O que é o Complexo de Histocompatibilidade Principal (MHC) e quais suas funções?

São proteínas especializadas que são expressas na superfície da célula hospedeira, e são responsáveis por apresentar os antígenos para o reconhecimento por células T CD4+ (MHC de classe II) e por células T CD8+ (MHC de classe I).

O MHC de classe I (expresso em todas as células nucleadas) apresenta preferencialmente antígenos presentes no citoplasma da célula: as proteínas do antígeno são digeridas no proteassoma da célula. A enzima ubiquitina ligase reconhece essas proteínas alteradas ou senescentes e elas são ubiquitiniladas. Quando a proteína se liga a ubiquitina, isso significa que ela precisa ser degradada, então ela vai para o proteassoma. Enquanto essas proteínas são digeridas no proteassoma, gerando peptídeos, o MHC está sendo formado simultaneamente no retículo endoplasmático rugoso (as proteínas calnexinas mudam a conformação tridimensional do MHC I para estabilizar ele na membrana). Dentro do RER, existe um transportador associado ao processamento antigênico (TAP) que se liga ao MHC I via tapasina (proteína de ancoramento). Isso faz com que haja a abertura de um canal da membrana do RER, que permite que as proteínas degradadas no proteassoma entrem no RER e se liguem ao MHC I. Uma vez que os peptídeos do antígeno entram no RER, eles se ligam no MHC I e a tapasina perde a afinidade com o complexo entre TAP-MHC e param de entrar peptídeos. Depois, o complexo MHC-antígeno é exportado em uma vesícula e é exposto na superfície celular, para ser apresentado ao linfócito T CD8, que pode induzir a morte celular por apoptose se ela reconhecer que é um peptídeo exógeno.

Já o MHC classe II é expresso principalmente em leucócitos, células dendríticas, macrófagos, células epiteliais do timo e linfócitos B. O MHC classe II também tem seu processamento feito no RER, por isso é gerada uma cadeia invariante (sempre igual) que se liga ao MHC classe II na sua fenda de ligação com o antígeno. Isso acontece para impedir que os peptídeos que entraram no RER pelo poro formado pelo MHC classe I se liguem ao MHC classe II. Nesse processamento existe uma proteína chamada HLA-DM que se associa ao compledo do MHC II com a cadeia invariante. Então, esse novo complexo inteiro (MHC II + cadeira invariante + proteína HLA-DM) é vesiculado e exposto no endolisossoma. Ao mesmo tempo, um antígeno processo e fagocitado por essa célula APC é digerido no lisossoma. O MHC classe II resiste a enzimas do endolisossoma, mas a cadeia invariável não. Com isso, a cadeia invariável é digerida e sobra o "clip" da cadeia. A proteína HLA-DM retira esse clip e a fenda para a ligação do antígeno fica exposta. O peptídeo antigênico então se liga ao MHC classe II e esse complexo do MHC classe II com o antígeno é transportado para a membrana celular, para ser exposto e apresentado ao linfócito T CD4. O linfócito é ativado após a interação do seu correceptor com o MHC II e secreta citocinas para desenvolver a resposta imune.

É um locus de genes polimórficos que codificam as moléculas de classe 1 e 2, assim como outras proteínas. A função consiste em se ligar a peptídeos antigênicos e apresentá-los aos linfócitos T específicos. Ou seja, dentre uma das funções mais específicas consiste em controlar a resposta dos anticorpos, o que explica o fato de algumas pessoas entrarem em contato com alguns microrganismos e não desenvolverem doença.