos resultados eleitorais.
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