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Ana Victoria Soares 2021.1 Ana Victoria Soares 2021.1 FÁRMACOS IMUNOSUPRRESORES CASO CLÍNICO: Uma mulher de 40 anos de idade sem história clínica pregressa conhecida, além de ser suspeita de artrite reumatoide (AR), apresenta-se para avaliação de sua dor. A paciente relata rigidez matinal, edema e sensibilidade das articulações das mãos, dos ombros e dos joelhos por mais de seis meses. Também relata fadiga e uma história familiar materna de AR. Trouxe seus prontuários antigos que mostram critérios laboratoriais e clínicos suficientes para o diagnóstico de AR. Não tem sido acompanhada por seu médico de cuidados primários ou seu reumatologista e vem tentando autotratar-se com ibuprofeno e paracetamol, os quais não necessitam de prescrição. Durante o exame, apresenta sinovite em ambas as mãos, punhos, ombros e joelhos. Ela tem algumas alterações iniciais da AR, como desvio ulnar dos dedos das mãos, e alguns nódulos reumatoides em seus braços. Com base na história e no exame você diagnostica uma exacerbação aguda da AR. Você também explica para ela que a doença em geral não está sendo adequadamente tratada. Assim, você começa um tratamento com prednisona oral e metotrexato. A causa das lesões articulares não estão sendo tratadas, o que está sendo tratada com o uso de ibuprofeno e paracetamol são os sintomas causados pelas lesões articulares, como dor e edema. TIPOS DE RESPOSTAS IMUNE: Os imunossupressores são fármacos que atuam na dinâmica da resposta imunológica, seja inibindo diferenciação de células imunológicas, na redução da interação de células já formadas e órgão alvo da resposta imunológica IMUNIDADE INATA-> É a imunidade responsável pelas primeiras 12 horas contra uma infecção. É uma resposta rápida e inespecífica. IMUNIDADE ADAPTATIVA-> Dura dias, é uma resposta mais lenta e específica. Linfócitos B – resposta humoral: idêntica o antígeno e produz anticorpos contra aquela substancia. Linfócitos T- após a apresentação do antígeno formam células T efetoras que aumentam a capacidade celular imunológica. O foco da imunossupressão é a resposta imune adaptativa, principalmente as células T. 1 etapa: reconhecimento do antígeno- uma célula dendrítica apresenta o antígeno para o linfócito TCD4 ou TCD8 virgens (NAIVE). 2- Os linfócitos se ativam através desse reconhecimento e iniciam a expansão clonal. 3- Expansão clonal – divisão de células produzindo mais linfócitos específicos para o antígeno que foi reconhecido. Nessa etapa existe a participação da IL-2, uma citocina fundamental na ativação e expansão clonal. 4- Diferenciação. Os linfocitos TCD-4 se diferenciam em células efetoras (ativam macrófagos, células B e outras células) ou células de memória. E os linfócitos TCD-8 se diferenciam em células de memória ou TCD-8 efetora (células que destroem células infectadas ou ativam macrófagos). As células TCD-4 são exclusivamente ativadoras de outras células e TCD-8 são células ativadoras e destruidoras IMUNOSSUPRESSORES E TRANSPLANTES O fármaco imunossupressor é muito importante na terapia pós transplante, principalmente porque um tecido pós- transplantado, porque por mais que seja feito por indivíduos da mesma espécie, pode haver incompatibilidade. O tecido começar a ataca-lo. Tipos de transplantes: autólogo, cujas células, tecidos ou órgãos são retirados da própria pessoa e implantados em um local diferente do corpo; e o alogênico, que compreende a retirada de material de outra pessoa (doador) para ser implantada no paciente (receptor). Ana Victoria Soares 2021.1 Ana Victoria Soares 2021.1 O gráfico mostra que o mecanismo de rejeição de transplante é um mecanismo conjunto entre resposta TCD-4 e resposta TCD-8. As duas populações de linfócitos são importantes para rejeição de transplante, sendo TCD4 isoladamente mais importante, porém elas andam em conjunto. RESPOSTA IMUNE EFETORA: A imagem mostra a resposta efetora de um indivíduo pós- transplantado. A célula apresentadora de antígeno ao ativar esses linfócitos cujo as células ainda não são diferenciadas em CD4 e CD8, lembrar que a IL-2 é a principal citocina alvo dos imunossupressores. A diferenciação nas diferentes populações celulares vai participar da rejeição do enxerto e as ações celulares sobre o tecido transplantado desde a produção de enzimas que vão deteriorar esse tecido, aumento da expressão de MHC pra facilitar o reconhecimento desse tecido como estranho, células efetoras iniciando dano celular lesionando e clivando esse tecido, moléculas do complemento também vão clivar a lise desse tecido. CONCEITO DE FÁRMACOS IMUNOSUPRESSORES: São drogas que, por diversos mecanismos, inibem a resposta imune adaptativa, modificando o curso das doenças. APLICAÇÃO TEREPÊUTICA: - Transplante de órgãos e tecidos: renal, cardíaco, hepático e pancreático - Doenças autoimunes: artrite reumatoide, psoríase, grave, uveíte, miastenia, síndrome nefrótica e glomerulonefrite Como glicocorticoides podem atuar como imunossupressores: essa classe de fármaco tem como agir como anti-inflamatorio e como imunossupressores A azatioprina é um pro fármaco, ou seja, precisa passar por uma reação dentro do organismo do individuo pra se transformar de fato em uma molécula responsável por sua atividade farmacológica. Azatioprina- forma administrada, Mercapropurina- forma ativa Mecanismo de ação: inibição da produção de purinas – HPRT: Hipoxantina-guanina fosfobriosil transferanse. Antimetabólitos: refere-se a classe que tem capacidade de interferir no metabolismo de sobrevivência de uma célula através de diferentes formas, por exemplo: é possível um antimetabólito ser um fármaco que inibe uma enzima que produz uma substância essencial para sobrevivência daquela célula. Sem aquela enzima, o metabolismo celular vai entrar em falência e aquela célula vai morrer. No caso da azatioprona, estamos falando sobre uma substancia essencial para a divisão celular, como adenina e guanina. Sem estas substancias que fazem parte da composição do DNA, é impossível que ocorra uma expansão clonal nos linfócitos T, já que não terá material genético suficiente. A enzima-alvo da azatioprina é a hipoxantina-guanina fosforibosil transferase (HPRT). A azatioprina funciona como um falso metabolito, ela “engana” a HPRT. A estrutura química da mercaptopurina é muito similar a substancia química das purinas (guanina e adenina), então a enzima-alvo confunde a mercaptopurina com seu substrato, ela acaba inserindo a mercaptopurina no seu novo DNA (do novo linfócito a ser formado). Quando chega na fase de verificação desse novo material genético, o sistema de reconhecimento detecta que foi produzida uma base errada e inicia o processo de destruição daquilo que seria o futuro linfócito. Ana Victoria Soares 2021.1 Ana Victoria Soares 2021.1 Ocorre a administração da azatioprina (profarmaco), ocorre a conversão em mercaptopurina, essa mercaptopurina então acessa os linfócitos e interferem no mecanismo de produção de guanina e adenina. A HPRT se confunde quimicamente e utiliza a mercaptopurina para produzir as bases nitrogenadas fosfatase erronias. Adicionam açucares, adicionam fosfato, deixam a molécula pronta para ser adicionada ao DNA. Porém, na etapa de verificação, essa molécula é induzida a apoptose. Por fim, a introdução da mercaptopurina no material d eum futuro linfócito, impede a replicação do DNA e reduz a síntese de purinas. Diminui a síntese de DNA porque o mecanismo de detecção impede esse mecanismo de produção de novas células. Reduz a síntese de purinas porque a HPRT se ocupa com uma função metabólica e enzimática que não vai dar origem a uma purina funcional e a um novo linfócito. Conversão: Azatioprina é convertida em mercaptopurina A HPRT converte mercaptopurina em Tioniosina monofosfato (MeMPNs) que forma a Tioguanina nucleotídeos (TGNs), que éo nucleotídeo que será introduzido erroneamente no material genético. FARMACOCINÉTICA DA AZATIOPRINA: Absorção: bem absorvida por via oral e atinge Cmax em 1-2h. Metabolismo: metabolização hepática pela xantina oxidase (XO), resultando no ácido tiolúrico (6-TU). Interação medicamentosa: alopurinol, (usado no tratamento da gota) inibidor da XO, aumentando a toxicidade hepática. Excreção: principalmente por via renal. Efeitos adversos: supressão da medula óssea, hepatotoxicidade. OBS: células que tendem a se dividir demais sofrem com os efeitos dos antimetabolitos, independente se essa célula é tumoral ou se essa célula é do sistema imunológico. INIBIDORES DA CALCINEURINAS: Ciclosporina- pioneiro da classe Mecanismo de ação: ligam-se a imunofilinas específicas presnetes nos linfócitos T. CsA: ciclofilina Taxrolimus: proteína FK A imagem mostra linfócito T, citoplasma e núcleo e uma molécula intracelular chamada calcineurina (CaN), que será alvo da inibição dessa classe de fármaco. Como a calcineurina funciona: A calcineurina é uma substância intracelular que é responsável por desfosforilar o fator de transcrição nuclear (NF-ATc). O que é esse fator de transcrição nuclear? É uma substancia geralmente presente no citoplasma que vai estimular o núcleo dessa célula a expressar determinada região do DNA. Cada fator de transcrição vai expressar uma região do DNA. Então, sem a utilização de um imunossupressor a uma resposta imune normal, a função da calcineurina é desfosforilar o NF-ATc levando a ativação que vai expressar a ativação de IL-2 a nível nuclear. Ana Victoria Soares 2021.1 Ana Victoria Soares 2021.1 Fisiologicamente, a ativação da calcineurina depende do cálcio (ca). O íon cálcio ativa a calcineurina que desfosforila o NF-ATc. Inibidores da calcineurina: Ciclofilina: Em vermelho se tem a ciclosforina. Uma vez que ela acessa a célula, ela tem a capacidade de se ligar e de se complexar a uma outra molécula chamada ciclofilina (CsA). Este complexo ciclosforina- ciclofilina que é responsável por inibir a calcineurina. A CICLOSFORINA NÃO INIBE DIRETAMENTE A CALCINEURINA. – O mecanismo correto é: a ciclosforina entra no linfócito T se complexa com a ciclofilina e a formação desse complexo que é responsável por inibir a atividade da calcineurina, reduzindo a ativação do NF-ATc e reduzindo a ativação de IL-2. Tacrolimus: proteínas FK Ele acessa o linfócito T mas depende de uma outra proteína (proteína FK) e esse complexo proteína FK-tacrolimus que é responsável pela inibição da calcineurina. Com a calcineurina inibida há a redução da ativação do NF-ATc e redução de IL- 2, consequentemente inibe a ativação clonal e expansão linfocitária. O que diferencia as drogas são a potencia e o nível de toxicidade, mas o mecanismo de ação é o mesmo. Farmacocinética: Absorção da CsA e do tacrolimus é variável e incompleta, com biodisponibilidade que varia entre 4% e 89%, sendo em média de 20% a 25% Cmax de CsA e tacrolimus é alcançada em 1-4h e circula ligada a proteínas plasmáticas, linfócitos e hemácias. CsA e tacrolimus sofrem metabolização hepática (CYP3A) resultando em mais de 15 metabólitos. Excreção hepática (via biliar, fezes), somente cerca de 6% é excretado por via renal. Monitoramento farmacocinético na imunossupressão: Cada curva no gráfico representa um paciente, mostrando que a biodisponibilidade varia muito. A janela terapêutica vai de 150 microgramas por mL até 400. A grande estratégia para se evitar a toxicidade por inibidor de calcineurina está no monitoramento da imunossupressão. O gráfico mostra a grande variabilidade e disponibilidade entre os pacientes. Teve paciente com concentração sérica com pico de 300 e outros com pico de 1400. Abaixo de 150 é a inativação, ou seja tem a rejeição e acima de 400 tem o início da nefrotoxicidade. Essa variabilidade e disponibilidade da calcineurina gera um grande problema para o paciente e para o clínico, porque quando a droga é administrada, não se sabe como vai ser a linha do paciente. Em centros de saúde é possível fazer o maior monitoramento da droga, pra quem não tem como fazer isso em centro de saúde, a única opção é avaliar a função renal. Monitoramento farmacocinético na imunossupressão: Concentrações elevadas de CsA e Tacrolimus durante os primeiros 3p dias reduz marcadamente a incidência de rejeição aguda. Ana Victoria Soares 2021.1 Ana Victoria Soares 2021.1 A nefrotoxicidade provocada pela calcineurina é reversível. A imagem a seguir mostra o nível de creatinina sérica (trabalho da função renal) durante 10 anos. Após dois anos de uso da ciclosporina, o paciente já começa a ter uma elevação da creatina sérica. Ao retirar a ciclosporina, a função renal retorna a parâmetros normais. (4 meses depois) USO TERAPÊUTICO: -Rejeição aguda a transplantes sólidos: renal, cardíacos, hepático, pancreático, pulmonar. -Doenças autoimunes: psoríase grave, uveíte, síndrome nefrótica, artrite reumatoide, glomerulonefrite, diabetes tipo 1. 3 DROGA: ANTI-PROLIFERATIVO – SIROLIMO (RAPAMICINA): Macrolídio derivado do Streptomyces hygroscopicus com estrutura similar ao tacrolimus; Liga-se a uma imunofilina da família FK, mas não inibe a calcineurina; (a estrutura dimensional formada por esse complexo é diferente da estrutura dimensional formada pelo complexo tracolimus-FK, são essas diferenças entre esses complexos que faz com que o complexo-tracolimus-FK seja capaz de interagir com a calcineurina e o sirilimo FK não); Inibe a enzima mTOR, uma serina-treonina quinase, é crítica (sem ela não funciona) para a transdução da sinalização de IL- 2- reduz ativação linfocitária e expansão clonal; Inibe a proliferação e diferenciação dos linfócitos T; Apresenta um sinergismo potente quando associado a outros imunossupressores, principalmente associados a ciclosporina e tracolimus. Mecanismo de ação: Normal: Il-2 se ligando a seu receptor vai ativar mTOR que é a enzima importante e tem como função estimular fatores que vão produzir IL-2 e consequentemente progredir o ciclo celular pra produzir novo linfócitos. Com sirolimo: O sirolimo vai atravessar o linfócito T, se liga a proteína FK e esse complexo impede, bloqueia a ação da mTor. Com isso, a funcionalidade do mTOr a nível de diferenciação celular de linfócitos vai ta diminuído. USO TERAPÊUTICO: Rejeição a transplantes sólidos: renal e cardíacos Ação sinérgica com ciclosporina. A sinergia do sirolimo é maior com a ciclosporina do que com o tacrolimus. Isso acontece porque em uma ação sinérgica entre sirolimo e tracolimus, tem a divisão da proteína FK em dois complexos. Já na interação com a ciclosporina, atua em duas vias distintas, usando mediadores intracelulares diferentes. FARMACOCINÉTICA: Baixa absorção oral Metabolismo hepático: pelo CYP450 3ª4 (interação com drogas similar aos inibidores de calcineurina) Meia vida longa (60h) EFEITOS ADVERSOS: Trombocitopenia Leucopenia Hiperlipidemia (aumento do colesterol e triglicerídeos) Disfunção gastrointestinal Hepatotoxicidade Apresenta baixa toxicidade renal Ana Victoria Soares 2021.1 Ana Victoria Soares 2021.1 O gráfico mostra que o sirolimo parece ter uma nefrotoxicidade bem menor evidenciada no exemplo do gráfico, em pacientes transplantados renais. A imagem apresenta a atuação dos fármacos já mencionados. Ciclosporina interagindo com a ciclofilina; Tracolimus interagindo com FKBD; Sacrolimo interagindo com FKBD. Quando ciclosporina e tracolimus interagem com seus respectivos alvos intracelulares e formando os complexos, tem-se uma diminuição da ativação da calcineurina, porém elase mantém fosfatada. Ela não perde o fosfato. A manutenção dessa calcineurina inativada leva a uma diminuição da ativação do NFAT. Commenos NFAT ativado, menor a transcrição de IL-2. O sirolimo interage com a proteína FK diminuindo a ação da mTOR, que é uma enzima fosforiladora intracelular importante para as vias de sinalizações referentes a proliferação linfocitária. A imagem mostra o mecanismo anti-metabólico dos fármacos. A azatioprina inibe a síntese de novas purinas, como forma de reduzir o metabolismo de formação de um novo linfócito. Ela faz isso incorporando uma base purínica errada que será reconhecida na fase S do ciclo celular. IMUNOBIOLÓGICOS: A depender de sua nomenclatura, saberemos sua derivação/origem. É importante sabermos da nomenclatura, pois quanto “mais humano” for o anticorpo, menor a chance de reações imunológicas anti-anticorpo. Muromonab-CD3 (OKT-3) É um anticorpo monoclonal murinho dirigido contra antígeno CD3 (quando ativado, estimula a apoptose dessas células – linfócitos) de células T humanas. O OKT-3 ativa mecanismo de morte células dos linfócitos. É utilizado principalmente para o tratamento da rejeição aguda a transplantes (renal, cardíaco e hepático). Efeito na rejeição aguda resistente a glicocorticoides. 85% dos pacientes tratados desenvolvem anticorpos humanos reativos anti-murino que, com o tempo, pode levar a taquifilaxia (perda da atividade a partir de poucas doses e em pouco tempo) e neutralização de OKT-3. Efeitos Adversos: síndrome da liberação de citocinas atribuída a liberação de citocinas pelos linfócitos T ativados, é caracterizado por sintomas semelhantes aos da gripe: febre, dor de cabeça, náuseas, vômitos, fraqueza, artralgia e mialgia. LOCAL DE AÇÃO DOS FÁRMACOS: Ligantes de Imunofilinas: Rapamicina, Ciclosporina e Tacrolimus. Estes, se ligam as imunofilinas e tem seu papel principalmente na ativação e expansão clonal. Antimetabólicos: Função na expansão clonal. CASO CLÍNICO: A Sra. W. tinha 59 anos de idade quando foi submetida a transplante de coração na primavera de 1990 devido a uma insuficiência cardíaca em decorrência de insuficiência mitral crônica grave. O esquema supressor inicial consistiu em ciclosporina, glicocorticóides e azatioprina. A evolução nos primeiros 3 meses após o transplante foi excelente; entretanto, a Sra. W. começou a desenvolver anorexia, e o ecocardiograma realizado revelou uma redução significativa da fração de ejeção cardíaca. A dose de glicocorticóide foi aumentada, houve melhora da fração de ejeção e ela recebeu alta. Quatro meses após a cirurgia, a Sra. W. é internada com dispneia e fadiga. A biópsia do ventrículo direito demonstra evidências de rejeição aguda moderada, com áreas localizadas de infiltração linfocítica e necrose. A paciente é tratada com um ciclo de 10 dias de OKT3 (um anticorpo monoclonal dirigido contra as células T), que produz efeitos adversos como febre, mialgias, náusea e diarréia. A paciente também se queixa: “Esse OKT3 me deixa sonolenta.” A Sra. W. tem alta após a melhora de seu estado cardíaco. Entretan to, poucos meses depois, ela volta ao hospital com dispnéia e fadiga. Embora a biópsia do ventrículo direito não demonstre nenhuma evidência de rejeição, há suspeita de rejeição com base na sua história e em seus sintomas. Efetua-se um teste para a presença de anticorpos anti-OKT3; entretanto, como não se detecta nenhum anticorpo neutralizante, administra-se um segundo ciclo de OKT3, e os sintomas desaparecem. Em dezembro de 2000, a Sra. W. chega ao hospital para efetuar seu exame anual regular. Está em boa saúde e sendo mantida com um esquema imunossupressor basal de ciclosporina, Ana Victoria Soares 2021.1 Ana Victoria Soares 2021.1 azatioprina e glicocorticóides. Não há evidências de rejeição desde 1990. A angiografia coronária revela artérias coronárias perfeitamente normais, talvez como resultado da estrita manutenção dos níveis plasmáticos de lipídios exigida pelos médicos. Todavia, os níveis sangüíneos de uréia (BUN) e de creatinina estão elevados, indicando lesão nos rins. Devido à sua doença renal, a terapia da Sra. W. é ajustada, e ela começa a tomar sirolimo. No decorrer dos próximos 2 anos, os níveis de creatinina permanecem estáveis, e ela pode aproveitar o seu tempo com os netos. 1-Todas as seguintes combinações de imunossupressores são razoáveis, EXCETO: A.Basiliximabe, belatacepte, MMF e prednisona. B. Timoglobulina, ciclosporina, azatioprina e prednisona. C. Tacrolimo,MMFeprednisona. D. Tacrolimo,ciclosporinaeprednisona. E. Tacrolimo,sirolimoeprednisona Resposta correta = D. O tacrolimo e a ciclosporina são inibidores da calcineurina e têm o mesmo mecanismo de ação. Os imunossupressores devem atuar sinergicamente em diferentes locais da cascata de ativação das células T. Além disso, ambos são extremamente nefrotóxicos e, quando usados juntos, causam dano ao paciente. 2- Qual dos seguintes fármacos usados para prevenir a rejeição de aloenxertos pode causar hiperlipidemia? A. Azatioprina. B. Basiliximabe. C. Belatacepte. D. MMF. E. Sirolimo. Resposta correta = E. Os pacientes que recebem sirolimo podem ter aumento dos níveis de colesterol e de triglicerídeos, controlado com o uso de estatinas. Nenhum dos demais fármacos apresenta esse efeito adverso. 3- Qual dos seguintes fármacos inibe especificamente a calcineurina nos linfócitos T ativados? A. Basiliximabe. B. Tacrolimo. C. Prednisona. D. Sirolimo. E. MMF. Resposta correta = B. O tacrolimo se liga à FKBP-12, que, por sua vez, inibe a calcineurina e interfere na cascata de reações que sintetizam a IL-2 e leva à proliferação de linfócitos T. Ainda que o basiliximabe também interfira na proliferação dos linfócitos T, ele não o faz por ligação ao local CD25 no receptor IL-2. A prednisona pode afetar não só a proliferação das células T, mas também a das células B, sendo, portanto, inespecífica. O sirolimo, embora se ligue à FKBP-12, não inibe a calcineurina. O MMF exerce sua ação imunossupressora inibindo a desidrogenase do monofosfato de inosina e privando, assim, as células de guanosina, componente-chave dos ácidos nucleicos.
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