Augusto dos Anjos é considerado pela crítica literária o mais original dos poetas brasileiros. Basta ler alguns de seus poemas para comprovar a singularidade de sua linguagem e criação estética, elementos permeados por um profundo pessimismo e angústia moral.Biografia de Augusto dos AnjosAugusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu em Engenho Pau D'Arco, na Paraíba, em 20 de abril de 1884. Cursou Direito em Recife, mas não seguiu a carreira do pai: vivia de lecionar Língua Portuguesa em seu estado e, posteriormente, no Rio de Janeiro, para onde se transferiu em 1910 com sua esposa, Ester Fialho. Na capital federal, trabalhou na Escola Normal, no Ginásio Nacional e depois no Colégio Pedro II sem, contudo, conseguir efetivação como professor.Em 1911, com a morte de seu primeiro filho, viveu a primeira grande tragédia de sua vida pessoal. Em 1913, mudou-se para Leopoldina, em Minas Gerais, onde também lecionou. Em 1912, foi publicado seu único livro, Eu, que, surgido em um momento de transição na Literatura Brasileira, apresentou características do parnasianismo e do simbolismo. Augusto dos Anjos faleceu aos 30 anos de idade, vítima de pneumonia, no dia 12 de novembro de 1914, na cidade de Leopoldina.Características do estilo literário de Augusto dos Anjos:As inovações temáticas e de estilo fizeram de Augusto dos Anjos um importante poeta brasileiro, embora tenha publicado apenas um livro ao longo de sua vida. O “mau gosto” do vocabulário rebuscado e científico, a dimensão cósmica, a angústia moral e o pessimismo de sua poesia – características encontradas em um de seus mais famosos poemas, Psicologia de um Vencido – tornaram-no um escritor sem igual na Literatura Brasileira, cuja vida e obra ainda despertam o interesse do público.Psicologia de um VencidoEu, filho do carbono e do amoníaco,Monstro de escuridão e rutilância,Sofro, desde a epigênese da infância,A influência má dos signos do zodíaco.Profundissimamente hipocondríaco, Este ambiente me causa repugnância... Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia Que se escapa da boca de um cardíaco.Já o verme — este operário das ruínas —Que o sangue podre das carnificinas Come, e à vida em geral declara guerra,Anda a espreitar meus olhos para roê-los, E há-de deixar-me apenas os cabelos, Na frialdade inorgânica da terra!
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