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PARÂMETROS DE AVALIAÇÃO DE TESTES DIAGNÓSTICOS Teste diagnóstico – avaliação da confiabilidade Concebido para teste laboratorial, mas também se aplica à informação clínica obtida na história, exame físico ou de imagem. Exatidão x precisão Avaliação dos resultados Para a decisão sobre os resultados dos testes, os dados são geralmente dicotômicos: • Presente/ ausente • Anormal / normal • Doente/ sadio Sensibilidade e a especificidade São propriedades de um teste para a tomada de decisão sobre pedir ou não um teste. SENSIBILIDADE: é a capacidade do teste de identificar os verdadeiros doentes dentro de um grupo de doentes, ou seja, um teste que seja positivo em que tem doença. Por exemplo: Testes com alta sensibilidade que dão negativo, servem para excluir a doença (triagem). É utilizado no rastreio de uma doença e triagens em bancos de sangue. São poucos os falsos positivos. Se um teste deu negativo, deve-se verificar a sensibilidade. ESPECIFICIDADE: é a capacidade encontrar os não doentes dentro do grupo dos sadios, ou seja, teste dá negativo em que não tem a doença. Por exemplo: Testes com alta especificidade que dão positivo são confirmatórios para a doença. Um teste muito específico pode não positivar em casos mais raros ou com mutações (falso negativo). Usado para confirmar a suspeita de doença – exame confirmatório. São poucos os falsos positivos. Se um teste de positivo, deve-se verificar a especificidade, para saber se o resultado é confiável. Atenção – limitações: Não existe teste que seja 100% sensível e 100% específico. Todos os testes podem falhar (laboratoriais, imagem, clínico, etc.). Sensibilidade e especificidade são calculadas em estudos científicos de acurácia. Por exemplo, se for lançar um novo teste para detectar câncer de próstata, tem que informar qual a sensibilidade e especificidade desse teste. Valor preditivo Valor preditivo positivo (VPP): é a probabilidade de um indivíduo avaliado e com resultado positivo ser realmente doente. Quanto maior o VPP, maior a possibilidade da doença. Valor preditivo negativo (VPN): é a probabilidade de um indivíduo avaliado e com resultado negativo ser realmente normal. Quanto maior o VPN, maior a probabilidade de não ter a doença. Quanto menor for a sensibilidade, maior o número de falsos negativos. Quanto menor for a especificidade, maior o número de falsos positivos. Estudos científicos devem validar os testes diagnósticos – verificar se são bons ou ruins para a prática clínica. MEDICAMENTOS QUE ATUAM SOBRE O SI Classes de fármacos • Analgésicos • Anti-inflamatórios: inibem inespecificamente a função de células inflamatórias (macrófagos, neutrófilos, basófilos e mastócitos). São não resolutivos, ou seja, não atuam na causa da inflamação, apenas controlam seus efeitos no organismo (tratamento sintomático). Seu uso é controverso → tira a inflamação dando conforto, mas retira a resposta. Podem ser de dois tipos: o Anti-inflamatórios não hormonais (AINEs): nimesulida, diclofenaco, naproxeno, cetoprofeno o Anti-inflamatórios hormonais (corticoides): são mais potentes do que os não hormonais, porém têm mais efeitos colaterais significativos. • Drogas modificadoras da doença • Outros medicamentos CORTICOESTEROIDES São hormônios esteroides de 21 carbonos derivados do metabolismo do colesterol. Apresentam importante e potente ação anti-inflamatória e antialérgica. Em doses maiores são, também, imunossupressores (tratamento de doenças autoimunes como artrite reumatoide, lúpus, doença inflamatória intestinal, doença de pele). O pico de cortisol é no meio do dia e decai à noite. Por isso, a maior parte dos sintomas, como febre e dor, aparece à noite. Assim, o corticosteroide deve ser tomado pela manhã para não dar insônia. O uso de corticosteroides começou em 1948 com a hidrocortisona no tratamento de doenças inflamatórias. Ainda é tratamento padrão para muitas doenças inflamatórias imunológicas e não imunológicas. Na tabela acima há alguns exemplos de corticosteroides. A prednisona e prednisolona são os principais medicamentos de uso oral, tanto na forma de suspensão quanto na forma de comprimidos. A primeira está na sua forma inativa, já a segunda na forma ativa. A dexametasona e betametasona são as mais potentes de me maior duração da ação. Há pomadas dessas duas últimas medicações. Os corticosteroides devem ser empregados em frequência elevada para socorro sintomático (choque anafilático, urticária, inflamação aguda refratária, etc.). em situações especiais como quando o sofrimento do doente resiste aos esquemas planejados com outras drogas, principalmente em quadros agudos. Principais indicações clínicas: • Quadros agudos → socorro sintomático • Asma (por inalação ou via sistêmica); • Condições inflamatórias da pele, olhos, ouvidos e nariz (uso tópico); • Em estados de hipersensibilidade, como em reações alérgicas graves a drogas ou ao veneno de insetos; • Em combinação com agentes citotóxicos no tratamento de malignidades específicas; • Para reduzir o edema cerebral em pacientes com tumores cerebrais primários e metastáticos (dexametasona); • Como componente do tratamento antiemético em combinação com a quimioterapia; Efeitos anti-inflamatórios dos corticosteroides sobre os eventos celulares Os corticosteroides reduzem a movimentação e proliferação de células imunes (neutrófilo, macrófagos, linfócitos, NK, etc.), sendo muito amplo na atuação sobre o sistema imunológico. Essa amplitude é prejudicial, pois imunodeprime muito o paciente. Áreas de inflamação aguda ↓leucócitos Áreas de inflamação crônica ↓células mononucleares (linfócito, macrófago e células dendríticas); ↓proliferação de vasos sang. Fibrose Áreas linfoides ↓ expressão de células T e B ↓ ação das células TCD4 Mediadores inflamatórios ↓produção e ação das citocinas ↓produção de IgG e pt séricas do sist complemento Por que não usar? Não altera a evolução natural da doença, é o tratamento sintomático; Com o uso crônico (>2 semanas) provoca efeitos colaterais danosos ao paciente, como supressão da movimentação, multiplicação e ação das células imunes. São observados principalmente com o uso sistêmico prolongado a supressão da síntese de glicocorticoides endógenos, que pode levar a Síndrome de Cushing, osteoporose, miopatia, retardo do crescimento, retenção de Na e água, catarata, glaucoma, descompensação no diabetes e transtornos psiquiátricos. Síndrome de Cushing É mais perceptível em mulheres e caracterizada por: • Queda de cabelo • Estresse, irritabilidade • Pressão alta • Diminuição de massa magra e fraqueza muscular • Aumento de gordura abdominal e retenção de líquidos • Dificuldade para engravidar e menstruação irregular • Estrias, cicatrização difícil, manchas avermelhadas • Osteoporose em pessoas mais jovens Há o surgimento rápido de obesidade troncular, corcova de búfalo, ganho ponderal e face em lua cheia com doses supra fisiológicas (>7,5mg/dia). É uma síndrome parcialmente reversível. Supressão adrenal O uso por curto prazo (< 1-2 semanas) não provoca, geralmente, atrofia suprarrenal. No entanto, o uso por longo prazo, mesmo que em doses pequenas, provoca supressão suprarrenal, podendo levar meses para voltar ao normal. Como o cortisol atua por feedback negativo, se há excesso de cortisol, essa informação chega no hipotálamo, que dá o comando para a adeno-hipófise, que dá o comando para o córtex da adrenal suprimir a produção de cortisol. Se suspender abruptamente o uso do corticosteroide, pode resultar em “crise adrenal aguda”. Por isso, é importante fazero desmame do corticosteroide. Por exemplo, se o paciente estava usando o 20mg/dia durante 30 dias, passa a usar por 5 dias 10mg/dia e depois mais 5 dias 5mg/dia, para a suprarrenal vá voltando ao normal. Uso de corticosteroides na Covid Tratamento para pacientes com doença moderada/ grave → CTC + anticoagulantes + suporte de oxigênio adequado. Não se deve utilizar em pacientes assintomáticos ou oligossintomáticos. Em pacientes sintomáticos, mas por curto período de tempo, pode-se usar. Também em hospitalizados que necessitam de oxigenoterapia. Será usado após 5 dias e durante 5-6 dias. DROGAS MODIFICADORAS DO CURSO DA DOENÇA Imunomoduladores Ao contrário dos corticosteroides, os imunomoduladores (que também são imunossupressores), não são tão abrangentes, mas sim, mais pontuais. São muito utilizados em pessoas que sofreram transplante de órgãos. O Aloenxerto é um tipo de enxerto usado no transplante entre indivíduos de mesma espécie. A grande maioria dos enxertos é feita dessa maneira, como de rim ou pulmão. A rejeição dos transplantes é uma resposta imune celular. Quando é feito o transplante, o tecido vai apresentar o MHC alogênico (estranho) que será reconhecido pelo sistema imunológico. A célula dendrítica vai capturar o MHC e vai apresentar uma resposta imune adaptativa direcionada contra o MHC alogênico. Essa resposta é mediada por linfócitos T, principalmente (LTCD8). É uma resposta imune intensa e precisa ser controlada com medicamentos. Relembrando: O que é MHC qual a sua função? O MHC codifica um grupo de antígenos ou proteínas encontrado na superfície das células. Este complexo identifica e impede que um corpo estranho entre ou se espalhe no organismo. Isso geralmente acontece em coordenação com o sistema imunológico que desencadeia uma resposta imediata contra esses corpos estranhos. Tipos de drogas modificadoras do curso da doença: • Ciclosporina – foi a 1ª a ser utilizada para transplantes; • Tacrolimus - mais utilizada em transplantes; • Metotrexato; • Azatioprina; • Ciclofosfamida. Essas drogas são assim chamadas quando são capazes de reduzir a velocidade e a grandeza da inflamação, diminuindo as lesões teciduais. Como consequência, os danos articulares e outras manifestações são prevenidas. Essa intervenção é de grande importância prática, pois tenta prevenir danos, não apenas combatendo os sintomas da doença. O maior exemplo é a artrite reumatoide, mas pode ser também doença inflamatória intestinal, lúpus etc. Os imunomoduladores têm atuação em células hiper ativadas. Têm efeito supressor do sistema imunológico, reduzindo a inflamação. Seu uso contínuo pode mudar a história natural da doença, na prevenção de danos, pois reduz lesões teciduais. O efeito é mais demorado do que corticosteroides, porém são melhores a longo prazo. As classes são inibidores da calcineurina, antimetabólitos e anti proliferativo; INIBIDORES DA CALCINEURINA A calcineurina é uma molécula que ativa genes de citocinas: IL2, GM-CSSF (fator estimulante do crescimento de colônia de granulócito), fator de necrose tumoral α (TNFα), Interferon, etc. CICLOSPORINA É o principal representante dos inibidores da calcineurina. O medicamento é produzido por um fungo. Foi introduzida em 1977 e ele atua inibindo acentuadamente e de modo seletivo a proliferação de linfócitos T. A ciclosporina inativa a calcineurina, aumentando os inibidores da IL2, o que faz com que diminua a proliferação dos linfócitos TCD4 e TCD8 (killer). É um potente agente imunossupressor, porém macrófagos, neutrófilos, anticorpos funcionam bem, o que mantém a imunidade humoral/ inata. Não promove depressão na medula óssea e com isso, o paciente não deve ter anemia ou plaquetopenia. É importante no tratamento e prevenção de rejeição em transplante de órgãos. Hoje em dia é usado para psoríase, artrite reumatoide, etc. Os efeitos colaterais são vários, dentre eles, os mais presentes são nefrotoxicidade, hepatotoxicidade e maior susceptibilidade a infecções virais. TACROLIMUS É a droga mais usada em pacientes transplantados hoje em dia, a primeira linha de tratamento para rejeição. É da mesma família da ciclosporina, com mecanismo de ação similar, sendo um melhoramento da mesma. Também é um inibidor da calcineurina, por isso diminui a atividade de citocinas, suprimindo a ativação e proliferação de células T (principalmente TCD8). O Tacrolimus é mais potente (100x mais do que a ciclosporina) e menos nefrotóxico. Tem melhor tolerância e menores efeitos colaterais e não atua na medula óssea. Porém é um medicamento muito caro. É comercializado na forma de pomada, colírio e cápsula. SIRULIMO (RAPAMICINA) Tem Estrutura similar ao Tacrolimus, porém não inibe a calcineurina. Ele também inibe a proliferação e diferenciação de linfócitos T. utilizado em associação com outros imunossupressores e pouco utilizado no nosso meio. ANTIMETABÓLITOS Inibem a replicação celular. Foram utilizados como agente citotóxico para tratamento de câncer (neoplasias) em doses maiores. As células imunológicas caiam muito em número devido a essa inibição da proliferação. Quando perceberam isso, começaram a usá-los para tratar pacientes com doenças autoimunes com doses menores semanais. Os antimetabólitos impedem a expansão clonal tanto de linfócitos T quando de linfócitos B. METOTREXATO É um dos mais antigos antineoplásicos, sendo tóxico para a medula óssea. Toma-se o metotrexato uma vez por semana e não diariamente. É o antagonista do folato, inibindo a replicação celular. Amplamente prescrito nos EUA e aqui no tratamento para artrite reumatoide. Além disso, pode ser usado para polimiosite, lúpus, esclerose múltipla, doença de Crohn e pode ser uma opção para rejeição de transplantes. O metotrexato inibe a proliferação de linfócitos T e B, inclusive na medula óssea. Afeta a resposta imune humoral celular e tem vários efeitos colaterais como nefro e hepatotoxicidade, desordens gastrointestinais (úlceras, diarreia, dispepsia), é teratogênico, facilita infecções oportunistas e ocorrem alterações hematológicas como anemia, plaquetopenia, leucopenia, etc. AZATIOPRINA Não se conhece exatamente o mecanismo de ação da Azatioprina. Antagonista do metabolismo das purinas, inibe a síntese de DNA das células imunes, causando linfocitopenia de células T e B. É a principal escolha para doença inflamatória intestinal, mas também para esclerose múltipla, LES, etc. Quando associada a corticosteroides, frequentemente proporciona uma redução da dose necessária para controlar a doença, sendo considerada um agente poupados de corticosteroides. Os efeitos colaterais podem ser leucopenia, principalmente, pela mielossupressão, distúrbios gastrointestinais, hepatopatia, etc. Para todos os medicamentos já citados deve-se fazer a cada 3 meses exames de creatinina (para ver função renal), hemograma (para ver se a medula óssea não está inibida demais), transaminases (para ver função hepática). CICLOFOSFAMIDA É a única que tem ação citotóxica somente sobre os linfócitos B. Impede a replicação de DNA, deprime a resposta humoral, particularmente a produção de anticorpos. Por esse motivo, o paciente que toma esse medicamento não tem uma resposta boa para vacinas. Principal indicação é para lúpus (via IV semanal) e vasculite (VO em doses baixas). A pulsoterapia é uma técnica em que se aplicam doses mais altas via IV em casos mais graves de lúpus. Os possíveis efeitos colaterais são mielossupressão (principalmente leucopenia e plaquetopenia), distúrbios gastrointestinais (náuseas, vômitos) e hepatopatia. ResumindoSobre os imunomoduladores/ imunossupressores, todos são bons medicamentos, todos têm efeitos colaterais, é muito importante conhecer o manejo e fazer o monitoramento contínuo do paciente. ANTICORPOS MONOCLONAIS (Mabs) Relembrando a estrutura do anticorpo: A região da dobradiça é importante, pois é nela que são acopladas substâncias em anticorpos feitos em laboratórios. Os monoclonais (Mab) recebem essa denominação porque se ligam em uma única região do antígeno. O antígeno é uma proteína, que pode ter um ou vários epítopos que é a menor porção do antígeno com potencial de gerar resposta imune, que confere imunogenicidade. É ali que os anticorpos se ligam. Essa imunogenicidade pode ser mais chamativa ou menos. A partir da década de 70, se descobriu que era possível fabricar anticorpos monoclonais, que eram bastante específicos para uma única região do antígeno, porém era muito realizado para exames laboratoriais, como ferramentas de diagnóstico. Desde o ano 2000, principalmente, os anticorpos monoclonais também têm sido aplicados de forma promissora na terapia de diversas doenças e no tratamento de vários tipos de câncer. Além disso, muitos anticorpos monoclonais terapêuticos estão em desenvolvimento. Os anticorpos podem ser: • Monoclonais – têm apenas um epítopo, que reconhece apenas um sítio antigênico do material inoculado. São sintetizados em laboratório. • Policlonais – reconhecem múltiplos sítios antigênicos do material inoculado. São anticorpos coletados do soro de animais. Produção de um anticorpo monoclonal 1. O antígeno de interesse é purificado (proteína) e injetado em um camundongo que tem uma linhagem específica de pouca exposição a antígenos; 2. O camundongo vai produzir linfócitos B contra o antígeno de interesse; 3. É feita a fusão desse linfócito B com uma célula tumoral humana, criando uma linhagem celular (hibridoma) que fica viável por muito tempo, se prolifera bastante, ocorrem mitoses sucessivas e produz muitos anticorpos; 4. O hibridoma produz um anticorpo quimérico (duas espécies, uma parte relacionada ao camundongo – cadeia leve do anticorpo - e outra ao humano – cadeia pesada). Exames laboratoriais Várias técnicas laboratoriais fazem o uso de monoclonais como ELISA, quimioluminescência, imunofluorescência, imuno-histoquímica, citometria, etc. O monoclonal apresenta marcação de proteínas com alta especificidade e sensibilidade (aumento da acurácia). Ele define os marcadores presentes na membrana celular e permite identificar qual é a célula presente. Além disso, ajuda a definir o tipo de população celular presente no tecido, como linfomas, leucemias agudas, etc. Tratamento oncológico O câncer ocorre quando uma célula é mutada e perde a capacidade de parar de crescer e invade outros tecidos. O sistema imune tem grande dificuldade de combater as células tumorais, porque são células próprias. O nosso sistema imune é treinado desde quando éramos embriões para não atacar células do próprio sistema. E com isso, o câncer cresce. É nesse cenário que entra a célula monoclonal, pois é ela que vai marcar as células tumorais para o sistema imunológico atuar, uma vez que a citotoxicidade depende de anticorpos. A célula tumoral tem uma série de antígenos em sua superfície, dentre eles, uma proteína tumoral exclusiva dessa célula. Havendo esse reconhecimento, pode-se fazer um monoclonal em laboratório apresentando- o para o paciente com câncer na forma de medicamento. Os primeiros passos para o desenvolvimento de um monoclonal que pode vir a ser eficiente para tratar um tipo de câncer é descobrir o principal antígeno tumoral na membrana celular da célula neoplásica. Uma vez descoberto, esse antígeno tumoral não pode estar presente em células não tumorais, porque se não o efeito colateral será extremamente grave, sendo ele a destruição de tecido saudável. Portanto, deve- se ter uma proteína que não esteja presente em outros tecidos do corpo. Além disso, o monoclonal também localiza metástases. Pode-se, também, coletar uma amostra de sangue do paciente com câncer, proliferar as células NK e injetar essa nova quantidade juntamente com monoclonais. *monoclonal “naked” Naked monoclonal: monoclonal que não carrega nenhuma substância. Pode destruir células tumorais sozinho, por ADCC (citotoxicidade celular dependente de anticorpos) ou por indução direta de apoptose. O naked monoclonal é muito utilizado como imunoterapia do câncer. Há uma região de dobradiça que permite acoplar substâncias como toxinas, célula tumoral expressando sua proteína monoclonal se liga à proteína* expõe porção FC para células Natural Killers célula tumoral morta por citotoxicidade substâncias citotóxicas, quimioterápicos, partículas radioativas e outras nanopartículas. A vantagem dos quimioterápicos nessa região é a alta especificidade da atuação. Tipos de monoclonais Anticorpos monoclonais quiméricos: são os anticorpos que apresentam a combinação da região variável do anticorpo de camundongo com a região constante do anticorpo humano. Apresentam somente as regiões hipervariáveis do anticorpo do camundongo e o restante de moléculas de anticorpo humano. Anticorpos monoclonais humanizados: apenas o local de ligação do antígeno (isto é, região determinante de complementaridade do TCR) é derivado do camundongo (10%) e a parte restante do anticorpo monoclonal é derivada do ser humano. Uso de monoclonais em exames de imagem O pet scan é feito em grandes clínicas de imagem, que é basicamente um scanner, que é feito ou com substâncias que emitem partículas ou com monoclonais. O paciente recebe uma injeção de monoclonal marcado com radionucleotídeo, vai para casa e deixa o monoclonal se distribuir no corpo dele e depois volta a clínica. PET SCAN – metástases representadas pelos pontos pretos. PET SCAN sem monoclonal de paciente com câncer de mama metastásico em ossos antes e 3 meses após tratamento com trastuzumabe pertuzumabe (monoclonal naked). •100% proveniente dos ratos de lab. •sufixo OMAB MURINO •Parte murínica e outra humana •sufixo XIMAB (65% humano) QUIMÉRICO •Parte murínica e outra humana •sufixo ZUMAB (90% humano) HUMANIZADO •Não possuem nenhuma parte murínica •sufixo UMAB HUMANO dobradiça O monoclonal se liga e inibe a ação do receptor HER-2 no aumento da replicação celular tumoral. Monoclonais e o COVID Mais de 1000 trabalhos já foram feitos sobre covid e monoclonais. Uma parte desses trabalhos fala sobre o Tocilizumab, que é um monoclonal anti IL-6, originalmente utilizado para tratar artrite reumatoide. Na tempestade de citocinas da Covid, há uma alta expressão/ liberação de IL-6. O Tocilizumab se liga no receptor de IL-6, bloqueando-o, o que faz diminuir a tempestade de citocinas e consequentemente a reação inflamatória. Há respaldo científico tanto para apoiadores quanto para críticos do uso de Tocilizumab. Por que monoclonais custam caro? Complexidade de moléculas pequenas x biológicas: Quanto mais complexo, mais caro fica. Monoclonais no combate a enxaqueca IMUNOTERAPIA TUMORAL O que é câncer? É uma doença que se origina nas células do corpo humano, as quais perdem o controle sobre si mesmas e se multiplicam desordenadamente. Há mais de 100 tipos de câncer. Os pilares do tratamento oncológico são a quimioterapia, cirurgia, radioterapia e imunoterapia. Imunoterapia contra o câncer A imunoterapia estimula as células de defesa, melhorando sua resposta contra o câncer. Diferentemente da quimioterapia e da radioterapia, que atacam diretamentea célula do tumor, a imunoterapia é mais específica. Porém, ainda não há imunoterapia para todos os tipos de câncer, apenas para alguns. Resposta Imune e células tumorais Quando a célula tumoral apresenta alguma diferença estrutural e essa anormalidade é reconhecida pelo sistema imune, além de combatida de forma eficiente, há atuação efetiva do sistema imune contra o tumor. Os principais objetivos das pesquisas é identificar o antígeno tumoral e mostrar que ele não está presente em células normais. Imunovigilância do câncer A Imunovigilância do câncer é constante, ou seja, constantemente há formação de clones tumorais em nosso organismo, que são regulados pela proteína p53 e pelo SI, que devem ser reconhecidos pelos linfócitos TCD8 (na resposta imune adaptativa) e pelas células NK (na resposta imune inata). O câncer somente consegue progredir se as células tumorais não forem reconhecidas por esses dois grupos de células em suas respectivas RI. “Atores” na RI contra câncer 1. Antígenos associados a tumores (proteínas que podem ser expressas por células tumorais); 2. Células apresentadoras de antígeno (APCs) que vão ativar/ capturar e apresentar em algum momento para os linfócitos TCD4; 3. Células TCD4 e TCD8 (principalmente por serem células efetoras); 4. Células B possuem anticorpos endógenos que não participam de maneira muito intensa no combate ao câncer 5. Citotoxicidade dependente de anticorpos e bloqueios 6. Células NK (bloqueio, citotoxicidade dependente de anticorpos) Citotoxicidade Resposta de células T a tumores Em algum momento, o antígeno tumoral vai ser capturado pela célula dendrítica ou pelo macrófago. Logo em seguida será processado e apresentado no linfonodo para o linfócito TCD4 que fará a expansão de células T citotóxicas. Quando houver grande quantidade de linfócitos TCD8 no local, associados a células NK, ocorre a morte do tumor e o paciente não vai ter o câncer, pois o SI o identificou. Câncer e imunodeficiência Pacientes com AIDS, quando comparados a indivíduos não imunossuprimidos, estão mais susceptíveis ao desenvolvimento de cânceres, como por exemplo ao sarcoma de Kaposi, que é um câncer de pele e vasos muito comum nesses pacientes, assim como tumores em SNC. No entanto, os cânceres mais comuns não se desenvolvem com maior frequência em pessoas imunodeficientes. Camundongos deficientes em linfócitos T não são mais susceptíveis do que camundongos normais a tumores quimicamente induzidos ou espontâneos. Observações experimentais apontam que o sistema imunológico pode não conseguir diferenciar as células tumorais das normais e saudáveis. Evasão Por que pessoas que não são imunodeficientes fazem câncer e o sistema imunológico não consegue destruir as células tumorais? Primeiramente, o sistema imune tem mecanismos de regulação própria, que impedem a auto imunidade, de atacar as próprias células. Além disso, as células tumorais desenvolveram a capacidade de induzir tolerância imunológica, impedido seu reconhecimento e destruição, produzindo substâncias e mecanismos próprios. Basicamente, o câncer se protege, ocorre uma evasão das células do SI e ele consegue crescer e se desenvolver. “na maioria das pessoas com câncer, o linfonodo produz poucas e fracas células T que não conseguem atacá-lo” Mecanismos que impedem as células de serem reconhecidas pelo SI: 1. Perda do MHC – ele não existe em alguns tipos de câncer, principalmente o de classe 1 (MHC classe 1 é importante para mostrar o antígeno tumoral ao linfócito TCD8) e com isso, o SI não reconhece a célula; 2. Exaustão de célula T (tolerância ao tumor) – expressão de PDL-1 3. Microambiente tumoral – onde está o tumor há secreção de moléculas, como TGF-β (fator de crescimento de células T). com isso, os linfócitos T deixam de proliferar, inibindo a função dos linfócitos TCD8. a) Eliminação: massa de células tumorais com RI inata e adaptativa combatem e eliminam células tumorais; b) Equilíbrio: a celularidade é diminuída e há possibilidade, a partir de outros fatores como genéticos e ambientais, de se desenvolver o tumor c) Escape: o linfócito T regulador faz supressão de TCD8, fazendo o oposto do que se deveria fazer). Há duas moléculas muito importantes quanto à evasão: PD-L1 (proteína presente na célula tumoral) e CTLA-4 (presente na célula apresentadora de antígeno – APC). O antígeno tumoral está sendo apresentado pela APC através do MHC de classe 2 à célula TCD4. Esse é o evento principal – a apresentação do antígeno. Abaixo disso, há as moléculas coestimuladoras que, quando ocorre a ligação, elas podem amplificar (+) ou diminuir (-) essa resposta da célula T. Se ocorre ligação correta, ativa. Se a ligação for feita em outra molécula, desliga. Tudo depende do antígeno tumoral. Em antígenos tumorais onde se tem o escape (ligação no CTLA-4), ocorre a inativação (-), desligando o linfócito T. Assim, a RI não acontece contra o antígeno tumoral apresentado. A CTLA-4 é uma molécula de checkpoint, que verifica se é próprio ou não, se deve ou não fazer reação, sendo um mecanismo de proteção das células próprias que o antígeno tumoral se apresenta. Algumas células tumorais têm a molécula PD-L1, que é ligante da PD-1 (molécula do linfócito TCD8). Quando o linfócito TCD8 vem para destruir a célula tumoral, após reconhecer o antígeno tumoral (+), ele também se liga ao PD-L1. Assim que isso acontece, o linfócito TCD8 é desligado (-) e a célula tumoral não é atacada. Monoclonais bloqueadores de checkpoint Ocorre um bloqueio do CTLA-4 através do monoclonal anti-CTLA-4 (Ipilimumab e Tremelimumab), ativando a ação contra células tumorais. Também, há monoclonais (Nivolumab) que se ligam ao PD-1 (anti-PD-1) e outros ao PD-L1 (anti-PD-L1) (Atezolizumab, Avelumab, Durvalumab). Normalmente, acontece a associação de monoclonais. Porém, é como se retirasse o freio do sistema imunológico e ele se torna muito agressivo, havendo efeitos colaterais inevitáveis, porém “fracas”, como doença autoimune, ataque indiferenciado às células do corpo, vitiligo, psoríase, colite, problemas no SNC, no pulmão, etc. Vacinas contra câncer Na imunoterapia, as vacinas contra câncer são um pouco diferentes. Utiliza-se células tumorais mortas/ modificadas ou antígenos peptídeos tumorais e injeta-se no paciente. O objetivo é criar um estímulo no sistema imunológico e, com isso, limite o crescimento do tumor, evitando metástases. Essa vacinação também proporciona células T de memória, porém não se sabe ainda por quanto tempo elas durem. Por exemplo, retira-se um câncer de pele do paciente, leva ao laboratório, prepara- se a célula e reinjeta no paciente. Tem, geralmente, uma boa resposta para determinados tipos de câncer. Pode-se, também, injetar citocinas (fator de crescimento de células imunológicas (GM- CSF)) que estimulam o SI do paciente. Normalmente usa-se IL-2. Além disso, existem vacinas altamente específicas para cada paciente, nas quais é feita uma análise do DNA em que se descobre o antígeno tumoral e aplica. O custo é em torno de 500mil dólares. Cultivo de células imunes O cultivo de células imunes chama-se terapia celular adotiva, que é uma terapia passiva, principalmente de células NK e TCD8. É feita a coleta do sangue do paciente com câncer, a separação desse conjunto de células e o cultivo delas. Essas células são enriquecidas (aumento da quantidade e da atividade) usando citocinas e agentes mitogênicos e depois injeta-as no paciente. Eventualmente, são associadas a monoclonais. Assim, é estimulada a citotoxicidade dependente de anticorpos. Tira-se o tumor do paciente e é feito um estudo dacélula tumoral, para saber quais são as principais proteínas antigênicas dela. Ao mesmo tempo que isso ocorre, coleta-se sangue, especialmente linfócitos T. Vai a laboratório e, através de técnicas bem avançadas, altera-se o DNA da célula linfoide, de tal forma que ela codifique receptores para as proteínas antigênicas. Essas novas células são colocadas em cultura, expandem-se, e depois dá ao paciente juntamente com IL-2, que amplifica a RI contra o tumor. Essa técnica chama-se Car T-cells. Funciona muito bem, porém é extremamente caro por ser um tratamento muito individualizado. Sobrevida dos pacientes com câncer: O uso de terapias combinadas, envolvendo diferentes terapias celulares e novos tratamentos com inibidores de checkpoint que atuam em células da imunidade inata e adquirida, podem aumentar ainda mais a eficácia do tratamento antitumoral. MÉTODOS IMUNOLÓGICOS ELISA “Ensaio imunoenzimático de adsorção” O ELISA é um teste sorológico, muito sensível (quase sempre superior a 90%, porque a proteína fica bem exposta) e mais barato em relação a outros métodos. Sua especificidade varia de acordo com a pureza de Ag. Pode ser usado para detectar a presença de hormônios, drogas, ATB, proteínas séricas, antígenos de doenças infecciosas, marcadores tumorais, etc. Para realizar o ELISA há kits específicos de cada doença, como dengue, chagas, HIV. Nesses kits vêm plaquinhas de poliestireno especial que tem capacidade de adsorver proteínas antigênicas do patógeno de interesse. Há espaço para 96 testes. Cada pocinho é para um paciente. Assim, permite a análise de várias amostras ao mesmo tempo. Ele pode ser modificado para identificar tanto antígeno (direto) quanto anticorpo (indireto). A enzima pega um substrato, que pode ser incolor, e transforma em um produto que pode ser colorido. Isso significa que quanto mais enzimas, mais anticorpos e a cor fica mais intensa (teste quantitativo – intensidade da cor) Etapas de realização do ELISA indireto O ELISA indireto é utilizado para sorologia. 1. O antígeno causador da doença fica aderido aos poços da microplaca; 2. Coloca-se o soro do paciente; se tiver anticorpo, vai se ligar ao antígeno da placa; 3. É feita a lavagem e depois disso, adiciona-se um reagente conjugado (anticorpo anti-anticorpo humano) acoplado a uma enzima na região da dobradiça; 4. Faz a lavagem novamente e adiciona- se substrato para a enzima (isso por enquanto é incolor; na presença da enzima, fica colorido. Leitura: A presença de cor nos poços indica a presença do anticorpo (teste positivo). Já os poços que não mudarem de cor, indica ausência do anticorpo em questão (teste negativo). A medida quantitativa é a densidade ótica por meio da medida da absorbância, que mede o quanto está colorido. Quanto maior a intensidade de cor, maior a densidade óptica (vai de 0,1 até 0,3). Leitor de placa de ELISA Cut-off: ponto de corte, que é o mínimo que precisa ter de densidade óptica para ser considerado positivo. Fica sempre um pouquinho acima do controle negativo e varia de acordo com cada kit. Essa informação vem no laudo. Ele ajuda a aumentar a especificidade. Por exemplo: Anticorpo anti-HIV • Cut-off – 1,0 • De 0,9 a 1,1: indeterminado • Abaixo de 0,9: não reagente • Acima de 1,2: reagente Se foi feito um ELISA e deu 1,02 o resultado é indeterminado. Com esse paciente deve-se refazer o teste dentro de aproximadamente 14 dias. Se o segundo teste der, por exemplo, 1,8 é um valor muito acima, quer dizer que o paciente está saindo da janela imunológica. Exemplo de laudo ELISA em sanduíche ou captura Essa técnica busca diretamente o antígeno e consegue capturar pequenas quantidades de proteínas (nanogramas/ml). Ele é muito utilizado para dosagens de hormônios como TSH, T3, T4, GH, testosterona, estradiol, PSA, beta-HCG, CEA, IL-6, TNF-α, etc. Digamos que esteja sendo alisado TSH. O anticorpo monoclonal anti-TSH é fixado na placa com a porção Fab exposta e coloca-se o TSH para se ligar àquele anticorpo. Da maneira como está, não se consegue ver a reação, então, coloca-se outro anticorpo monoclonal anti-TSH marcado com uma enzima. Na presença do substrato incolor forma um produto colorido. Quanto mais TSH houver, maior a produção de cor. São dois monoclonais e o antígeno no meio É por isso que os testes de beta-HCG são tão bons em termos de especificidade e sensibilidade, porque são usados monoclonais anti-beta-HCG. Não se usa ELISA para fazer creatinina, glicemia, colesterol, porque esses analitos laboratoriais estão em mg/ml, são concentrações muito altas, não sendo necessário o uso de monoclonais. QUIMIOLUMINESCÊNCIA A quimioluminescência é uma adaptação do ELISA. Aqui, ao invés de o conjugado ser marcado com uma enzima e produzir cor, é marcado com uma substância que emite partículas quimioluminescentes. E essas partículas, ao invés de terem sua leitura feita por um densitômetro, será por um equipamento que lê a quantidade de partículas que são emitidas. Só há mudança da técnica de leitura, sendo mais facilitada e automatizada. As sensibilidade e especificidade são idênticas às da ELISA. A quimioluminescência também tem cut-off. Atualmente a maioria dos testes de sorologia são feitos por essa técnica, como sorologia para sífilis, HIV, rubéola, toxoplasmose, chagas, hepatites B e C, etc. Também pode-se fazer QML em captura ou sanduíche, da mesma forma que o ELISA, fazendo um sanduíche do antígeno. Atentar para valores limítrofes (borderline), pois tem mais probabilidade de ser falso positivo. No paciente que tem a patologia os valores são bem elevados. Nesses casos, é bom repetir os exames. Exemplo de bateria de exames de tireoide IMUNOFLUORESCÊNCIA É uma técnica usada há bastante tempo. Pode ser feita diretamente da biópsia do paciente, assim como na imuno- histoquímica. Há a imunofluorescência direta, na qual usa o tecido não fixado, diretamente buscando o antígeno, ou indireta, que busca o anticorpo. É necessário o uso de um microscópio de imunofluorescência Vai ser identificada uma reação antígeno-anticorpo na qual o marcador, quando excitado por radiações ultravioletas, emite luz no espectro visível, permitindo sua identificação. Imunofluorescência direta Parte-se da biópsia do paciente (ou de secreção) que é fixado na lâmina e utiliza um anticorpo marcado com fluoresceína. O anticorpo, na sua porção Fab, é direcionado contra alguma estrutura que será pesquisada e está presente na biópsia do paciente. Lúpus Pênfigo Imunofluorescência indireta Busca pelo anticorpo no soro do paciente e depois revelar com anticorpo anti- anticorpo (conjugado) que agora vem marcado com substância fluorescente. Por exemplo: Sorologia para Chagas IF positiva para T. cruzi Do lado direito, IF negativa para T. cruzi, à direita, positiva Comparação: Desvantagem: método manual
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